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2.2.23

Desafio: qual é a série do seu gato?

Com dez gatos, dá para lançar o Emmy de Gatoca — sim, eu incluí estrelas que não brilham mais na terra porque são estrelas, oras! E tem bigode que merece mais de um seriado, sorry. Ficam as sugestões para os humanos, já que se tratam de algumas das minhas séries favoritas. :)

Fofo, engraçado, totalmente sem jeito com as meninas e me considerando um porto-seguro, Mercv ficaria dividido entre Atypical e The Big Bang Theory. Simba, que chegou com as orelhas comidas de briga, sem castrar e virou mocinho, embora apegado aos prazeres mundanos, amaria Lucifer. A sagacidade da Clara para fugir de casa, nos primórdios sem telas, a faria maratonar Lupin e Sherlock com o bloquinho de anotações.

Guda, às voltas com a educação de cinco filhas de personalidades complicadas, só poderia ser fã de Modern Family. Chocolate, que compartilha com ela uma rotina de amor e ódio, assistiria resmungando Grace and Frankie. Pimenta, batizada pela Mariana de Devedora Temedora, alternaria entre La Casa de Papel e Family Business.

Uma gata como Pufosa, que come mais do que cabe na barriga, vomita e come de novo (o das irmãs também!), não perderia Community. Pipoca, desabrochando conforme crescia, depois de quase morrer várias vezes, fez a jornada do herói da Anne with an E. Keka, arisca e com cara de mal-humorada, mas doce por dentro, se identificaria com Wandinha.


Ao falhar na missão de me arrancar um braço, em 2013, Jujuba trocaria Dexter por Only Murders in the Building, mais moderna e com menos sangue. Vocês provavelmente me associariam com Call me Kat, acertei? E o Gatoca tem um quê de The Good Place — entendedores entenderão. 😂

Contem nos comentários as séries dos bichanos de vocês!

27.1.23

Gato com dor ou mal-estar: como sacar sem sintomas

Vômito persistente, diarreia, babação, apatia, pele flácida dão alertas claros de algo não vai bem com nosso amigo. Mas gato é um bicho que demora para manifestar sintomas e, no caso da doença renal, por exemplo, eles só costumam aparecer quando boa parte dos rins já está comprometida.

Eu cheguei a compartilhar um teste da Universidade de Montreal que ajudava a identificar dor nos felinos, lembram? Ele se baseava na avaliação da posição das orelhas, bigodes e cabeça, e do formato dos olhos e do focinho. Muitos parâmetros, porém, e brechas para dúvidas — fiquei pensando se funcionaria na hora H.

A real é que, se você está acostumado com a carinha do meliante, notará a diferença — Guda acaba de me provar. As feições de um gato relaxado são arredondadas, enquanto o rosto de um peludo que não se sente bem fica visivelmente mais tenso:


Guda no começo do mês, com a doença renal já avançada (embora tenhamos controlado os vômitos, a diarreia e a desidratação)


Guda um ano atrás, quando nossa única preocupação era essa secreção persistente no olho esquerdo (foto emprestada do post do nistagmo, aliás)

Confiem, portanto, na sua percepção e na conexão que têm com seu bicho. Para garantir, vale pesar o bigode mensalmente, prestar atenção se não está sobrando mais comida do que o normal no potinho, checar se as brincadeiras e explorações pela casa continuam atrativas — mesmo na velhice.

25.1.23

Como pesar seu gato com precisão

Para uma gata de 2,3 kg, que originalmente pesava 4 kg, 200 g pode significar a diferença entre um tratamento bem-sucedido e a proximidade inevitável do fim. Esse assunto surgiu no Cluboca, nosso grupo de apoiadores, por causa da Guda, mas eu comprei a balança de bioimpedância muito antes, imaginando que poderia medir proteínas, ossos, metabolismo e hidratação dos bigodes.

Visualizem as criaturas encaixando as patas nas quatro bolotas de metal! #inocente


O projeto não só fracassou como a variação de peso se manteve igual à dos modelos simples, bem mais baratos — aqui, vale explicar que a gente se pesa segurando o animal, depois desconta a nossa parte. Consigo contornar apelando ao método "melhor de três", nada prático, porém, com sete peludas, boa parte antissocial, sob monitoramento quinzenal.

Voltando ao Cluboca, Lorena Fonseca compartilhou a mesma angústia e o que se sucedeu foi esta sequência impagável de gatos em panelas, oferecimento de um amigo da Vanessa Araújo, quando Lulis precisou de doação de sangue.




Eu nunca teria a ideia de usar a balancinha de cozinha! E minha gangue também não ficaria sossegada assim como o Benjamim, da Paula Melo.


Regina Haagen sugeriu, ainda, os dinamômetros de mala, com ganchinho, que os Médicos sem Fronteiras usam para pesar crianças em regiões afetadas por conflitos armados, desastres naturais e epidemias — os sites chamam de balança, mas ele mede intensidade de força, não massa.

E tem a clássica balança de drogas, que demanda o cuidado de não ser armazenada com grandes volumes de dinheiro. E drogas.

Que estratégia vocês usam por aí? Contem nos comentários!

13.1.23

2022

Atualizado em 16 de janeiro de 2023

Sexta-feira 13, duas semanas atrasada e sem energia elétrica, eu escrevo esta retrospectiva em um laptop (meu primeiro laptop) comprado com os danos morais de espreguiçadeiras que não recebemos e lutando com a montanha-russa emocional de cuidar de uma gata para morrer.


Este é um texto sobre exaustão, contradições e impotência, mas também sobre abrir mão do controle, se deixar surpreender, rir de si mesmo ─ um resumo de 2022, com mais fracassos (e rinite alérgica) do que gostaria de admitir.

E o Gatoca seguiu, apesar de mim, porque virou comunidade, semente digital, transformação silenciosa. Mesmo que desista do blog (e de lutar contra os algoritmos das redes sociais), outras estratégias de despioramento de mundo ocuparão este espaço, propósito de vida.

Nos últimos 12 meses, aninhei um beija-flor, provoquei o pensamento crítico falando de clonagem, insisti na formação política dos leitores, entrevistei Fabio Chaves e Luli Sarraf, do Mandato Animal, que ousaram pensar um país mais justo para todos os seres, sem exploração nem maus-tratos. E inaugurei um puxadinho para divulgar resgates dos apoiadores que botam a mão na massa.

Teve post também sobre a polêmica roupinha para gato, o tempo deles, o melhor bebedouro de verão, o milagre da água na seringa, calculadora de ração (seca e úmida), suporte para comedouro contra vômitos, cocô fora da caixa, arranhador de papelão, olhos tremelicantes (nistagmo), FIV e FeLV, cistite recorrente por ansiedade (Síndrome de Pandora), bicho correndo loucão (três causas que eu desconhecia).

E como fazer inalação, diferenciar tosse e espirro (com vídeo), ajudar a comer em caso de problema na boca, ensinar a amar ração úmida natural, dar alimentação forçada sem piorar o quadro, sobreviver ao Natal (com árvore e quadrúpede inteiros), identificar cara de dor (em forma de teste).

As séries Vida com gatos (1 e 2) e O que eu faria diferente com os gatos (1 e 2) ganharam só dois capítulos. Mas a epopeia inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, com fotos divertidas da gangue, teve nove, que merecem um parágrafo exclusivo.

O mistério do ronronar, O que seu amigo quer dizer?, 7 posições de rabo explicadas, Decifrando expressões faciais, Como é um abraço felino?, Feromônios e os cheiros na comunicação, Existe outro bichano vivendo dentro do seu, O segredo da gatitude e Conhecendo sua maquininha de matar: bigodes.

Os textos que mais curti produzir foram sobre os melhores jogos de gato (eletrônicos, de tabuleiro e para celular), os melhores filmes (clássicos, lançamentos e inéditos), e a Bíblia Gatólica, desenhada pelo Carlos Ruas. Já Guda adorou modelar com a japamala felina, presente para dar uma força na reconexão.

E doeu compartilhar quando ela entrou em crise renal, rodando pelos bebedouros da casa (oito, de tamanhos, formatos e materiais diferentes), quando Pufosa inventou o chiclete de dente (sem possibilidade de anestesia), quando Pimenta resolveu andar desequilibrada do nada, quando Chocolate ficou surda. Mas foquei no serviço para socorrer outros corações angustiados.

Quase duas décadas não passariam sem mortes, aliás. Ainda sob o luto da Clara, contando o tempo em girassóis até desfolhar o primeiro ciclo, Mercvrivs se foi. Leitores novatos talvez não entendam o peso dessa partida e por que ela rendeu tantas linhas sobre nossa cicatriz, luto seco, negação, colo vazio e o primeiro aniversário sem aniversariante.

É que, 17 anos e três meses atrás, eu não gostava de animais.

O final feliz do Jacob também acabou, uma década depois. A (terceira) doação dele, porém, permanece entre as histórias mais emocionantes do Gatoca. Imagino que a próxima despedida seja da Guda, há duas semanas no soro (obrigada, Leo! ❤️) e na alimentação forçada — mas aproveitando os carinhos, o sol, os passeios na parte proibida do terreno, que escolhi para ilustrar esta retrospectiva.

Não foram poucas as vezes em que apelei ao humor para continuar. Teve tutorial de como descansar no sofá, amor platônico por pão francês, contradições felinas, pesadelo dos lagartinhos, gata empreendedora automotivada, cocô de pássaro vingativo, explosão de bebedouro, carnaval da ressaca, fiscal de horta orgânica, riqueza com tornozelo quebrado, dieta secreta, escavações no computador de Tutancâmon.

E transformei buraco em arte, unindo Tim Burton à almofada de joaninha da Choco, escrevi Gata Barraqueira, uma releitura do conto de fadas que envolve relacionamentos conturbados e abóbora, e Assassinato no Bebedouro do Poente, adaptação de Agatha Christie estrelada por Levischot.

Nossa casa araçoiabana completou um ano e a florestinha também, com dez lições. Já o Gatoca festejou 15, com quase aniversário e aniversário oficial (só lendo para entender, rs), mesma idade das Gudinhas. E Guda e Chocolate dividiram os 16. Todos devidamente comemorados com petiscos e apertos!

Devo agradecer, inclusive, a Pet Delícia pelo quinto ano de parceria, que me permite não só prolongar a existência dos bigodes, que precisam de umidade na alimentação, como manter a barriguinha deles cheia quando não conseguem mais comer sozinhos — ansiosa pelos sabores em molho!

Espero continuar acolhendo e inspirando pequenas revoluções, independente do formato. E sou imensamente grata pelo Cluboca, nosso grupo de apoiadores, com quem aprendo sempre e onde me sinto à vontade para pedir colo. O Gramado da Fama anda fraco (com edições em janeiro, fevereiro, abril e julho), mas aposto em recomeços múltiplos.

Que 2023 seja de jogatina e afetos positivos!


Retrospectivas dos anos anteriores: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

30.12.22

Arranhador de papelão para gatos vale a pena?

Confesso que relutei. Esse arranhador custa tão caro que parcelam em três vezes. E é feito de recurso abundante no lixo reciclável! Mas Guiga Müller jurou no Cluboca que os gatos amam, o preço estava reduzido a um quarto durante a Black Friday e eu precisava mesmo de um presente de Natal para os bigodes — por isso o post está saindo só agora.


Abro um parêntese para explicar que Cluboca é o grupo de apoiadores do Gatoca, onde gateiros do Brasil inteiro compartilham dicas preciosas como essa — e colo e risadas. Tem depoimentos do pessoal aqui e, se quiserem despiorar o mundo com a gente (2023 promete!), basta assinar o Catarse. Fecha parêntese.

A primeira reação da gangue foi um acinte: Guda encarou o presente por alguns segundos, desviou e meteu as garras no sofá.


Com o tempo, porém, todo mundo acabou se entregando. E os arranhadores também servem de cama, função preferida até agora, e ringue de luta, o uso favorito da Chocolate.




A base de borracha prende bem no chão, além de ter cores elegantes, coisa rara em produtos para pets. O papelão é resistente, dá para virar o lado e, quando detonar de vez, comprar apenas o refil, igualmente uma fortuna — não, não ganhei um centavo pela propaganda, rs. E, como vocês vão perguntar o nome da loja nos comentários, é a carioca Zee Dog.


P.S.: A clássica retrospectiva sobe no começo de 2023, para aproveitar energias melhores. :)

23.12.22

Circuito das águas felino

Arrisco dizer que nem os pet shops (ao menos os do interiorrr) têm tanta variedade de pote de água quanto Gatoca. Tudo começou com a dica de que gatos preferiam tamanhos grandes para não encostar os bigodes (e suas células sensoriais) na borda. Mas foi comprar o trambolho GG de cachorro para constatar que Clara continuava gostando da versão pequena, elegante.

E em algum momento tentei substituir também o plástico, que acumula bactérias, por materiais mais adequados, como inox e vidro, o que deixou metade dos peludos descontente. Na fase experiente, vieram ainda os bebedouros elétricos (1, 2 e 3) — quando o preto quebrou, aproveitei o vaso como uma opção mais alta, xodó de Pipoca. E, para garantir água geladinha, investi recentemente no de barro, consenso do verão.

Resumo do parque aquático: com a morte da Clara e do Mercv, o número de recipientes superou o de gatos — oito contra sete. E cada um tem seu favorito. Durante a última crise, aliás, Guda testou quase todos. Às vezes, ficava mais de hora observando, como se fossem cascatas e espelhos d’água. Não poupou nem o balde com o conteúdo velho, que reaproveitamos para regar as plantas. Isso em um mesmo dia!








No caso dela, paciente renal, o que ajudou mesmo foi a fluidoterapia. Mas aconselho aos novatos oferecerem sempre alternativas. Bichanos não cultivam o costume da hidratação porque seus ancestrais extraíam das presas a quantidade de água que o organismo precisava para funcionar direitinho. E, comendo exclusivamente ração seca, acabam desenvolvendo problemas renais — doença que mais mata nossos amigos (cerca de 60%).


Outras infos importantes:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Diarreia em gatos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

16.12.22

A paixão inexplicável de uma gata por pão francês

Pensem em uma criatura carnívora que vomita carne — tentei preparar de várias formas na experiência frustrada com a alimentação natural. Essa mesma criatura ama pão francês! É só a gente chegar com o saco da padaria que ela mia, sobe na mesa e faz cara de desolação quando se vê de volta ao chão.


Isso porque nunca experimentou um farelinho, ao menos que eu saiba — farinha de trigo não mata gatos, mas deixa a desejar na questão nutricional e sobra em calorias, podendo causar obesidade, além de desregular o intestino.

Seria Guda descendente do pretolino do Le Chat Noir?


P.S.: Nossa (ex-)barriguda não está bem. Parou de comer há seis dias e nem a oportunidade de experimentar o tão sonhado pãozinho a animou. Do ultrassom em que perdemos Mercv até agora, se passaram sete meses. E ela também completou (estimados) 16 anos e meio — longevidade limite de Gatoca? Este post é uma segunda tentativa de sorriso, embora a primeira, em abril, não tenha sido bem-sucedida.

23.11.22

Fiscal de horta orgânica

Não adianta falar que a gente mata pulgão e cochonilha com detox natural, só usa esterco de procedência conhecida, esteriliza a tesoura a cada poda — no caso, a tesoura de papel do escritório mesmo, rs. Quando fotografo qualquer coisa que venha da horta, Guda brota do piso para conferir!

Sim, eu sei que deveria fazer isso na mesa, mas nós gastamos mais dinheiro no porcelanato — até porque pela mesa não pagamos nada, graças à Tati Pagamisse, amiga-irmã. ❤️


Apesar da insignificância da cenoura, as folhas agradaram mais do que a berinjela gigante.


E os maracujás não compartilhei porque estava precisando daquela caipirinha.


Aviso: este post é uma brincadeira, caso não tenha ficado claro. Não me saiam dando comida para gato sem pesquisar antes, hein? Uva, aparentemente inofensiva, por exemplo, é tóxica! O próprio maracujá pode provocar desconfortos estomacais e intestinais, por causa da acidez, a que eles não estão acostumados. Aqui em casa, aliás, a gangue só gosta de mamão.

11.11.22

Conheça sua maquininha de matar: tato | EG #15

Preocupada com a emergência climática, a humanidade não percebe que divide a cama com aquele que, se quisesse, poderia causar sua extinção. Sim, estou falando dos gatos! E quem já tentou colocar uma criatura ̶a̶s̶s̶a̶s̶s̶i̶n̶a̶ assustada dentro da caixa de transporte para mudar de casa está me abraçando virtualmente agora. rs

No capítulo anterior desta série, inspirada na bíblia do Jackson Galaxy e financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, expliquei a importância da caça para a gatitude, lembram? E, como todas as partes da fisiologia dos bichanos têm uma função nesse processo, vale a pena destrinchá-las, começando pelo tato.

Diferente da gente, que não fica consciente o tempo inteiro da roupa junto ao corpo, os felinos possuem receptores na pele que indicam o toque continuamente. Isso significa que as células nunca se adaptam ao contato físico e seguem enviando ao cérebro o sinal de "estão relando em mim" — o que os torna supersensíveis.

Até os folículos de pelos dos gatos têm nervos — e aquele carinho que bagunça tudo pode se tornar extremamente irritante. Mais sensível ainda são o focinho, que consegue identificar mudanças na direção do vento e na temperatura, e os dedos e as almofadinhas das patas da frente — por isso, inclusive, que bichanos de pelo longo se incomodam mais com areia no pé.

Preciso citar, ainda, os pelinhos curtos e grossos ao redor da boca e dos pulsos, que servem para detectar vibrações, e a base das garras, responsável por alertar os movimentos mais sutis, habilidade muito útil quando um rato tenta se livrar de seu algoz, por exemplo.

Essa percepção sensorial toda funciona também para defesa, afinal, gatos são presas de animais maiores e quanto antes sacarem os sinais de um ataque, mais rápido poderão acionar o mecanismo de lutar-ou-fugir — sem perder a elegância, tão característica.


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 15 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

14.10.22

Como ensinar seu gato a amar ração úmida natural

Primeiro, a gente deve entender esse universo misterioso que é o gato: uma criatura que adora novidade, mas precisa de rotina para se sentir segura. Depois, vale a pena olhar para a nossa própria alimentação. O que vocês acham que faz mais bem à saúde: brócolis ou salgadinho com refrigerante?

Como alguém que só conseguiu gostar de legumes e verduras ao virar vegetariana, eu posso garantir que paladar se educa — você começa escondendo a rúcula no feijão, tipo remédio, aí encara uma pizza dividida com tomate seco e, quando vai ver, está comendo salada sem tempero. Por que seria diferente com os pequenos?

Claro que um gato acostumado aos flavorizantes (saborizantes e aromatizantes) das rações industrializadas torcerá o focinho para a alimentação natural. E mesmo as versões super premium têm hidrolisado de carne, que funciona como realçador de sabor, deixando os grãozinhos mais atrativos.

Resumindo: quem decide ler as letras miúdas dessas embalagens sedutoras se depara com ingredientes processados, desconhecidos ou que ninguém botaria na boca, tipo pé de frango. Mas não, eu não dei conta de cozinhar para os bigodes — não curto o movimento, muito menos o açougue e eram nove!

Por isso faço campanha pela Pet Delícia há cinco anos e meio. Comida com cara e cheiro de comida — comentários sobre o gosto vou ficar devendo porque motivos de veganismo. A ideia para este post surgiu justamente com a reação de parte da gangue à latinha nova de peixe, pela qual eu estava tão ansiosa — impossível não lembrar da frustração de alguns de vocês.

Aqui, volto ao início do texto: gatos precisam de tempo para aceitar mudanças e prefiro ter esse "trabalho" do que mantê-los só no fast food — sim, eles comem ração seca também. E, como o nome dá a dica, ela vem com outro problema: a falta de umidade, principal vilã da doença renal. Coloquei em prática, então, as dicas detalhadas neste post, testando uma de cada vez:

1) Amassei a comidinha natural com o garfo.
2) Adicionei um tico água.
3) Amornei no micro-ondas.
4) Ofereci para os peludos em seus lugares favoritos.
5) Quem não se animou de manhã ganhou de novo à tarde — até para driblar estômagos cheios, já que a ração renal fica disponível o dia inteiro.

E, para estender a validade da latinha, sem conservante, bati no processador e congelei em potinhos, na intenção de repetir o processo até todo mundo se render. Se as gatas mais frescas amam a combinação exótica de frango com mamão, não hão de rejeitar eternamente o pobre peixe, né? :)



Outras infos importantes:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Diarreia em gatos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

8.9.22

Cistite recorrente em gatos pode ser ansiedade!

Olhando em retrospecto, fica tão óbvio: a primeira crise da Guda aconteceu em setembro de 2020, junto com o quarto pedido de desocupação do imóvel que a gente alugava em Sorocaba, no meio da pandemia de covid, enquanto a arquiteta golpista enrolava para entregar nossa casa-contêiner em Araçoiaba da Serra. Deu para sacar o nível de estresse?

Claro que a gata (e qualquer ser vivente) se afetaria com as discussões, o choro, os quilos perdidos.


Fizemos ultrassom, confirmamos a inflamação na bexiga (cistite), tratamos. Mas os pinguinhos de xixi fora da caixa de areia sempre voltavam, porque nossa mudança também foi um caos, aí a Clara morreu e depois o Mercv — a gorducha adoeceu junto com ele, aliás, e se desesperou com a alimentação forçada a ponto de urinar sangue!

No exame de maio deste ano, apareceram também alterações no fígado, baço e pâncreas, gases nas alças intestinais (incomum em felinos) e linfonodos aumentados na barriga — dos rins assimétricos (e cristais), a gente já sabia porque o diagnóstico de insuficiência renal dela saiu em 2018.

Estava desenhada a Síndrome de Pandora, uma doença complexa e ainda pouco conhecida relacionada à ansiedade (ansiopatia), que tem a cistite como sintoma comum a todos os gatos, mas pode acometer outros órgãos e partes do corpo aleatoriamente — por isso o nome da mulher mitológica que liberou os males da humanidade abrindo uma caixa proibida.


Simon’s Cat, do cartunista Simon Tofield

Outra curiosidade da síndrome, segundo a veterinária Larissa Rüncos, é que a bexiga inflama com as substâncias liberadas pelo cérebro ansioso, não pela clássica infecção bacteriana — por isso não adianta tomar antibiótico. As crises até passam sem medicamento, só que acabam retornando. E, como ansiedade tem causas variadas, a prevenção foca em evitar estresse no cotidiano:

- Garantindo um ambiente propício ao desenvolvimento dos instintos naturais do bichano — com esconderijos, estímulo à prática de exercícios e um cantinho tranquilo para descansar.
- Brincando com seu amigo pelo menos 10 minutos diariamente.
- Cuidando para que a caixa de areia (sem perfume) fique longe de barulho e seja limpa com frequência.

Desde que a paz tornou a reinar no recinto, Guda nunca mais fez xixi parcelado, fora do banheiro ou cor-de-rosa. :)

28.7.22

Gato correndo loucão: 3 causas que eu desconhecia!

Todo gateiro um dia vai se deparar com um bichano que resolve atravessar a casa correndo do nada, como se anunciassem promoção de sachê. Eu vejo isso aqui há quase 17 anos e nunca perde a graça — Keka anda pelas paredes, Guda mergulha de barriga embaixo da cama e Jujuba finca a bandeira imaginária na última prateleira da sala, atropelando as irmãs na descida.


Mas só recentemente descobri que essa loucura tem método e pode ser sinal de alerta. A causa mais comum leva o nome pomposo de Períodos Frenéticos de Atividade Aleatória, o que significa, no populacho, que o gato desembesta a correr para queimar a energia acumulada ao longo do dia, como uma resposta quase involuntária do corpo — sim, faltou brincadeira.


Se ele já passou dos dez anos, porém, vale uma conversa com o veterinário, porque a outra suspeita é de hipertireoidismo, uma alteração hormonal que acelera o metabolismo, provocando problemas cardíacos, gastrintestinais e renais, e demanda tratamento medicamentoso para controle ou cirurgia.

O diagnóstico pede exames laboratoriais, principalmente dosagem hormonal de T4. Mas estes sintomas dão uma pista do quadro: perda de peso mesmo comendo mais, a hiperatividade constatada nos ralis, vômitos frequentes, problemas na pelagem, aumento na ingestão de água e no volume de xixi, agressividade.

Há, ainda, um terceiro motivo: a hiperestesia, síndrome rara caracterizada por sensibilidade extrema na pele e um conjunto de comportamentos obsessivos, como mordedura, lambedura e vocalização excessivas, perseguição ao próprio rabo, corridas ou pulos fora de controle — o animal pode apresentar também dilatação das pupilas, ondulações no lombo e até espasmos musculares.

A doença não tem origem clara nem cura, mas medicação aliada a brincadeiras e enriquecimento ambiental devolvem a qualidade de vida. Essa dica vale para qualquer bicho, aliás — tirando a parte do remédio, claro.

E não preciso comentar que às vezes os bigodes enlouquecem só porque estão perseguindo um insetinho que a gente não viu ou escutaram um som que ouvidos humanos não captam, né?

6.7.22

Vida com gatos (pendurados) #9

Já pesquisaram as caraterísticas de um bom travesseiro? Primeiro, depende da posição em que se dorme: de barriga para cima pede uma espessura mais fina para evitar curvar demais o pescoço, de lado demanda uma altura equivalente à distância entre os ombros e a base do pescoço. Há também que se considerar a resistência do material. E o tipo — mais ou menos quente, ortopédico, confortável, só que propício a causar alergias.

Isso se você for humano, claro.

Para os gatos, basta pendurar a cabeça em qualquer superfície:








Mais vida com gatos: #1 | #2 | #3 | #4 | #5 | #6 | #7 | #8

24.6.22

Assassinato no Bebedouro do Poente

Parte I: Os Fatos

Eram 8h de uma manhã de quase-inverno em Araçoiaba da Serra, quando Monstro pediu um pente emprestado e, sem rodeios, quis contratar Levischot para um serviço. Recheado de catnip, ele contou que colecionava inimigos — tendo sobrevivido, inclusive, a uma tentativa recente de sepultamento no jardim. Ela declinou a oferta pelo simples fato de não ir com sua pelúcia.

Como aqui não neva e nossa casa, apesar de adaptada em um contêiner, não se mexe, saltemos direto para o assassinato: às 9h do dia seguinte, o corpo de Mostro foi encontrado sem vida, flutuando no bebedouro de água mais alto do recinto, que ele não alcançaria sozinho.

O assassino estava entre nós.


Parte II: Os Testemunhos

As sete entrevistas ocorreram no gatil, para que o culpado se sentisse seguro em território dominado e acabasse escorregando. Pipoca, primeira a testemunhar, relatou que notou um gosto estranho na água e logo o cadáver emergiu. Pufosa jurou estar ocupada com o pote de comida — a madrugada inteira. Keka, Jujuba e Guda apresentaram o álibi coletivo de terem dormido juntas porque fazia frio.

Pimenta, vista para cima e para baixo com o finado (antes de finar), provavelmente deixaria DNA em forma de catarro no local. E negou qualquer envolvimento na trama, assim como a mãe e as irmãs. Já Chocolate se ofendeu com a suspeita de cometer um crime tão desprovido de drama, como afogamento.

Mas quem disse que foi afogamento?

Parte III: Beatriz Levischot Para e Pensa

Quem se beneficiaria com o mergulho fatal do Monstro? Por que ele precisava de um pente? O enterro frustrado no jardim teria conexão com esse trágico desfecho? Eis que tudo clareou, como roupa limpa saída da máquina!

Para remover a lama e recuperar a maciez dos cabelos, Levischot achou que seria uma ótima ideia lavar o brinquedinho com amaciante, perfume que não só agravou a alergia da Pimenta como arruinou a experiência recreativa com o catnip.

Foi Pips, portanto, que atirou o coitado no bebedouro, mas eu dormirei com essa culpa, caros leitores.

10.6.22

Cuidado com alimentação forçada para gatos!

Atualizado em 4 de agosto de 2023

98% dos serial killers de plantas as exterminam por falta de água. Eu consigo matar frutífera afogada. E, até abril deste ano, preferindo pecar pelo excesso, entrava com a alimentação forçada sempre que um gato começava a rejeitar a ração. Marquei abril porque foi quando Mercv e Guda ficaram doentes juntos.

O frajola até aceitava bem as seringadas de patê processado — embora elas não tenham conseguido reverter o combo de fígado, baço e pâncreas comprometidos. Mas a barriguda puxava das entranhas para cuspir, o que me obrigava a enfiar a seringa cada vez mais fundo na garganta. Primeiro a coitada parou de ronronar, depois passou a fugir da gente, a barriga se pôs a inchar e não tardei a encontrar sangue nas pedrinhas do banheiro.

O ultrassom indicou gases e cistite. E, na mesma semana, dois produtores de conteúdo que acompanho no Youtube explicaram que estresse pode causar ambos os problemas — gases porque altera as bactérias do intestino e cistite ao desencadear uma ansiopatia chamada Síndrome de Pandora, batizada assim pois afeta vários órgãos e sistemas.

Resumo da tragédia: um quadro que tinha se iniciado com sintomas respiratórios (secreção nos olhos, nariz fungante, espirros aleatórios e engasgos com catarro) desandou completamente com a intenção justamente oposta. E não estou militando contra a alimentação forçada! — em casos de lipidose hepática, por exemplo, ela é essencial.


Mas, antes, aconselho testar outros sabores e marcas de ração — custei a arriscar por medo de um piriri generalizado (Simba desenvolveu intolerância em uma das poucas trocas que precisei fazer, milênios atrás). Dependendo da situação, os veterinários liberam até comidas contraindicadas para ajudar a recuperar o apetite — claro que não as tóxicas.

Se forçar goela abaixo for a única solução...

- Comece devagar e com pequenas quantidades, já que o animal não poderá recusar o excesso.
- Bata a ração (seca ou úmida) que ele estiver acostumado a comer para evitar diarreia — lembrando que a seca precisa amolecer primeiro.
- Dilua bastante.
- Use dosador oral.

IMPORTANTE!

Tentar tirar o atraso da alimentação de uma vez tende a provocar vômito e é muito frustrante perder um dia inteiro de esforço por causa daquela seringada a mais — isso quando o bicho não entra em looping de vômitos, mais difícil ainda de contornar. Vale lembrar que, em condições normais, cabe (confortavelmente) no estômago de um gato 20 ml de comida ou água e a digestão demora cerca de 40 minutos.

13.5.22

17 anos depois, encarei o teste de FIV e FeLV!

Em 2005, quando adotei o Mercvrivs (e depois a Guda), não era comum testar os gatos para aids (FIV) e leucemia (FeLV) felinas, doenças virais que afetam o sistema imunológico. Na verdade, eu nem sabia que elas existiam. E, como não misturava os animais resgatados, segui na ignorância.


Até 2016, quando Simba teve uma evolução renal bizarra, que fez a veterinária suspeitar de FeLV, e os hemogramas de seis bigodes acusaram leucócitos baixos. Cheguei a cogitar um novo exame, em laboratório especial para minimizar o estresse, que também afeta os leucócitos, mas desisti. Um diagnóstico positivo me derrubaria e não faria diferença no tratamento.

O engraçado é que, nestes seis anos, acabei acostumando com a ideia, mesmo sem a confirmação — principalmente depois do carcinoma da Clara e do rodízio de doencinhas da gangue. Testar virou, então, uma estratégia para incentivar mais gente a acolher felvinhos, mostrando que eles podem ter vidas incríveis.

E a oportunidade veio com a ida ao laboratório da dupla, no último sábado, para investigar a recusa em comer. Testei só o Mercv porque uma enfermidade transmitida por lambida e compartilhamento de potinhos e caixas de areia dificilmente contaminaria apenas um bicho, tantos anos depois — e porque não custa barato.

O vet indicou o método Elisa, que identifica a reação do organismo ao vírus, com uma margem de acerto de até 99,2%, dependendo da especificidade (um parâmetro estatístico) — enquanto o PCR, para dar positivo, precisa que o vírus, ou parte dele, esteja presente na amostra de sangue coletada.

E o resultado, acreditem, foi negativo, tanto para FeLV quanto para FIV!


Para ampliar, cliquem na imagem

Os pequenos podem ter tido contado com a doença e eliminado sozinhos — Catrina, resgatada no mesmo 2016, nós sabemos que negativou. Mas fica o apelo de qualquer forma: deem uma chance a um peludo que provavelmente morrerá no abrigo, sem saber o que é uma família.

Ele precisará dos mesmos cuidados que quem ama dá a seus bichos: uma rotina sem estresse, comida de qualidade e acompanhamento veterinário. ❤️

12.5.22

Doença renal em gatos: o milagre da água na seringa!

Como se a rotina já não estivesse complicada com oito gatos idosos, 50 mudas de planta e a batalha dos boletos, Mercv e Guda desistiram de comer ao mesmo tempo — eu comentei sobre o emagrecimento silencioso dele e as inalações dela. No sábado, então, nós pegamos a estrada até Sorocaba, onde os bigodes fizeram ultrassom, hemograma e função renal.


Mercv apresentou alterações no fígado, baço e pâncreas. Mas os rins, que eram minha preocupação, não estão ruins para um senhor de 16 e meio, renal há seis. E a creatinina até baixou, em relação a 2018: de 2,2 mg/dL para 1,90 mg/dL — rins saudáveis devem mantê-la inferior a 1,8 mg/dL.


Os da Guda estão ainda melhores, apesar dos cristais de outros carnavais e de a creatinina ter aumentado um tico: de 1,73 mg/dL para 2,20 mg/dL. No pacote dela, tem também cistite, responsável pelo sangue na urina, e gases, provavelmente causados por estresse — que muda as bactérias da região.


Se nada disso for responsável pelo apetite prejudicado dos peludos, a culpa deve ser da ureia mais alta, que provoca enjoo. E preciso confessar que ambos possuem linfonodos inchados na barriga, mais um indício de FeLV, o diagnóstico de que fujo desde a morte do Simba. Dessa vez, porém, autorizei o teste — o resultado sai amanhã.

"E as seringadas de água?", vocês devem estar se perguntando. Oras, elas funcionam, visto que os rins são a melhor coisa desses exames, rs. É que gato não foi feito para comer ração seca — na natureza, eles caçam animais menores, com cerca 70% de líquido em seus corpos, e justamente por isso não têm o costume de beber água.

Em tempos de crise, se não puderem comprar sachê, patê ou latinha, água na seringa opera milagres! Eu distribuo em três rodadas de 20 ml (manhã, tarde e noite), como reforço da hidratação — lembrando que 20 ml é a quantidade que cabe confortavelmente no estômago deles e precisa esperar 40 minutos para a digestão.

Nos links abaixo, tem dicas para facilitar o processo, desde como dar líquido na seringa até modelo de dosador oral que goteja — e outras informações importantes sobre o pesadelo dos gateiros. Prevenção simples e grátis!


:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Diarreia em gatos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

6.5.22

Aniversariante do mês – maio de 2022

A ideia era publicar o post da inalação da Guda ontem e hoje já dar início aos festejos de seus 15 anos em Gatoca. Mas o inferno astral da pequena, pelo jeito, vai durar até o último minuto. E amanhã, data oficial da adoção*, ela comemorará esticada na maca do ultrassom, depois de 35 minutos de viagem de carro e antes da agulhada do exame de sangue.

Guda está um trapo.


Aos problemas respiratórios se juntaram o sangue na urina e um estômago que não parece mais a fim de digerir a comida.


Espero que não seja o meu inferno astral, porque para janeiro ainda falta muito. 😂

*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

5.5.22

Como fazer inalação em gato

Tudo começou com a secreção caramelo brilhando no olho esquerdo. Depois, notei um barulhinho no nariz, daqueles que a gente precisa desligar o bebedouro elétrico para ouvir melhor. Aí vieram os espirros aleatórios e engasgos com o catarro. E a comida foi sobrando cada vez mais no pote. Ainda não sabemos o que a Guda, na alimentação forçada há seis dias, tem.

Mas o veterinário sugeriu amenizar o mal-estar com inalações. Eu, asmática experiente, porém novata com o procedimento em felinos, anotei as dicas para compartilhar com vocês. A estratégia mais simples é fechar o peludo no banheiro enquanto a gente toma aquele banho-sauna. Só que tive de ir na advanced mesmo, porque eles não entram no nosso quarto — gateira alérgica a gatos, conhecem?


Prendi, então, a máscara de criança do kit dentro da caixa de transporte dos bigodes, usando um araminho de pão de forma, coloquei um fundo de soro fisiológico no copinho do inalador, sem medicação, e levei a engenhoca para o sofá da sala, onde Guda tomava sol. Se fosse qualquer uma das Gudinhas, escreveria um parágrafo à parte com dicas de como enfiar a criatura na caixa. Mas a barriguda entrou ronronando.


A toalha serve para o vapor ficar concentrado, sem necessidade de colocar a máscara no animal. E a duração da inalação pode variar entre 10 e 15 minutos. Confesso, porém, que só respeitei esse tempo (13 minutos, precisamente), da primeira vez, porque nas seguintes ela se estressou e começou a morder o cano — que eu deveria ter passado pelas gradinhas laterais.




E dei uma furada na blindagem abrindo a porta para fazer um carinho apaziguador. rs

29.4.22

7 posições de rabo explicadas | EG #9

Atualizado em 11 de setembro de 2023, com informações deste vídeo do Galaxy

Além de ajudar no equilíbrio e nos pulos, o rabo funciona como um emoji para os bichanos — quem diz isso sou eu, não o Jackson Galaxy, embora esta série seja inspirada em seu livro O Encantador de Gatos (rs). Sabem quando a gente inclui uma carinha ao final da mensagem para não restar dúvida quanto à intenção? E, como a ponta do rabo se move de forma independente do restante, dá para criar vários sinais.

Erguido: melhor demonstração de confiança, porque é um localizador fácil para predadores — na natureza os felinos definitivamente não andam assim. Só os gatos têm esse hábito, aliás. Já com a pontinha em curva trata-se de um cumprimento clássico, amigável ou brincalhão, equivalente ao nosso "oi".

Meio mastro (paralelo ao chão): indica exploração, curiosidade e precaução ao mesmo tempo.

Para baixo: aparece durante a perseguição da presa ou quando estão assustados, para parecerem menores — em casos extremos, é acompanhado pelo rastejar do exército.

Entre as pernas: expressa medo intenso, aquele rabo que a gente costuma ver nas idas ao veterinário.

Arrepiado: resposta a algo alarmante no ambiente, para parecerem maiores, sinaliza uma manobra ofensiva ou defensiva.

Tremendo: também conhecido como "marcação fantasma" ou "falso borrifo", geralmente significa empolgação — direcionada a uma pessoa de quem o bichano gosta.

Balançando: alerta para uma ação que virá, podendo ser positiva ou negativa — a interpretação depende do contexto. Se os movimentos lembram chicotadas, quer dizer que o peludo está superestimulado (frustrado ou irritado) e provavelmente reagirá de forma agressiva.

Um estudo muito legal da Universidade de Bristol, feito por John Bradshaw e Charlotte Cameron-Beaumont, analisou como os gatos respondiam a silhuetas de outros gatos (em papel preto), para eliminar a influência de feromônios ou vocalizações, com rabos em diferentes posições. E eles se aproximavam mais rápido da silhueta com o rabo erguido, levantando o próprio rabo em resposta — rabo para baixo ganhava outro rabo para baixo ou balançando.

Aqui em Gatoca, temos versões disruptivas:




Quebrado e torto assim, como você quer que eu não grite?


Morder ou não morder, eis a questão


Rabo? Que rabo? Não vi nenhum rabo por aqui...


Meu pirulito peludo! Tira o olho!


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)