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8.9.22

Cistite recorrente em gatos pode ser ansiedade!

Olhando em retrospecto, fica tão óbvio: a primeira crise da Guda aconteceu em setembro de 2020, junto com o quarto pedido de desocupação do imóvel que a gente alugava em Sorocaba, no meio da pandemia de covid, enquanto a arquiteta golpista enrolava para entregar nossa casa-contêiner em Araçoiaba da Serra. Deu para sacar o nível de estresse?

Claro que a gata (e qualquer ser vivente) se afetaria com as discussões, o choro, os quilos perdidos.


Fizemos ultrassom, confirmamos a inflamação na bexiga (cistite), tratamos. Mas os pinguinhos de xixi fora da caixa de areia sempre voltavam, porque nossa mudança também foi um caos, aí a Clara morreu e depois o Mercv — a gorducha adoeceu junto com ele, aliás, e se desesperou com a alimentação forçada a ponto de urinar sangue!

No exame de maio deste ano, apareceram também alterações no fígado, baço e pâncreas, gases nas alças intestinais (incomum em felinos) e linfonodos aumentados na barriga — dos rins assimétricos (e cristais), a gente já sabia porque o diagnóstico de insuficiência renal dela saiu em 2018.

Estava desenhada a Síndrome de Pandora, uma doença complexa e ainda pouco conhecida relacionada à ansiedade (ansiopatia), que tem a cistite como sintoma comum a todos os gatos, mas pode acometer outros órgãos e partes do corpo aleatoriamente — por isso o nome da mulher mitológica que liberou os males da humanidade abrindo uma caixa proibida.


Simon’s Cat, do cartunista Simon Tofield

Outra curiosidade da síndrome, segundo a veterinária Larissa Rüncos, é que a bexiga inflama com as substâncias liberadas pelo cérebro ansioso, não pela clássica infecção bacteriana — por isso não adianta tomar antibiótico. As crises até passam sem medicamento, só que acabam retornando. E, como ansiedade tem causas variadas, a prevenção foca em evitar estresse no cotidiano:

- Garantindo um ambiente propício ao desenvolvimento dos instintos naturais do bichano — com esconderijos, estímulo à prática de exercícios e um cantinho tranquilo para descansar.
- Brincando com seu amigo pelo menos 10 minutos diariamente.
- Cuidando para que a caixa de areia (sem perfume) fique longe de barulho e seja limpa com frequência.

Desde que a paz tornou a reinar no recinto, Guda nunca mais fez xixi parcelado, fora do banheiro ou cor-de-rosa. :)

8 comentários:

Anônimo disse...

E como se difere essa cistite de gatos por ansiedade da cistite "normal", vamos dizer assim?

Mel disse...

Por aqui o Preto não pode sentir uma vibração diferente no ar que já obstrui. Tristeza! Iniciei Gabapentina e nunca mais teve crises (bate na madeira 3 vezes!)

Beatriz Levischi disse...

A cistite que você está chamando de "normal" é uma inflamação na bexiga causada por bactéria ou patógenos e não tem outras doenças associadas.

Você chegou a levar o Preto a um vet especialista em comportamento, Mel?

Mel disse...

Vet especialista em comportamento não levei Beatriz. Nossa vet é especialista em felinos e foi sugestão dela a gabapentina. Até o momento ele está ok, mas é bem sensível. Se eu entro em um período mais estressante ele também reage.

Anônimo disse...

Que bom ter o Gatoca para consultar! Já superou a “Enciclopédia do Gato” do dr Bruce. Eu nunca imaginei que houvesse esta síndrome. Por suas pesquisas e exemplos, cases, registros fotográficos, toda minha gratidão ❤️ Cris & gataria da casa tiffany 🎽

Daniela disse...

Eu tive uma gatinha que tinha cistite com frequência porque ficava muito tempo sem fazer xixi. No verão, ela fazia só 1x por dia. Quando me dei conta disso eu colocava ela na areia e abria a torneira e ela fazia (não funciona com todos os gatos, mas com ela dava certo). Depois que comecei a fazer isso ela nunca mais teve cistite. É que o xixi meio que "lava" a uretra, impedindo que as bactérias se proliferem no canal.

Anônimo disse...

Qual ansiolitico vc deu p sua gata?

Beatriz Levischi disse...

❤️

Eu não dei ansiolítico. E remédios só devem ser prescritos por veterinário.