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18.4.24

Saudade

Esta é uma história sobre escolhas. Começou no dia 14 de fevereiro de 2007, quando João te encontrou pequena, rabinho quebrado, o clássico nariz de chocolate que viraria nome, lembra? Eu escolhi te deixar para adoção no pet shop, porque acreditava que não daria conta de cuidar de quatro gatos. Mas a gaiola estava lotada e não voltei na semana seguinte.

Você poderia ter tido uma família mais exclusiva ― não só dei conta de cuidar de quatro gatos como de cinco, de sete, de dez (e algumas dezenas de temporários). Geniosa, ficava na ponta mais afastada do montinho felino ou reinando exclusiva na estante do escritório, em sua almofada de joaninha ― que nos acompanhou por três mudanças, ganhou uma cestinha, um remendo à la Tim Burton e só aposentou com a cama nuvem, depois de uma tentativa fracassada de roupinha.


Em Sorocaba, escolheu a lavanderia, menos disputada, para chamar de sua. Eu achava que era por causa da estante, aquela que ficava no escritório de São Bernardo, mas você gostava mesmo é da caixa suja do aspirador de pó ― e continuou gostando aqui em Araçoiaba. Da lavanderia, da estante, da caixa suja do aspirador de pó.

Já para Guda nunca deu bola ― e ela tentou até o fim, um ano atrás. Como pode caber tanta rabugice em uma gata-anã, que pesou 2,5 kg praticamente a existência inteira (até perder 900 gramas nos dois últimos meses)? E que roubava glutadela com esta carinha. E miava feito cabrita, soltando barulhinhos onomatopeicos quando subia nas coisas, pulava no chão, percebia nosso toque, bebia água, mastigava a ração.

Aí, escolhi cuidar do Intrú, que não tinha a sorte de morar do lado de dentro da porta de vidro de alguém e resolveu montar acampamento bem do lado de fora da porta de vidro da sua lavanderia ― fiz justiça gastando a maior parte dos lencinhos umedecidos dele com você. Veio, então, a ataxia, a cistite e os sintomas respiratórios, uma possível artrose, um possível trombo, a apatia.

Eu não sabia se sentia dor ou estava só sendo ranheta você ― esperei sete anos para te ter enrodilhada no colo. Se a pele flácida era de desidratação ou velhice. Se voltaria a afiar as garras no tronquinho do gatil ― três meses antes, você caçava animada os croquetes no parquinho! O raio-x indicou apenas problemas na coluna pela idade. Mas você, sempre sem parada, seguiu aquietando ― e Jujuba insistindo em ficar grudada.




Achei que não passaria de sexta ― a do dia 29 de março! E escolhi parar a vida. Botei fraldinha, liberei o quarto para dormir, aquele em que você nunca pôde entrar porque tenho alergia a gatos, comecei a te carregar por todo o lado para garantir que não cairia. Mas você não morreu. Ficou presa em um corpinho que não funcionava direito ― hidratada, com as mucosas coradas, olhos brilhantes (os mais lindos de Gatoca), sem qualquer episódio de vômito ou diarreia.




Como não conseguia mais chegar sozinha no jardim, te ajeitei no catnip só para voltar com formigas na cabeça e uma lesma entrando na boca. Pensei em parar sua vida. Eis que você adorou o suco de maçã. De manhã, acordava com a carinha colada à minha, não importava em que posição te colocasse. E sonhava loucamente.


Escolhi continuar. E também sonhei: você encostava a testa na minha e pressionava nossas cabeças uma contra a outra com as patinhas. Parecia uma despedida. Quando um dos dentes se pôs a sangrar, escrevi ao veterinário da cidade perguntando sobre a eutanásia. Só no consultório.

Em vez do terror da viagem de carro pelas estradas de terra esburacadas, escolhi te levar no sling improvisado para um último passeio pelo bairro, que você sorveu com os faróis ainda mais gigantes, cada folha, cada bicho, cada portão ― surda há uns dois anos, os cachorros latiam no vazio.



De segunda para cá, a dúvida foi me consumindo: havia algo mais para aproveitar? Será que eu tinha passado do ponto? Nesta madrugada, você arrumou um jeito de me confortar. Ignorando quaisquer limitações neurológicas, deitou no meu peito e só percebi quando acordei pela primeira vez ― na segunda, você estava encaixada entre minhas pernas, como um pacotinho.




Partiu na sua inseparável cama nuvem (como encará-la desocupada?), enquanto ganhava um cafuné com a mão que não estava tentando responder os e-mails atrasados.


Não te dei uma família exclusiva, mas garanti 17 anos e dois meses de presença, trabalhando em casa muito antes de o home office ser moda. E uma aposentadoria entre capuchinhas e passarinhos, mudando para o interior de aluguel e tomando um golpe da empresa de contêineres.


Podem ter sido escolhas inexperientes, de gateira de primeira viagem, e desajeitadas, de quem tantas mortes depois ainda não aprendeu a perder. Mas você sabe que foram as melhores que consegui fazer, né?

11.4.24

Teste: você tem a personalidade ideal para um gato?

O veterinário espanhol Carlos Gutierrez definiu como deve ser o tutor perfeito, baseado nos estudos da Universidade Autônoma de Barcelona, que realizou o primeiro levantamento populacional do mundo sobre a relação entre pessoas e bichanos, e de pesquisadores das Universidades da Flórida, Carroll e Marquette, que mapearam as principais diferenças de personalidade entre gateiros e cachorreiros.

Aproveitando a habilidade que todo jornalista pagador de boletos tem de transformar conteúdo em entretenimento, eu inventei, então, este teste. Quantas características valorizadas pelos peludos você coleciona?


Empatia

Pessoas com maior sensibilidade emocional conseguem se colocar no lugar de seus gatos e perceber o que estão sentindo, qualidade essencial para quem tem bichos que se afetam facilmente por coisas que não fazem tanta diferença para outros animais ― e evitar situações de estresse ajuda a prevenir problemas de saúde como gripe e lipidose hepática.

Timidez

Introversão costuma vir acompanhada de um grande poder de observação, permitindo ao tutor tímido ser o primeiro a identificar mudanças comportamentais nos peludos, como o fato de passarem a comer menos depois da chegada do novo pet.

Introspecção

Quem gosta de estar consigo mesmo, desfrutando do tempo de seu jeitinho, dará aos gatos, avessos a barulho e agito, uma casa mais tranquila, sem necessidade de descobrirem todos os buracos à prova de festa.

Criatividade

Um humano criativo estará sempre pensando em formas de enriquecer o ambiente e entreter criaturas que tende a se entediar fora de seu habitat natural ― e não hesitam em trocar brinquedos caros por aquela caixa de papelão em que veio o mop.

Inconformismo

Em um mundo desenhado para cachorros, domesticados há mais tempo, pessoas com o espírito combativo conquistaram adequações importantes para os bichanos, como as clínicas especializadas em felinos ― e seguem na luta.

Independência

Por mais que o pequeno seja ronronento, você deve ter notado que ele também aprecia ficar em seu cantinho. E ninguém melhor do que um indivíduo autossuficiente para encontrar o equilíbrio entre os momentos de solidão que seu amigo tanto precisa e de socialização com cafuné liberado.


RESPOSTA

:: Até 3 características

Você provavelmente integra o grupo dos tutores de gato pragmáticos, representado por 35% dos participantes do estudo. Apesar de considerar o bichano parte da família, não tem um vínculo afetivo tão forte e acha trabalhoso cuidar dele.

:: A partir de 4 características

Bem-vindo ao universo das emoções complexas, coabitado por 65% dos gateiros, que sentem grande conexão com seus companheiros, sempre a postos quando precisam de apoio ― confessando, inclusive, compartilhar coisas que jamais diriam a outras pessoas.

31.3.24

3 anos de casa nova, menos 5 gatos, mais 1 intruso

Por quanto tempo uma casa ainda pode ser considerada nova? E se antes mesmo de você mudar, a casa em questão, construída do zero, já colecionava problemas? Talvez, em 2025 eu troque o título para "4 anos de Araçoiaba da Serra". Ou não ― a ideia de novo faz a vida parecer menos velha, principalmente quando a gente lida com impotência e morte.

Sei que pareço um disco quebrado, mas a conjuntura não colabora, né? Nos últimos 365 dias, Pipoca e Pufosa ajudaram a superpopulacionar nosso cat sematary. E Chocolate e Keka andam flertando com o empreendimento. Ao contrário dos gatos, as plantas finalmente ganharam autonomia e paramos de apanhar do solo seco, das formigas vorazes, das pragas multicoloridas ― quem rouba nossas frutas agora são os saguizinhos.


Enfermaria ao ar livre


Duplinha do sachê


Contorcionista

Preciso contar também que, às vésperas de completar dois anos e sete meses, mais especificamente em 7 de outubro de 2023, instalamos a lendária porta do banheiro ― embora ela ainda continue sem batente de um dos lados.


Conseguimos arrumar também o cantinho dos bigodes, com prateleiras almofadadas, caixas de madeira, arranhadores de formatos variados, sofá em acquablock e um parquinho vertical que rendeu uma verdadeira obra ― grande conquista para quem começou essa jornada numa mesinha plástica de jardim.

E tentamos ter uma piscina inflável, que esvaziava sempre que chovia (longa história), depois bichou (desculpem pelo surto de dengue!) e acabou furando no limoeiro (que limão mesmo não quis saber de dar até o presente momento).


Este post-comemorativo não poderia excluir o frajola figura que decidiu morar em Gatoca, contra a vontade de Gatoca, e me rouba sorrisos úmidos nos dias difíceis com poses assim:

20.3.24

Última visita da Chocolate ao tronquinho?

Minha foto favorita da Chocolate é a do aniversário do ano passado, em que ela curte o vento de olhos fechados, já surda, no seu lugar preferido do gatil: o tronco de árvore que Leo arrastou pelo bairro quando nos mudamos para Araçoiaba, depois de um dos surtos de poda sem critério da companhia de energia elétrica.

Foram dois anos e pouco de contemplação de paisagem, afiação frenética das garrafas, degustação de matinho ― sempre emoldurada pelas capuchinhas, a flor perfeita para quem prefere cuidar de gatos. Com a ataxia intermitente, porém, o equilíbrio da pequena ficou prejudicado e hoje me toquei que ela não consegue mais aproveitar o tronquinho.


Havia levado a peluda ao jardim para os cliques do Gramado da Fama e ela subiu sozinha, como nos velhos tempos, mas fez a travessia inteira se esforçando para não cair ― até desistir e voltar para a caminha. Veterinário da cidade e equipe de raio-x já passaram por aqui, conto com calma em outro post. Todo mundo elogiou os 17 anos da ranheta. Mas isso não me impediu de ficar chateada.


Obrigada triplamente por quem continua acompanhando o Gatoca nesta fase geriátrica! ❤ E especialmente aos apoiadores, que acreditam que a gente ainda pode despiorar o mundo juntos ― só estou tomando um ar, rs. No último mês, 10% das assinaturas do Catarse acabaram inativadas e essa grana faz diferença. :\

Bem-vinda, Isabella Cantelles! Espero que o Cluboca seja a acolhida que você buscava para a Jova e seu rim solo. Já Gabi e Vera Fromme podem botar o pé no sofá porque estão nos bastidores do projeto desde a adoção da Flea e do Snow ― 14 anos, gente!


Encerro com um aperto a distância nos resilientes Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...

... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe e Sandra Malacrida! 🤗


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio de projeto. ❤)

28.2.24

Pele flácida em gato: velhice ou desidratação?

Atualizado em 11 de março de 2024

Em algum mês de 1994, eu passava vergonha inclinando cada vez mais na cadeira do oftalmologista, enquanto a assistente tentava alcançar o olho em fuga para ensinar como colocar a lente de contato ― morro de aflição, cheguei a desmaiar nos exames pré-operatórios dos 5,5 graus de miopia. Três décadas depois, eis que o veterinário me manda puxar a pálpebra inferior justo da Chocolate.


A vida é mesmo uma roda gigante, não?

Mas me atropelo. Essa conversa começa com uma possível rinotraqueíte, em uma gata de 17 anos, doente renal crônica. E sem que eu soubesse avaliar se a pele estava flácida pela queda na produção de colágeno, como acontece com idosos humanos, ou por desidratação, apesar da persistência nas seringadas de patê.


Aqui entra a orientação do vet de puxar a pálpebra, porque elas dificilmente ficam flácidas por velhice, servindo de critério de desempate ao apontar graus maiores de desidratação. O teste funciona desta forma:


Como a pele retorna assim que Leo solta (vocês não acharam que eu encararia essa bomba, né?), diferente da lateral do corpo, que demora mais, a hidratação da pequena pode ser considerada sob controle. E para dar um parâmetro de comparação, segue um vídeo da Keka quando era mais nova:


Se a pele do seu amigo levar três (ou mais) segundos para se reestruturar e ele não estiver velhinho como a gangue aqui, corra ao veterinário. Vale ressaltar também que mesmo a flacidez de velhice pode mudar de animal para animal, porque depende da compleição física de cada um ― Keka ainda tem a pele mais firme e a diferença de idade para Choco é de apenas sete meses.


Outras infos importantes:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
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:: O desafio da alimentação natural
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:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Ração em molho: nós testamos!
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:: Cuidado com alimentação forçada!
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:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Diarreia em gatos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

21.2.24

Existe gato dominante (ou alfa)? | EG #27

Chocolate adoraria. Mas a verdade é que ninguém liga para os esbravejos dela. O mais perto de um líder que Gatoca teve foi Simba, aquele ímã social que Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, chama de "mojito" ― falamos sobre os arquétipos felinos aqui. Confiante, ele tirava a vida de letra, enquanto "napoleões" e "invisíveis" ficam obcecados em cuidar das próprias coisas, passando a maior parte do dia ansiosos por isso.

A dominância clássica só existe em relacionamentos marcados por uma hierarquia rígida e há poucas evidências de grupos de bichanos que tenham um único gato sempre no topo. Adeptos à flexibilidade e ao compartilhamento, eles ocupam diferentes funções, dividindo o tempo em seus pontos favoritos, e podem revezar o papel de manter tudo sob controle.

Comportamentos que entendemos como agressivos ou "dominantes", demonstram as pesquisas, estão mais relacionados à idade e à familiaridade dos integrantes da gangue. E esse rótulo acaba fazendo com que a gente enxergue os peludos como adversários, tentando subjugá-los em vez de compreendê-los.



(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para os peludos (estreia no dia 15 de março!)

14.2.24

Aniversariante do mês – fevereiro de 2024

Hoje, Chocolate* completa 17 anos de adoção e a sensação é de montanha-russa. No último aniversário, contei que ela havia passado a sair cada vez menos do cantinho seguro desde que ficou surda, lembram? Acontece que sua arqui-inimiga unilateral morreu 37 dias depois e a pequena tornou a ganhar confiança de se espalhar pela casa.


E ocupa espaço, viu? Miado de cabrita com ego de leoa compactados em 2,5 kg de gata, nossa gata-anã. Nas últimas semanas, porém, sintomas respiratórios e desidratação se juntaram à doença renal crônica, à ataxia intermitente e ao desconforto de uma provável artrose ― a gente nunca sabe se a criatura sente dor ou está só sendo rabugenta ela. Novo retrocesso.


Tratei, conseguimos reverter boa parte da nhaca, ontem comemoramos o passeio no jardim das fotos acima. Até assistir à coitada sair correndo manquitola para alternar banheiros. Cistite, que só acalmou quando deitou na pia geladinha do lavabo ― reparei agora nessa fixação por lavabos (2010 e 2023). rs


A longevidade tem sabor de brigadeiro, mas às vezes cobra seu preço em jiló.


*Novelinha: Conheça a história da Chocolate

Outros aniversários: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

2.2.24

Artista mostra como os gatos enxergam!

Eu já falei sobre a visão dos bichanos na série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy. Mas o artista digital Nickolay Lamm mostrou como eles efetivamente enxergam usando fotografias editadas. O projeto What do Cats See? contou com a orientação de biólogos e veterinários, e eu fiquei sabendo dele pelo canal espanhol Mascotas y Familias Felices.

O que vocês imaginam que a Chocolate estava vendo quando olhava para mim?


Campo visual

A visão panorâmica dos peludos é maior que a nossa (200 graus contra 180), por isso as imagens que simulam nosso olhar têm uma tarjinha preta nas pontas ― nas laterais eles enxergam 30 graus, contra os nossos 20.


Visão noturna

Como os gatos possuem mais bastonetes, que capturam a luz com mais eficiência, também veem melhor no escuro ― de seis a oito vezes, em comparação ao ser humano.




Em plena luz do dia, por outro lado, ficam saturados, como se o mundo fosse um filme esbranquiçado.


Foco

A predominância dos bastonetes também faz com que os bichanos enxerguem mais embaçado, já que a nitidez é de responsabilidade dos cones, que eles têm em menor quantidade. No geral, nós conseguimos ver imagens bem-focadas a uma distância máxima de 30 a 60 metros, enquanto para os peludos essa distância se reduz a 6 metros.


Cor

Os cones respondem, ainda, pela captação das cores, portanto, outra vantagem nossa, que contamos com uma paleta não só mais variada como vívida. Os gatos são considerados dicromáticos, distinguindo comprimentos de onda de 450 a 454 nanômetros (azul-violeta) e de 550 a 561 nanômetros (amarelo-verde), e não enxergam vermelho. Há estudos, porém, que dizem que o verde para eles fica mais brilhante.




Movimento

Deixei o mais curioso para o final: os peludos veem em câmera lenta! Isso não significa mais devagar, mas, sim, que percebem coisas que nos passam batido, porque se movem muito rápido, como o bater de asas do beija-flor ― habilidade muito útil quando se lida com pequenos animais que mudam de direção rapidamente durante uma perseguição.

Esse poder, no entanto, vem com uma fraqueza associada: aos seus olhos, objetos que se movem muito lentamente parecem parados ― nós temos a capacidade enxergar velocidades dez vezes mais lentas do que nossos amigos.

24.1.24

4 funções curiosas para a língua áspera dos gatos

Não, não é para lixar nossos braços que os gatos têm a língua rugosa. Mas, antes de explicar por que ela ajuda na limpeza e na alimentação dos bichanos, vale contar que essas espinhas, também conhecidas como papilas gustativas, são feitas de queratina, como nossas unhas, ocas por dentro e mudam conforme a idade.

1) Represamento e desossa
Filhotes possuem a língua menos rugosa para mamar e as papilas mais arredondadas no entorno para evitar que o leite saia da boca. Já na fase adulta, elas ficam mais afiadas, servindo para separar a carne do osso.

2) Hidratação otimizada
As pontinhas ocas permitem que os felinos bebam água de um jeito mais rápido e eficiente ― para mantê-los longe da insuficiência renal, porém, invistam em bebedouros elétricos.

3) Higienização sem esforço
A cavidade das papilas também armazena saliva, facilitando a limpeza dos pelos, e o formato possibilita fazer muito menos força.

4) Refrigeração
Ao final da lambeção, seu amigo estará com a temperatura corporal até 1ºC mais baixa. As informações são do veterinário espanhol Carlos Gutierrez e a modelo, made in Gatoca.

5.1.24

2023

Em um misticismo exclusivo, os anos terminados em três marcam transformações profundas em mim. Foi em 2003 que precisei me dividir entre o trabalho e o hospital até dona Vera perder uma longa batalha contra o câncer, perto do Natal ― e que também tive de aprender a fazer arroz, lavar privada, cuidar dos irmãos mais novos, multiplicar dinheiro no supermercado.

Em 2013, deixei o casarão de uma vida inteira para caber com dez gatos, o Leo e, esporadicamente, as enteadas em um apertamento de 60 m2. Meu apertamento ― depois de uma reforma "faça você mesmo", apelidada de terapia. Uns meses antes, por causa das crises recorrentes de alergia e asma, já havia decidido parar com os resgates e redirecionar os esforços do Gatoca para a educação.

Se minha mãe estivesse viva, provavelmente confirmaria que em 1983 juntou coragem para se separar do alcoolismo do meu pai e nos mudamos para o prédio em que minha avó morreu antes de cumprir a promessa de sorvete toda a tarde, quando o shopping em frente ficasse pronto ― para voltar atrás pouco tempo depois. A mãe, não a avó.

E deve ter sido em 1993 que sofri um bullying persistente por nunca ter beijado na boca ― resolvi inventar um caso na viagem com as "amigas" à Caraguatatuba, que acabou desmascarado e só piorou tudo. Para dar uma ideia do impacto, o beijo de verdade tardou mais cinco anos ― e, por favor, não façam as contas.

Finalmente chegamos a 2023, assunto desta retrospectiva, com três gatas mortas em 15 semanas, a expectativa de um sabático ao final destas quase duas décadas felinas e um intruso estragando tudo. Guda partiu em março, com 17 anos, Pipoca em julho e Pufosa dois dias depois, ambas com 16.

Além da exaustão, sobrou um gosto amargo porque Pipoquinha chegou a reverter o primeiro derrame pleural ― que demandou uma releitura da escolha de Sofia de 11 anos atrás. E, pouco antes delas, já havíamos pedido o Mercv (com quem vira e mexe sonho) e a Clara, igualmente idosos.

A dinâmica da casa, acostumada a nove bichos preenchendo vazios e silêncios, mudou completamente ― ainda não acostumei a me referir à gangue no feminino. Sem a mãe e metade das irmãs, Jujuba virou uma gata carente e Keka deu para me acordar aos berros cada vez mais cedo ― 4h44 o recorde! Quem não mudou foi o Leo (amo essa foto!), parceiro de soro, de obra, de cova.

Comentei aqui no blog que envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― as adaptações demoram mais, o corpo não funciona do mesmo jeito, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

Eis que Intrú veio chacoalhar essa energia, com seu olho verde-vida, o pelo brilhante, o nariz rosinha ― lembra Mercv jovem, principalmente quando dorme de boca aberta. No dia 27 de outubro, começava o projeto castração, bem-sucedido, mas com pós-operatório turbulento e duas bombas: a idade e a FeLV. Mesmo assim, persisto na campanha de adoção, porque ele merece morar do outro lado da porta de vidro da lavanderia.

No ativismo, aliás, o ano prometia com a criação do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais pelo governo federal. E ficou só nisso mesmo. Eu diminuí o ritmo de publicação dos posts e a frequência de envio do boletim para conseguir dar conta de tudo ― rolou Gramado da Fama em fevereiro, maio e julho, mas aquém da ambição do nosso financiamento coletivo.

O blog perdeu o puxadinho no servidor de mais de uma década, passando justo o 1º de abril fora do ar. E ainda assistimos portão e telhado araçoiabanos voarem com o temporal de novembro ― que também nos deixou sem luz e água por três dias. Nos intervalos, porém, a gente comemorou.

Os dois anos de casa nova, os 16 do Gatoca (em dose dupla!), os aniversários da Chocolate e das Gudinhas (e o primeiro aniversário sem Guda, bem como o segundo sem Mercv, em homenagem), o Natal customizado ― com brinquedinhos para as peludas, lasanha de marmita em companhia do Intrú e Amigo Secreto de Talentos no Cluboca, o grupo de apoiadores mais maravilhoso do universo!

A geriatria dominou o conteúdo de serviço: gastrite por doença renal, cérebro cansado, fralda, artrose, ataxia, escova de bebê, patê lisinho para seringa. E desabafei sobre o difícil equilíbrio ao cuidar de bichanos. A série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou dez capítulos inéditos: sobre os bigodes felinos, a visão e a audição, como eles caçam e o que comem, hábitos de limpeza e sono, arquétipos, lugares de confiança e esconderijos-casulos.

Também teve teste de latinha em molho e o controverso sabor peixe, e textos sobre alimentação úmida, o gosto da água e ração de insetos (+ novidades gringas). O enriquecimento ambiental foi turbinado com sofá e prateleiras repaginados, a primeira cama nuvem, arranhadores caseiros (com passo a passo) e parquinho vertical ― que rendeu uma miniobra!

O blog ainda alertou para os perigos do calor, garras que entram nas almofadinhas, a incompatibilidade de banho e antipulgas, inchaço que vira abscesso, os malefícios da imobilização pelo cangote. Ensinou a identificar dor, ronco e marcação fantasma, se declarar com os olhos, pesar seu amigo com precisão.

E, mesmo quebrada por dentro, não podiam faltar os posts de entretenimento: nossa experiência tragicômica com inteligência artificial, a briga com o ChatGPT, o desafio dos seriados, o ataque de um serial killer, a visita de pterodátilos, as releituras de Dalí, gatos fazendo gatices, a inviabilidade do nosso reality show, minha soneca com o inimigo, a Pimenta do clima e as vergonhas de gateiro.

Que 2024 bata mais leve ― porque a idade dos integrantes fixos e o gênio do temporário dão o spoiler de que fácil não será. rs


Retrospectivas dos anos anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

29.12.23

Nossos presentes de Natal, com penetra

Eu já contei aqui que não sou uma adulta natalina ― nem de rituais em geral. Gosto de marcar começos e encerramentos de ciclos, mas de um jeito que faça sentido para mim, não por imposição social. Na infância, inclusive, aproveitava o pacote completo do Natal, com pinheiro natural, presépio decorado, luzinhas na calçada, Papai Noel deixando rastro de brocal, uvas passas herdadas dos panetones alheios.

Depois deste 2023 desafiador, Leo e eu decidimos, então, ficar por aqui mesmo, em Araçoiaba, com lasanha de marmita e a companhia dos gatos sobreviventes ― de volta ao masculino porque Intrú fez questão de participar da ceia da tarde.


Pimenta foi a única que ganhou brinquedo, já que, 16 anos e 7 meses depois, ainda se diverte caçando bichos animados e inanimados. Batizei o ratinho de Topo Gigio, um sonho nunca realizado, pois a Bia criança queria uma versão que falasse e se mexesse sozinha, como a da televisão.


Chocolate curtiu a escovação-cafuné, compatível com seus 17 anos, e os croquetes no parquinho, em que ficou semanas sem conseguir subir por causa da ataxia.


Já Keka não conseguiu aproveitar nem os croquetes nem o parquinho, porque perdeu quase 1 kg desde o ataque do Intrú ― como as irmãs, ela também passou dos 16 anos, avançada na insuficiência renal. Mas compensei comprando uma ração nova, ainda mais cara do que a anterior, pois o céu é o limite para essa gente. E o paladar seletivo da frajola aprovou!


Jujuba teve seus arranhadores horizontais de papelão renovados.


E Intrú ficou com os de segunda mão, como todo irmão mais novo ― a caminha Leo improvisou por causa das noites frias. A ideia é ele acostumar com ela no seu cantinho favorito para depois a gente colocar em um lugar mais protegido.


No sachê especial a criatura nem tocou, preferindo a boa e velha Pet Delícia ― não sem antes me bater (story nos destaques do Instagram). Capacidade de lidar com a frustração: 2, cruzado de esquerda: 10. rs

Ainda rolou o Amigo Secreto de Talentos do Cluboca, nosso grupo de apoiadores, em que presenteei a Adrina com uma radionovela de O Gato e o Diabo, escrito por James Joyce ― foram três dias para gravar a narração (prefeitura asfaltado a rua com caminhões da Idade Média), incluir a trilha sonora e os barulhinhos todos, fotografar e tratar a imagem da Pips.

E da Vanessa ganhei esta ilustra com o Intrú, que ainda procura uma família para poder morar do outro lado da porta de vidro.


Também a versão digital do livro Relatos de um Gato Viajante, de Hiro Arikawa, um vídeo de bigodices e esta mensagem apertável:

Meus presentes são a razão disso aqui existir (de novo Bia!). Separei uma imagem que me fez pensar em você com o Intrú e aquele livro que falei: Relatos de um Gato Viajante. Não só porque os seus viajaram um bocado contigo (SBC, Sorocaba, Araçoiaba) como também porque tanto a vida quanto a passagem para o outro lado são uma viagem, e me conforta pensar que, de vez em quando, tanto nós quanto nossos amados gatinhos viajamos cruzando a fronteira entre os planos para matar a saudade. ❤️

Espero que o festerê por aí tenha tido a cara de vocês. A retrospectiva vai ficar para o ano que vem, quando todo mundo voltar à rotina de pagador de boletos, para compensar a trabalheira. :)

27.12.23

Choco com as patas descoordenadas e ataxia em gatos

Acordar com gatos idosos é sempre uma surpresa: qualquer parte do corpo que estava funcionando perfeitamente no dia anterior pode ficar esquisita e foi exatamente o que aconteceu com a Chocolate no fim do mês passado ― demorei para contar aqui porque queria ver como ela respondia ao tratamento homeopático.



A gente estava almoçando quando notei, com um certo grau de desespero (já imaginando as fraldas e como impedir a ranheta de subir nas coisas) que a pata esquerda da frente entortava durante a caminhada e seguia arrastada, como se estivesse adormecida, enquanto a traseira sobrava esticada ao sentar.


Essa falta de controle sobre as próprias pernas, chamada de ataxia, a fazia desequilibrar, principalmente em superfícies lisas, e se estabacar no chão. Quando arriava, a pequena demorava para conseguir levantar. Travava do nada nos passeios, justo ela, que não tem parada. E nem na caminha deitava direito.


Os veterinários atribuíram o sintoma neurológico à idade avançada, uma espécie de curto-circuito no cérebro, e esperavam retardar a evolução. Mas o que ocorreu foi que a criatura de 17 anos recuperou quase totalmente a coordenação, deixando escapar só de vez em quando esta curvinha charmosa:

8.12.23

Parquinho vertical: como acostumar os gatos (ou não)

Envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― já escrevi sobre isso algumas vezes, mas neste ano cheguei perto do chefão. As adaptações demoram mais, o corpo não funciona da mesma forma, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

E foi assim que nosso projeto do parquinho vertical completou seis meses ― da obra para isolar e revestir as portas do contêiner à última rodada de croquetes felinos, no domingo. Só que estou me adiantando: a real é que achei que liberaria a entrada no escritório e as gatas de mais de 16 anos se estapeariam para ver quem experimentaria o playground primeiro.


Elas já trepam na estante do corredor, dormem na prateleira mais alta da sala, vira e mexe derrubam a caixa de Pet Delícia do topo da estante da lavanderia. Mas ignoraram solenemente o empreendimento doado pelas queridas Vanessa Aguiar e Laíze Damasceno.

Em 23 de julho, eu tentei sensibilizar a gangue com sachê ― o catnip nem contou. Keka conseguiu comer sem subir, equilibrada em duas patas. Jujuba, colocada por mim na primeira prateleira, derrubou o potinho e pulou em seguida, no maior estilo Joelma ― o edifício em chamas, não a cantora. Ninguém entendia a escada vazada.

No sábado seguinte, comprei Churu, que as meninas do Cluboca chamam de "cocaína dos gatos", na expectativa de guiar as peludas pelo circuito. Chocolate arremessou para todo lado. Pimenta cheirou e saiu andando. Jujuba derrubou o celular que filmava o mico, quebrando meu tripé. Só Keka aprovou, mas também não foi muito longe ― aí, quando eu já havia desistido, se aventurou sozinha.

O terceiro teste rolou no dia 5 de agosto, com Dreamies, que definitivamente fez mais sucesso, tirando a ânsia de vômito da Pips, que esfarelava os croquetinhos, e da Choco, que demorava tanto para mastigar que eles caíam da boca. Gostar do petisco, aliás, não significa gostar do parquinho. As criaturas ficavam atrás de mim (e do pacote), sem perceber o conteúdo espalhado no playground.

E só Pimenta venceu o desafio da ponte, a única parte instável do conjunto ― Keka levou mais duas semanas e Choco conseguiu apenas em 11 de setembro! O recorde de travessia da escadinha vazada ficou com a frajola, em 20 de agosto ― isso porque eu deixei uma distância conservadora entre os degraus!

De lá para cá, em todo fim de semana distribuo croquetes entre os módulos, que Pips nunca mais arriscou a procurar. Jujuba segue achando tudo muito estranho. E a maior emoção ocorreu quando Choco e Keka disputaram o mesmo petisco, por lados diferentes da ponte ― ainda um tabu.


Keka só vai mesmo pela comida. Mas a ranheta adora se isolar das irmãs no refúgio que apelidamos de "casa das montanhas".


Já valeu a empreitada. :)


P.S.: Eu gravei (e decupei e editei) 45 vídeos para vocês se divertirem rindo da minha cara, morrerem de fofura com as gatas e aprenderem uma ou outra coisinha ― mesmo que seja o que não fazer quando o assunto envolve parquinho vertical, guloseimas e gatos.

17.11.23

Identifique o lugar de confiança do seu gato | EG #24

Eu sempre digo que os bichanos são 3D e Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, concorda comigo. Diferente da gente, que costuma observar os objetos que estão no chão, eles veem seu território de forma tridimensional, avaliando pontos elevados de onde possam acompanhar quem vai e vem, locais de descanso, esconderijos para brincar, caçar ou se afastar do mundo.

E criam autoconfiança justamente com base no cantinho em que conseguem ter mais sucesso ― seja no eixo horizontal ou no vertical. Nossa missão, portanto, é descobrir e encorajar a relação com esses lugares, permitindo que exerçam sua gatitude plena. Para facilitar, Galaxy divide os habitantes felinos em três tipos:

Dos arbustos: geralmente se enfiam embaixo da mesa ou atrás de um vaso de planta ― muitas vezes esperando para caçar ou atacar.

Das árvores: demonstram estar à vontade no alto ― não necessariamente em cima da estante, mas em cadeiras ou no sofá.

Da praia: gostam de manter as quatro patas em terra firme, relaxando em ambientes abertos ― aquele peludo em que você frequentemente tropeça. rs

Para onde seu amigo olha primeiro quando entra em um cômodo?


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 25: Como saber se ele está curtindo ou se escondendo (estreia no dia 15 de dezembro!)