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5.10.22

Não achei que precisasse escrever este post...

Depois de quatro anos, a decisão era tão óbvia: avanço contra retrocesso, diálogo contra extremismo, diplomacia contra isolamento, inteligências (as oito do Gardner) contra estupidez, diversidade contra egoísmo, empatia contra mesquinhez, sincretismo contra fundamentalismo religioso, inclusão contra pânico moral, vida contra caça, desmatamento, queimada, agrotóxico.

E nem preciso falar de corrupção.

Mas quase metade da população útil e 20% de descomprometidos (exceção a quem não pôde votar por doença, falta de grana, chefe canalha) escolheram o fascismo — a não-escolha também é uma escolha. Passada a perplexidade, faz-se urgente retomar a luta para o segundo turno, porque eles nos querem exatamente assim: desanimados, encolhidos, com medo.

Eu me recuso a abrir mão de um país que tem tudo para brilhar por causa de uma parcela fanatizada (ou despolitizada) de brasileiros — e sou racional demais para romantizar uma existência no exterior como imigrante.

Na proteção, a gente aprende a olhar para os animais que salvou, não os que perdeu. E esta eleição com gosto de retrocesso teve vitórias importantes: indígenas, mulheres trans e trabalhadores sem-terra ocuparão o Congresso em 2023. Guilherme Boulos, o "comunista invasor de casas", ultrapassou 1 milhão de votos, liderando os deputados federais por São Paulo, estado do sapatênis.

E Bolsonaro terminou o primeiro turno em segundo lugar, mesmo usando a máquina pública e comprando aliados (políticos, religiosos, ruralistas) com o dinheiro da educação, da saúde, da segurança pública — nosso dinheiro.

Nos próximos 25 dias, se bater o desânimo, lembrem do que nos une: gatos, risadas, generosidade, encantamento, arte.

Assim se faz resistência, meu povo!


Tentando usar o mouse com o braço esmagado pela Guda, esmagada pela Pufosa

6 comentários:

Alinesilpe disse...

Belíssimo e acertado texto, como sempre. 🥰

Anônimo disse...

Perfeito!!

Unknown disse...

Perfeito.

Anônimo disse...

Ah, que alento! Que o universo ouça Gatoca!

wcris disse...

Que foto cheia de carinho para ilustrar esse texto dolorido... Mas deve ser assim mesmo. Para a escuridão: LUZ!
Abraço da Cris & gataria espalhada, dormindo em cada canto da casa.

Anônimo disse...

Vamos lá, Bia! Com força e coragem! Vamos em frente!