Eu já odeio o Tarantino no cinema. E, na sexta-feira passada, tive o desprazer de acordar em um filme dele: sangue espirrado nas paredes, coágulos no edredom, a cara da Clara lavada de vermelho — fiz um vídeo de mãos trêmulas para o veterinário (eu, que desmaio na coleta do laboratório), mas pouparei vocês das imagens de terror.
É que nos últimos três meses, desde que escrevi aquele
desabafo sobre a retalhinha, o carcinoma abriu um túnel na cabeça e a coceira piorou muito, tornando cada vez mais frequentes os ataques com as garras ao machucado, também mais sensível — e a massa que crescia sob a pálpebra ainda bloqueou completamente a visão do olho direito, para minha desolação.
Ela continua comendo feliz a alimentação natural na colherinha, ronronando quando ganha carinho, tomando sol no jardim, dando banho no Mercv (!). Mas, pelo jeito, não poderá mais ficar sem o colar elisabetano (o povo escreve "elizabetano", só que está errado). A gente ainda nem conseguiu estancar o sangramento completamente, na verdade.
E, depois de chorar no chuveiro e xingar o além, resolvi compartilhar algumas dicas aqui. Se você tem um gato que precisa desse tipo de contenção — vale para cachorro também, a menos que ele seja o
Marley...
Escolha um modelo leve e transparente
Com menos peso e um maior campo de visão, ele se sentirá menos incomodado. O primeiro colar da Clara era trambolhudo e eu já usava sem a coleira — cortei todos os passadores, inclusive.
Aí, Leo encontrou este, que ainda abre e fecha mais fácil:
Teste adaptações
Como o problema dela é coçar o carcinoma com as patas de trás, encurtei a versão do pet shop, que continua impedindo o acesso à cabeça, mas ajuda na hora de comer e beber água. Só tome cuidado porque, com o colar mais curto, o animal talvez consiga se esfregar nos móveis.
No ano passado, a gente tentou criar também um modelo de EVA, filmado passo a passo para um tutorial no Youtube, em que a cara da retalhinha ficasse mais livre. E foi um sucesso! Por 15 minutos.
Ela logo descobriu como dobrá-lo ao contrário...
...e nos deparamos com esta cena —
light em comparação à recente:
Capriche na limpeza
Gatos são as criaturas mais asseadas do universo — e têm um olfato muito mais desenvolvido do que o nosso. Imagine sobrar com um treco todo melecado colado no seu nariz! Um paninho com álcool quebra o galho, se você não puder sair de perto do animal — a gente bobeia e a desgraça acontece, né?
Mas aconselho comprar dois colares para lavar com calma o que não está em uso. O desespero da Clara com as secreções que vazam do machucado é tanto que ela me acorda de madrugada coçando o plástico freneticamente. E eu levanto toda vez para socorrer, claro.
Liberte com monitoramento
É esperto o suficiente para bloquear patas assassinas ou dentadas mortais? Então tire o colar de tempos em tempos para que o bichano consiga fazer sua própria higiene. Ou se encarregue de limpá-lo com um pano úmido — nada de perfume, hein? Escovação também pode!
Como
bônus, seja paciente, encha seu amigo de carinho, ofereça comidas diferentes. Quando a gente está doente, o que mais quer é se distrair do mal-estar.