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27.1.23

Gato com dor ou mal-estar: como sacar sem sintomas

Vômito persistente, diarreia, babação, apatia, pele flácida dão alertas claros de algo não vai bem com nosso amigo. Mas gato é um bicho que demora para manifestar sintomas e, no caso da doença renal, por exemplo, eles só costumam aparecer quando boa parte dos rins já está comprometida.

Eu cheguei a compartilhar um teste da Universidade de Montreal que ajudava a identificar dor nos felinos, lembram? Ele se baseava na avaliação da posição das orelhas, bigodes e cabeça, e do formato dos olhos e do focinho. Muitos parâmetros, porém, e brechas para dúvidas — fiquei pensando se funcionaria na hora H.

A real é que, se você está acostumado com a carinha do meliante, notará a diferença — Guda acaba de me provar. As feições de um gato relaxado são arredondadas, enquanto o rosto de um peludo que não se sente bem fica visivelmente mais tenso:


Guda no começo do mês, com a doença renal já avançada (embora tenhamos controlado os vômitos, a diarreia e a desidratação)


Guda um ano atrás, quando nossa única preocupação era essa secreção persistente no olho esquerdo (foto emprestada do post do nistagmo, aliás)

Confiem, portanto, na sua percepção e na conexão que têm com seu bicho. Para garantir, vale pesar o bigode mensalmente, prestar atenção se não está sobrando mais comida do que o normal no potinho, checar se as brincadeiras e explorações pela casa continuam atrativas — mesmo na velhice.

25.1.23

Como pesar seu gato com precisão

Para uma gata de 2,3 kg, que originalmente pesava 4 kg, 200 g pode significar a diferença entre um tratamento bem-sucedido e a proximidade inevitável do fim. Esse assunto surgiu no Cluboca, nosso grupo de apoiadores, por causa da Guda, mas eu comprei a balança de bioimpedância muito antes, imaginando que poderia medir proteínas, ossos, metabolismo e hidratação dos bigodes.

Visualizem as criaturas encaixando as patas nas quatro bolotas de metal! #inocente


O projeto não só fracassou como a variação de peso se manteve igual à dos modelos simples, bem mais baratos — aqui, vale explicar que a gente se pesa segurando o animal, depois desconta a nossa parte. Consigo contornar apelando ao método "melhor de três", nada prático, porém, com sete peludas, boa parte antissocial, sob monitoramento quinzenal.

Voltando ao Cluboca, Lorena Fonseca compartilhou a mesma angústia e o que se sucedeu foi esta sequência impagável de gatos em panelas, oferecimento de um amigo da Vanessa Araújo, quando Lulis precisou de doação de sangue.




Eu nunca teria a ideia de usar a balancinha de cozinha! E minha gangue também não ficaria sossegada assim como o Benjamim, da Paula Melo.


Regina Haagen sugeriu, ainda, os dinamômetros de mala, com ganchinho, que os Médicos sem Fronteiras usam para pesar crianças em regiões afetadas por conflitos armados, desastres naturais e epidemias — os sites chamam de balança, mas ele mede intensidade de força, não massa.

E tem a clássica balança de drogas, que demanda o cuidado de não ser armazenada com grandes volumes de dinheiro. E drogas.

Que estratégia vocês usam por aí? Contem nos comentários!

20.1.23

Ração em molho para gatos: nós testamos!

Quando você tem sete gatos que já passaram dos 15 anos (e problemas nos dentes, nos rins, no estômago), tende a usar mais o processador de alimentos com eles do que com sua própria comida. Eu não me importava de bater a latinha da gangue todo o café da manhã, mas, com a Guda na alimentação forçada de novo, toda economia de tempo é bem-vinda.

E a Pet Delícia, parceira antiga, atendeu minhas preces não proferidas lançando molhos naturais de frango, carne e peixe! Dá para misturar na ração seca, aumentando a umidade na dieta, só que a gente oferece como sopa mesmo, no asilo que virou Gatoca, rs. Leitores novatos talvez não tenham entendido o lance da umidade — e os antigos perdoem o disco quebrado.

É que os ancestrais dos nossos amigos caçavam animais com 70% de líquido em seus corpos e não precisavam tomar a água morna com poeira e pelos do potinho. Essa falta de hábito hídrico, somada a uma alimentação baseada exclusivamente em ração seca, mata cada vez mais bichanos por insuficiência renal. Foi assim que perdi o Simba. E o Mercv. E estou perdendo a Guda.

Ao longo da semana, nós testamos os sabores de carne e frango, sucessos quase absolutos — Guda não se animou porque há 21 dias não come mais nada sozinha. Pipoca até canta quando ouve o barulho da latinha abrindo! Uma grata surpresa em tempos áridos. :)


Obs.: A ideia era fotografar Pufosa comendo, com a latinha ao lado para mostrar a textura do conteúdo. Mas a meliante citada anteriormente, que já estava no quinto repeteco, invadiu o set — e não, eu não deixo os bigodes enfiarem a cara na lata sem supervisão.


Outras infos importantes:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
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:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
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:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: Em quanto tempo o soro faz efeito?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
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:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

18.1.23

Inteligência artificial e gatos: experiência tragicômica

Peçam para os programas de inteligência artificial da moda "criarem" gatos no estilo de artistas famosos e vocês ficarão maravilhados... até olhar mais de perto. Uma coleção de corpos distorcidos, cabeças sem rosto, membros faltantes ou sobressalentes e posições desconectadas ocupará a tela, mostrando por que as redes sociais do Zuckerberg nunca acertam o corte das fotografias do blog. rs

Esse povo não entende nada de gato!

No recesso das festas de fim de ano, Leo e eu testamos dois softwares gratuitos que geram imagens a partir de textos: o Midjourney, pelo Discord, e o Stable Diffusion, no navegador mesmo. O resultado compartilho abaixo, com um certo atraso pelos atropelos da vida, mas ainda atual — e divertido. Como profissional que depende da criatividade para pagar boleto, aliás, confesso que fiquei aliviada com a tragédia.

Ah! As instruções, chamadas de prompts ("comandos"), precisam ser dadas em inglês. Nada, porém, que um tradutor online não resolva.

Midjourney

Expectativa: um gato preto e branco na piscina, em cima de uma boia, bebendo margarita com guarda-chuva, em um dia de verão, por Monet.

Realidade: um gato preto de babador e olhos disruptivos, pairando sobre a piscina e sob um guarda-sol voador, com drink e objetos não identificados.


Mais realidade: um violão de gato em massaroca de paisagem.


Realidade menos hostil: muitas cores para disfarçar o gato ligeiramente desencaixado e estrategicamente posicionado de costas para driblar o desafio do rosto.


Expectativa: muitos gatos brincando com bolas, em uma ilha, com flores de fundo, em um dia de sol bucólico, por Renoir.

Realidade: um gato amarelo depressivo com a cabeça explodindo, em um jardim de flores artificiais.


Mais realidade: 75% de gato tigrado, em um jardim de pompons de crepom.


Realidade menos hostil: dois gatos derretidos ao sol, com bolas de feno tingidas e pessoas não solicitadas ao fundo.


Expectativa: um gato preto e branco na piscina, em cima de um carro alegórico, segurando uma bebida margarita, em um dia de verão, por Robert Crumb.

Realidade: um rato PB se afogando em um copo de tequila, emergindo de uma forminha de brigadeiro vulcânica.


Stable Diffusion

Expectativa: um monte de gatos em uma ilha, por Michelangelo.

Realidade: coleção de criaturas macabras fundidas à paisagem retorcida.


Mais realidade: colagem de pré-primário com tesoura de ponta arredondada.


Expectativa: gato gritando para o nada, por Leonardo da Vinci.

Realidade: figura mitológica pendurada pela boca em um gancho imaginário, enquanto ouve lições de moral do filhote ariano.


Mais realidade: um rato que acha que é lontra que pensa que é foca, equilibrando uma bola invisível no nariz.


Expectativa: um gato feliz, por Banksy.

Realidade: gato-bombeiro.


Mais realidade: Men in Black.


Realidade menos hostil: um gato flautista, grafitado no muro de tijolinho.

13.1.23

2022

Atualizado em 16 de janeiro de 2023

Sexta-feira 13, duas semanas atrasada e sem energia elétrica, eu escrevo esta retrospectiva em um laptop (meu primeiro laptop) comprado com os danos morais de espreguiçadeiras que não recebemos e lutando com a montanha-russa emocional de cuidar de uma gata para morrer.


Este é um texto sobre exaustão, contradições e impotência, mas também sobre abrir mão do controle, se deixar surpreender, rir de si mesmo ─ um resumo de 2022, com mais fracassos (e rinite alérgica) do que gostaria de admitir.

E o Gatoca seguiu, apesar de mim, porque virou comunidade, semente digital, transformação silenciosa. Mesmo que desista do blog (e de lutar contra os algoritmos das redes sociais), outras estratégias de despioramento de mundo ocuparão este espaço, propósito de vida.

Nos últimos 12 meses, aninhei um beija-flor, provoquei o pensamento crítico falando de clonagem, insisti na formação política dos leitores, entrevistei Fabio Chaves e Luli Sarraf, do Mandato Animal, que ousaram pensar um país mais justo para todos os seres, sem exploração nem maus-tratos. E inaugurei um puxadinho para divulgar resgates dos apoiadores que botam a mão na massa.

Teve post também sobre a polêmica roupinha para gato, o tempo deles, o melhor bebedouro de verão, o milagre da água na seringa, calculadora de ração (seca e úmida), suporte para comedouro contra vômitos, cocô fora da caixa, arranhador de papelão, olhos tremelicantes (nistagmo), FIV e FeLV, cistite recorrente por ansiedade (Síndrome de Pandora), bicho correndo loucão (três causas que eu desconhecia).

E como fazer inalação, diferenciar tosse e espirro (com vídeo), ajudar a comer em caso de problema na boca, ensinar a amar ração úmida natural, dar alimentação forçada sem piorar o quadro, sobreviver ao Natal (com árvore e quadrúpede inteiros), identificar cara de dor (em forma de teste).

As séries Vida com gatos (1 e 2) e O que eu faria diferente com os gatos (1 e 2) ganharam só dois capítulos. Mas a epopeia inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, com fotos divertidas da gangue, teve nove, que merecem um parágrafo exclusivo.

O mistério do ronronar, O que seu amigo quer dizer?, 7 posições de rabo explicadas, Decifrando expressões faciais, Como é um abraço felino?, Feromônios e os cheiros na comunicação, Existe outro bichano vivendo dentro do seu, O segredo da gatitude e Conhecendo sua maquininha de matar: bigodes.

Os textos que mais curti produzir foram sobre os melhores jogos de gato (eletrônicos, de tabuleiro e para celular), os melhores filmes (clássicos, lançamentos e inéditos), e a Bíblia Gatólica, desenhada pelo Carlos Ruas. Já Guda adorou modelar com a japamala felina, presente para dar uma força na reconexão.

E doeu compartilhar quando ela entrou em crise renal, rodando pelos bebedouros da casa (oito, de tamanhos, formatos e materiais diferentes), quando Pufosa inventou o chiclete de dente (sem possibilidade de anestesia), quando Pimenta resolveu andar desequilibrada do nada, quando Chocolate ficou surda. Mas foquei no serviço para socorrer outros corações angustiados.

Quase duas décadas não passariam sem mortes, aliás. Ainda sob o luto da Clara, contando o tempo em girassóis até desfolhar o primeiro ciclo, Mercvrivs se foi. Leitores novatos talvez não entendam o peso dessa partida e por que ela rendeu tantas linhas sobre nossa cicatriz, luto seco, negação, colo vazio e o primeiro aniversário sem aniversariante.

É que, 17 anos e três meses atrás, eu não gostava de animais.

O final feliz do Jacob também acabou, uma década depois. A (terceira) doação dele, porém, permanece entre as histórias mais emocionantes do Gatoca. Imagino que a próxima despedida seja da Guda, há duas semanas no soro (obrigada, Leo! ❤️) e na alimentação forçada — mas aproveitando os carinhos, o sol, os passeios na parte proibida do terreno, que escolhi para ilustrar esta retrospectiva.

Não foram poucas as vezes em que apelei ao humor para continuar. Teve tutorial de como descansar no sofá, amor platônico por pão francês, contradições felinas, pesadelo dos lagartinhos, gata empreendedora automotivada, cocô de pássaro vingativo, explosão de bebedouro, carnaval da ressaca, fiscal de horta orgânica, riqueza com tornozelo quebrado, dieta secreta, escavações no computador de Tutancâmon.

E transformei buraco em arte, unindo Tim Burton à almofada de joaninha da Choco, escrevi Gata Barraqueira, uma releitura do conto de fadas que envolve relacionamentos conturbados e abóbora, e Assassinato no Bebedouro do Poente, adaptação de Agatha Christie estrelada por Levischot.

Nossa casa araçoiabana completou um ano e a florestinha também, com dez lições. Já o Gatoca festejou 15, com quase aniversário e aniversário oficial (só lendo para entender, rs), mesma idade das Gudinhas. E Guda e Chocolate dividiram os 16. Todos devidamente comemorados com petiscos e apertos!

Devo agradecer, inclusive, a Pet Delícia pelo quinto ano de parceria, que me permite não só prolongar a existência dos bigodes, que precisam de umidade na alimentação, como manter a barriguinha deles cheia quando não conseguem mais comer sozinhos — ansiosa pelos sabores em molho!

Espero continuar acolhendo e inspirando pequenas revoluções, independente do formato. E sou imensamente grata pelo Cluboca, nosso grupo de apoiadores, com quem aprendo sempre e onde me sinto à vontade para pedir colo. O Gramado da Fama anda fraco (com edições em janeiro, fevereiro, abril e julho), mas aposto em recomeços múltiplos.

Que 2023 seja de jogatina e afetos positivos!


Retrospectivas dos anos anteriores: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

6.1.23

Despedida do blog?

Atualizado às 19h20*

Hoje eu faço 43 anos, mais de um terço deles dedicados do Gatoca — com e-book, mutirão de castração, oficina para crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó e 1.695 posts deste blog, que ainda ajuda bastante gente que chega pelo Google.
Para ampliar os comentários, cliquem na imagem

Mas os algoritmos das redes sociais nos obrigam a produzir cada vez mais por menos alcance, nosso financiamento coletivo estagnou com o empobrecimento da população, enquanto o custo de vida aumentou, os bigodes idosos passaram a demandar mais cuidados e ainda não descobri o milagre da multiplicação de Bias — mesmo sacrificando sono e lazer.

Estou cansada, sabe? São 15 anos e meio!

Coleciono planos grandiosos para transformar a relação dos seres humanos com os animais — ao menos no Brasil. Fiz curso de elaboração de projetos para editais (consegui aprovar uma trilogia de livros no Condeca, em parceria com a prefeitura de Sorocaba), de escrita criativa, de design, de narração de histórias, de edição de vídeo, de criação de jogos de tabuleiro (três!).

Ainda participo do Grupo de Estudos em Mídias Lúdicas da Universidade de Sorocaba. Tudo isso para atuar com crianças e adolescentes de escolas públicas, sensibilizando olhares compassivos desde cedo. Só que não sobra tempo para investir nesses planos, porque preciso dar conta dos boletos que o Gatoca não cobre — além de escrever para outras ONGs, que não podem pagar pelos textos.

E olha que tenho o mesmo carro (comprado usado) desde 2011, uma mesa de trabalho que desmontou com 17 anos, o celular (doado pela irmã) recém-aposentado após um setênio de servidos prestados e infinitamente menos viagens feitas do que gatos resgatados — e cachorros e aves e uma pomba.

Se nossa base de apoio não aumentar nos próximos meses, serei obrigada a desempoeirar o currículo e suspender as atualizações do blog para redirecionar esforços — e não é com o coração leve que compartilho essa decisão. Sou capricorniana apegada! Mas preciso do ascendente em aquário para pensar maior. :)

Você aprendeu algo por aqui? Deu risada, se emocionou, encontrou acolhimento? Vai sentir saudade da gangue? Acha que outros bichos e tutores merecem continuar recebendo esse suporte? Agora é a hora: empodere nosso financiamento coletivo! Um cafezinho faz diferença, porque o mundo se muda junto.

E nós somos muitos! ❤️


*Para melhorar a visualização dos comentários, que escolhi correndo, entre as seringadas de comida, água e remédio da Guda. rs

4.1.23

12 ações de Lula pelos animais — uma delas histórica!

Domingão, dia da posse do novo governo, e Lula já mudou a história de cachorros, gatos e onças-pintadas no Brasil — não me xinguem de petista, porque estou uma revolução mais à esquerda! Foi criado o Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais, dentro da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, pertencente ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.

Ele ficará responsável por elaborar políticas públicas e implementar programas, inclusive de controle populacional. Articular sociedade civil, Estados e Municípios. Agir em caso de desastres naturais e grandes calamidades que afetem a fauna doméstica, domesticada, selvagem e silvestre. Oferecer informações técnicas para a negociação e implementação de acordos internacionais.

E promover a educação para proteção de todos os tipos de bichos, nossa militância aqui no Gatoca — me aguardem! As funções completas do órgão, que deve contar com Vanessa Negrini, do Setorial de Direitos Animais do PT, estão listadas no artigo 20 do Decreto 11.349, publicado em 1º de janeiro de 2023 — esses são só os meus destaques.

E Fabio Chaves resumiu outros acenos do presidente aos peludos, penosos e escamosos, começando pela companhia de Resistencia na subida da rampa do Palácio do Planalto, cachorrinha adotada pela Janja durante a vigília em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde Lula passou 580 dias preso. O evento dispensou a cavalaria, aliás, nos poupando de assistir pela televisão mais um quadrúpede desesperado com o agito da multidão.

Pela primeira vez também não teve fogos de artifício com estampidos e a tradicional salva de 21 tiros de canhão, que abre a solenidade, atendendo ao pedido de ONGs de animais e de pessoas com deficiência, que sofrem com o barulho. E os veganos contaram com uma área exclusiva na praça de alimentação do Festival do Futuro — a preços pagáveis, importante dizer.

No famoso "revogaço", o presidente suspendeu a concessão de novos registros para caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), que também não poderão registrar novas armas. Eu citei o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas lá em cima, mas preciso ressaltar a indicação de Marina Silva como ministra, para o desgosto dos ruralistas.

Lula ainda assinou o decreto que reestabelece o Plano Nacional de Combate ao Desmatamento, agora válido para todos os biomas. Determinou a retomada no formato original do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão que garantia a participação da população, antes do Bolsonaro. E anulou a norma que facilitava o garimpo ilegal na Amazônia, inclusive em terras indígenas e áreas protegidas.

Era uma escolha muito difícil mesmo, né?