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17.3.22

O que seu gato quer dizer? | EG #8

Eu já escrevi sobre o ronrom (e o mistério que intriga os cientistas) no capítulo anterior. Mas os gatos conseguem emitir outros 100 sons, entre trinados, uivos, rosnados e, claro, miados — isso é coisa para caramba, se a gente considerar que a biblioteca de vocalizações dos cachorros ostenta apenas dez variações!

Esses sons levam informações a longas distâncias, dando pistas do tamanho e da força de quem "fala". E, enquanto os menos amigáveis rolam com a boca aberta, durante as brigas ou quando os felinos estão com dor, os mais fofos, de boca fechada, se destinam a fazer um social. Para a surpresa de zero pessoa, os bichanos domésticos conversam mais do que os ferais, porque aprenderam a pedir comida e cafuné. rs


No livro O Encantador de Gatos, em que esta série foi inspirada, Jackson Galaxy cita nove vocalizações. Fiz um mix, então, com o vídeo de 2020 para explicar melhor cada uma delas — e vocês podem ouvir os áudios no link!

Miado: na natureza, funciona como um pedido de socorro dos filhotes para a mãe ajudá-los a encontrar as tetas. Convivendo conosco, porém, as criaturas seguem miando mesmo adultas para ganhar nossa atenção — e raramente miam uns para os outros.

Ronrom: trata-se da segunda vocalização mais comum, capaz de acelerar a cicatrização de machucados e até fraturas. Por isso surge também em situações de dor, não só de felicidade e aconchego — mais infos curiosas aqui!


Trinado ou trilado: geralmente feito por fêmeas para chamarem seus bebês. Se os bichanos usam com a gente, equivale a um ronrom mais empolgado.

Tagarelado: nome daquela mexidinha engraçada de mandíbula quando os peludos veem passarinhos, sabem? Imagina-se que significa excitação de predador. Mas há quem entenda como uma tentativa de imitar as aves para atrai-las — Galaxy duvida da efetividade e eu também.

Uivo: costuma ser o primeiro som de gatos encurralados, tipo: "Ferrou! O que faço agora?". Aparece também em casos de dor, já que animais feridos se tornam presas mais fáceis e precisam de estratégias alternativas. Idosos ainda podem uivar no meio da noite, desorientados, sintoma comum de demência.

Bufada: ajuda a afastar outros seres, quando os felinos se sentem ameaçados ou chateados. Normalmente, vem acompanhada por uma postura agressiva, incluindo costas arqueadas, pelo eriçado e orelhas para trás.

Rosnado: precede a bufada, como um aviso de que não estão curtindo o movimento.


Grito: marca registrada das brigas, sucede a bufada, podendo ser motivado tanto por fúria quanto por medo.

Sons sexuais (em inglês, caterwaul): emitidos por gatos e gatas não castrados, durante o período do cio. Servem para atrair parceiros sexuais do outro lado do globo terrestre.

Importante!

O uso de todas essas vocalizações varia de bigode para bigode. Filhotes órfãos, por exemplo, que não tiveram contato com outros peludos entre os 2 e os 9 meses de vida, fase sensitiva do desenvolvimento social, tendem a se comunicar de forma totalmente equivocada, já que humanos não conseguem ensinar um gato a ser gato, né?


Esta série é financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, que tem o melhor grupo de WhatsApp do universo! Quer se tornar apoiador também? Entre no Catarse e veja todas recompensas — aqui há um resumo das principais ações (on e offline) destes quase 15 anos. ❤️


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

2 comentários:

Gláucia Almeida disse...

Muito bom!
A história de vida do meu Lilo, e a minha também, teria sido completamente diferente se ele, perdido ou abandonado aos dois meses de viada, não tivesse usado o restinho de força que ainda tinha provavelmente para buscar a mãe (felina). Era um tiquinho de gato, molhado, remelento e infestado de pulgas, miando numa altura tão incrível que me fez ouvir da distância de 6 andares de dentro do elevador!
A mãe felina, de quem afastou-se ou foi apartado, já não podia mais ouvi-lo, mas ele encontrou abrigo e ficou residência no meu coração! 😻😻😻

Beatriz Levischi disse...

❤️