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Mostrando postagens com marcador Jujuba. Mostrar todas as postagens
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9.10.24

Gatoca lança um clube do livro diferente!

Com os cuidados que os bigodes idosos andam demandando e o dinheiro tão apertado quanto o coração, não viajo há mais de cinco anos ― nem bate e volta para a praia. E o que tem salvado meus dias são os livros. Sem sair de casa, posso investigar assassinatos com outros velhinhos, dançar balé em Paris, ser roteirista de programa de TV, dormir num quarto que se molda ao meu humor ― essa talvez não fosse uma boa ideia agora. rs

Na maioria das vezes, nem gasto nada porque aproveito o acervo da Biblion, do Skeelo (que vem no plano de celular) e as promoções agressivas de e-book da Amazon (precisa garimpar). Achei, então, que seria legal compartilhar esse passatempo com quem também gosta de gato.


O Cluboca do Livro nasceu no nosso grupo de apoiadores, como um espaço para viver outras histórias, cair na risada junto, se emocionar e culpar o clima seco. Mas ganhará um puxadinho exclusivo, dentro da comunidade do Gatoca. E vocês podem participar só dele, assinando a recompensa de R$ 15 no Catarse. A única exigência, além de providenciar o livro, é escolher uma bebida para acompanhar o bate papo ― vale chimarrão, suco verde, chá de cogumelo, drink com guarda-chuvinha. :)


Começaremos por Vou te receitar um gato, best-seller japonês de Syou Ishida, que não está na foto porque ainda não comprei. Foi uma indicação da Cora Rónai, em sua coluna n'O Globo sobre healing literature, a "literatura de cura" surgida com a pandemia para quem não aguentava mais o clima de fim de mundo, cheia de livrarias, bibliotecas, cafés, lojinhas de conveniência e felinos.

E fiz questão de estabelecer um tempo de leitura é generoso (dois meses), porque todo mundo já se massacra para cumprir outros cronogramas. No começo de dezembro, então, a gente se encontra por videoconferência ― fiquem de olho no e-mail automático que o Catarse envia com o link para entrar no grupo!

4.10.24

Por que ver vídeo de gatinho faz bem à saúde?

Da próxima vez que você for surpreendido rindo alto com alguma peripécia felina na internet, pode alegar que está mantendo a saúde em dia. A afirmação é do veterinário espanhol Carlos Gutierrez, que repercutiu um estudo da Universidade de Indiana, feito em 2015, com 1 mil espectadores de vídeos de gatos.

Os cientistas concluíram que esse tipo de conteúdo aumenta o bem-estar, porque provoca mais emoções positivas, principalmente alegria, diminui a ansiedade e a tristeza, já que ajuda a esquecer o estresse e os problemas do cotidiano, e ao final do processo ainda dá aquela turbinada na energia e na vitalidade.

Há quem considere até uma alternativa à terapia com animais, principalmente para crianças que têm alergia. No Japão, constataram também que os trabalhadores ficavam mais focados e atentos. Mas os benefícios se perdem quando a gente usa para procrastinar, causando o efeito o contrário de culpa e sentimento de perda de tempo. Dizem. rs

2.10.24

Entardecer (e amor na seringa)

Keka engordou 200 g. Essa informação, assim jogada, dificilmente terá o impacto desejado se vocês não souberem que a frajola passou dos 17 anos, avançada na doença renal crônica, e chegou a 1,7 kg com as diarreias explosivas ― que já conseguimos reverter.

Sim, ela está velhinha e cada vez mais fraca, mas ainda mia na porta do quarto para ganhar um carinho se me ouve ir ao banheiro de madrugada, arrisca umas lambidas no sachê que bato para dar na seringa, pede para passear no terreno ― e ressuscita para caçar um lagartinho. rs


Eu trabalho em casa, décadas antes de ser modinha, e posso oferecer esse cuidado enquanto ela quiser receber ― já escrevi sobre o difícil equilíbrio de tratar animais que ainda preservam uma essência selvagem e por que escolho sempre a abordagem menos invasiva. Também alertei sobre os riscos da alimentação forçada.

Mas acho que ficou faltando falar sobre como as seringadas de comida deram (e ainda dão) uma qualidade de vida melhor para a gangue na velhice, porque garantem a hidratação, sem precisar recorrer ao soro subcutâneo (gatos ariscos!), e amenizam outros estragos da doença renal, como a gastrite.

Para Jujuba, que está bem, faço um patê com as latinhas da Pet Delícia ― dicas para deixar lisinho aqui. Para a Keka, que não pode ficar de estômago vazio, senão vomita sangue, alterno no blender sachês de peru e peixe branco ― os únicos que têm parado na barriga. E até suco de maçã testei com a Chocolate, quando não aceitava mais o resto.


Esse é meu limite. Apesar de a comida na seringa chamar "alimentação forçada", não soco goela abaixo. Com o peludo sentado ou deitado de barriga para baixo, dou doses pequenas (às vezes, 1 ml) e bem devagar, enquanto ele vai lambendo e engolindo sozinho ― encaixo a seringa na lateral da boca, nunca no fundo. E, se o pequeno cospe ou trava os dentes, suspendo.

Na pancinha deles cabe, confortavelmente, 20 ml por vez e a digestão demora cerca de 40 minutos. Mas um bichano debilitado dificilmente conseguirá comer tudo isso, então, comece com menos. Para a Keka, tem funcionado fazer dez rodadas de 14 ml por dia, somando 140 ml. Jujuba, que ainda devora a ração seca, só recebe um reforço úmido com quatro rodadas de 20 ml ― de manhã, na hora do almoço, à tarde e à noite.

De novo: sei o privilégio que é trabalhar em casa. Qualquer alimentação úmida, porém, que vocês puderem incluir no cardápio ajuda. Em qualquer idade, inclusive. As seringadas servem para esse estágio de paladar seletivo. :)

20.9.24

Gatificação: um lugar para onde voltar | EG #32

Na natureza, o território de um felino equivale a seis ou sete quarteirões, que precisam ser compensados quando a gente decide dividir com eles um "apertamento" ― se o mundo externo do Gato Essencial diminuir, enquanto o interno permanece igual, surgirão brigas, móveis destruídos, xixi fora da caixa.

O enriquecimento ambiental ou gatificação, como chama Jackson Galaxy, autor do livro que inspira esta série, permite construir um espaço que satisfaça as necessidades dos peludos de forma criativa, distribuindo marcações olfativas e explorando o universo vertical, sem ofender o senso estético dos donos da casa.

E tudo começa com o acampamento de base, coração do território do seu amigo. Trata-se de um porto-seguro para onde ele sempre pode retornar, minimizando o estresse em situações como mudança, obra, apresentação de um novo animal ou membro da família humana, chegada de visitas e emergências em geral.


Ao contrário do senso comum, ele deve ficar num cômodo em que os tutores passem bastante tempo, um lugar socialmente significativo, não na lavanderia, no porão ou na garagem ― e, em caso de apresentação, fora do quarto com que os veteranos estão acostumados.

E precisa de marcadores de território, ou seja, objetos em que os bichanos podem deitar, se esfregar ou arranhar para deixar seu cheiro, como caminhas, arranhadores e caixas de areia. Eles ajudam a estender esse território conforme o gato vai se acostumando com o resto da casa ― ao mudar os marcadores para ambientes próximos, sinalizamos que eles também fazem parte do seu lar.

Como saber quando o pequeno está pronto para expandir o acampamento? Quando ele demonstrar tranquilidade, explorando o espaço de rabo para cima, comendo e bebendo água normalmente, e usando os marcadores de cheiro.




(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

4.9.24

Testei a escova para gato que solta vapor!

É importante esclarecer que não se deve ligar o vapor na cara do gato, mesmo que ele esteja acostumado a brincar com a mangueira do jardim e não se intimide nem com o cortador de grama ― pouco importa que você tenha mirado na cabeça. Na dúvida, direcione o jato para áreas menos sensíveis (e mais amplas) do corpo.

Feito esse disclaimer, que nada tem a ver com o Intrú, motivo pelo qual Jujuba não herdou a escova do trauma, achei legal compartilhar os prós e os contras de um dos poucos produtos que as redes sociais acertaram em me mostrar como propaganda. Apesar de importada, a Electric Spray Handle Massage Brush não custou caro: R$ 25,22, já com o frete.


De escovinha, porém, ela não tem muita coisa. E o tamanho é a primeira desvantagem, porque dificulta o uso com bichanos magrinhos (e ossudos) como a Keka. A sujeira de terra da Jujuba, que gostou até do vaporzinho na fuça, também limpou mais fácil com o lenço umedecido. E precisa tomar cuidado no frio, pois o pelo acaba molhado pela insistência.




Na estação certa, por outro lado, a massagem refrescante ajuda a baixar a temperatura do corpo, enquanto os termômetros insistem em quebrar recordes de aquecimento global. E esta é a principal vantagem para mim (ou para eles). A névoa sai fininha, quase silenciosa e fria ― a menos que se coloque água quente no reservatório, só que não sei se pode, porque não achei o site da fabricante chinesa.

A carga demora cerca de meia hora ― na caixa vem um cabo minúsculo (USB-C), compatível com o carregador dos celulares Android. E a cabeleira sai relativamente fácil do meio das cerdas, basta deixar juntar um bolinho.


Se seu amigo é desconfiado, aconselho um período de adaptação, começando só com a escovação. Quando ele estiver acostumado, ligue o vapor durante o processo, de preferência com a escova colada ao pelo e uma musiquinha para disfarçar o barulho do botão e do jato. Uma vez que ele perceber o bem-estar, você não precisará mais se preocupar. :)

21.8.24

Gato velho pode tudo!

Atrapalhar o trabalho.


A insustentável leveza do ser

Fazer arte com a comida.


Ração sobre chão

Vomitar na capa do colchão que você acabou de lavar.


O importante é ter saú...

16.8.24

Novidade que junta gatos, arte e lubrificação ocular!

Eu achava que andar de roupa furada e comprar duas escovinhas importadas justamente para os meliantes que furaram as roupas me colocava no topo do ranking da abnegação. Conversando no Cluboca, porém, nosso grupo maravilhoso de apoiadores, vi que tem gente que chega a gastar 80% do salário com gatos que resolveram envelhecer ao mesmo tempo.

E você, qual foi a última vez que escolheu algo para você? Quantos brinquedinhos passaram na frente, sumariamente trocados pela embalagem? Talvez um granulado higiênico que deixe o apertamento com menos cheiro de banheiro? Certamente uma comida mais balanceada do que a que seu corpo cansado dá conta de cozinhar depois de uma jornada estendida de trabalho.

Neste fim de ciclo da gangue, tenho pensado muito sobre a vida que me trouxe até aqui e para onde gostaria de levá-la nos próximos anos ― nem tanto um destino, mais uma sensação, sabe? Dias sem sobressaltos, tempo para abraços presenciais, ludicidade. Na impossibilidade de um piquenique em Versalhes, comecei pelos livros: uma sequência de comédias românticas que beira a diabetes.

Pendurei a tapeçaria do Peru que ganhei da Amanda. Distribuí vidros com flores secas pela estante (alma gótica). Fotografo o nascer do sol sempre que as meninas me acordam vomitando. E escrevi para a Ana Roxo decidida a ter um original que ilustrasse a jornada do Gatoca.


Ela aceitou a parceria e sem saber desenhou a tatuagem que, duas décadas atrás, idealizei como lembrete de que nem tudo se resumia à razão ― com um coração do lugar do gato, porque ainda achava que não gostava de gato. Aí Mercv chegou arrancando emoções na unha (essa história vocês conhecem) e dispensou demais registros sobre a pele.

Acompanhando a aquarela, veio esta cartinha:

Fiquei muitos e muitos dias trabalhando em cima de tudo que eu sabia e de fotos do Mercvrivs, e a imagem da janela se abrindo pro sol entrar não saía da minha cabeça. Trabalhei no desenho digital, bastante tempo, achando tudo muito ruim, e sentindo que precisava caprichar, pelo Mercv (veja a intimidade) ter feito tudo o que ele fez, mesmo sem fazer muito nada, como os gatos fazem.

Depois de um tempo frustrada e não acessando o que eu realmente queria com aquilo, voltei pro analógico e peguei meu caderno de desenhos (em português chamam de
sketchbook), que é onde tenho os desenhos mais pessoais mesmo, coisas como estudos ou estados (de alma), e desisti de encontrar beleza pra ver se eu achava sentido em tudo que eu estava sentindo.


Quando meu cachorro Samuca morreu, estava no México. Desenhei o Samuca com asas muito coloridas, pra lidar com a dor, asas de alebrije (procure saber). E foi a partir do desenho do Samuca que voltei a desenhar, comecei a estudar, saí de uma (ainda que leve) depressão por não estar no Brasil e não estar fazendo teatro (minha arte materna, tipo que nem língua materna). Samuca fez isso por mim e entendi que o Mercvrivs tinha que ter asas. Aí o resto foi.

Não sei se está à altura dele e do que ele fez, mas foi feito com muito amor e em meio a lágrimas e patinhas dos meus gatos (impressionante como eles gostam de tomar água de aquarela).

Obrigada por me deixar desenhar o Mercv. Obrigada Mercv pelo Gatoca (que é culpa sua). Obrigada, Beatriz, por não deixar aquele e mail ir pro Céu dos E-mails.



Também chorei. A vida é bela e doída e maluca e intensa, mas, acima de tudo, um sopro. Se você estiver precisando recomeçar, quiser eternizar um amor que partiu, presentear um gateiro querido ou só achar que uma parede branca sempre pode ficar mais colorida, manda um "oi" para Ana: anaroxxo@gmail.com ― ela tem um livro infantil lindo, lindo em financiamento coletivo e um canal, junto com a Tati Fadel, cheio de vídeos essenciais, como a série sobre a culpa.

Ah! Os valores dependem do tamanho e da complexidade do desenho, 20% vem para o projeto poder explorar horizontes outros e leitores do Gatoca ganham 10% de desconto até o fim de agosto, para comemorar nossos 17 anos de resistência.

Como prefiro dar dinheiro a quem empodera e ajuda a sonhar outros mundos, em vez de deixar bilionário mais rico, os algoritmos das redes sociais provavelmente reduzirão o alcance da nossa parceria. Empresta seus dedos para subverter o sistema? Qualquer comentário, curtida, compartilhamento já faz valer o empenho da Jujuba na sessão de fotos. 😂

8.8.24

Feliz Dia Internacional da Maquininha de Ronrom!

E de matar também. rs



Aproveito a data para contar que tem parceria artístico-felina chegando por aí! E o risco de vocês amarem é enorme!

31.7.24

Não morar (mais) com uma gangue felina...

...é como estar de férias na sua própria casa. Não tem gato brincando e brigando e correndo e roncando e caçando e miando, tudo ao mesmo tempo. Se os sobreviventes passarem dos 17 anos, então, você pode sentar neles sem perceber.


Exceto durante as madrugadas, quando a velhice resolve botar os sintomas de fora.

16.7.24

Quadrilha escatológica

Jujuba vomitou na Keka, que vomitou na Pimenta, que não tem mais força para vomitar em ninguém. Parece releitura do Drummond, mas foi mais um dia em Gatoca, iniciado antes do sol, das galinhas e até de o Intrú chegar da rua gritando pelo café da manhã.

Frio de endurecer os dedos e eu esfregando o almofadão, tentando desgrudar as gatas e superaquecendo o secador. Para repetir tudo de novo à tarde, no colchão que fica no escritório, só trocando as personagens.

Este post é um choro a menos.

3.7.24

Como medicar gato difícil, sem imobilizar

Tem gente achando que roubei no post sobre como dar remédio para gato porque Keka é boazinha. Eu podia responder que ela não era, até se ver obrigada a conviver conosco no apertamento. Ou que se tratava da única criatura precisando de remédio no momento ― uma não escolha. Mas adoro desafios e filmei o processo de enfiar ração goela abaixo da Jujuba, nosso exemplar encardido.


Notem que não usei "bravo" no título porque eles talvez precisem de contenção, só que com a toalha, nada de segurar pelo cangote ― essa estratégia envelheceu mal, aqui tem um guia atualizado da American Association of Feline Practitioners (AAFP) e da International Society of Feline Medicine (ISFM) com as melhores práticas de manuseio felino.


Também acredito que bichanos realmente bravos são minoria. A maioria resiste à manipulação por medo e desses a flexibilidade da ioga e uma calça de tecido mais grosso dão conta.


Contrariando minha experiência fracassada com o aplicador de comprimidos, em um passado remoto, Paula Melo e Vanessa Araújo contaram no nosso grupo maravilhoso de apoiadores que recorrem a ele sempre que há risco de perder os dedos. Paula usa o de silicone, ressaltando que se deve encaixar o remédio na ponta, e Vanessa o largo, de garra.

Vanessa apela, ainda, ao colar de disco, que impede que o animal alcance a boca com as patas para empurrar o aplicador ou nossas mãos. Já Adrina Barth pede à veterinária para receitar o medicamento líquido e manipula no sabor de frango, o favorito da Cheetara.

Agora valeu? :)

22.5.24

Aniversariantes do mês – maio de 2024

Vocês não fazem ideia do inception de plot twists que ocorreram nos últimos meses para que a gente chegasse ao dia de hoje nesta configuração de Gatoca. Caçando qualquer coisa que se move no jardim, Pimenta sofreu uma provável reação alérgica a picada e acabou antecipando nosso luto porque os rins, já gastos pelos 17 anos de jornada, arriaram de vez.


Eu deveria ter suspendido a alimentação forçada na primeira semana de tratamento fracassado ― o cheiro na boca era de morte, o olhar opaco, as vértebras à mostra, a apatia frustrante. Mas existe uma pequenina parte no meu cérebro capricorniano, em formato de gato, que desobedece a razão. E, duas semanas depois, encontrei o lagartinho com que só a frajola brinca tomando sol no gatil.

Ao final da terceira semana, como se restasse alguma dúvida, ela saltou do meu colo em disparada para perseguir um lagartinho de verdade no corredor. Ainda não come sozinha, os rins seguem cronicamente doentes, ninguém espera um desfecho Benjamin Button. Mas, neste 22 de maio, comemoramos sua segunda chance.


Após ganhar o apelido de Cocreta pelo vício em procurar croquetes no parquinho vertical, Keka decidiu testar 50 tons de vômito e alcançou o menor peso possível para um bichano funcional. Quanto mais opções de sachê eu tentava, mais sangue a gastrite botava para fora de madrugada. Até que o estômago de 17 anos resolveu rejeitar o último sabor restante, de peixe branco, da única marca que a magrela ainda comia sozinha, batido no blender.


Apelei às seringadas, submetida ao sono picado, à tendinite e à musculação involuntária de tanto abaixar e levantar ― quando Pimenta caiu também, confesso, surtei. Mas no domingo a frajola lambeu o bico da seringa com mais urgência do que o patê dava conta de sair e depois a colher e os sabores de frango, atum, peru. Neste 22 de maio, comemoramos sua terceira (ou quarta) chance ― era para ela ter morrido antes da Chocolate!


Em terra de renais, quem tem uma gata com mais de 3 kg é rainha. E Jujuba se tornou aquela filha que tira boas notas na escola, arruma a cama sem ninguém pedir, não dá dor de cabeça ― apesar de que a cabeça de 17 anos da malhada não anda tão boa assim. Do nada, ela se desorienta na própria casa, emendando miados urgentes de angústia.


Mas ainda reconhece meu chamado, se acalma com o carinho e morde a mão que insiste em usar o mouse em vez de contribuir para o ronronar ― sim, a gata que me rendeu uma escarificação na mudança para o apertamento em São Bernardo! Neste 22 de maio, comemoramos como se fosse a primeira vez. E talvez seja a última também ― da família Guda já partiram a mãe, Pipoca e Pufosa.


Hoje, porém, não vou chorar.


*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 (especial Dia do Abraço) | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

15.5.24

Três Rs: o jeito infalível de brincar com gato | EG #29

Se você não for tutor da Pimenta, que caça os brinquedinhos da caixa sozinha e guarda tudo embaixo do sofá, provavelmente já entendeu que precisa participar ativamente das brincadeiras para despertar a gatitude do seu amigo ― e ajudar a estabelecer uma rotina livre de tédio, sinfonia de madrugada, casa destruída.

Brincar de forma estruturada significa separar um tempinho por dia para estimular o peludo a praticar o ritual ancestral do Gato Essencial: caçar, apanhar, matar e comer (CAMC). Para isso, a gente precisa primeiro identificar sua presa favorita (voadora, rastejante, saltadora) e o estilo de caça preferido (emboscada em campo aberto, esconderijo para ataque surpresa, tocaia em buracos ou tocas).


Simular, então, o movimento do animal, em vez de mexer aleatoriamente a varinha, torna a interação muito mais sedutora. Um passarinho, por exemplo, pode passar voando em um rasante, se permitir ser apanhado e, quando o bichano se afasta, ir se esconder devagar atrás do vaso. As pupilas dilatadas e a balançadinha de bumbum indicam que o pequeno entrou no personagem: ele dá o bote, mas a ave levanta voo de novo, até você decidir que é hora de "morrer".

Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, lembra ainda que a "perseguição" é tão importante quanto o "ataque" e o "abate", porque deixa o peludo 100% concentrado ― a exaustão da caça acontece mesmo quando ele não se move. Sim, todos os gatos brincam, até os velhinhos que esperam a presa chegar bem perto para dar duas patadas. E está valendo!

Respeitar o ritmo do bichano também se faz essencial. Tem animal que funciona como um carro esporte: você mostra o brinquedo e ele sai em disparada. E há os modelos a álcool, que demoram para embalar, mas depois ninguém segura. Não adianta, aliás, esperar que um gato corra 15 minutos sem parar. Eles são caçadores de velocidade (com explosões curtas, seguidas por breves períodos de descanso), não de distância.

E não esqueça de recompensar o esforço com petiscos para a experiência ficar completa.

:: Tipos de brinquedos

Interativo: varinha com penas ou qualquer brinquedinho amarrado a uma corda, que permita exercitar os três Rs (rotina, ritual e ritmo) da caçada, estimulando o desejo pela presa ― a ferramenta mais crucial.

Remoto: bolinhas e ratinhos de pelúcia, que a gente joga na esperança de que a criatura trará de volta e acabam embaixo da geladeira, até a próxima faxina ― não devem ser a única opção.

Automático: escolha do preguiçoso, funciona a pilha e seus movimentos previsíveis não despertam tanta emoção ― válido para os dias em que chegamos exaustos do trabalho.

:: Alerta!

A famosa caneta a laser pode abrir os trabalhos, mas nunca ser um fim em si, porque não dá para pegar (e morder) efetivamente a luzinha ― em algum momento, você deve apontá-la para um brinquedinho "matável".


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

24.4.24

Gatoca agora é PB

Quando você adota metade de frajolas, outra metade de sialatas e perde a última gata em cores, sobram 50 tons de preto-e-branco.


Keka, Jujuba e Pimenta continuam grudinhas, às vésperas de completar 17 anos, mas só nos dias frios ― Guda deu um bom golpe da barriga.


E nem o intruso escapou da paleta econômica.


Para não acharem, então, que se trata sempre do mesmo gato nos posts, fica a dica: Keka tem cavanhaque, Pips bigode, Intrú máscara e Jujuba é diferente. rs

Este texto em especial traz o colorido da Lucia Trindade e da Aline Silva, estreando no Gramado da Fama. Lucia acompanha o Gatoca há uma década, mora no Rio de Janeiro, trabalha com museus (sonho!) e batizou um dos peludos de Balão. A paulistana Aline faz pesquisas na área de química, tem quatro idosos e tirou Gordinha da crise com as dicas que aprendeu aqui sobre soro subcutâneo e alimentação úmida. Bem-vindas oficialmente, meninas!


Um aperto a distância também para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...

... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Sandra Malacrida, Vera e Gabriela Fromme, que não deixam o projeto morrer! 🤗


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio. ❤)

18.4.24

Saudade

Esta é uma história sobre escolhas. Começou no dia 14 de fevereiro de 2007, quando João te encontrou pequena, rabinho quebrado, o clássico nariz de chocolate que viraria nome, lembra? Eu escolhi te deixar para adoção no pet shop, porque acreditava que não daria conta de cuidar de quatro gatos. Mas a gaiola estava lotada e não voltei na semana seguinte.

Você poderia ter tido uma família mais exclusiva ― não só dei conta de cuidar de quatro gatos como de cinco, de sete, de dez (e algumas dezenas de temporários). Geniosa, ficava na ponta mais afastada do montinho felino ou reinando exclusiva na estante do escritório, em sua almofada de joaninha ― que nos acompanhou por três mudanças, ganhou uma cestinha, um remendo à la Tim Burton e só aposentou com a cama nuvem, depois de uma tentativa fracassada de roupinha.


Em Sorocaba, escolheu a lavanderia, menos disputada, para chamar de sua. Eu achava que era por causa da estante, aquela que ficava no escritório de São Bernardo, mas você gostava mesmo é da caixa suja do aspirador de pó ― e continuou gostando aqui em Araçoiaba. Da lavanderia, da estante, da caixa suja do aspirador de pó.

Já para Guda nunca deu bola ― e ela tentou até o fim, um ano atrás. Como pode caber tanta rabugice em uma gata-anã, que pesou 2,5 kg praticamente a existência inteira (até perder 900 gramas nos dois últimos meses)? E que roubava glutadela com esta carinha. E miava feito cabrita, soltando barulhinhos onomatopeicos quando subia nas coisas, pulava no chão, percebia nosso toque, bebia água, mastigava a ração.

Aí, escolhi cuidar do Intrú, que não tinha a sorte de morar do lado de dentro da porta de vidro de alguém e resolveu montar acampamento bem do lado de fora da porta de vidro da sua lavanderia ― fiz justiça gastando a maior parte dos lencinhos umedecidos dele com você. Veio, então, a ataxia, a cistite e os sintomas respiratórios, uma possível artrose, um possível trombo, a apatia.

Eu não sabia se sentia dor ou estava só sendo ranheta você ― esperei sete anos para te ter enrodilhada no colo. Se a pele flácida era de desidratação ou velhice. Se voltaria a afiar as garras no tronquinho do gatil ― três meses antes, você caçava animada os croquetes no parquinho! O raio-x indicou apenas problemas na coluna pela idade. Mas você, sempre sem parada, seguiu aquietando ― e Jujuba insistindo em ficar grudada.




Achei que não passaria de sexta ― a do dia 29 de março! E escolhi parar a vida. Botei fraldinha, liberei o quarto para dormir, aquele em que você nunca pôde entrar porque tenho alergia a gatos, comecei a te carregar por todo o lado para garantir que não cairia. Mas você não morreu. Ficou presa em um corpinho que não funcionava direito ― hidratada, com as mucosas coradas, olhos brilhantes (os mais lindos de Gatoca), sem qualquer episódio de vômito ou diarreia.




Como não conseguia mais chegar sozinha no jardim, te ajeitei no catnip só para voltar com formigas na cabeça e uma lesma entrando na boca. Pensei em parar sua vida. Eis que você adorou o suco de maçã. De manhã, acordava com a carinha colada à minha, não importava em que posição te colocasse. E sonhava loucamente.


Escolhi continuar. E também sonhei: você encostava a testa na minha e pressionava nossas cabeças uma contra a outra com as patinhas. Parecia uma despedida. Quando um dos dentes se pôs a sangrar, escrevi ao veterinário da cidade perguntando sobre a eutanásia. Só no consultório.

Em vez do terror da viagem de carro pelas estradas de terra esburacadas, escolhi te levar no sling improvisado para um último passeio pelo bairro, que você sorveu com os faróis ainda mais gigantes, cada folha, cada bicho, cada portão ― surda há uns dois anos, os cachorros latiam no vazio.



De segunda para cá, a dúvida foi me consumindo: havia algo mais para aproveitar? Será que eu tinha passado do ponto? Nesta madrugada, você arrumou um jeito de me confortar. Ignorando quaisquer limitações neurológicas, deitou no meu peito e só percebi quando acordei pela primeira vez ― na segunda, você estava encaixada entre minhas pernas, como um pacotinho.




Partiu na sua inseparável cama nuvem (como encará-la desocupada?), enquanto ganhava um cafuné com a mão que não estava tentando responder os e-mails atrasados.


Não te dei uma família exclusiva, mas garanti 17 anos e dois meses de presença, trabalhando em casa muito antes de o home office ser moda. E uma aposentadoria entre capuchinhas e passarinhos, mudando para o interior de aluguel e tomando um golpe da empresa de contêineres.


Podem ter sido escolhas inexperientes, de gateira de primeira viagem, e desajeitadas, de quem tantas mortes depois ainda não aprendeu a perder. Mas você sabe que foram as melhores que consegui fazer, né?

31.3.24

3 anos de casa nova, menos 5 gatos, mais 1 intruso

Por quanto tempo uma casa ainda pode ser considerada nova? E se antes mesmo de você mudar, a casa em questão, construída do zero, já colecionava problemas? Talvez, em 2025 eu troque o título para "4 anos de Araçoiaba da Serra". Ou não ― a ideia de novo faz a vida parecer menos velha, principalmente quando a gente lida com impotência e morte.

Sei que pareço um disco quebrado, mas a conjuntura não colabora, né? Nos últimos 365 dias, Pipoca e Pufosa ajudaram a superpopulacionar nosso cat sematary. E Chocolate e Keka andam flertando com o empreendimento. Ao contrário dos gatos, as plantas finalmente ganharam autonomia e paramos de apanhar do solo seco, das formigas vorazes, das pragas multicoloridas ― quem rouba nossas frutas agora são os saguizinhos.


Enfermaria ao ar livre


Duplinha do sachê


Contorcionista

Preciso contar também que, às vésperas de completar dois anos e sete meses, mais especificamente em 7 de outubro de 2023, instalamos a lendária porta do banheiro ― embora ela ainda continue sem batente de um dos lados.


Conseguimos arrumar também o cantinho dos bigodes, com prateleiras almofadadas, caixas de madeira, arranhadores de formatos variados, sofá em acquablock e um parquinho vertical que rendeu uma verdadeira obra ― grande conquista para quem começou essa jornada numa mesinha plástica de jardim.

E tentamos ter uma piscina inflável, que esvaziava sempre que chovia (longa história), depois bichou (desculpem pelo surto de dengue!) e acabou furando no limoeiro (que limão mesmo não quis saber de dar até o presente momento).


Este post-comemorativo não poderia excluir o frajola figura que decidiu morar em Gatoca, contra a vontade de Gatoca, e me rouba sorrisos úmidos nos dias difíceis com poses assim: