Acontece que a gente só pode voltar no tempo simbolicamente, escrevendo retrospectivas. E, por mais que elas enfileirem apertos, nas entrelinhas certamente há abraços. De amigos, de desconhecidos, do acaso. Em 2016, os janelões de Gatoca se despediram do sol ― foram 33 dias de garoa, registrados em 22 diários terapêuticos (os links estão no pé do post). E ainda chovo pela casa.
Em 2016, os janelões da Laís e da Lara Razza receberam Catrina, a gata azarada que caçou a sorte na garra ao negativar uma leucemia felina. Pituca, a primeira resgatinha do projeto, me recebeu para uma tarde de cafuné, 9 anos mais grisalha. E Feijão e Luigi receberam o amor incondicional da pequena Valentina, após a perda da primeira família.
Pandora comemorou o sétimo aniversário de adoção à beira da piscina. E os animais de Paranapiacaba esperam comemorar uma atitude do poder público que os tire da rua ― denúncia no Ministério Público e matéria na Vejinha não bastaram. Pretinha deixou o chão de terra da favela para dormir na cama. E os oito bichanos da colecionadora do Campo Limpo deixaram o cubículo imundo para bagunçar na Confraria dos Miados e Latidos ― nem todos ficaram lá, mas essa história ainda não tive estômago para contar.
Em janeiro, saiu o primeiro e-book do Gatoca, com direito a bate papo na Rádio Bandeirantes. Nos meses seguintes, saíram 24 textos para o Yahoo!. E a participação do Global Causes, iniciativa do Facebook ocorrida simultaneamente em 30 países. O primeiro mico no Snapchat. A parceria com a Farmina, sem transgênicos nem conservantes artificiais. O primeiro milhão de acessos neste blog. O primeiro projeto com crianças. E eu saí do AUG para plantar mais sementes por aqui. :)
O post sobre a doença que nos roubou o leãozinho alcançou 188 mil usuários na rede do Zuckerberg, somando 4,9 mil compartilhamentos e 20 mil curtidas! Gatoca também conscientizou leitores sobre os bichos de raça e por que adotar, o abandono de coelhos na Páscoa, os perigos de cheiros fortes e de se humanizar os peludos, a importância do enriquecimento ambiental, os mitos da alimentação animal, o colecionismo.
Também ensinou as diferenças das gripes felina e canina, os macetes para dar líquidos na seringa, como plantar milho de pipoca, que suculentas e gatos supercombinam, por que eles não gostam de sabores doces. E incentivou a denunciar maus-tratos, a não ignorar um bichano abandonado, a aquecer bípedes e quadrúpedes, a repensar hábitos alimentares, a deixar o mundo melhor com um passo.
Os bigodes seguiram marcando presença no trabalho (1 e 2), nas roupas (1 e 2), nos furtos (que renderam até concurso), na cama do escritório, nos banhos, no colo, nas caixas de papelão, na estante, no pano de prato, nos cafés da manhã, na máfia, nas contas a pagar, no túnel, nos almofadões, nas sacolas, nas Olimpíadas, nos chinelos, no taoismo, nas performances, nas plantas, nas cadeiras, sob as banquetas, na mesa de zoar, nas prateleiras.
Nos aprendizados (1 e 2) e no recomeço.
Teve festerê para a Chocolate, para a Clara, para a Guda, para as Gudinhas, para o Gatoca (1, 2 e 3), para o Dia do Amigo, para o Simba (o último, snif), para o Mercvrivs. E vocês ajudaram este projeto de muitos corações a continuar assinando o Clube na Kickante, dobrando a doação com o 13º, eternizando a trupe em ilustração, perguntando frequentemente se faltava algo, contando as transformações inspiradas por aí. Obrigada! Obrigada! Obrigada!
Se eu pudesse voltar no tempo, talvez descobrisse que as coisas acontecem exatamente do jeito que deve ser.
Foto de Leo Eichinger ♥
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