.
.

29.6.23

16º quase-aniversário do Gatoca e bastidores

É praticamente impossível ganhar na loteria duas vezes, ser atingido duas vezes por um raio ou conseguir duas vagas para estacionar no centro de São Paulo. Mas dá perfeitamente para pegar uma dobradinha de covid morando no meio do mato, na mesmíssima época do ano passado, marcada pelo quase-aniversário do Gatoca.

E para encontrar um tucano na árvore do jardim!


Durante os dois dias em que fiquei de cama (grata, comorbidade!) segui batendo a comida da Pufosa no processador, por causa do combo avançado de gastrite + doença renal. E dando na seringa em intervalos de 40 minutos. E acordando a cada barulho de vômito. Mas também vi a magrela sendo cuidada pelas irmãs, incluindo a Pipoca, desenganada pelo veterinário em abril.


Altos e baixos continuam desenhando a passagem do tempo, em uma jornada que se aproxima das duas décadas — os gatos vieram antes do blog (e de eu descobrir que gostava de animais, rs).

Já colecionamos 1.736 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão aqui.

E renovo a esperança de voltar no dia 10 de agosto, data do aniversário oficial, com novidades! — explicando aos novatos, "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂


Festinhas anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

23.6.23

O parquinho de gato que rendeu uma obra

Em um mundo ideal, eu teria escrito "reforma" no título deste post, mas a realidade de quem tomou um golpe durante a construção da casa própria é que, dois anos e meio depois, seguimos em obra. E sempre que sobra um tempo no fim de semana com um troco esquecido na calça, Leo e eu tentamos resolver mais um enrosco de 2021, com tutoriais de Youtube.

O próximo da fila era a porta-contêiner do escritório em que escrevo estas linhas, entregue pela empresa picareta na lata, sem isolamento térmico como combinado, derretendo os integrantes do recinto no verão e congelando no inverno. E continuaria assim até 2024, se não batesse a urgência de desencantar o parquinho a tempo de a gangue, passada dos 16 anos, aproveitar.


Comprei isopor e PU para o recheio, um MDF grosso no vigésimo tom de verde de Gatoca e desenhei o projeto improvisando ferramentas. Leo serrou, parafusou, lixou — além de carregar o peso todo praticamente sozinho, porque meus 48 quilos não servem nem para figuração.




(Não apareço nas fotos, mas ralei junto!)


(E de longe ficou ótimo. rs)






Também trocamos por EVA o carpete das peças de madeira, doadas pela Vanessa Aguiar e a Laíze Damasceno ❤️, para facilitar a limpeza — e não cutucar a alergia, atualmente controlada pelo excesso de cortisol no organismo. Se as gatas destruírem, como fizeram com meu tapetinho de ioga, custa barato substituir.






E até comemorarei, porque, desde domingo, elas insistem em ignorar o esforço — físico, financeiro e emocional. Quem arrasou foi o colchão, que resolvi tirar da cama herdada da adolescência e botar direto no chão, para contemplar a artrose da Pufosa.


Talvez, o parquinho tenha saído tarde demais.

Mas vou tentar de novo no fim de semana, com sachê e catnip. :)

21.6.23

Como percebi a artrose da Pufosa

Contrariando a ciência, que diz que nove em cada dez gatos com mais de 12 anos terão artrose, Pufosa é a única da gangue com sinais claros da doença — vale pontuar aos novatos que os bigodes já passaram dos 16. E não identifiquei que aquela patada na cara que tirou sangue, durante a escovação que a peluda tanto amava, era o começo de tudo.

De dezembro de 2020 para cá, ela foi ficando cada vez mais resistente ao toque, irritadiça, paradona. E só liguei os pontos quando este pezinho começou a sobrar de lado ao sentar.


Mas em que consiste a artrose, afinal? Trata-se de um desgaste nas almofadinhas de cartilagem que deveriam impedir o atrito dos ossos nas articulações, especialmente as do colo do fêmur e dos quadris, provocando dor — que piora no frio e com a umidade, sua avó concordará.

Quem tem bichanos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção. Eles tendem a ficar mais sedentários, sensíveis nas zonas afetadas, mal-humorados. Também se limpam menos, porque precisam esticar muitas partes do corpo para isso. Cerca de 75% evitam saltar e 43% mancam de leve — a maioria dos tutores nem percebe. No esterno (osso do peito), a artrose atrapalha até o colo aéreo.

A prevenção deve ocorrer ao longo da vida, mantendo seu amigo no peso adequado e estimulando a prática de exercícios para fortalecer os músculos, com brincadeiras e enriquecimento ambiental. E, se ele começar a manifestar sintomas, baixe as coisas que costuma usar, incluindo a borda da caixa de areia, providencie uma cama mais fofinha e quentinha, dê uma força na higiene.

Para controlar o incômodo, vale investir também em rações à base de peixes azuis, como sardinha e salmão, que contêm mais ômega 3. E deixe os suplementos para prescrição veterinária, porque ômega 3 é gordura e gordura, amantes de fritura sabem bem, engorda.

Na sequência da fila de cuidados da geriatria de Gatoca vem Pipoca, que começou a reclamar da escovação recentemente, mas ainda escala o arranhador. Pimenta continua caçando lagartinhos (reais e de brinquedo), Keka andando pelas paredes, Jujuba dominando a prateleira mais alta da sala e Chocolate morando na máquina de lavar — além de já ter nascido resmungona.

16.6.23

Como os gatos comem? | EG #20

Atualizado em 17 de agosto de 2023

Chocolate come fondue de Pet Delícia no garfo suíço, obviamente. Mas os reles bichanos usam a boca mesmo, se abaixando para morder suas presas no chão, e, se elas forem muito grandes, podem até comer deitados, segundo Jackson Galaxy no livro O Encantador de Gatos, que inspira esta série.


A cabeça inclinada ajuda com os itens mais difíceis, comportamento ancestral. E balançá-la rapidamente facilita o processo de soltar a carne dos ossos ou remover as penas das aves — sim, parte desse ritual pode se repetir com a ração do potinho. Como os dentes dos gatos são feitos para rasgar a vítima em tiras engolíveis, eles não têm o hábito de mastigar muito.

E a pobreza de papilas gustativas não só afeta o paladar como torna o olfato bem mais importante para a alimentação — tanto que felinos congestionados acabam perdendo o apetite (noto isso com a Pimenta, nas crises mais fortes de alergia).

Ainda que não sintam sabor como a gente, eles percebem a diferença entre salgado, doce, amargo e azedo, tendendo a não curtir os dois últimos — provavelmente uma resposta evolutiva para evitar a ingestão de toxinas perigosas. Os peludos têm também um receptor para o trifosfato de adenosina (ATP), molécula que fornece energia para as células, cujo gosto nós não fazemos ideia.

E, como Joey, do seriado Friends, não dividem comida, carregando suas presas para bem longe do local de abate.

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha e nos comentários de quem participa do melhor grupo da internet! Para quem chega agora, resumi aqui as principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

9.6.23

O melhor arranhador para gato: passo a passo

Levanta a mão quem já caiu no golpe do pet shop! Os caras decidem fazer um arranhador com casinha no topo e usam um poste minúsculo, em que o gato não consegue se alongar para afiar as garras, e uma casinha bamba, onde ele jamais entrará — conjunto custando uma fortuna, logicamente. E a gente torce para a cara de tacho não estar sendo filmada.

Os problemas de Gatoca acabaram em 2010, quando Neise doou para a rifa que ajudaria nas despesas dos temporários um modelo que surpreendia pelo combo de sucesso + simplicidade — tratava-se de um cone de segurança embrulhado em sisal, com peixinhos de carpete. E os bigodes enlouqueceram: arranhavam, mordiam, escalavam.


Sempre que recomeçávamos em outra casa, encomendávamos novos arranhadores — verde e roxo no apertamento de São Bernardo, vermelho e verde em Sorocaba. Até que Neise se aposentou e me confiou seu segredo artesanal. Leo chegou a comprar o sisal na Casa das Cordas (Centro de São Paulo), mais barato. Mas o rolo acabou atravessando intocado pandemia, obra, mudança para Araçoiaba, morte da Clara, do Mercv e da Guda.

Quatro anos depois, finalmente tomei coragem de queimar os dedos na cola quente. E levamos umas três horas só para enrolar o sinal do cone, fazendo juntos — sim, é trabalhoso. Quem estiver disposto a arriscar, porém, garanto que valerá o esforço. E o sofá agradecerá.




Material

- Cone de segurança/sinalização
- 95 m de sisal (6 mm)
- 13 bastões de cola quente
- Pistola para a cola
- 50 cm de carpete ou forração de sua cor favorita
- Tesoura


Passo a passo

1) Limpe o cone para a cola aderir bem.
2) Corte um pedaço do sisal, onde posteriormente os bichinhos de carpete serão pendurados, e passe pelos furos do topo.
3) Deixe a pistola esquentar até a colar vazar pelo bico, senão ela acaba soltando.
4) Comece a enrolar o sisal pela base do cone, cobrindo a ponta com a próxima volta — aplique a cola ao mesmo tempo em que pressiona o sisal, porque ela seca rápido. E procure não deixar espaços como os da foto. rs


5) Vá subindo até chegar ao topo, tomando o cuidado de manter solta corda que segurará os bichinhos.
6) Cubra o buraco do alto com um círculo de carpete e enrole o sisal também por cima dele, terminando no centro, como um caracol.
7) Corte com a tesoura.
8) Use a tesoura para cortar também os bichinhos de carpete no formato que a imaginação mandar — escolhi os lagartinhos que Pimenta adora caçar e usei como molde um brinquedinho dela (primeiro contornei no papelão, mas ficou muito pequeno. Tentei aumentar na mão só que acabou perdendo as proporções. Fotografei, então, e Leo ampliou no computador, contornou no sulfite e passou para o carpete).




9) Prenda os bichinhos com cola quente nas quatro pontas da base do cone.
10) Em cada ponta da corda pendurada, cole mais dois bichinhos, deixando o sisal entre eles, como um sanduíche.
11) Volte para contar o que seu gato achou. :)


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha e nos comentários de quem participa do melhor grupo da internet. Para quem chega agora, aqui resumi as principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)

2.6.23

Cantinho novo dos gatos: erros e acertos

Depois de 23 anos reclamando de cabeleireiros que cortavam mais do que "dois dedinhos", me vi tendo de convencer o moço do salão a passar a tesoura nos cachos que flertavam com a cintura. Era 2003, minha mãe perdia a batalha para o câncer na terceira internação consecutiva e eu precisava urgentemente sentir que tinha o poder de mudar alguma coisa.

Nessas horas, o exterior se impõe como a opção mais fácil. E duas décadas se passaram até a situação se repetir, só que com gatos idosos, tecidos e papéis adesivos substituindo o enredo original. Na terceira morte felina, em menos de um ano e meio, Leo e eu pegávamos a estrada até São Paulo atrás de um novo embrulho para Gatoca — e nossas vidas.


O sofá, herdado do último parente que gostava de mim (assim como o anterior), ganhou revestimento de acquablock para dar conta dos vômitos da gangue e eventuais escapes de xixi que só a velhice pode proporcionar — tudo com zíper, permitindo lavar na máquina (usando sabão neutro para não afetar a camada de proteção). E Chocolate estreou com a diarreia bizarra já no dia seguinte!


As prateleiras, doadas pela Laura Paro e na edição anterior encapadas por nós, com uma espuminha simples no topo, foram lixadas e envernizadas (verniz fosco) aqui em casa, mas as almofadinhas delegamos à costureira, também para facilitar a limpeza — mirei no despojado e acertei em um crossover de S.O.S. Malibu e A Fantástica Fábrica de Chocolate. 😂




E confesso que me arrependi de ter escolhido um tecido não impermeável porque suja só de existir, encolheu absurdamente e me obrigou a gastar R$ 70 de Scotchgard que até repele água, só que é inútil para as outras secreções das gatas, com destaque especial ao catarro da Pimenta. Para evitar peludas voadoras, aliás, prendi as almofadas nas prateleiras com fita dupla-face — o velcro não parava colado em nenhuma das duas.




Já os papéis adesivos renovaram móveis de outros ambientes (uma cômoda e dois gaveteiros) e a mesa de jantar doada pela Tati Pagamisse remoçou com capinhas de cadeira listradas, produzidas na força do ódio e da cola quente, quando o dinheiro acabou. Mas ainda vai ter parquinho vertical doado pela Vanessa Aguiar e a Laíze Damasceno!

P.S.: A caixinha de madeira, feita pelo Leo, veio de Sorocaba. Do arranhador de papelão falei aqui e do bebedouro (posteriormente superado pelo de barro), aqui — sim, tem um bichinho de pelúcia afogado nele, rs. Já o arranhador de cone vai ganhar um post exclusivo, com passo a passo!