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19.11.21

44 raças de gatos lindos, mas doentes | EG #6

A relação dos seres humanos com os animais já era questionável: cruzavam-se vidas para virar comida, arma, transporte. Mas, com a descoberta dos princípios básicos da genética pelo biólogo Gregor Mendel, no final do século 19, a gente passou a cruzar bichos pela estética, dando origem às primeiras raças.

O começo foi até engraçado: misturavam-se gatos pretos e brancos acreditando que gerariam filhotes cinzas. Rolou o primeiro concurso no Reino Unido, em 1871, com persas, azuis russos, siameses, angorás, abissínios e maneses — que não ostentavam tanta diferença dos outros bichanos domésticos. E, na esteira, surgiram os clubes.

Só que os juízes desses clubes passaram a exigir características físicas específicas para cada raça, como formato dos olhos, orelhas, rosto, rabo e até das patas. E os criadores forçaram a aparência dos coitados a extremos, ignorando seu bem-estar.


Das 44 raças existentes (ou quase 60, dependendo da organização classificadora), temos persas de focinho achatado, que sentirão para sempre dificuldade para respirar, além de sofrerem mais com problemas dermatológicos, dentais e oftalmológicos — o parto de um animal braquicefálico também é mais complicado e arriscado.


Os gatos scottish fold apresentam degenerações dolorosas nos ossos e nas cartilagens por causa da mutação responsável pelas orelhinhas dobradas. Os maneses, sem rabo, enfrentam dores na coluna e desarranjos intestinais, culpa da deformidade da medula espinhal. Os maine coon acabam desenvolvendo doenças cardíacas e os siameses, asma e hiperestesia — sensibilidade extrema ao tato.


Esses, infelizmente, são só alguns exemplos citados no livro O Encantador de Gatos, em que esta série, financiada coletivamente, foi inspirada — se vocês estão curtindo, considerem se tornar apoiadores (aqui há um resumo das principais ações do Gatoca).

Quando a gente brinca de mestre das marionetes, limitando o patrimônio genético dos peludos, aumenta a probabilidade de enfermidades e os condena a existir pela metade.


Curiosidade de bastidores: quem vive na cidade grande compra palito de sorvete para fazer manejador de marionete, moradores da roça precisam de bambu, facão e serrote.



CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

3 comentários:

Anônimo disse...

Que tristeza...

Giovanna disse...

Há alguns anos disse para o meu vet que meu "sonho de consumo" era ter 1 maine coon. Ele me respondeu "não faça isso" e comentou sobre os problemas da raça.
Mas não compraria um animal (aceito doação :D).
Acho um crime esses cruzamentos para formarem novas raças e mutações. Existe 1 raça de gato, não me lembro agora o nome, que tem as pernas bem curtinhas. Dá nervoso só de olhar.
E os pobres caes bulldog: mal conseguem respirar.

wcris disse...

A vaidade humana nao conhece limites. Quando alguém me envia mensagem no face - pagina de doacao de gatinhos - perguntando se tem filhotes de tal sexo e de tal raça eu tenho que me controlar muito pra nao mandar #@&π¶¢∆