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Mostrando postagens com marcador Datas comemorativas. Mostrar todas as postagens
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31.10.24

4 explicações para os fantasmas que seu gato vê

Eu costumo brincar que se uma criatura do além resolver me assombrar, vai precisar se esforçar mais do que os bigodes, que passaram quase duas décadas fazendo barulhos estranhos e parando em posições bizarras ― Jujuba agora deu para conversar com a parede, mas ela tem 17 anos e meio. rs

A justificativa que todo gateiro conhece para esses comportamentos aparentemente inexplicáveis dos bichanos é inseto, primeiro tópico da nossa listinha. Mas o veterinário espanhol Carlos Gutierrez, do canal Mascotas y Familias Felices, pontua também outras causas, que achei interessante trazer neste Dia das Bruxas.

Vibrações misteriosas
Os felinos conseguem detectar movimentos sutis, como correntes de ar, porque seus bigodes e sobrancelhas possuem vasos sanguíneos e terminações nervosas. Isso permite que notem a presença de um passarinho ou uma borboleta que ainda não entraram no nosso radar.


Audição supersônica
Sua capacidade auditiva muito mais desenvolvida do que a nossa, aliada à habilidade de girar as orelhas na direção do som, possibilita escutar frequências que o ouvido humano nem sonha em captar.

Surdez seletiva
Sim, seu gato te ignora de propósito. Esse poder de isolar ruídos de fundo, a que estão acostumados, para focar nos novos faz com que prestem atenção apenas no que interessa ― provavelmente algo para o qual a gente não daria a menor bola.

Câmera lenta
Por quanto tempo você olharia uma preguiça atravessando a rua? Pois é assim, em slow motion, que os peludos enxergam movimentos super-rápidos para nós, como o bater das asas de um beija-flor ― uma vantagem na natureza, já que permite se antecipar a possíveis ataques. Uma janela, para eles, dificilmente é apenas uma janela.

E por que as esquisitices acontecem sempre à noite, hora favorita dos fantasmas? Porque os bichanos são crepusculares, ou seja, ficam mais ativos ao cair da noite, nossas luzes atraem mais insetos e as sombras que eles produzem ainda criam efeitos mágicos.


Os estudos que embasaram o vídeo estão em inglês e espanhol, por isso não linkei no texto. Mas seguem abaixo:

:: The advantages of a tapered whisker
:: Effects of continuous noise backgrounds on rate response of auditory nerve fibers in cat
:: El mundo en "cámara lenta" de los animales pequeños
:: Chasing perception in domestic cats and dogs

10.8.24

17º aniversário do Gatoca!

Escrevo este post sob as cobertas porque chove lá fora — e aqui dentro não parece muito mais seco. Em dez minutos, o alarme tocaria para a sexta rodada de comida na seringa, mas Keka se antecipou e até lambeu sozinha na xicrinha. Quando penso que a batalha está perdida, ela tira forças do alçapão renal para mais um passeio no gatil, dois beliscos de sachê, três minutos de colo com cafuné.

O dedão da mão esquerda ainda lateja pela queimadura de segundo grau com cera quente. E essa nem foi a maior estupidez do fim de semana passado. Eu, que nunca fumei, sequer bebi de passar vergonha, tive a pior viagem da existência porque comprei um bombom de cogumelo mágico no trailer da feirinha de artesanato que anunciava feijoada vegana, hambúrguer e batata-frita.

Aí, em vez de paisagem bucólica, com música good vibes e pessoas de branco buscando o autoconhecimento, fui assistir a Criminal Minds, frustrada com o gosto insosso do chocolatinho. O alarme das seringadas tocou (ele toca o dia inteiro) e minhas pernas derretiam, enquanto o queixo da Keka inchava e a torneira da cozinha entortava.

Comecei rindo feito o cachorro da vizinha quando tenta latir com a bolinha de borracha presa na boca (fifo-fifo-fifo-fifo) e terminei aos prantos "porque a vida era muito solitária". Se você pretende perder completamente o controle do corpo, recomendo investir na endoscopia — com dois sedativos conto histórias ótimas, Mariana pode provar.

Mas por que esse relato aleatório em um blog de gatos? Porque não está sobrando gato — nem Intrú deu as caras hoje. E talvez o Gatoca já tenha cumprido sua função. Nestes 17 anos, foram 1.828 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores — contra os algoritmos das redes sociais e agora a inteligência artificial, que rouba nosso conteúdo e não dá sequer a visualização.

Mais e-book, boletim, tentativa de canal no Youtube. Sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 13,3 mil comentários, grupo acolhedor no WhatsApp e 27 parceiros ao longo da jornada — destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba, na gestão anterior.

Os braços offline do projeto ainda envolveram 116 gatos, oito cachorros e quatro aves, um mutirão de castração, oficina com escoteiros e bandeirantes, roda de conversa com adolescentes, curso no Sesc sobre o poder do coletivo, clube de leitura na ONU, sob a imaginação da Rosana Rios.

Tudo isso com o apoio de vocês, pelo qual sou imensamente grata, em forma de rifa, lojinha, financiamento coletivo, clube de assinaturas. Mas sinto que preciso sonhar outros sonhos, entendem? Depois que conseguir dormir oito horas por noite, claro — o que não deve acontecer tão cedo, então bora manter o ritmo da digitação! Na semana que vem, aliás, divulgo nossa nova parceria, justamente para quem está precisando de afago na alma.

Espero seguir acompanhada. ❤


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8.8.24

Feliz Dia Internacional da Maquininha de Ronrom!

E de matar também. rs



Aproveito a data para contar que tem parceria artístico-felina chegando por aí! E o risco de vocês amarem é enorme!

29.6.24

17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores

Não tinha imagem melhor para representar a data do que esta foto do Intrú, metade luz, metade trevas. Às voltas com a doença renal da Pimenta e a gastrite da Keka, ambas de vida gasta, o frajola com patinhas de elefante tem salvo meus dias ― ora chegando da rua com aquelas teias de casarão de filme de terror na cabeça, ora invadindo nosso quarto todo desajeitado pelos quilos recém-adquiridos.


Antes que alguém me xingue pela guarda irresponsável, Intrú é um gato FeLV+ que acampa do lado de fora da porta de vidro aqui da lavanderia, enquanto não aparece sua família definitiva. E, quase duas décadas depois, uma criatura estranha que não escolhi vem ressignificar tudo de novo. ❤️

Ao longo dessa jornada, já colecionamos 1.818 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão neste post.

E espero voltar no dia 10 de agosto com oito horas de sono dormidas para comemorar o aniversário oficial do Gatoca sem olheiras — "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂


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31.3.24

3 anos de casa nova, menos 5 gatos, mais 1 intruso

Por quanto tempo uma casa ainda pode ser considerada nova? E se antes mesmo de você mudar, a casa em questão, construída do zero, já colecionava problemas? Talvez, em 2025 eu troque o título para "4 anos de Araçoiaba da Serra". Ou não ― a ideia de novo faz a vida parecer menos velha, principalmente quando a gente lida com impotência e morte.

Sei que pareço um disco quebrado, mas a conjuntura não colabora, né? Nos últimos 365 dias, Pipoca e Pufosa ajudaram a superpopulacionar nosso cat sematary. E Chocolate e Keka andam flertando com o empreendimento. Ao contrário dos gatos, as plantas finalmente ganharam autonomia e paramos de apanhar do solo seco, das formigas vorazes, das pragas multicoloridas ― quem rouba nossas frutas agora são os saguizinhos.


Enfermaria ao ar livre


Duplinha do sachê


Contorcionista

Preciso contar também que, às vésperas de completar dois anos e sete meses, mais especificamente em 7 de outubro de 2023, instalamos a lendária porta do banheiro ― embora ela ainda continue sem batente de um dos lados.


Conseguimos arrumar também o cantinho dos bigodes, com prateleiras almofadadas, caixas de madeira, arranhadores de formatos variados, sofá em acquablock e um parquinho vertical que rendeu uma verdadeira obra ― grande conquista para quem começou essa jornada numa mesinha plástica de jardim.

E tentamos ter uma piscina inflável, que esvaziava sempre que chovia (longa história), depois bichou (desculpem pelo surto de dengue!) e acabou furando no limoeiro (que limão mesmo não quis saber de dar até o presente momento).


Este post-comemorativo não poderia excluir o frajola figura que decidiu morar em Gatoca, contra a vontade de Gatoca, e me rouba sorrisos úmidos nos dias difíceis com poses assim:

5.1.24

2023

Em um misticismo exclusivo, os anos terminados em três marcam transformações profundas em mim. Foi em 2003 que precisei me dividir entre o trabalho e o hospital até dona Vera perder uma longa batalha contra o câncer, perto do Natal ― e que também tive de aprender a fazer arroz, lavar privada, cuidar dos irmãos mais novos, multiplicar dinheiro no supermercado.

Em 2013, deixei o casarão de uma vida inteira para caber com dez gatos, o Leo e, esporadicamente, as enteadas em um apertamento de 60 m2. Meu apertamento ― depois de uma reforma "faça você mesmo", apelidada de terapia. Uns meses antes, por causa das crises recorrentes de alergia e asma, já havia decidido parar com os resgates e redirecionar os esforços do Gatoca para a educação.

Se minha mãe estivesse viva, provavelmente confirmaria que em 1983 juntou coragem para se separar do alcoolismo do meu pai e nos mudamos para o prédio em que minha avó morreu antes de cumprir a promessa de sorvete toda a tarde, quando o shopping em frente ficasse pronto ― para voltar atrás pouco tempo depois. A mãe, não a avó.

E deve ter sido em 1993 que sofri um bullying persistente por nunca ter beijado na boca ― resolvi inventar um caso na viagem com as "amigas" à Caraguatatuba, que acabou desmascarado e só piorou tudo. Para dar uma ideia do impacto, o beijo de verdade tardou mais cinco anos ― e, por favor, não façam as contas.

Finalmente chegamos a 2023, assunto desta retrospectiva, com três gatas mortas em 15 semanas, a expectativa de um sabático ao final destas quase duas décadas felinas e um intruso estragando tudo. Guda partiu em março, com 17 anos, Pipoca em julho e Pufosa dois dias depois, ambas com 16.

Além da exaustão, sobrou um gosto amargo porque Pipoquinha chegou a reverter o primeiro derrame pleural ― que demandou uma releitura da escolha de Sofia de 11 anos atrás. E, pouco antes delas, já havíamos pedido o Mercv (com quem vira e mexe sonho) e a Clara, igualmente idosos.

A dinâmica da casa, acostumada a nove bichos preenchendo vazios e silêncios, mudou completamente ― ainda não acostumei a me referir à gangue no feminino. Sem a mãe e metade das irmãs, Jujuba virou uma gata carente e Keka deu para me acordar aos berros cada vez mais cedo ― 4h44 o recorde! Quem não mudou foi o Leo (amo essa foto!), parceiro de soro, de obra, de cova.

Comentei aqui no blog que envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― as adaptações demoram mais, o corpo não funciona do mesmo jeito, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

Eis que Intrú veio chacoalhar essa energia, com seu olho verde-vida, o pelo brilhante, o nariz rosinha ― lembra Mercv jovem, principalmente quando dorme de boca aberta. No dia 27 de outubro, começava o projeto castração, bem-sucedido, mas com pós-operatório turbulento e duas bombas: a idade e a FeLV. Mesmo assim, persisto na campanha de adoção, porque ele merece morar do outro lado da porta de vidro da lavanderia.

No ativismo, aliás, o ano prometia com a criação do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais pelo governo federal. E ficou só nisso mesmo. Eu diminuí o ritmo de publicação dos posts e a frequência de envio do boletim para conseguir dar conta de tudo ― rolou Gramado da Fama em fevereiro, maio e julho, mas aquém da ambição do nosso financiamento coletivo.

O blog perdeu o puxadinho no servidor de mais de uma década, passando justo o 1º de abril fora do ar. E ainda assistimos portão e telhado araçoiabanos voarem com o temporal de novembro ― que também nos deixou sem luz e água por três dias. Nos intervalos, porém, a gente comemorou.

Os dois anos de casa nova, os 16 do Gatoca (em dose dupla!), os aniversários da Chocolate e das Gudinhas (e o primeiro aniversário sem Guda, bem como o segundo sem Mercv, em homenagem), o Natal customizado ― com brinquedinhos para as peludas, lasanha de marmita em companhia do Intrú e Amigo Secreto de Talentos no Cluboca, o grupo de apoiadores mais maravilhoso do universo!

A geriatria dominou o conteúdo de serviço: gastrite por doença renal, cérebro cansado, fralda, artrose, ataxia, escova de bebê, patê lisinho para seringa. E desabafei sobre o difícil equilíbrio ao cuidar de bichanos. A série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou dez capítulos inéditos: sobre os bigodes felinos, a visão e a audição, como eles caçam e o que comem, hábitos de limpeza e sono, arquétipos, lugares de confiança e esconderijos-casulos.

Também teve teste de latinha em molho e o controverso sabor peixe, e textos sobre alimentação úmida, o gosto da água e ração de insetos (+ novidades gringas). O enriquecimento ambiental foi turbinado com sofá e prateleiras repaginados, a primeira cama nuvem, arranhadores caseiros (com passo a passo) e parquinho vertical ― que rendeu uma miniobra!

O blog ainda alertou para os perigos do calor, garras que entram nas almofadinhas, a incompatibilidade de banho e antipulgas, inchaço que vira abscesso, os malefícios da imobilização pelo cangote. Ensinou a identificar dor, ronco e marcação fantasma, se declarar com os olhos, pesar seu amigo com precisão.

E, mesmo quebrada por dentro, não podiam faltar os posts de entretenimento: nossa experiência tragicômica com inteligência artificial, a briga com o ChatGPT, o desafio dos seriados, o ataque de um serial killer, a visita de pterodátilos, as releituras de Dalí, gatos fazendo gatices, a inviabilidade do nosso reality show, minha soneca com o inimigo, a Pimenta do clima e as vergonhas de gateiro.

Que 2024 bata mais leve ― porque a idade dos integrantes fixos e o gênio do temporário dão o spoiler de que fácil não será. rs


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29.12.23

Nossos presentes de Natal, com penetra

Eu já contei aqui que não sou uma adulta natalina ― nem de rituais em geral. Gosto de marcar começos e encerramentos de ciclos, mas de um jeito que faça sentido para mim, não por imposição social. Na infância, inclusive, aproveitava o pacote completo do Natal, com pinheiro natural, presépio decorado, luzinhas na calçada, Papai Noel deixando rastro de brocal, uvas passas herdadas dos panetones alheios.

Depois deste 2023 desafiador, Leo e eu decidimos, então, ficar por aqui mesmo, em Araçoiaba, com lasanha de marmita e a companhia dos gatos sobreviventes ― de volta ao masculino porque Intrú fez questão de participar da ceia da tarde.


Pimenta foi a única que ganhou brinquedo, já que, 16 anos e 7 meses depois, ainda se diverte caçando bichos animados e inanimados. Batizei o ratinho de Topo Gigio, um sonho nunca realizado, pois a Bia criança queria uma versão que falasse e se mexesse sozinha, como a da televisão.


Chocolate curtiu a escovação-cafuné, compatível com seus 17 anos, e os croquetes no parquinho, em que ficou semanas sem conseguir subir por causa da ataxia.


Já Keka não conseguiu aproveitar nem os croquetes nem o parquinho, porque perdeu quase 1 kg desde o ataque do Intrú ― como as irmãs, ela também passou dos 16 anos, avançada na insuficiência renal. Mas compensei comprando uma ração nova, ainda mais cara do que a anterior, pois o céu é o limite para essa gente. E o paladar seletivo da frajola aprovou!


Jujuba teve seus arranhadores horizontais de papelão renovados.


E Intrú ficou com os de segunda mão, como todo irmão mais novo ― a caminha Leo improvisou por causa das noites frias. A ideia é ele acostumar com ela no seu cantinho favorito para depois a gente colocar em um lugar mais protegido.


No sachê especial a criatura nem tocou, preferindo a boa e velha Pet Delícia ― não sem antes me bater (story nos destaques do Instagram). Capacidade de lidar com a frustração: 2, cruzado de esquerda: 10. rs

Ainda rolou o Amigo Secreto de Talentos do Cluboca, nosso grupo de apoiadores, em que presenteei a Adrina com uma radionovela de O Gato e o Diabo, escrito por James Joyce ― foram três dias para gravar a narração (prefeitura asfaltado a rua com caminhões da Idade Média), incluir a trilha sonora e os barulhinhos todos, fotografar e tratar a imagem da Pips.

E da Vanessa ganhei esta ilustra com o Intrú, que ainda procura uma família para poder morar do outro lado da porta de vidro.


Também a versão digital do livro Relatos de um Gato Viajante, de Hiro Arikawa, um vídeo de bigodices e esta mensagem apertável:

Meus presentes são a razão disso aqui existir (de novo Bia!). Separei uma imagem que me fez pensar em você com o Intrú e aquele livro que falei: Relatos de um Gato Viajante. Não só porque os seus viajaram um bocado contigo (SBC, Sorocaba, Araçoiaba) como também porque tanto a vida quanto a passagem para o outro lado são uma viagem, e me conforta pensar que, de vez em quando, tanto nós quanto nossos amados gatinhos viajamos cruzando a fronteira entre os planos para matar a saudade. ❤️

Espero que o festerê por aí tenha tido a cara de vocês. A retrospectiva vai ficar para o ano que vem, quando todo mundo voltar à rotina de pagador de boletos, para compensar a trabalheira. :)

10.8.23

16º aniversário do Gatoca!

Eu tenho memória de fingir estar doente para não ir à festa de uma amiguinha e ficar com o presente. Capricorniana com virgem emprestado no mapa, sempre trabalhei mais do que demandavam, tocava a vida impecavelmente organizada, jamais pagaria quatro dígitos em rações de combinações duvidosas, como salmão com melão ou frango com mamão.

Foi em dezembro de 2005, data da chegada do Mercvrivs, que tudo desandou. E meu projeto de sucesso mais longo é voluntário — com o apoio de vocês, claro, em forma de rifa, lojinha, financiamento coletivo, clube de assinaturas. Este espaço online hoje completa 16 anos, colecionando 1.745 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores.

Mais e-book, boletim, tentativa de canal no Youtube. Sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 12,7 mil comentários, grupo acolhedor no WhatsApp e 27 parceiros ao longo da jornada — destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba, na gestão anterior.

Os tentáculos offline do Gatoca ainda abraçaram 115 gatos, oito cachorros e quatro aves, um mutirão de castração, oficina com escoteiros e bandeirantes, roda de conversa com adolescentes, curso no Sesc sobre o poder do coletivo, clube de leitura na ONU, sob a imaginação da Rosana Rios.

Será o primeiro aniversário sem comemoração, mas não por motivos de cobiça ao presente alheio, rs. Decidi respeitar o corpo cansado e o emocional combalido pelas três mortes em sequência dos últimos meses (Guda, Pipoca e Pufosa) — cinco em menos de dois anos (+ Clara e Mercv). Está liberado, porém, mandar lembrancinhas — chave pix: doacoes@gatoca.com.br! :)

E quem quiser se juntar aos despioradores de mundo basta escolher um valor mensal ou uma das recompensas-amor da nossa campanha no Catarse.

Seguimos juntos? ❤


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29.6.23

16º quase-aniversário do Gatoca e bastidores

É praticamente impossível ganhar na loteria duas vezes, ser atingido duas vezes por um raio ou conseguir duas vagas para estacionar no centro de São Paulo. Mas dá perfeitamente para pegar uma dobradinha de covid morando no meio do mato, na mesmíssima época do ano passado, marcada pelo quase-aniversário do Gatoca.

E para encontrar um tucano na árvore do jardim!


Durante os dois dias em que fiquei de cama (grata, comorbidade!) segui batendo a comida da Pufosa no processador, por causa do combo avançado de gastrite + doença renal. E dando na seringa em intervalos de 40 minutos. E acordando a cada barulho de vômito. Mas também vi a magrela sendo cuidada pelas irmãs, incluindo a Pipoca, desenganada pelo veterinário em abril.


Altos e baixos continuam desenhando a passagem do tempo, em uma jornada que se aproxima das duas décadas — os gatos vieram antes do blog (e de eu descobrir que gostava de animais, rs).

Já colecionamos 1.736 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão aqui.

E renovo a esperança de voltar no dia 10 de agosto, data do aniversário oficial, com novidades! — explicando aos novatos, "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂


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31.3.23

2 anos de casa nova, menos 3 gatos

Eu sei que escolhi vir morar no interiorrr para os bigodes terem de volta um gramadinho no fim da vida — que acabou virando gramadão. E que gatos de 15 e 16 anos não atravessariam uma década. Mas sou de humanas, deem um desconto pelas linhas salgadas. Entre os cuidados com a Clara, o Mercv e a Guda, sobrou pouco tempo para curtir.


Continuamos, inclusive, sem porta no banheiro — existe estresse pós-traumático de obra? Até paguei por um toldo contra o alagamento da lavanderia, só que o gênio instalou um modelo que vaza água quando chove, deixa a casa escura nos dias de sol e faz barulho com o vento. Talvez, meta uma cortina de miçangas entre a privada e o quarto.

Já as plantas não podem reclamar: cresceram quase tanto quanto o mato, floriram de todas as formas, renderam caipirinha, moqueca, cupcake. E a gangue também aproveitou — o gatil improvisado, o gatil oficial, as escapadas do gatil (privilégio de quem não conseguiria mais alcançar a rua).

Ainda restam seis.

Decidi embrulhar o passado em contact e acquablock para recomeçar com outras cores. Mas pega leve, Universo!










17.2.23

Carnaval 2023: gatos fazendo gatices!

Eu não curto carnaval, cerveja tem gosto de tristeza e gatos odeiam fantasia. Mas não é por isso que vocês vão deixar de se divertir no Gatoca durante o feriadão, certo? A ideia para este post surgiu no Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores. E não precisa consumir com moderação!

Bom senso fail, por Adrina Barth



Múltiplos disfarces, por Fernanda Barreto




Gato aéreo, por Alice Gap




Exercício engorda: método científico, por Roberta Herrera



Bichano ao forno, por Renata Godoy


Aquecimento global, por Guiga Müller


Prato principal, por Paula Melo


Pé de sorte, por July Grafe


Sofá à prova de humanos, por Roberta Herrera

13.1.23

2022

Atualizado em 16 de janeiro de 2023

Sexta-feira 13, duas semanas atrasada e sem energia elétrica, eu escrevo esta retrospectiva em um laptop (meu primeiro laptop) comprado com os danos morais de espreguiçadeiras que não recebemos e lutando com a montanha-russa emocional de cuidar de uma gata para morrer.


Este é um texto sobre exaustão, contradições e impotência, mas também sobre abrir mão do controle, se deixar surpreender, rir de si mesmo ─ um resumo de 2022, com mais fracassos (e rinite alérgica) do que gostaria de admitir.

E o Gatoca seguiu, apesar de mim, porque virou comunidade, semente digital, transformação silenciosa. Mesmo que desista do blog (e de lutar contra os algoritmos das redes sociais), outras estratégias de despioramento de mundo ocuparão este espaço, propósito de vida.

Nos últimos 12 meses, aninhei um beija-flor, provoquei o pensamento crítico falando de clonagem, insisti na formação política dos leitores, entrevistei Fabio Chaves e Luli Sarraf, do Mandato Animal, que ousaram pensar um país mais justo para todos os seres, sem exploração nem maus-tratos. E inaugurei um puxadinho para divulgar resgates dos apoiadores que botam a mão na massa.

Teve post também sobre a polêmica roupinha para gato, o tempo deles, o melhor bebedouro de verão, o milagre da água na seringa, calculadora de ração (seca e úmida), suporte para comedouro contra vômitos, cocô fora da caixa, arranhador de papelão, olhos tremelicantes (nistagmo), FIV e FeLV, cistite recorrente por ansiedade (Síndrome de Pandora), bicho correndo loucão (três causas que eu desconhecia).

E como fazer inalação, diferenciar tosse e espirro (com vídeo), ajudar a comer em caso de problema na boca, ensinar a amar ração úmida natural, dar alimentação forçada sem piorar o quadro, sobreviver ao Natal (com árvore e quadrúpede inteiros), identificar cara de dor (em forma de teste).

As séries Vida com gatos (1 e 2) e O que eu faria diferente com os gatos (1 e 2) ganharam só dois capítulos. Mas a epopeia inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, com fotos divertidas da gangue, teve nove, que merecem um parágrafo exclusivo.

O mistério do ronronar, O que seu amigo quer dizer?, 7 posições de rabo explicadas, Decifrando expressões faciais, Como é um abraço felino?, Feromônios e os cheiros na comunicação, Existe outro bichano vivendo dentro do seu, O segredo da gatitude e Conhecendo sua maquininha de matar: bigodes.

Os textos que mais curti produzir foram sobre os melhores jogos de gato (eletrônicos, de tabuleiro e para celular), os melhores filmes (clássicos, lançamentos e inéditos), e a Bíblia Gatólica, desenhada pelo Carlos Ruas. Já Guda adorou modelar com a japamala felina, presente para dar uma força na reconexão.

E doeu compartilhar quando ela entrou em crise renal, rodando pelos bebedouros da casa (oito, de tamanhos, formatos e materiais diferentes), quando Pufosa inventou o chiclete de dente (sem possibilidade de anestesia), quando Pimenta resolveu andar desequilibrada do nada, quando Chocolate ficou surda. Mas foquei no serviço para socorrer outros corações angustiados.

Quase duas décadas não passariam sem mortes, aliás. Ainda sob o luto da Clara, contando o tempo em girassóis até desfolhar o primeiro ciclo, Mercvrivs se foi. Leitores novatos talvez não entendam o peso dessa partida e por que ela rendeu tantas linhas sobre nossa cicatriz, luto seco, negação, colo vazio e o primeiro aniversário sem aniversariante.

É que, 17 anos e três meses atrás, eu não gostava de animais.

O final feliz do Jacob também acabou, uma década depois. A (terceira) doação dele, porém, permanece entre as histórias mais emocionantes do Gatoca. Imagino que a próxima despedida seja da Guda, há duas semanas no soro (obrigada, Leo! ❤️) e na alimentação forçada — mas aproveitando os carinhos, o sol, os passeios na parte proibida do terreno, que escolhi para ilustrar esta retrospectiva.

Não foram poucas as vezes em que apelei ao humor para continuar. Teve tutorial de como descansar no sofá, amor platônico por pão francês, contradições felinas, pesadelo dos lagartinhos, gata empreendedora automotivada, cocô de pássaro vingativo, explosão de bebedouro, carnaval da ressaca, fiscal de horta orgânica, riqueza com tornozelo quebrado, dieta secreta, escavações no computador de Tutancâmon.

E transformei buraco em arte, unindo Tim Burton à almofada de joaninha da Choco, escrevi Gata Barraqueira, uma releitura do conto de fadas que envolve relacionamentos conturbados e abóbora, e Assassinato no Bebedouro do Poente, adaptação de Agatha Christie estrelada por Levischot.

Nossa casa araçoiabana completou um ano e a florestinha também, com dez lições. Já o Gatoca festejou 15, com quase aniversário e aniversário oficial (só lendo para entender, rs), mesma idade das Gudinhas. E Guda e Chocolate dividiram os 16. Todos devidamente comemorados com petiscos e apertos!

Devo agradecer, inclusive, a Pet Delícia pelo quinto ano de parceria, que me permite não só prolongar a existência dos bigodes, que precisam de umidade na alimentação, como manter a barriguinha deles cheia quando não conseguem mais comer sozinhos — ansiosa pelos sabores em molho!

Espero continuar acolhendo e inspirando pequenas revoluções, independente do formato. E sou imensamente grata pelo Cluboca, nosso grupo de apoiadores, com quem aprendo sempre e onde me sinto à vontade para pedir colo. O Gramado da Fama anda fraco (com edições em janeiro, fevereiro, abril e julho), mas aposto em recomeços múltiplos.

Que 2023 seja de jogatina e afetos positivos!


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8.12.22

Como fazer gatos e árvore sobreviverem ao Natal

Acreditem: em 17 anos, os bigodes nunca compartilharam o recinto com uma árvore de Natal. Quando era pequena e a gente trazia o pinheiro pendurado para fora do porta-malas, meu pai contava que eu balançava as mãozinhas freneticamente, trepada no banco de trás, instruindo os outros carros a desviarem. Amava os enfeites dourados, as luzes piscantes, os sininhos que decoravam as árvores das edições anteriores no jardim.

Mas o Natal morreu em novembro de 2003, pouco depois da adesão ao pinheiro artificial. Mariana, João e eu até tentamos manter a tradição. Já havíamos superado a inexistência do Papai Noel! Só que a ausência da dona Vera foi demais — e logo levou seu Humberto com ela. Restou um ursinho temático, que faço questão de manter à vista o ano inteiro, pelo mesmo motivo que como panetone e a farofa de lentilha da minha sogra fora de época.


Neste 2022, porém, Vanessa Araújo pediu socorro no Cluboca, o grupo dos apoiadores maravilhosos do Gatoca, e parece que Jackson Galaxy ouviu lá nos Estados Unidos. Em vez de publicar mais um capítulo da série inspirada em seu livro O Encantador de Gatos, portanto, investi em uma releitura das dicas deste vídeo, para todo mundo atravessar as festas de fim de ano sem contratempos. :)

:: Decoração segura

Prenda a árvore de Natal na parede
Bichanos são arborícolas e há uma grande chance de tentarem escalar a coitada em busca de um ponto de vista diferente da sala.

Escolha enfeites não-quebráveis
Vidro, por exemplo, nem pensar! E amarre bem nos galhos, para o caso (bem provável) de virarem brinquedo.


Proteja a fiação das luzinhas
Pelo menos o pedaço que pode ir parar na boca, chiclete sabor choque. Eu fiz isso com os cabos do computador, nove anos atrás, e os spiradutos seguem firmes e fortes.

Evite pinha, festão e neve artificial
Pinha pelas pontas afiadas. Festão porque, se engolido, pode enganchar em vários pontos da garganta até o intestino, causando asfixia, bloqueios, infecções e até morte. E neve artificial, você deve imaginar, por causa da toxidade.

Tome cuidado com a rega
A água saborizada de pinheiro que fica no pratinho do vaso também é tóxica — claro que quem optar pela versão artificial não enfrentará esse problema. rs


Use raspas de frutas cítricas
Nunca testei, mas dizem que o cheiro da casca da laranja e do limão mantém os gatos mais atentados afastados — conte nos comentários se realmente funciona!

Improvise uma árvore para eles
Da modesta estante àqueles arranhadores fortunosos de múltiplos andares, vale qualquer recurso que permita aos peludos participarem das comemorações nas alturas — só não coloque colado à árvore oficial por motivos óbvios.

Esconda os presentes
Você não quer embrulhos personalizados para um Halloween que já passou, né? — sem contar que os laços de fita apresentam os mesmos riscos do festão.


:: Comidas perigosas

A lista escrola, mas estas costumam estar em todas as ceias…

- Chocolate: é tóxico.
- Temperos, como cebola e alho: são tóxicos também.
- Osso cozido: pode perfurar os órgãos internos.
- Leite e derivados: tendem a provocar vômitos e diarreia — a maioria dos gatos tem intolerância à lactose, ao contrário do que mostravam os desenhos animados.
- Álcool: não deveria ser consumido nem por humanos em festas de família. rs

:: Plantas tóxicas natalinas

- Azevinho
- Visco
- Amarílis
- Narcisos
- Lírio

E as principais não-natalinas aqui.

10.8.22

15º aniversário do Gatoca!

Este é um post sobre amor. Porque, sim, a história do Gatoca tem marcos importantes: 1.662 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores — mais e-book, boletim, canal no Youtube. 115 gatos, oito cachorros, quatro aves socorridos e um mutirão de castração. Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 12 mil comentários.

Gente linda que comprou rifa para ajudar nos resgates e produtos da extinta lojinha, contribuiu para o financiamento coletivo, participa do nosso clube de assinaturas — falta 1% para bater a quarta meta! Projetos extrapolados indiretamente para a ONU, Sesc, Yahoo!. 27 parceiros ao longo da jornada, com destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba.

Mas esses números não bastam para me roubar da cama nos dias chuvosos. Nem honram todos os boletos, sejamos honestos.

Eu continuo porque amo o universo que os bigodes pariram em mim e sei que o planeta nasceria outro se aprendêssemos a sentir os animais. Planto sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Tomo porta na cara, desanimo frequentemente e então lembro que o tempo está ao meu lado — foram só 42 anos.

Desta vez, por causa da covid e da morte do Mercv, não consegui organizar o clássico festerê virtual. Mas comemorei com Leo, parceiro de vida, e com os bigodes, recomeço. E quem se inscrever no Cluboca até o fim do mês vai ganhar de presente todas as nossas superproducinhas!

Obrigada por despiorarem o mundo comigo nestes 15 anos! ❤




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