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29.6.07

Prólogo

Atualizado em 02.12.08

Diferente do Calvin, que levava para a escola Velociraptors e Tiranossauros Rex, ou da Mônica, que vivia brigando por causa do Sansão, seu coelho de pano azul, eu nunca tive um animal de estimação. Na verdade, minha mãe abriu exceção aos peixes, escolha que provocava certa frustração e boa dose de tédio em uma criança hiperativa.

Mas se a gente pedia algo mais dinâmico do que limpar o aquário mensalmente ou despedir-se dos cadáveres reluzentes antes de puxar a descarga, o diabo da razão tratava de assombrá-la com duas palavras impronunciáveis: gasto e bagunça, deixando para segundo plano (ou melhor, para um plano inexistente) a experiência de se aprender a aconchegar um coração que vive fora do seu corpo, mas bate cada segundo em sintonia ao seu.

Como mecanismo de compensação, acredito, cresci simpatizando com todas as vilãs dos filmes da Disney, de Rainha de Copas a Cruela Cruel, até que, 25 anos depois, o namorado da época me convenceu a adotar um algodão com pernas chamado Mercvrivs (02.12.05).

Nessa fase, eu ainda achava que conseguiria desinfetar as patinhas dele com álcool sempre que saísse da caixa de areia e ria do nome do cachorro da vizinha, pronunciado em tons agudos.

Aí, veio a Clara Luz, abandonada com os filhotes que nem cheguei a conhecer em um saco de lixo (10.04.06). E o Simba, machucado de briga (17.09.06). E a Chocolate, ainda bebê (14.02.07). E a Guda, mamãe (07.05.07). De cinco (22.05.07), atrapalhadamente batizadas como Queixinho (Kekinha), Pimenta, Vaquinho (Jujuba), Bufosa (Pufosa) e Branquinho/Pimpão (Pipoca).

Essas dez histórias vêm sendo contadas em novelinhas, cada vez que um bigode faz aniversário:

:: Exército de um homem só (Mercvrivs)
:: Dividir para multiplicar (Clara Luz)
:: Um é pouco, dois é bom, três vira festa! (Simba)
:: Bagagem extra (Chocolate)
:: Golpe da barriga (Guda)
:: Pane no sistema! (Gudinhas)

Nos demais posts, relatos atuais e empoeirados se misturam sem preocupação com a ordem cronológica, ora embalados pelo olhar ingênuo da descoberta, ora salpicados de uma ironia que só o cotidiano é capaz de maturar.

Respeitável público, apresento-lhes Gatoca.