
Mas só recentemente descobri que essa loucura tem método e pode ser sinal de alerta. A causa mais comum leva o nome pomposo de Períodos Frenéticos de Atividade Aleatória, o que significa, no populacho, que o gato desembesta a correr para queimar a energia acumulada ao longo do dia, como uma resposta quase involuntária do corpo — sim, faltou brincadeira.

Se ele já passou dos dez anos, porém, vale uma conversa com o veterinário, porque a outra suspeita é de hipertireoidismo, uma alteração hormonal que acelera o metabolismo, provocando problemas cardíacos, gastrintestinais e renais, e demanda tratamento medicamentoso para controle ou cirurgia.
O diagnóstico pede exames laboratoriais, principalmente dosagem hormonal de T4. Mas estes sintomas dão uma pista do quadro: perda de peso mesmo comendo mais, a hiperatividade constatada nos ralis, vômitos frequentes, problemas na pelagem, aumento na ingestão de água e no volume de xixi, agressividade.
Há, ainda, um terceiro motivo: a hiperestesia, síndrome rara caracterizada por sensibilidade extrema na pele e um conjunto de comportamentos obsessivos, como mordedura, lambedura e vocalização excessivas, perseguição ao próprio rabo, corridas ou pulos fora de controle — o animal pode apresentar também dilatação das pupilas, ondulações no lombo e até espasmos musculares.
A doença não tem origem clara nem cura, mas medicação aliada a brincadeiras e enriquecimento ambiental devolvem a qualidade de vida. Essa dica vale para qualquer bicho, aliás — tirando a parte do remédio, claro.
E não preciso comentar que às vezes os bigodes enlouquecem só porque estão perseguindo um insetinho que a gente não viu ou escutaram um som que ouvidos humanos não captam, né?