Eu já contei aqui que não sou uma adulta natalina ― nem de rituais em geral. Gosto de marcar começos e encerramentos de ciclos, mas de um jeito que faça sentido para mim, não por imposição social. Na infância, inclusive, aproveitava o pacote completo do Natal, com pinheiro natural, presépio decorado, luzinhas na calçada, Papai Noel deixando rastro de brocal, uvas passas herdadas dos panetones alheios.
Depois deste 2023 desafiador, Leo e eu decidimos, então, ficar por aqui mesmo, em Araçoiaba, com lasanha de marmita e a companhia dos gatos sobreviventes ― de volta ao masculino porque Intrú fez questão de participar da ceia da tarde.
Pimenta foi a única que ganhou brinquedo, já que, 16 anos e 7 meses depois, ainda se diverte caçando bichos animados e inanimados. Batizei o ratinho de Topo Gigio, um sonho nunca realizado, pois a Bia criança queria uma versão que falasse e se mexesse sozinha, como a da televisão.
Chocolate curtiu a escovação-cafuné, compatível com seus 17 anos, e os croquetes no parquinho, em que ficou semanas sem conseguir subir por causa da ataxia.
Já Keka não conseguiu aproveitar nem os croquetes nem o parquinho, porque perdeu quase 1 kg desde o ataque do Intrú ― como as irmãs, ela também passou dos 16 anos, avançada na insuficiência renal. Mas compensei comprando uma ração nova, ainda mais cara do que a anterior, pois o céu é o limite para essa gente. E o paladar seletivo da frajola aprovou!
Jujuba teve seus arranhadores horizontais de papelão renovados.
E Intrú ficou com os de segunda mão, como todo irmão mais novo ― a caminha Leo improvisou por causa das noites frias. A ideia é ele acostumar com ela no seu cantinho favorito para depois a gente colocar em um lugar mais protegido.
No sachê especial a criatura nem tocou, preferindo a boa e velha Pet Delícia ― não sem antes me bater (story nos destaques do Instagram). Capacidade de lidar com a frustração: 2, cruzado de esquerda: 10. rs
Ainda rolou o Amigo Secreto de Talentos do Cluboca, nosso grupo de apoiadores, em que presenteei a Adrina com uma radionovela de O Gato e o Diabo, escrito por James Joyce ― foram três dias para gravar a narração (prefeitura asfaltado a rua com caminhões da Idade Média), incluir a trilha sonora e os barulhinhos todos, fotografar e tratar a imagem da Pips.
E da Vanessa ganhei esta ilustra com o Intrú, que ainda procura uma família para poder morar do outro lado da porta de vidro.
Também a versão digital do livro Relatos de um Gato Viajante, de Hiro Arikawa, um vídeo de bigodices e esta mensagem apertável:
Meus presentes são a razão disso aqui existir (de novo Bia!). Separei uma imagem que me fez pensar em você com o Intrú e aquele livro que falei: Relatos de um Gato Viajante. Não só porque os seus viajaram um bocado contigo (SBC, Sorocaba, Araçoiaba) como também porque tanto a vida quanto a passagem para o outro lado são uma viagem, e me conforta pensar que, de vez em quando, tanto nós quanto nossos amados gatinhos viajamos cruzando a fronteira entre os planos para matar a saudade. ❤️
Espero que o festerê por aí tenha tido a cara de vocês. A retrospectiva vai ficar para o ano que vem, quando todo mundo voltar à rotina de pagador de boletos, para compensar a trabalheira. :)
27.12.23
Choco com as patas descoordenadas e ataxia em gatos
Acordar com gatos idosos é sempre uma surpresa: qualquer parte do corpo que estava funcionando perfeitamente no dia anterior pode ficar esquisita e foi exatamente o que aconteceu com a Chocolate no fim do mês passado ― demorei para contar aqui porque queria ver como ela respondia ao tratamento homeopático.
A gente estava almoçando quando notei, com um certo grau de desespero (já imaginando as fraldas e como impedir a ranheta de subir nas coisas) que a pata esquerda da frente entortava durante a caminhada e seguia arrastada, como se estivesse adormecida, enquanto a traseira sobrava esticada ao sentar.
Essa falta de controle sobre as próprias pernas, chamada de ataxia, a fazia desequilibrar, principalmente em superfícies lisas, e se estabacar no chão. Quando arriava, a pequena demorava para conseguir levantar. Travava do nada nos passeios, justo ela, que não tem parada. E nem na caminha deitava direito.
Os veterinários atribuíram o sintoma neurológico à idade avançada, uma espécie de curto-circuito no cérebro, e esperavam retardar a evolução. Mas o que ocorreu foi que a criatura de 17 anos recuperou quase totalmente a coordenação, deixando escapar só de vez em quando esta curvinha charmosa:
A gente estava almoçando quando notei, com um certo grau de desespero (já imaginando as fraldas e como impedir a ranheta de subir nas coisas) que a pata esquerda da frente entortava durante a caminhada e seguia arrastada, como se estivesse adormecida, enquanto a traseira sobrava esticada ao sentar.
Essa falta de controle sobre as próprias pernas, chamada de ataxia, a fazia desequilibrar, principalmente em superfícies lisas, e se estabacar no chão. Quando arriava, a pequena demorava para conseguir levantar. Travava do nada nos passeios, justo ela, que não tem parada. E nem na caminha deitava direito.
Os veterinários atribuíram o sintoma neurológico à idade avançada, uma espécie de curto-circuito no cérebro, e esperavam retardar a evolução. Mas o que ocorreu foi que a criatura de 17 anos recuperou quase totalmente a coordenação, deixando escapar só de vez em quando esta curvinha charmosa:
20.12.23
Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
Querido Papai Noel...
Ok, eu não sou mais filhote para acreditar em idosos obesos que cabem em chaminés, mas resolvi apelar porque Márcia disse que preciso de um milagre ― viu que estou por dentro dos memes das redes sociais?
Tive quatro anos de vida louca na rua: cacei todo tipo de bicho, passei o rodo geral, briguei sem perder um pedacinho sequer das orelhas. Só que estou cansado, sabe? Quando vi que é possível receber cafuné em vez de vassourada, poder comer devagar, sem medo e tomar sol largadão, confesso que tentei roubar essa família.
Outras gatas, porém, chegaram antes de mim. E elas são velhas, renais e apelonas. Acredita que meu clone frajola parou de comer só porque me vê pela porta de vidro? Bom, talvez ela se lembre que eu lhe dei uns sopapos quando invadi o gatil.
Mas não é justo, porque ela continua com a melhor parte! Posso dizer com propriedade, pois consegui entrar no quarto da Márcia esses dias. Precisa ver a cara dela, alérgica a gatos, saindo do chuveiro! Essa, na verdade, foi minha segunda aventura. Na primeira, ela ficou perplexa por me pegar deitado no chão e não na cama. Eu sei lá o que é cama!
Só queria companhia. Sigo a Márcia pelas janelas, mio para chamar a atenção, acontece que, se ela se mexe de um jeito que eu não esperava, lembro de todas as vezes em que me machucaram e o ataque escapa. Pelo menos da última não saiu sangue. Ela comemorou. Eu também, porque posso ganhar mais carinhos ― que faço questão de receber com a boca aberta.
Os xixis de marcação de território já superei. A castração também me tirou a vontade de paquerar as minas e sair na mão com os manés. Mas não me peça para passar a madrugada embaixo do contêiner porque também não virei padre, né? Márcia fica angustiada e fala que minha casa precisará de enriquecimento ambiental.
Ainda tem a tal da FeLV, que sequer entendi e, mesmo assim, diminui minhas chances de recomeçar. O que pode ganhar de patinhas de elefante?
Ah, sim, eu dou prejuízo na ração, não vou mentir. Mas sou um gato de gostos simples ― transformo pedra em travesseiro!
E, quando começa a chover, para aumentar a culpa da Márcia, pisco de um olho só. Me arruma um cover dela? Nunca te pedi nada!
Valeu, falou!
Intrú/Quino
P.S.: Estou publicando stories com frequência do figura no Instagram, todos reunidos nos destaques.
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
Ok, eu não sou mais filhote para acreditar em idosos obesos que cabem em chaminés, mas resolvi apelar porque Márcia disse que preciso de um milagre ― viu que estou por dentro dos memes das redes sociais?
Tive quatro anos de vida louca na rua: cacei todo tipo de bicho, passei o rodo geral, briguei sem perder um pedacinho sequer das orelhas. Só que estou cansado, sabe? Quando vi que é possível receber cafuné em vez de vassourada, poder comer devagar, sem medo e tomar sol largadão, confesso que tentei roubar essa família.
Outras gatas, porém, chegaram antes de mim. E elas são velhas, renais e apelonas. Acredita que meu clone frajola parou de comer só porque me vê pela porta de vidro? Bom, talvez ela se lembre que eu lhe dei uns sopapos quando invadi o gatil.
Mas não é justo, porque ela continua com a melhor parte! Posso dizer com propriedade, pois consegui entrar no quarto da Márcia esses dias. Precisa ver a cara dela, alérgica a gatos, saindo do chuveiro! Essa, na verdade, foi minha segunda aventura. Na primeira, ela ficou perplexa por me pegar deitado no chão e não na cama. Eu sei lá o que é cama!
Só queria companhia. Sigo a Márcia pelas janelas, mio para chamar a atenção, acontece que, se ela se mexe de um jeito que eu não esperava, lembro de todas as vezes em que me machucaram e o ataque escapa. Pelo menos da última não saiu sangue. Ela comemorou. Eu também, porque posso ganhar mais carinhos ― que faço questão de receber com a boca aberta.
Os xixis de marcação de território já superei. A castração também me tirou a vontade de paquerar as minas e sair na mão com os manés. Mas não me peça para passar a madrugada embaixo do contêiner porque também não virei padre, né? Márcia fica angustiada e fala que minha casa precisará de enriquecimento ambiental.
Ainda tem a tal da FeLV, que sequer entendi e, mesmo assim, diminui minhas chances de recomeçar. O que pode ganhar de patinhas de elefante?
Ah, sim, eu dou prejuízo na ração, não vou mentir. Mas sou um gato de gostos simples ― transformo pedra em travesseiro!
E, quando começa a chover, para aumentar a culpa da Márcia, pisco de um olho só. Me arruma um cover dela? Nunca te pedi nada!
Valeu, falou!
Intrú/Quino
P.S.: Estou publicando stories com frequência do figura no Instagram, todos reunidos nos destaques.
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
15.12.23
Gato medroso: faça do esconderijo casulo! | EG #25
Quando um peludo habita verdadeiramente um espaço, mesmo que goste de ficar embaixo da mesa ou no alto da estante, como comentamos no capítulo anterior desta série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, tem uma linguagem corporal relaxada, com as orelhas voltadas para frente, analisando o entorno de forma não vigilante.
Viver sob a cama ou sobre a geladeira, por outro lado, é querer se tornar invisível ― agachar-se não significa conforto, assim como buscar um cantinho protegido não sinaliza confiança. Se o medo for a emoção prevalente, embora comova, a gente não deve encorajar ― levar comida ou banheiro até o esconderijo só fará com que o bichano se sinta ainda menor.
Como resolver, então? Transformando "cavernas" inacessíveis em "casulos" controlados. Tocas, túneis e até caixas de transporte fornecidos por nós como lugares para passar o tempo e evitar o estresse desafiam, em vez de acomodar. E podem, aos poucos, ir para as áreas sociais, integrando as atividades da casa ― o gato fica seguro, sem desaparecer.
E, nessa metamorfose, acaba descobrindo sua versão mais cheia de gatitude.
Sim, eu tentei botar asas na Jujuba
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
Viver sob a cama ou sobre a geladeira, por outro lado, é querer se tornar invisível ― agachar-se não significa conforto, assim como buscar um cantinho protegido não sinaliza confiança. Se o medo for a emoção prevalente, embora comova, a gente não deve encorajar ― levar comida ou banheiro até o esconderijo só fará com que o bichano se sinta ainda menor.
Como resolver, então? Transformando "cavernas" inacessíveis em "casulos" controlados. Tocas, túneis e até caixas de transporte fornecidos por nós como lugares para passar o tempo e evitar o estresse desafiam, em vez de acomodar. E podem, aos poucos, ir para as áreas sociais, integrando as atividades da casa ― o gato fica seguro, sem desaparecer.
E, nessa metamorfose, acaba descobrindo sua versão mais cheia de gatitude.
Sim, eu tentei botar asas na Jujuba
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
8.12.23
Parquinho vertical: como acostumar os gatos (ou não)
Envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― já escrevi sobre isso algumas vezes, mas neste ano cheguei perto do chefão. As adaptações demoram mais, o corpo não funciona da mesma forma, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.
E foi assim que nosso projeto do parquinho vertical completou seis meses ― da obra para isolar e revestir as portas do contêiner à última rodada de croquetes felinos, no domingo. Só que estou me adiantando: a real é que achei que liberaria a entrada no escritório e as gatas de mais de 16 anos se estapeariam para ver quem experimentaria o playground primeiro.
Elas já trepam na estante do corredor, dormem na prateleira mais alta da sala, vira e mexe derrubam a caixa de Pet Delícia do topo da estante da lavanderia. Mas ignoraram solenemente o empreendimento doado pelas queridas Vanessa Aguiar e Laíze Damasceno.
Em 23 de julho, eu tentei sensibilizar a gangue com sachê ― o catnip nem contou. Keka conseguiu comer sem subir, equilibrada em duas patas. Jujuba, colocada por mim na primeira prateleira, derrubou o potinho e pulou em seguida, no maior estilo Joelma ― o edifício em chamas, não a cantora. Ninguém entendia a escada vazada.
No sábado seguinte, comprei Churu, que as meninas do Cluboca chamam de "cocaína dos gatos", na expectativa de guiar as peludas pelo circuito. Chocolate arremessou para todo lado. Pimenta cheirou e saiu andando. Jujuba derrubou o celular que filmava o mico, quebrando meu tripé. Só Keka aprovou, mas também não foi muito longe ― aí, quando eu já havia desistido, se aventurou sozinha.
O terceiro teste rolou no dia 5 de agosto, com Dreamies, que definitivamente fez mais sucesso, tirando a ânsia de vômito da Pips, que esfarelava os croquetinhos, e da Choco, que demorava tanto para mastigar que eles caíam da boca. Gostar do petisco, aliás, não significa gostar do parquinho. As criaturas ficavam atrás de mim (e do pacote), sem perceber o conteúdo espalhado no playground.
E só Pimenta venceu o desafio da ponte, a única parte instável do conjunto ― Keka levou mais duas semanas e Choco conseguiu apenas em 11 de setembro! O recorde de travessia da escadinha vazada ficou com a frajola, em 20 de agosto ― isso porque eu deixei uma distância conservadora entre os degraus!
De lá para cá, em todo fim de semana distribuo croquetes entre os módulos, que Pips nunca mais arriscou a procurar. Jujuba segue achando tudo muito estranho. E a maior emoção ocorreu quando Choco e Keka disputaram o mesmo petisco, por lados diferentes da ponte ― ainda um tabu.
Keka só vai mesmo pela comida. Mas a ranheta adora se isolar das irmãs no refúgio que apelidamos de "casa das montanhas".
Já valeu a empreitada. :)
P.S.: Eu gravei (e decupei e editei) 45 vídeos para vocês se divertirem rindo da minha cara, morrerem de fofura com as gatas e aprenderem uma ou outra coisinha ― mesmo que seja o que não fazer quando o assunto envolve parquinho vertical, guloseimas e gatos.
E foi assim que nosso projeto do parquinho vertical completou seis meses ― da obra para isolar e revestir as portas do contêiner à última rodada de croquetes felinos, no domingo. Só que estou me adiantando: a real é que achei que liberaria a entrada no escritório e as gatas de mais de 16 anos se estapeariam para ver quem experimentaria o playground primeiro.
Elas já trepam na estante do corredor, dormem na prateleira mais alta da sala, vira e mexe derrubam a caixa de Pet Delícia do topo da estante da lavanderia. Mas ignoraram solenemente o empreendimento doado pelas queridas Vanessa Aguiar e Laíze Damasceno.
Em 23 de julho, eu tentei sensibilizar a gangue com sachê ― o catnip nem contou. Keka conseguiu comer sem subir, equilibrada em duas patas. Jujuba, colocada por mim na primeira prateleira, derrubou o potinho e pulou em seguida, no maior estilo Joelma ― o edifício em chamas, não a cantora. Ninguém entendia a escada vazada.
No sábado seguinte, comprei Churu, que as meninas do Cluboca chamam de "cocaína dos gatos", na expectativa de guiar as peludas pelo circuito. Chocolate arremessou para todo lado. Pimenta cheirou e saiu andando. Jujuba derrubou o celular que filmava o mico, quebrando meu tripé. Só Keka aprovou, mas também não foi muito longe ― aí, quando eu já havia desistido, se aventurou sozinha.
O terceiro teste rolou no dia 5 de agosto, com Dreamies, que definitivamente fez mais sucesso, tirando a ânsia de vômito da Pips, que esfarelava os croquetinhos, e da Choco, que demorava tanto para mastigar que eles caíam da boca. Gostar do petisco, aliás, não significa gostar do parquinho. As criaturas ficavam atrás de mim (e do pacote), sem perceber o conteúdo espalhado no playground.
E só Pimenta venceu o desafio da ponte, a única parte instável do conjunto ― Keka levou mais duas semanas e Choco conseguiu apenas em 11 de setembro! O recorde de travessia da escadinha vazada ficou com a frajola, em 20 de agosto ― isso porque eu deixei uma distância conservadora entre os degraus!
De lá para cá, em todo fim de semana distribuo croquetes entre os módulos, que Pips nunca mais arriscou a procurar. Jujuba segue achando tudo muito estranho. E a maior emoção ocorreu quando Choco e Keka disputaram o mesmo petisco, por lados diferentes da ponte ― ainda um tabu.
Keka só vai mesmo pela comida. Mas a ranheta adora se isolar das irmãs no refúgio que apelidamos de "casa das montanhas".
Já valeu a empreitada. :)
P.S.: Eu gravei (e decupei e editei) 45 vídeos para vocês se divertirem rindo da minha cara, morrerem de fofura com as gatas e aprenderem uma ou outra coisinha ― mesmo que seja o que não fazer quando o assunto envolve parquinho vertical, guloseimas e gatos.
1.12.23
Um morto muito louco e perdão felino
Stories da epopeia completa nos destaques do Instagram!
Amanhã, completa 18 anos que eu trouxe o primeiro gato para casa. Mercv mudou minha vida, mas morreu às vésperas dos 17 e quero usar este post para mudar a vida de um gato que não posso colocar para dentro de casa. Seguindo a epopeia de adoção do Intrú, faltou falar justamente dos desafios de um pós-operatório outdoor.
Grogue da anestesia até anoitecer, toda hora eu precisava tirar o coitado do sol, sem a facilidade de pegá-lo no colo. A boca só abriu para comer às 18h, ainda descoordenado. E, quando começou a chover (porque precisava fazer todas as estações no mesmo dia), ele sumiu. Na manhã seguinte, chegou atrasado para o café e desistiu na metade para se proteger em cima do muro do monstro que lhe providenciou uma brazilian wax vexatória.
Ainda voltou à noite, em busca da outra metade de ração, vazando sem querer saber de papo ― o sachê com que o atraí para dentro da caixa de transporte, aliás, nem lambeu. Mas devem ser poucas as ofertas de alimentação com carinho na região e na quarta-feira o marrento voltou a acampar na porta da lavanderia.
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
Amanhã, completa 18 anos que eu trouxe o primeiro gato para casa. Mercv mudou minha vida, mas morreu às vésperas dos 17 e quero usar este post para mudar a vida de um gato que não posso colocar para dentro de casa. Seguindo a epopeia de adoção do Intrú, faltou falar justamente dos desafios de um pós-operatório outdoor.
Grogue da anestesia até anoitecer, toda hora eu precisava tirar o coitado do sol, sem a facilidade de pegá-lo no colo. A boca só abriu para comer às 18h, ainda descoordenado. E, quando começou a chover (porque precisava fazer todas as estações no mesmo dia), ele sumiu. Na manhã seguinte, chegou atrasado para o café e desistiu na metade para se proteger em cima do muro do monstro que lhe providenciou uma brazilian wax vexatória.
Ainda voltou à noite, em busca da outra metade de ração, vazando sem querer saber de papo ― o sachê com que o atraí para dentro da caixa de transporte, aliás, nem lambeu. Mas devem ser poucas as ofertas de alimentação com carinho na região e na quarta-feira o marrento voltou a acampar na porta da lavanderia.
Epopeia do Intruso
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