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4.3.22

Polêmica: você clonaria seu gato?

Mercvrivs é, sem espaço para dúvida, uma das coisas mais importantes da minha existência — amor, família, projeto de mundo melhor em forma de gato. Cada aniversário dele, desde 2018, me divide ao meio: a metade que comemora quão longe nós chegamos juntos e a metade que nota o tempo acabando nos quilos perdidos. 16 anos!

A ideia da clonagem apela justamente à nossa dificuldade com despedidas. Mas envolve questões delicadas — supondo que você tenha US$ 35 mil (sim, dólares), o que definitivamente não é meu caso, mesmo vendendo a casa, rs. Parece justo explorar outros animais para, depois de várias gestações (e filhotes, num mundo já tingido pelo abandono), parir o clone "perfeito"?

E o que constitui um indivíduo? Apenas moléculas de DNA? Nada de alma, espírito, costela de Adão? Onde entram as experiências vividas? Se eu adotasse Mercv hoje, com a bagagem de dezenas de resgates (e cicatrizes pelas perdas), ele seria o mesmo gato daquela Beatriz que nem sabia que gostava de gatos? Não fomos nós criando um ao outro na jornada?

O especialista em comportamento felino Jackson Galaxy conta em seu vídeo, inclusive, que Snuppy, cachorro clonado em 2005, morreu exatamente do mesmo câncer que o original. Você faria um ser amado passar por isso duas vezes? Quando fecho os olhos e lembro da Clara ou do Simba, grito mudo — de jeito nenhum!

Atravessar o luto dói, eu sei. Mas nos mantêm íntegros.

5 comentários:

Marina Kater disse...

Bia, concordo com você em gênero e número.
A perda dói demais, mas vale pela experiência vivida.
Querer repetir a mesma experiência é tanto uma questão de apego quanto de medo de viver outras novas.
Meu coração anda apertado de saudades da Olívia (que partiu em 2019!), mas olho para os 4 felinos com quem partilho residência e vida e não consigo imaginar viver sempre uma mesma história. Cada indivíduo traz um tanto e deixa outro. Perder faz parte.
Aperta bastante o Mercv pra saudade ser menor quando ele partir (até parece...). ♥️

Anônimo disse...

Com certeza eu não faria. O que faz deles seres tão especiais é justamente o fato de serem únicos...

wcris disse...

Se eu responder sem pensar digo sim! quero clones de Tiffany, Bóris, Mingau I e II, Peluda, Docinho, Gwaine... aí vou vendo que a lista seria enorme e que isso é apenas um defeito humano de posse. A gente demora a aceitar que cada ser amado é também um ser livre e com sua propria jornada evolutiva. Partir faz parte.

Alessandra Frazato disse...

Amei e amo cada um dos meus pets. Nossa jornada juntos se acaba quando a jornada deles termina. Penso que honro a memória deles ao me tornar uma tutora melhor adotando outros pets.

Beatriz Levischi disse...

Você sabe o quanto esse desapego é difícil para sua amiga capricorniana, né, Má? rs

Mas concordo que faz parte, Cris.

E dar uma chance aos outros tantos que estão na rua é bem mais legal mesmo, Alessandra.