Esse "finzinho" já dura 11 anos, a maior sobrevida que conheço de um animal com doença renal — caçando passarinho! Na quarta-feira passada, porém, recebi a confirmação de outro diagnóstico angustiante: a demora na recuperação da última crise de vômitos, com desidratação e letargia, associada a sintomas respiratórios (secreção no nariz e rangido no peito) e zero grama de peso perdido, se devia a um derrame (ou efusão) pleural.

Precisei pagar um veterinário da cidade para vir aqui em casa, que me obrigou a trazer também uma equipe de raio-x porque, sem tosse, todo mundo considerava a hipótese pessimista. Acontece que vi minha mãe dormir sentada várias noites antes de sucumbir à última internação, justamente por derrame pleural — no caso dela, desdobramento do câncer.

E diferente dos humanos, os gatos não entendem a drenagem. Pipoca ainda tem suspeita de ser cardiopata, porque ficou roxa com a simples tentativa de coleta sangue, fato que já havia ocorrido em 2018, quando desisti de monitorar a evolução renal — o raio-x esclareceria, se o líquido não estivesse cobrindo o coração. E seus 16 anos tornam a anestesia um risco ainda maior.

Me toquei que não expliquei o que é derrame pleural, né? Entre os pulmões e a caixa torácica existe uma membrana chamada pleura, recheada de líquido para reduzir o atrito enquanto a gente respira. Quando acumula líquido demais nessa região, por causas variadas e de tipos diferentes também, dificultando a respiração, o pessoal do jaleco branco chama de derrame pleural.
Além do suposto problema no coração (e da doença renal), o vet não descarta a possibilidade de FeLV (leucemia felina), que sempre aparece no fim de vida dos bigodes de Gatoca — adotados numa época em que não se testava e cujo resultado do Mercv, no ano passado, deu negativo. Só que nunca saberemos porque, dessa vez, decidi não fazer o procedimento.
Não acho justo que a última lembrança da pequena seja o terror de um lugar estranho, com gente desconhecida, depois de uma viagem interminável de carro — não tem hospital veterinário em Araçoiaba da Serra. E, mesmo que ela sobreviva, em alguns pacientes o líquido volta a descompensar na semana seguinte.
Existe a chance inversa também, de o corpo reabsorver sozinho, mas o vet duvida que dê tempo. Ele não sabe que Pipoca é uma boa vivedora. E está sendo cuidada por mim e pela Jujuba, enquanto puder aproveitar.

8 comentários:
Amei suas considerações. Eu também não acho justo, depois de superar tantas falhas no funcionamento "normal" do corpo, e ter vivido entre gatos e pessoas que a amam, terminar a vida entre estranhos e sofrendo manipulações estressantes. Afagos na Pips, ❤️ da tia Cris
Que tristeza...apesar de toda a sua capacidade de suavizar com um texto perfeito
Ela é amada e bem cuidada…
Caramba, que sobrevida de respeito<3 essas coisas acontecem e a gente fica nesse dilema... Não tem certo ou errado, mas acho que também escolheria nessa situação manter ela por perto. Um abraço apertado pra vc e seus bigodes, Bia. Torcendo pelo melhor pra vocês sempre.
Que linda história de vocês, mesmo que tenha acontrcido tudo isso e que ainda acontece. O que em que ela partir para o céu dos gatinhos, com certeza terá boas lembranças e uma gratidão infinita.
Concordo com você Bia. Se for possível a última lembrança deve ser boa e cheia de paz.
Bia, vou dizer o mesmo que vc me disse na partida do Spock. Não existe escolha errada quando a que vc faz é priorizando o bem do bichinho. Beijos nas duas.
Vanessa
❤️
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