Com a autoestima turbinada, ela se pôs a rosnar para o frajola que visita nosso terreno — a florestinha ainda não cresceu o suficiente para chamar de chácara. E foram várias madrugadas acordando com taquicardia pela gritaria — fico com dó de tocar o intruso, que está gordinho e deixa a gente chegar relativamente perto, mas toma água do balde em que esvazio os bebedouros para regar as plantas.
Até que ele resolveu invadir o gatil (sem teto porque nossos velhinhos não ousam escalar o alambrado de 2 metros) e só cheguei a tempo de ver a valentona fugindo e Pimenta botando o cara de pau para correr. Foi a primeira, porém, que saiu machucada: um furo de unha nas costas, outro na lateral do corpo e a moral destroçada.
Passou o dia seguinte deitada, sem permitir que ninguém encostasse. E, quando voltou a procurar os croquetes escondidos no parquinho, apareceu esta corcunda — provavelmente um abscesso, causado pelas bactérias da falta de manicure do frajola.
Se o poder não tivesse subido à cabeça, continuaria Esmeralda.