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29.5.14

Castração da Sessão da Tarde

Para conciliar as três agendas e a família Cartoon finalmente ser operada, Michele teve de confiscar a ração da turma às cinco da madrugada do sábado, Dr.ª Ana Lúcia almoçou uma hora mais cedo e eu acabei perdendo o lançamento do livro de uma amiga querida. Mamãe e bebês chegaram à clínica, em Santo André, antes das 13h e às 16h pareciam figurantes do seriado The Walking Dead.


No caminho para São Paulo, a gente ainda teve de parar na farmácia e no pet shop, para comprar os remédios do pós, e eles ensoparam uns aos outros de xixi ― essa via-sacra intermunicipal só rolou porque poucos veterinários castram filhotes de três meses, menos usam a técnica do gancho (que dispensa retorno para a retirada dos pontos) e quase nenhum cobra R$ 60 por bicho.

De volta à casa da Michele, grogues da anestesia, os pequenos dormiam com a cara enfiada nas tigelas de ração, sem ligar para a esfregação frenética de toalhas no pelo molhado.


E tomaram o medicamento para a dor numa boa. Difícil foi proteger o microcorte costurado. As roupinhas da loja eram grandes demais eu fiquei traumatizada com colares elisabetanos por causa do Sparky. Munidos de ataduras e rolos de esparadrapo, nós embrulhamos a MiniMercv de várias formas, mas o corte, mais baixo do que o normal, sempre sobrava exposto e a bundinha coberta.


Até que o Cléber teve a ideia de fazer dois furos na faixa para as patas traseiras e logo (mentira, já passava das 19h30!) as quatro piticas estavam cambaleando pelo escritório com roupinhas cirúrgicas artesanais exclusivas ― machos não precisam de blindagem, provando que no mundo animal eles também se dão melhor.


Na semana que vem, publico o post oficial de doação. Preparem o coração! E o fígado e os rins. :)


Epopeia da família Cartoon na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Nasceram!
:: Comédia romântica que virou drama
:: Drama que virou romance
:: Bebês de chocolate
:: Bolão e batizado
:: Para matar de ternura
:: A primeira ida ao vet a gente nunca esquece

28.5.14

Mais aniversariantes do mês - maio de 2014

Eu acordei cedinho, esperei a câmera carregar e tirei 66 fotos das Gudinhas fazendo gudices ao longo do dia, para eternizar os 7 anos em Gatoca. Na hora do "parabéns", a Eletropaulo cortou a luz e as pequenas não puderam soprar a única vela da casa. Mas Pipoca continuou sendo adocicadamente arisca.


Keka continuou rolando de barriga para me provocar a distância.


Pufosa continuou impedindo o uso do banheiro coletivo com suas cochiladas.


Pimenta continuou roubando o cafuné das irmãs ― e dos amigos, e das visitas.


Jujuba continuou dividida entre ganhar um agrado e se esconder no primeiro buraco que aparecer pela frente.


Esses vícios de personalidade e comportamento enchem minhas manhãs de ternura, agitam as tardes e esquentam as noites ― com ou sem energia elétrica.

*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

23.5.14

Eletropaulo Estraga Festa

A previsão era de sol. Quando a tempestade começou a cair, mal deu tempo de fechar as janelas e nós já estávamos sem luz, com a roupa encharcada na máquina, o computador morto, o celular semimorto e o armário queimado de vela ― tirando o princípio de incêndio, o resto acontece frequentemente por aqui, para desespero desta jornalista geek. Eis o motivo do atraso na publicação do post de aniversário das Gudinhas. Prometo compensar com fotos em quíntuplo. :)


21.5.14

Release the Kraken

Os motoboys e o cachorro da vizinha quase me enlouqueceram. Eu sublimei. Aí veio a transportadora, com os apitos dos caminhões dando ré de madrugada. Eu sublimei. Começaram, então, uma obra duas casas ao lado, que já dura seis meses. Eu sublimei. A Congaz resolveu quebrar todas as ruas do bairro, para instalar a tubulação do gás encanado. Eu sublimei. O recapeamento da Anchieta me fez passar a primeira noite em claro. Eu sublimei. Agora, a cadela do outro vizinho chora ininterruptamente, porque fica presa na corrente. Eu vou matar alguém.

15.5.14

Sobre ajuda: tempo e limites

Faz duas semanas que eu rascunho este post na cabeça e, quando sento no computador para escrever, não sei por onde começar. A história da Mel sensibilizou bastante gente, rendendo sugestões de vaquinha, indicações de lugares que talvez cobrassem mais barato pela cirurgia, questionamentos existenciais variados. E eu me deparei com um misto de sentimentos.

É muito legal ter leitores/amigos que não se fingem de mortos nessas horas. Mas poucos de vocês conhecem os bastidores da proteção animal (ou de qualquer grupo de pessoas que lide com faltas). Por trás dos finais felizes e das fotos coloridas divulgados aqui no blog, há pilhas de travesseiros salgados, de passeios não feitos e de sofás que viraram socorro veterinário.

O mais difícil é aprender a dizer "não". Eu não posso, por exemplo, bancar uma operação de R$ 2 mil e virar as costas para todos os outros moradores da favela que baterão à minha porta com bichos em situação pior à da Mel. Por isso recorri à Metodista. E, depois dela, ainda foram mais seis e-mails trocados, cinco mensagens pelo Facebook e dez ligações.

Universidade de São Paulo, Universidade Paulista, Dr. Emílio Sciammarella, oftalmologista indicado pela Unip, Centro de Diagnóstico De Olho no Bicho, Dr.ª Amelia Leybonz, idealizadora do Veterinários na Estrada, Dr. Eduardo Perlmann, oftalmologista indicado por ela, Dr.ª Marcia Galego, professora da USP.

E Mel continuará cega ― a cirurgia custa caro para um profissional arcar sozinho e as instituições renomadas não estão dando conta da demanda. Tempo perdido, que ninguém fica sabendo porque nunca vira post. Mesmo os happy ending nos roubam um tempão "invisível".

Para dar uma segunda chance à família Cartoon, que vocês amam, eu passo uma tarde do fim de semana a cada 15 dias fotografando e outra editando as imagens, desde fevereiro. A vacinação da pirralhada rendeu a via-sacra São Bernardo-São Paulo-Santo-André-São-Paulo-São Bernado, que se repetirá na castração (adiada por causa da comemoração das mães).

E, com a grana gasta, daria para tirar as férias que fogem de mim há cinco anos! O objetivo deste texto, tão difícil de parir, é mostrar que as coisas são mais complexas do que parecem. E que só educação para os bípedes e castração para os quadrúpedes podem alaranjar o horizonte.

Aguardem o primeiro mutirão do Gatoca ― e outras ideias revolucionárias. :)

13.5.14

Doe calor

A ideia de comprar um sítio com o dinheiro da loteria e encher de bichos abandonados é linda, mas quem arregaça as mangas de verdade para salvar uma vida sabe que a maioria dos cães e gatos que perambulam pelas ruas nunca ganhará um lar ― mesmo que a gente se desdobre em dez, sem esperar o sorteio do próximo sábado.

Você, porém, professor, músico, programador, pintor, advogado, stripper e até jornalista, pode ajudar a poupar um peludo do frio ― encolhidos em buracos, caixas de papelão, terrenos baldios, cemitérios e abrigos de protetores humildes, muitos chegam a morrer. Basta levar qualquer paninho que seu amigo não use mais (ou um novo baratinho) a um dos 30 postos da Campanha do Agasalho do AUG.

Criada em 2009, ela já arrecadou mais de 9,7 mil caminhas, tapetes, cobertores e roupinhas. O posto de São Bernardo, monitorado por mim, fica na Clínica Veterinária Dr. Nivaldo Albolea, localizada na Av. Kennedy, 140, Jardim do Mar. Você mora fora de São Paulo? Procure, então, uma organização não governamental na sua cidade.

Faça um coração a bater quentinho. Ou dois, três, quatro...

9.5.14

Zzzzzzzzzzzzzzzzz

Hoje foi dia de fazer faxina, fazer almoço, fazer as unhas, fazer carinho nos bigodes. Tudo que eu tenho para escrever para vocês é...

7.5.14

Aniversariante do mês - maio de 2014

Para fazer a Gugu* feliz, basta providenciar um janelão com vista para a Anchieta (mar do Caribe não serve!) e uma sessão interminável de carinho de bunda. O ratinho com apito irritante ela deixou para a tresloucada da Pimenta e o sachê, para o gorducho do Simba.


*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

1.5.14

A impotência é amarga

― Oi, moça! A senhora também trabalha com cachorro ou só com gato?
― Nenhum dos dois. Eu trabalho com texto. Por quê?
― É que eu soube que a senhora castrou uns gatos aqui da comunidade e minha cadelinha está cega...

Não adianta: eu mudo de bairro, mas levo na bolsa a fama de louca dos bichos. Mel parou de enxergar aos oito anos de idade e tem passado os dias entre trombadas na mobília e esfregação frenética dos olhos no sofá. Os dois veterinários consultados disseram que não havia o que fazer, só que Carla não se conformou e resolveu pedir ajuda. Jornalista, eu me limitei a fotografar a pequena e enviei por mensagem à Dr.ª Ana Lúcia. A suspeita é de catarata, um quadro até que reversível, embora parcialmente.


Acontece que a cirurgia custa uma fortuna. E o colírio antialérgico que ao menos aliviaria a coceira da peluda precisa de contraste, para garantir que a córnea não possui úlceras. Como coração de pudim não endurece fácil, eu tentei falar com o hospital veterinário da Metodista duas tardes seguidas e acabei apelando à assessoria de imprensa. Apesar de cobrar preços mais em conta, eles não realizam esse tipo de intervenção. E as ideias se esgotaram.

Para Kieślowski, diretor polonês da trilogia das cores, a liberdade é azul, a igualdade branca e a fraternidade vermelha. Se os sentimentos tivessem gosto, para mim, a impotência amargaria a boca.