Preocupada com a emergência climática, a humanidade não percebe que divide a cama com aquele que, se quisesse, poderia causar sua extinção. Sim, estou falando dos gatos! E quem já tentou colocar uma criatura ̶a̶s̶s̶a̶s̶s̶i̶n̶a̶ assustada dentro da caixa de transporte para mudar de casa está me abraçando virtualmente agora. rs
No capítulo anterior desta série, inspirada na bíblia do Jackson Galaxy e financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, expliquei a importância da caça para a gatitude, lembram? E, como todas as partes da fisiologia dos bichanos têm uma função nesse processo, vale a pena destrinchá-las, começando pelo tato.
Diferente da gente, que não fica consciente o tempo inteiro da roupa junto ao corpo, os felinos possuem receptores na pele que indicam o toque continuamente. Isso significa que as células nunca se adaptam ao contato físico e seguem enviando ao cérebro o sinal de "estão relando em mim" — o que os torna supersensíveis.
Até os folículos de pelos dos gatos têm nervos — e aquele carinho que bagunça tudo pode se tornar extremamente irritante. Mais sensível ainda são o focinho, que consegue identificar mudanças na direção do vento e na temperatura, e os dedos e as almofadinhas das patas da frente — por isso, inclusive, que bichanos de pelo longo se incomodam mais com areia no pé.
Preciso citar, ainda, os pelinhos curtos e grossos ao redor da boca e dos pulsos, que servem para detectar vibrações, e a base das garras, responsável por alertar os movimentos mais sutis, habilidade muito útil quando um rato tenta se livrar de seu algoz, por exemplo.
Essa percepção sensorial toda funciona também para defesa, afinal, gatos são presas de animais maiores e quanto antes sacarem os sinais de um ataque, mais rápido poderão acionar o mecanismo de lutar-ou-fugir — sem perder a elegância, tão característica.
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 15 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
4.11.22
Suporte para comedouro pode cessar vômitos de gato
Começo o post me explicando: sim, eu sei que o certo é regurgitação, mas acho difícil alguém pesquisar por essa palavra no Google e o texto acabaria não ajudando ninguém. A diferença? Quando um gato regurgita os grãozinhos inteiros de ração, pouco depois de comer, significa que eles ficaram parados nas bordas do esôfago, um tubo que deveria levar o alimento até o estômago em segundos — trata-se de um processo passivo, sem que o animal precise se esforçar.
(Não confundir com a regurgitação por gula, mais comum em filhotes, quando a criatura engole muito rápido, botando tudo para fora na sequência — uma joselitice eventual.)
Já o conteúdo do vômito vem do estômago e/ou do intestino delgado (início do intestino) e costuma estar digerido, ter um cheiro mais forte e a presença de líquido amarelado (bile), principalmente depois de episódios seguidos — o bichano faz as contrações de expulsão e Keka até avisa com um miado característico, rs. Mas ele não interessa aqui, porque não pode ser resolvido com comedouro.
E o que prede a comida no meio do caminho? A dilatação do esôfago, por causas variadas, inclusive congênita, que chamamos de megaesôfago. O veterinário suspeitou que Pufosa tivesse esse problema oito anos atrás. Só que ela recomia a ração, estava acima do peso e a gente não deu muita bola, confesso — dez bigodes envelhecendo ao mesmo tempo!
Acontece que as crises voltaram agora, acompanhadas do quadro renal. E, como vocês podem ver pela foto, não podemos nos dar o luxo de perder mais meio grama. Leo construiu para ela, então, um suporte de madeira, onde encaixamos o comedouro — nem sempre a criatura o escolhe, sejamos honestos, mas as regurgitações praticamente cessaram. :)
É que a posição ajuda o alimento a descer mais fácil. Mais garantido ainda se gato ficar quase bípede para alcançar o pote. Como a magrela também tem apresentado uma sensibilidade na coluna, porém, achei que não ia rolar — 15 anos e meio! Também vale a pena oferecer pequenas porções de alimento. Ou deixar a ração disponível, como aqui, assim os peludos vão beliscando ao longo do dia.
(Não confundir com a regurgitação por gula, mais comum em filhotes, quando a criatura engole muito rápido, botando tudo para fora na sequência — uma joselitice eventual.)
Já o conteúdo do vômito vem do estômago e/ou do intestino delgado (início do intestino) e costuma estar digerido, ter um cheiro mais forte e a presença de líquido amarelado (bile), principalmente depois de episódios seguidos — o bichano faz as contrações de expulsão e Keka até avisa com um miado característico, rs. Mas ele não interessa aqui, porque não pode ser resolvido com comedouro.
E o que prede a comida no meio do caminho? A dilatação do esôfago, por causas variadas, inclusive congênita, que chamamos de megaesôfago. O veterinário suspeitou que Pufosa tivesse esse problema oito anos atrás. Só que ela recomia a ração, estava acima do peso e a gente não deu muita bola, confesso — dez bigodes envelhecendo ao mesmo tempo!
Acontece que as crises voltaram agora, acompanhadas do quadro renal. E, como vocês podem ver pela foto, não podemos nos dar o luxo de perder mais meio grama. Leo construiu para ela, então, um suporte de madeira, onde encaixamos o comedouro — nem sempre a criatura o escolhe, sejamos honestos, mas as regurgitações praticamente cessaram. :)
É que a posição ajuda o alimento a descer mais fácil. Mais garantido ainda se gato ficar quase bípede para alcançar o pote. Como a magrela também tem apresentado uma sensibilidade na coluna, porém, achei que não ia rolar — 15 anos e meio! Também vale a pena oferecer pequenas porções de alimento. Ou deixar a ração disponível, como aqui, assim os peludos vão beliscando ao longo do dia.
3.11.22
Bíblia Gatólica e o fim do pesadelo
Depois de quatro anos de um governo obscurantista, a gente finalmente vai poder respirar aliviado — a Terra voltará a ser redonda, Jesus entregará o fuzil e as famílias discutirão por outros motivos na ceia de Natal. Não tinha momento melhor para receber a Bíblia Gatólica, livro do Carlos Ruas que pretende fazer rir (e venerar gatos), não queimar quem pensa diferente na fogueira — ainda que virtual.
Como eu não sou boa em cultuar seres vivos (ou mortos), apoiei também o Livro Sagrado Pacão — e ganhei as recompensas fofíssimas do financiamento coletivo, além do nome em Um Sábado Qualquer, site das minhas tirinhas contemporâneas favoritas. :)
Aproveito para agradecer a companhia de vocês na jornada do Gatoca, que resiste ao Brasil há uma década e meia, sem perder a ternura — nem os seguidores nas redes sociais. rs
2023 é ano de desengavetar projetos! ❤️
Como eu não sou boa em cultuar seres vivos (ou mortos), apoiei também o Livro Sagrado Pacão — e ganhei as recompensas fofíssimas do financiamento coletivo, além do nome em Um Sábado Qualquer, site das minhas tirinhas contemporâneas favoritas. :)
Aproveito para agradecer a companhia de vocês na jornada do Gatoca, que resiste ao Brasil há uma década e meia, sem perder a ternura — nem os seguidores nas redes sociais. rs
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24.10.22
Primeiro aniversário sem Mercv, 17 anos depois
É como se eu continuasse anestesiada — ou iludida. Para que sofrer se, a qualquer momento, posso acordar e encontrar o Mercv* no sofá, me esperando para o café da manhã? Sei que já se passaram cinco meses. Tratei de preencher cada um deles com os outros gatos (ainda resisto à mudança de gênero da gangue, agora exclusivamente feminina), plantas, trabalhos.
Mas não faz sentido o frajola não ter chegado aos 18 anos. Foram 4 mil dias de colo à disposição em home office. Veterinário pago mensalmente. 24 mil seringadas de água! Sim, ele já morreu em sonho. E ficou doente, de rosto inchado e vermelho. E, nesta semana, apareceu disfarçado de estranho, com uma manchinha na perna.
Isso, porém, só reforça meu ponto: Simba e Pandora me receberam com festa no reencontro onírico. Entre a gente, reina o silêncio.
*Novelinha: Conheça a história do Mercv
Outros aniversários: 2021 (extra!) | 2020 (extra!) | 2019 (extra!) | 2018 (extra!) | 2017 (extra!) | 2016 | 2015 (extra!) | 2014 (extra!) | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007
Despedida
:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho
:: Ainda não acredito
Mas não faz sentido o frajola não ter chegado aos 18 anos. Foram 4 mil dias de colo à disposição em home office. Veterinário pago mensalmente. 24 mil seringadas de água! Sim, ele já morreu em sonho. E ficou doente, de rosto inchado e vermelho. E, nesta semana, apareceu disfarçado de estranho, com uma manchinha na perna.
Isso, porém, só reforça meu ponto: Simba e Pandora me receberam com festa no reencontro onírico. Entre a gente, reina o silêncio.
*Novelinha: Conheça a história do Mercv
Outros aniversários: 2021 (extra!) | 2020 (extra!) | 2019 (extra!) | 2018 (extra!) | 2017 (extra!) | 2016 | 2015 (extra!) | 2014 (extra!) | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007
Despedida
:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho
:: Ainda não acredito
21.10.22
O segredo da gatitude! | EG #14
Um gato cheio de mojo tem o caminhar confiante, rabinho empinado, orelhas e bigodes relaxados. Jackson Galaxy, especialista em comportamento felino, conta que pegou o termo emprestado da música Got My Mojo Workin', de Muddy Waters, mas acho que o Google ajuda mais ao definir como uma gíria de origem crioula para "charme, poder pessoal".
Daí nasce a gatitude. Quando conseguimos criar um ritmo que reflete o estilo de vida dos bichanos ancestrais, permitimos que nossos pequenos fiquem à vontade no próprio corpo, sintam-se donos de seu território e transformem o espaço ao redor em lar. Mas que ritmo é esse?
Basta assistir ao Animal Planet. Como qualquer felino selvagem, o Gato Essencial precisava atender a imperativos biológicos simples: caçar, apanhar, matar, comer, limpar, dormir. Claro que ninguém vai cortar a ração dos peludos domesticados e esperar que se virem com baratas e pernilongos.
A sacada está em estabelecer uma rotina (e um ritual) para as horas de alimentação, brincadeira e descanso. Nos próximos capítulos desta série, inspirada no livro O Encantador de Gatos e financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, Galaxy detalha a base do ritmo ancestral, relacionada à caça — e na sequência a gente fala do banho sem espumas e da soneca restauradora.
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 15 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
Daí nasce a gatitude. Quando conseguimos criar um ritmo que reflete o estilo de vida dos bichanos ancestrais, permitimos que nossos pequenos fiquem à vontade no próprio corpo, sintam-se donos de seu território e transformem o espaço ao redor em lar. Mas que ritmo é esse?
Basta assistir ao Animal Planet. Como qualquer felino selvagem, o Gato Essencial precisava atender a imperativos biológicos simples: caçar, apanhar, matar, comer, limpar, dormir. Claro que ninguém vai cortar a ração dos peludos domesticados e esperar que se virem com baratas e pernilongos.
A sacada está em estabelecer uma rotina (e um ritual) para as horas de alimentação, brincadeira e descanso. Nos próximos capítulos desta série, inspirada no livro O Encantador de Gatos e financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, Galaxy detalha a base do ritmo ancestral, relacionada à caça — e na sequência a gente fala do banho sem espumas e da soneca restauradora.
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 15 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
19.10.22
Um ano da nossa florestinha e 10 aprendizados
Os últimos meses em Gatoca abrigaram contradições: plantas nascendo e gatos morrendo. Sobre a partida da Clara e do Mercv já escrevi bastante — foram quase 17 anos, na verdade, compartilhando histórias deles aqui. Mas faltou falar de flores. Ou da falta delas.
Quando a Adriana Todesco, amiga querida da minha mãe, mandou 57 mudas de Serra Negra para colorir nosso terreno de mato, eu não fazia ideia da quantidade de aprendizados que se pode envasar!
1) Respeitar os próprios limites
Imaginem o trabalho de regar e adubar 57 plantas — para sempre! Eu até comecei prestando atenção para não molhar as folhas, medindo as quantidades de fertilizante na balança e brigando com o Leo, que me achava maluca. Mas, quando ele quebrou o tornozelo e sobrei também com a função de carpir, passei a pegar mais leve com a autocobrança.
2) Recuar para continuar avançando
As mudas muito pequenas não reagiram bem ao transplante para o solo (ou ao sol forte, ou à frequência de rega que a gente conseguia dar conta, ou às pragas das pragas) e decidi voltar todas para o vaso, onde poderia caprichar mais nos cuidados. Nesses 12 meses, fui recompensada com múltiplos botões.
3) Focar nas vidas salvas
Mesmo assim, as formigas assassinaram uma pata-de-vaca branca, que nunca chegava na quarta folhinha, e a emergência climática desidratou a nêspera. Em compensação, eu nunca tinha comido framboesa fora da geleia. E elas parecem cenográficas!
4) Dividir para não enlouquecer
Do borrifador de faxina ao pulverizador de fazenda (sim, nós compramos), é impossível exterminar todos os pulgões e cochonilhas de 1 mil m². E a flor-de-são-miguel bichada floriu, enquanto a boa ficou completamente careca. Uma parte do butim, então, a gente come, a outra a gente deixa para gaia.
5) Aprender fazendo — por tentativa e erro
Se vocês pesquisarem no Google possíveis causas para folhas com pontas queimadas, vão se deparar com: "Excesso de rega, falta de rega, muito calor, frio extremo, adubo demais, adubo de menos, vento cortante, pouca umidade, água salobra, água com flúor". O que não ajuda em nada — e é justamente por isso que eu prefiro cuidar de gatos. rs
6) Conhecer a ti mesmo
Economize R$ 11 em veneno se não terá coragem de usar contra as malditas formigas cortadeiras, que mordem também os seus pés assim que encontram o chão.
7) Lidar com a frustração
Já confessei por aqui: eu não sei perder — nem gente, nem bicho, nem discussão. E, nos meus cinco estágios do luto, raiva aparece três vezes. Mas as plantas morrem, mesmo que a gente tenha se esforçado e gasto dinheiro e feito blindagens de garrafa pet com graxa.
8) Estar aberto ao novo
Esqueci de dizer que a manga também não vingou. Mas no lugar dela cresceu um mamoeiro, que ninguém cultivou e vou poder comer no café da manhã — porque manga ninguém merece!
9) Improvisar
A grande expectativa da floresta araçoiabana era o manacá-de-jardim, para garantir a sombrinha dos bigodes dentro do gatil. Só que ele é da leva que acabou voltando para o vaso, me obrigando a comprar um resedá, que ainda não conseguiu formar uma copa, obrigando os gatos a descansarem na mandioca de geração espontânea.
E a coitada quebrou com o vendaval, dando lugar à moita de catnip, originada por duas singelas mudinhas que Leo esqueceu que havia plantado. Este se tornou, portanto, o atual refúgio da gangue:
10) Saber a hora de se retirar
A íris azul desponta majestosa, não dura mais do que um dia e termina sua breve existência neste embrulhinho simpático, sem drama.
Quando a Adriana Todesco, amiga querida da minha mãe, mandou 57 mudas de Serra Negra para colorir nosso terreno de mato, eu não fazia ideia da quantidade de aprendizados que se pode envasar!
1) Respeitar os próprios limites
Imaginem o trabalho de regar e adubar 57 plantas — para sempre! Eu até comecei prestando atenção para não molhar as folhas, medindo as quantidades de fertilizante na balança e brigando com o Leo, que me achava maluca. Mas, quando ele quebrou o tornozelo e sobrei também com a função de carpir, passei a pegar mais leve com a autocobrança.
2) Recuar para continuar avançando
As mudas muito pequenas não reagiram bem ao transplante para o solo (ou ao sol forte, ou à frequência de rega que a gente conseguia dar conta, ou às pragas das pragas) e decidi voltar todas para o vaso, onde poderia caprichar mais nos cuidados. Nesses 12 meses, fui recompensada com múltiplos botões.
3) Focar nas vidas salvas
Mesmo assim, as formigas assassinaram uma pata-de-vaca branca, que nunca chegava na quarta folhinha, e a emergência climática desidratou a nêspera. Em compensação, eu nunca tinha comido framboesa fora da geleia. E elas parecem cenográficas!
4) Dividir para não enlouquecer
Do borrifador de faxina ao pulverizador de fazenda (sim, nós compramos), é impossível exterminar todos os pulgões e cochonilhas de 1 mil m². E a flor-de-são-miguel bichada floriu, enquanto a boa ficou completamente careca. Uma parte do butim, então, a gente come, a outra a gente deixa para gaia.
5) Aprender fazendo — por tentativa e erro
Se vocês pesquisarem no Google possíveis causas para folhas com pontas queimadas, vão se deparar com: "Excesso de rega, falta de rega, muito calor, frio extremo, adubo demais, adubo de menos, vento cortante, pouca umidade, água salobra, água com flúor". O que não ajuda em nada — e é justamente por isso que eu prefiro cuidar de gatos. rs
6) Conhecer a ti mesmo
Economize R$ 11 em veneno se não terá coragem de usar contra as malditas formigas cortadeiras, que mordem também os seus pés assim que encontram o chão.
7) Lidar com a frustração
Já confessei por aqui: eu não sei perder — nem gente, nem bicho, nem discussão. E, nos meus cinco estágios do luto, raiva aparece três vezes. Mas as plantas morrem, mesmo que a gente tenha se esforçado e gasto dinheiro e feito blindagens de garrafa pet com graxa.
8) Estar aberto ao novo
Esqueci de dizer que a manga também não vingou. Mas no lugar dela cresceu um mamoeiro, que ninguém cultivou e vou poder comer no café da manhã — porque manga ninguém merece!
9) Improvisar
A grande expectativa da floresta araçoiabana era o manacá-de-jardim, para garantir a sombrinha dos bigodes dentro do gatil. Só que ele é da leva que acabou voltando para o vaso, me obrigando a comprar um resedá, que ainda não conseguiu formar uma copa, obrigando os gatos a descansarem na mandioca de geração espontânea.
E a coitada quebrou com o vendaval, dando lugar à moita de catnip, originada por duas singelas mudinhas que Leo esqueceu que havia plantado. Este se tornou, portanto, o atual refúgio da gangue:
10) Saber a hora de se retirar
A íris azul desponta majestosa, não dura mais do que um dia e termina sua breve existência neste embrulhinho simpático, sem drama.
14.10.22
Como ensinar seu gato a amar ração úmida natural
Primeiro, a gente deve entender esse universo misterioso que é o gato: uma criatura que adora novidade, mas precisa de rotina para se sentir segura. Depois, vale a pena olhar para a nossa própria alimentação. O que vocês acham que faz mais bem à saúde: brócolis ou salgadinho com refrigerante?
Como alguém que só conseguiu gostar de legumes e verduras ao virar vegetariana, eu posso garantir que paladar se educa — você começa escondendo a rúcula no feijão, tipo remédio, aí encara uma pizza dividida com tomate seco e, quando vai ver, está comendo salada sem tempero. Por que seria diferente com os pequenos?
Claro que um gato acostumado aos flavorizantes (saborizantes e aromatizantes) das rações industrializadas torcerá o focinho para a alimentação natural. E mesmo as versões super premium têm hidrolisado de carne, que funciona como realçador de sabor, deixando os grãozinhos mais atrativos.
Resumindo: quem decide ler as letras miúdas dessas embalagens sedutoras se depara com ingredientes processados, desconhecidos ou que ninguém botaria na boca, tipo pé de frango. Mas não, eu não dei conta de cozinhar para os bigodes — não curto o movimento, muito menos o açougue e eram nove!
Por isso faço campanha pela Pet Delícia há cinco anos e meio. Comida com cara e cheiro de comida — comentários sobre o gosto vou ficar devendo porque motivos de veganismo. A ideia para este post surgiu justamente com a reação de parte da gangue à latinha nova de peixe, pela qual eu estava tão ansiosa — impossível não lembrar da frustração de alguns de vocês.
Aqui, volto ao início do texto: gatos precisam de tempo para aceitar mudanças e prefiro ter esse "trabalho" do que mantê-los só no fast food — sim, eles comem ração seca também. E, como o nome dá a dica, ela vem com outro problema: a falta de umidade, principal vilã da doença renal. Coloquei em prática, então, as dicas detalhadas neste post, testando uma de cada vez:
1) Amassei a comidinha natural com o garfo.
2) Adicionei um tico água.
3) Amornei no micro-ondas.
4) Ofereci para os peludos em seus lugares favoritos.
5) Quem não se animou de manhã ganhou de novo à tarde — até para driblar estômagos cheios, já que a ração renal fica disponível o dia inteiro.
E, para estender a validade da latinha, sem conservante, bati no processador e congelei em potinhos, na intenção de repetir o processo até todo mundo se render. Se as gatas mais frescas amam a combinação exótica de frango com mamão, não hão de rejeitar eternamente o pobre peixe, né? :)
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:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
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:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?
Como alguém que só conseguiu gostar de legumes e verduras ao virar vegetariana, eu posso garantir que paladar se educa — você começa escondendo a rúcula no feijão, tipo remédio, aí encara uma pizza dividida com tomate seco e, quando vai ver, está comendo salada sem tempero. Por que seria diferente com os pequenos?
Claro que um gato acostumado aos flavorizantes (saborizantes e aromatizantes) das rações industrializadas torcerá o focinho para a alimentação natural. E mesmo as versões super premium têm hidrolisado de carne, que funciona como realçador de sabor, deixando os grãozinhos mais atrativos.
Resumindo: quem decide ler as letras miúdas dessas embalagens sedutoras se depara com ingredientes processados, desconhecidos ou que ninguém botaria na boca, tipo pé de frango. Mas não, eu não dei conta de cozinhar para os bigodes — não curto o movimento, muito menos o açougue e eram nove!
Por isso faço campanha pela Pet Delícia há cinco anos e meio. Comida com cara e cheiro de comida — comentários sobre o gosto vou ficar devendo porque motivos de veganismo. A ideia para este post surgiu justamente com a reação de parte da gangue à latinha nova de peixe, pela qual eu estava tão ansiosa — impossível não lembrar da frustração de alguns de vocês.
Aqui, volto ao início do texto: gatos precisam de tempo para aceitar mudanças e prefiro ter esse "trabalho" do que mantê-los só no fast food — sim, eles comem ração seca também. E, como o nome dá a dica, ela vem com outro problema: a falta de umidade, principal vilã da doença renal. Coloquei em prática, então, as dicas detalhadas neste post, testando uma de cada vez:
1) Amassei a comidinha natural com o garfo.
2) Adicionei um tico água.
3) Amornei no micro-ondas.
4) Ofereci para os peludos em seus lugares favoritos.
5) Quem não se animou de manhã ganhou de novo à tarde — até para driblar estômagos cheios, já que a ração renal fica disponível o dia inteiro.
E, para estender a validade da latinha, sem conservante, bati no processador e congelei em potinhos, na intenção de repetir o processo até todo mundo se render. Se as gatas mais frescas amam a combinação exótica de frango com mamão, não hão de rejeitar eternamente o pobre peixe, né? :)
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7.10.22
Presente para quem ama gato e precisa se reconectar
Eu estou em um estado que, se me oferecerem qualquer artefato religioso, sou capaz de acertar alguém na cabeça com ele. Mas o japamala que Lidice me deu de presente tinha um gatinho e isso faz toda a diferença. Aqui, preciso voltar com vocês para 2008, quando uma entrevista sobre como os bigodes haviam mudado minha vida me levou a trabalhar na AnaMaria, mudando minha vida. rs
Lá, escrevi três centenas de matérias, que as leitoras contavam por e-mail também terem mudado suas vidas — uma delas, inclusive, incomodou um colégio católico de ricos, que pediu minha demissão. E não incentivava o satanismo, só informava às mães de classes C e D, público da revista, que seus filhos poderiam estudar com bolsa nessas escolas, em contrapartida aos impostos isentados pelo Estado.
Lidice-Bá era daquelas chefes raras que conhecem o caminho do meio entre acolher e desafiar — claro que não me demitiu. A gente podia criticar o que quisesse na redação, contanto que propusesse alternativas. O mantra: "Não me traga problemas, traga soluções" pauta minha estada no mundo até hoje.
Um dia, ela me cutucou a conseguir uma foto exclusiva da Hebe com seu vira-lata Atrium para a matéria (de capa!) sobre adoção de animais. Eu não sabia que, por causa dos 82 anos, Hebe não aceitava mais esse tipo de aporrinhação — até a Veja, irmã poderosa da Editora, recorria às opções batidas dos bancos de imagens.
Telefonei para o assessor de São Paulo, onde ficava a Abril, de São Bernardo, onde morava, das férias no Rio de Janeiro. E não só sensibilizei a diva da televisão como virei editorial — aqui tem os bastidores e o retorno carinhoso das leitoras. Foram os cinco anos na grande imprensa de que mais sinto saudade.
Saí primeiro para sonhar outros projetos, Lidice saiu depois para criar arte. E seguimos conectadas pelos gatos. Quando Mercv morreu, ela inventou um japamala para me abraçar a distância — madeira (isolante elétrico e energético) com cristalzinho e gatinho da sorte chinês. E o pacote chegou pelo correio justamente neste momento tão precisado.
Botei meu vestido mais lindo, posei com a Guda, chorei no Ho’oponopono, tive vários insights depois. Não, não atingi a iluminação, mas posso tentar outras vezes.
Obrigada, minha amiga! 💜
Lá, escrevi três centenas de matérias, que as leitoras contavam por e-mail também terem mudado suas vidas — uma delas, inclusive, incomodou um colégio católico de ricos, que pediu minha demissão. E não incentivava o satanismo, só informava às mães de classes C e D, público da revista, que seus filhos poderiam estudar com bolsa nessas escolas, em contrapartida aos impostos isentados pelo Estado.
Lidice-Bá era daquelas chefes raras que conhecem o caminho do meio entre acolher e desafiar — claro que não me demitiu. A gente podia criticar o que quisesse na redação, contanto que propusesse alternativas. O mantra: "Não me traga problemas, traga soluções" pauta minha estada no mundo até hoje.
Um dia, ela me cutucou a conseguir uma foto exclusiva da Hebe com seu vira-lata Atrium para a matéria (de capa!) sobre adoção de animais. Eu não sabia que, por causa dos 82 anos, Hebe não aceitava mais esse tipo de aporrinhação — até a Veja, irmã poderosa da Editora, recorria às opções batidas dos bancos de imagens.
Telefonei para o assessor de São Paulo, onde ficava a Abril, de São Bernardo, onde morava, das férias no Rio de Janeiro. E não só sensibilizei a diva da televisão como virei editorial — aqui tem os bastidores e o retorno carinhoso das leitoras. Foram os cinco anos na grande imprensa de que mais sinto saudade.
Saí primeiro para sonhar outros projetos, Lidice saiu depois para criar arte. E seguimos conectadas pelos gatos. Quando Mercv morreu, ela inventou um japamala para me abraçar a distância — madeira (isolante elétrico e energético) com cristalzinho e gatinho da sorte chinês. E o pacote chegou pelo correio justamente neste momento tão precisado.
Botei meu vestido mais lindo, posei com a Guda, chorei no Ho’oponopono, tive vários insights depois. Não, não atingi a iluminação, mas posso tentar outras vezes.
Obrigada, minha amiga! 💜
5.10.22
Não achei que precisasse escrever este post...
Depois de quatro anos, a decisão era tão óbvia: avanço contra retrocesso, diálogo contra extremismo, diplomacia contra isolamento, inteligências (as oito do Gardner) contra estupidez, diversidade contra egoísmo, empatia contra mesquinhez, sincretismo contra fundamentalismo religioso, inclusão contra pânico moral, vida contra caça, desmatamento, queimada, agrotóxico.
E nem preciso falar de corrupção.
Mas quase metade da população útil e 20% de descomprometidos (exceção a quem não pôde votar por doença, falta de grana, chefe canalha) escolheram o fascismo — a não-escolha também é uma escolha. Passada a perplexidade, faz-se urgente retomar a luta para o segundo turno, porque eles nos querem exatamente assim: desanimados, encolhidos, com medo.
Eu me recuso a abrir mão de um país que tem tudo para brilhar por causa de uma parcela fanatizada (ou despolitizada) de brasileiros — e sou racional demais para romantizar uma existência no exterior como imigrante.
Na proteção, a gente aprende a olhar para os animais que salvou, não os que perdeu. E esta eleição com gosto de retrocesso teve vitórias importantes: indígenas, mulheres trans e trabalhadores sem-terra ocuparão o Congresso em 2023. Guilherme Boulos, o "comunista invasor de casas", ultrapassou 1 milhão de votos, liderando os deputados federais por São Paulo, estado do sapatênis.
E Bolsonaro terminou o primeiro turno em segundo lugar, mesmo usando a máquina pública e comprando aliados (políticos, religiosos, ruralistas) com o dinheiro da educação, da saúde, da segurança pública — nosso dinheiro.
Nos próximos 25 dias, se bater o desânimo, lembrem do que nos une: gatos, risadas, generosidade, encantamento, arte.
Assim se faz resistência, meu povo!
Tentando usar o mouse com o braço esmagado pela Guda, esmagada pela Pufosa
E nem preciso falar de corrupção.
Mas quase metade da população útil e 20% de descomprometidos (exceção a quem não pôde votar por doença, falta de grana, chefe canalha) escolheram o fascismo — a não-escolha também é uma escolha. Passada a perplexidade, faz-se urgente retomar a luta para o segundo turno, porque eles nos querem exatamente assim: desanimados, encolhidos, com medo.
Eu me recuso a abrir mão de um país que tem tudo para brilhar por causa de uma parcela fanatizada (ou despolitizada) de brasileiros — e sou racional demais para romantizar uma existência no exterior como imigrante.
Na proteção, a gente aprende a olhar para os animais que salvou, não os que perdeu. E esta eleição com gosto de retrocesso teve vitórias importantes: indígenas, mulheres trans e trabalhadores sem-terra ocuparão o Congresso em 2023. Guilherme Boulos, o "comunista invasor de casas", ultrapassou 1 milhão de votos, liderando os deputados federais por São Paulo, estado do sapatênis.
E Bolsonaro terminou o primeiro turno em segundo lugar, mesmo usando a máquina pública e comprando aliados (políticos, religiosos, ruralistas) com o dinheiro da educação, da saúde, da segurança pública — nosso dinheiro.
Nos próximos 25 dias, se bater o desânimo, lembrem do que nos une: gatos, risadas, generosidade, encantamento, arte.
Assim se faz resistência, meu povo!
Tentando usar o mouse com o braço esmagado pela Guda, esmagada pela Pufosa
28.9.22
O que Chocolate, gatos e Tim Burton têm a ver?
Durante boa parte da infância, eu arrastei para cima e para baixo um travesseirinho velho que minha mãe jamais ousou jogar fora, porque a graça era justamente ficar passando os dedos na franja desfiada do babado. Só que o buraco aberto na almofada de joaninha da Chocolate poderia botar a perder nossas noites de sono conquistadas a duras penas.
Para quem chega agora, no auge de seus estimados 16 anos, a pequena está mais carente, rabugenta e gelada do que nunca. Foram meses até descobrir o ritual ideal: jantar com ela no colo, esquentar a almofadinha favorita com o secador antes de dormir e guardar ambas em uma caixa de papelão, protegidas do frio e das outras gatas — que ela ama odiar.
Vocês não imaginam a potência pulmonar da criatura de 2,5 kg às 3h da madrugada!
Lá fui eu, então, entrar pela segunda vez na vida em um armarinho. Comprei tecido vermelho resistente, carretel de linha preta e agulha para bordado que nem sabia que existia. A ideia era fazer um coração de remendo à la Tim Burton, aliando funcionalidade à estética gótica-tosca-fofinha.
Poucos minutos para uma mulher prendada, uma hora inteirinha para quem só costura palavras. rs
Para quem chega agora, no auge de seus estimados 16 anos, a pequena está mais carente, rabugenta e gelada do que nunca. Foram meses até descobrir o ritual ideal: jantar com ela no colo, esquentar a almofadinha favorita com o secador antes de dormir e guardar ambas em uma caixa de papelão, protegidas do frio e das outras gatas — que ela ama odiar.
Vocês não imaginam a potência pulmonar da criatura de 2,5 kg às 3h da madrugada!
Lá fui eu, então, entrar pela segunda vez na vida em um armarinho. Comprei tecido vermelho resistente, carretel de linha preta e agulha para bordado que nem sabia que existia. A ideia era fazer um coração de remendo à la Tim Burton, aliando funcionalidade à estética gótica-tosca-fofinha.
Poucos minutos para uma mulher prendada, uma hora inteirinha para quem só costura palavras. rs
22.9.22
Vida com gatos #10
Vencido o receio da troca de ração, Gatoca agora tem rodízio: duas opções renais e duas normais (sendo que uma delas ainda vem com grãos de dois sabores para gatos exigentes), alimentação úmida da Pet Delícia (nas versões integral e batida) e sachê comemorativo.
Tudo isso para Pufosa comer o vômito da Jujuba.
Mais vida com gatos: #1 | #2 | #3 | #4 | #5 | #6 | #7 | #8 | #9
Tudo isso para Pufosa comer o vômito da Jujuba.
Mais vida com gatos: #1 | #2 | #3 | #4 | #5 | #6 | #7 | #8 | #9
21.9.22
Eleições 2022: bora votar em um Mandato Animal?
Depois de quatro anos de retrocesso no país, a gente merece mais do que políticos que se posicionam contra a caça de silvestres ou que legislam apenas para cães e gatos, né? O Mandato Animal quer construir um mundo mais justo para todos os seres, incluindo os menos fofos, sem exploração nem maus-tratos.
Encabeçado pela Mônica Buava, diretora executiva da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e uma das fundadoras do Pop Vegan Food, o coletivo tem como cocandidato Fabio Chaves, criador do Vista-se, o maior portal vegano da América Latina, e conta com um time invejável de ativistas e especialistas — Luli Sarraf, Alana Rox, Eduardo Jorge, Eric Slywitch.
Fabio Chaves com um dos irmãos Sim e Simon, batizados em homenagem ao cocriador dos Simpsons, ativista pelos direitos humanos e animais
Juntos, eles disputam uma vaga de deputado federal por São Paulo (4366), sob as bênçãos do Partido Verde (PV). No site, vocês encontram a íntegra das propostas, que contemplam pets, alimentação, testes, vida terrestre e aquática, santuários, diversidade, entretenimento, mudanças climáticas e sustentabilidade — econômica e social.
Aqui, a gente foca em educação, a missão que o Gatoca acabou abraçando nestes 15 anos. Eu conversei na semana passada com o Fabio e a Luli, idealizadora da Celebridade Vira-Lata, e eles garantiram canal aberto à população pelo WhatsApp (11 96345-4366), porque querem representar a diversidade de atores da causa animal — em um mandato longevo, não apenas de quatro anos.
Além de propor projetos de lei, que precisam de aprovação na Câmara, no Senado e da sanção presidencial, portanto demoram, o coletivo pretende impactar diretamente a realidade dos peludos, vacas, porcos, cavalos, peixes, galinhas por meio do direcionamento de emendas parlamentares — parte do dinheiro público destinada a causas importantes da sociedade.
A ideia é começar ampliando o alcance da Segunda sem Carne nas escolas, junto às Secretarias Municipais de Educação, iniciativa que permite trabalhar com funcionários, estudantes e famílias não só a importância de uma alimentação mais saudável e nutritiva, mas também os desafios da emergência climática e um olhar empático para todos os bichos, que sentem dor e medo como a gente.
Nós falamos ainda sobre, em pleno século 21, existir a necessidade de disseminar os princípios da guarda responsável e os benefícios da castração, assim como incentivar a adoção, em vez da compra de animais de estimação — o Gatoca até venceu um edital com essa missão, frustrada pela pandemia.
Lembro também, quando visitei o Rancho dos Gnomos, que Marcos e Silvia Pompeu conscientizavam a molecada sobre o sofrimento que causamos aos silvestres com a caça, o tráfico, as gaiolas e as pipas de cerol. Como conselheiros do Mandato, espero que compartilhem essa experiência.
E deixo mais duas sugestões: investir em projetos que expliquem como são feitos os testes em animais, viabilizando a pressão popular por métodos alternativos, e em iniciativas que sensibilizem para a crueldade do entretenimento com bichos em circos, zoológicos, aquários, rodeios.
O ser humano tende a rejeitar o que é imposto, mas se torna um grande aliado quando, acolhido e ensinado, se percebe agente de transformação. ❤
Encabeçado pela Mônica Buava, diretora executiva da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e uma das fundadoras do Pop Vegan Food, o coletivo tem como cocandidato Fabio Chaves, criador do Vista-se, o maior portal vegano da América Latina, e conta com um time invejável de ativistas e especialistas — Luli Sarraf, Alana Rox, Eduardo Jorge, Eric Slywitch.
Fabio Chaves com um dos irmãos Sim e Simon, batizados em homenagem ao cocriador dos Simpsons, ativista pelos direitos humanos e animais
Juntos, eles disputam uma vaga de deputado federal por São Paulo (4366), sob as bênçãos do Partido Verde (PV). No site, vocês encontram a íntegra das propostas, que contemplam pets, alimentação, testes, vida terrestre e aquática, santuários, diversidade, entretenimento, mudanças climáticas e sustentabilidade — econômica e social.
Aqui, a gente foca em educação, a missão que o Gatoca acabou abraçando nestes 15 anos. Eu conversei na semana passada com o Fabio e a Luli, idealizadora da Celebridade Vira-Lata, e eles garantiram canal aberto à população pelo WhatsApp (11 96345-4366), porque querem representar a diversidade de atores da causa animal — em um mandato longevo, não apenas de quatro anos.
Além de propor projetos de lei, que precisam de aprovação na Câmara, no Senado e da sanção presidencial, portanto demoram, o coletivo pretende impactar diretamente a realidade dos peludos, vacas, porcos, cavalos, peixes, galinhas por meio do direcionamento de emendas parlamentares — parte do dinheiro público destinada a causas importantes da sociedade.
A ideia é começar ampliando o alcance da Segunda sem Carne nas escolas, junto às Secretarias Municipais de Educação, iniciativa que permite trabalhar com funcionários, estudantes e famílias não só a importância de uma alimentação mais saudável e nutritiva, mas também os desafios da emergência climática e um olhar empático para todos os bichos, que sentem dor e medo como a gente.
Nós falamos ainda sobre, em pleno século 21, existir a necessidade de disseminar os princípios da guarda responsável e os benefícios da castração, assim como incentivar a adoção, em vez da compra de animais de estimação — o Gatoca até venceu um edital com essa missão, frustrada pela pandemia.
Luli Sarraf com Rabiola, Fedelha e Castor, resgates que tiveram a sorte de encalhar com uma das protetoras mais generosa que conheço
Lembro também, quando visitei o Rancho dos Gnomos, que Marcos e Silvia Pompeu conscientizavam a molecada sobre o sofrimento que causamos aos silvestres com a caça, o tráfico, as gaiolas e as pipas de cerol. Como conselheiros do Mandato, espero que compartilhem essa experiência.
E deixo mais duas sugestões: investir em projetos que expliquem como são feitos os testes em animais, viabilizando a pressão popular por métodos alternativos, e em iniciativas que sensibilizem para a crueldade do entretenimento com bichos em circos, zoológicos, aquários, rodeios.
O ser humano tende a rejeitar o que é imposto, mas se torna um grande aliado quando, acolhido e ensinado, se percebe agente de transformação. ❤
*
O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor. Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe o cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br15.9.22
Existe outro gato vivendo dentro do seu! | EG #13
Música de suspense. Calma, não é um alien nem o anticristo, embora às vezes pareça, rs. Tirem a soneca de 12 horas no sofá, os ratinhos de pelúcia, o mundo visto pela janela e vocês terão um vislumbre do Gato Essencial, gêmeo ancestral do nosso bichano doméstico, aquele que aparece no meio da noite para morder dedos sob o cobertor.
Mesmo separados por milênios, eles seguem conectados pelo DNA (repassado entre gerações com pouquíssimas modificações) na urgência de proteger seu território, caçar, matar, comer e permanecer alerta, porque também são caçados — até a forma como os pequenos brincam está ligada a esse gêmeo ancestral.
E, apesar de viverem com ou em torno de seres humanos há 12 mil anos, nunca dependeram da gente completamente, né? A evolução desse relacionamento se baseou em benefícios mútuos: os gatos se banqueteavam com os ratos que atacavam nosso estoque de grãos e funcionavam como controle de pestes natural.
Acontece que, nos últimos 150 anos, desde que a rainha Vitória popularizou a ideia de trazer os peludos para dentro de casa, nós passamos a exigir que os coitados façam xixi em uma caixa, durmam a noite toda, não desfilem pela bancada da cozinha e, o pior de tudo, reduzimos seu território de centenas de hectares a "apertamentos".
Criar um ritmo que reflete o Gato Essencial, portanto, permite que os bichanos fiquem à vontade no próprio corpo e transformem o espaço ao seu redor em lar. Nos próximos capítulos desta série, inspirada no livro O Encantador de Gatos e financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, Jackson Galaxy ensina como.
Era para ser um arco e flecha, mas fiquei com dó de arrancar as penas da bolinha nova e vocês verão, no próximo post, que valeu estragar a produção, rs
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 15 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
Mesmo separados por milênios, eles seguem conectados pelo DNA (repassado entre gerações com pouquíssimas modificações) na urgência de proteger seu território, caçar, matar, comer e permanecer alerta, porque também são caçados — até a forma como os pequenos brincam está ligada a esse gêmeo ancestral.
E, apesar de viverem com ou em torno de seres humanos há 12 mil anos, nunca dependeram da gente completamente, né? A evolução desse relacionamento se baseou em benefícios mútuos: os gatos se banqueteavam com os ratos que atacavam nosso estoque de grãos e funcionavam como controle de pestes natural.
Acontece que, nos últimos 150 anos, desde que a rainha Vitória popularizou a ideia de trazer os peludos para dentro de casa, nós passamos a exigir que os coitados façam xixi em uma caixa, durmam a noite toda, não desfilem pela bancada da cozinha e, o pior de tudo, reduzimos seu território de centenas de hectares a "apertamentos".
Criar um ritmo que reflete o Gato Essencial, portanto, permite que os bichanos fiquem à vontade no próprio corpo e transformem o espaço ao seu redor em lar. Nos próximos capítulos desta série, inspirada no livro O Encantador de Gatos e financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca, Jackson Galaxy ensina como.
Era para ser um arco e flecha, mas fiquei com dó de arrancar as penas da bolinha nova e vocês verão, no próximo post, que valeu estragar a produção, rs
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 15 anos de projeto. ❤)
CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)
9.9.22
O que eu faria diferente com os gatos #3
Nestes quase 17 anos, só troquei a ração de Gatoca duas vezes — a primeira, ainda inexperiente, por acreditar que a marca (super premium) era culpada pelo aumento dos casos de doença renal, não a alimentação seca em si. E a segunda porque Simba odiou a versão medicamentosa que Pipoca comia sem reclamar.
Com a terceira marca, se passaram oito anos! Até que os aumentos absurdos coincidiram com a chatice gastronômica dos velhinhos e resolvi testar outras opções — meu receio era desencadear um piriri generalizado, em um grupo já sensível por outros problemas de saúde.
Claro que os bigodes conseguiram gostar de uma ração ainda mais cara. E que duas infelizes se recusaram a abandonar a velha, me obrigando a acumular pacotes, já que compro normal e renal de ambas as empresas — normal ofereço só no jantar, controlada, e renal fica disponível o dia inteiro.
Foi a melhor decisão da década! Quando um gato enjoa do cardápio, substituo pelo conteúdo do pote ao lado, sem qualquer sinal de diarreia nem o estresse da alimentação forçada.
Máquina do tempo: #1 | #2
Com a terceira marca, se passaram oito anos! Até que os aumentos absurdos coincidiram com a chatice gastronômica dos velhinhos e resolvi testar outras opções — meu receio era desencadear um piriri generalizado, em um grupo já sensível por outros problemas de saúde.
Claro que os bigodes conseguiram gostar de uma ração ainda mais cara. E que duas infelizes se recusaram a abandonar a velha, me obrigando a acumular pacotes, já que compro normal e renal de ambas as empresas — normal ofereço só no jantar, controlada, e renal fica disponível o dia inteiro.
Foi a melhor decisão da década! Quando um gato enjoa do cardápio, substituo pelo conteúdo do pote ao lado, sem qualquer sinal de diarreia nem o estresse da alimentação forçada.
Máquina do tempo: #1 | #2
8.9.22
Cistite recorrente em gatos pode ser ansiedade!
Olhando em retrospecto, fica tão óbvio: a primeira crise da Guda aconteceu em setembro de 2020, junto com o quarto pedido de desocupação do imóvel que a gente alugava em Sorocaba, no meio da pandemia de covid, enquanto a arquiteta golpista enrolava para entregar nossa casa-contêiner em Araçoiaba da Serra. Deu para sacar o nível de estresse?
Claro que a gata (e qualquer ser vivente) se afetaria com as discussões, o choro, os quilos perdidos.
Fizemos ultrassom, confirmamos a inflamação na bexiga (cistite), tratamos. Mas os pinguinhos de xixi fora da caixa de areia sempre voltavam, porque nossa mudança também foi um caos, aí a Clara morreu e depois o Mercv — a gorducha adoeceu junto com ele, aliás, e se desesperou com a alimentação forçada a ponto de urinar sangue!
No exame de maio deste ano, apareceram também alterações no fígado, baço e pâncreas, gases nas alças intestinais (incomum em felinos) e linfonodos aumentados na barriga — dos rins assimétricos (e cristais), a gente já sabia porque o diagnóstico de insuficiência renal dela saiu em 2018.
Estava desenhada a Síndrome de Pandora, uma doença complexa e ainda pouco conhecida relacionada à ansiedade (ansiopatia), que tem a cistite como sintoma comum a todos os gatos, mas pode acometer outros órgãos e partes do corpo aleatoriamente — por isso o nome da mulher mitológica que liberou os males da humanidade abrindo uma caixa proibida.
Simon’s Cat, do cartunista Simon Tofield
Outra curiosidade da síndrome, segundo a veterinária Larissa Rüncos, é que a bexiga inflama com as substâncias liberadas pelo cérebro ansioso, não pela clássica infecção bacteriana — por isso não adianta tomar antibiótico. As crises até passam sem medicamento, só que acabam retornando. E, como ansiedade tem causas variadas, a prevenção foca em evitar estresse no cotidiano:
- Garantindo um ambiente propício ao desenvolvimento dos instintos naturais do bichano — com esconderijos, estímulo à prática de exercícios e um cantinho tranquilo para descansar.
- Brincando com seu amigo pelo menos 10 minutos diariamente.
- Cuidando para que a caixa de areia (sem perfume) fique longe de barulho e seja limpa com frequência.
Desde que a paz tornou a reinar no recinto, Guda nunca mais fez xixi parcelado, fora do banheiro ou cor-de-rosa. :)
Claro que a gata (e qualquer ser vivente) se afetaria com as discussões, o choro, os quilos perdidos.
Fizemos ultrassom, confirmamos a inflamação na bexiga (cistite), tratamos. Mas os pinguinhos de xixi fora da caixa de areia sempre voltavam, porque nossa mudança também foi um caos, aí a Clara morreu e depois o Mercv — a gorducha adoeceu junto com ele, aliás, e se desesperou com a alimentação forçada a ponto de urinar sangue!
No exame de maio deste ano, apareceram também alterações no fígado, baço e pâncreas, gases nas alças intestinais (incomum em felinos) e linfonodos aumentados na barriga — dos rins assimétricos (e cristais), a gente já sabia porque o diagnóstico de insuficiência renal dela saiu em 2018.
Estava desenhada a Síndrome de Pandora, uma doença complexa e ainda pouco conhecida relacionada à ansiedade (ansiopatia), que tem a cistite como sintoma comum a todos os gatos, mas pode acometer outros órgãos e partes do corpo aleatoriamente — por isso o nome da mulher mitológica que liberou os males da humanidade abrindo uma caixa proibida.
Simon’s Cat, do cartunista Simon Tofield
Outra curiosidade da síndrome, segundo a veterinária Larissa Rüncos, é que a bexiga inflama com as substâncias liberadas pelo cérebro ansioso, não pela clássica infecção bacteriana — por isso não adianta tomar antibiótico. As crises até passam sem medicamento, só que acabam retornando. E, como ansiedade tem causas variadas, a prevenção foca em evitar estresse no cotidiano:
- Garantindo um ambiente propício ao desenvolvimento dos instintos naturais do bichano — com esconderijos, estímulo à prática de exercícios e um cantinho tranquilo para descansar.
- Brincando com seu amigo pelo menos 10 minutos diariamente.
- Cuidando para que a caixa de areia (sem perfume) fique longe de barulho e seja limpa com frequência.
Desde que a paz tornou a reinar no recinto, Guda nunca mais fez xixi parcelado, fora do banheiro ou cor-de-rosa. :)
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