Gatoca sempre foi um matriarcado, com duas participações masculinas especiais: Simba, mais gata do que a Clara, e Mercvrivs, um frajola não-binário antes de o termo render discussões intermináveis no Twitter. Mas, como vivemos em uma sociedade patriarcal, eles dominaram o gênero do recinto por quase 17 anos.
Acontece que faz dez meses que Mercv, o último exemplar de macho da casa, morreu e eu, militante do feminismo, ainda me refiro ao coletivo de peludas empoderadas no masculino.
Pimenta reinando no tronquinho que Leo fez para eles elas
Em parte, porque é difícil mudar hábitos. Mas também porque significaria mais uma expressão de ausência.
"Por que esses olhos tão grandes?", pergunta o rato desavisado. E vocês já sabem a resposta, né? Eles são proporcionalmente maiores do que os nossos (e voltados para frente) justamente porque se tratam de animais predadores. Inclusive respondem melhor a movimentos rápidos. E seu campo visual cobre cerca de 200 graus, contra 150 graus do olho humano. Mas, pasmem, os bichanos não enxergam muito bem de perto. A distância ideal para eles fica entre dois e seis metros.
E, a menos de 30 cm, a presa vira um borrão — aí, quem entra em ação para identificar os detalhes são os bigodes, como expliquei no capítulo anterior desta série, inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy. Há que se ressaltar, porém, que nossos amigos domesticados tendem à miopia, diferente de seus ancestrais, porque os brinquedinhos com que costumam interagir estão mais próximos.
E o lance de que os peludos não veem cores, procede? Primeiro, vale explicar o funcionamento do olho: a luz passa pela córnea (capinha transparente que ajuda a focar os objetos), entra pela pupila (parte preta no centro da íris, a bolota colorida que controla a quantidade de luz), atravessa o cristalino (que também permite focar os objetos) e é projetada na retina (localizada no fundo do olho), que envia a informação para o cérebro pelo nervo óptico.
Na retina, existem dois tipos de receptores: os bastonetes, especializados em condições de pouca luz, e os cones, melhores na detecção de cores diurnas. Como os gatos possuem três vezes mais bastonetes do que a gente, só que menos cores, até conseguem detectar algumas delas durante o dia, embora não tão proeminentes. Já na penumbra enxergam em preto e branco, mas com muito mais clareza.
No Super Trunfo da caça, nitidez certamente vence o colorido.
Outras curiosidades:
- As pupilas em fresta vertical permitem que os bichanos respondam mais rápido à luz, abrindo e fechando em todas as direções.
- Seus olhos demoram mais para focalizar porque o cristalino é duro. E, quando as pupilas estão retraídas, sob luz intensa, fica ainda mais difícil.
- Enquanto nós, humanos, temos fóvea, um buraquinho na retina especializado em detalhes, os felinos possuem uma "linha visual" que cumpre função semelhante.
- Atrás da retina, eles também possuem células refletoras chamadas tapetum lucidum, que funcionam como lanterna, dando mais poder à visão no escuro — e é por causa delas que, em toda foto com flash que você tira, seu pet sai com olhos brilhantes.
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Clara havia fugido de casa e eu a procurava na montanha-russa, a toda velocidade — uma boa metáfora para estas quase duas décadas da gangue. Quando abria a janela do carrinho, porém, quem pulava para dentro era o Mercvrivs.
O luto parece fazer o caminho inverso nos sonhos: primeiro morte, depois doença, no terceiro indiferença — contei que o frajola aparecia disfarçado de estranho, com uma manchinha na perna, né?
Neste quarto, numérico e geográfico, talvez esteja a cura.
Guda está perto dos 17 anos, na sobrevida de um quadro avançado de doença renal. Desde 31 de dezembro, meus dias correm em intervalos de 40 minutos para conseguir cumprir todas as rodadas de comida na seringa, com que ela custou a acostumar. E confesso que não achava que viveria para desenvolver outros problemas, muito menos neurológicos.
Em novembro, já havia estranhado as cochiladas de olho aberto e o sono tão profundo que mais lembrava um coma — pensem em um gato, criatura constantemente em estado de alerta, sendo chacoalhado sem reação! Ou melhor, assistam:
Depois, Leo notou um leve desequilíbrio nas caminhadas, que não podia ser fraqueza porque o peso (ainda que abaixo dos tempos áureos) e as mucosas coradas se mantêm. Aí, as pupilas ficaram de tamanhos diferentes, aumentando a fotossensibilidade — como dá para perceber pela foto que abre o post.
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E o xixi passou a sair em gotas, enquanto o cocô sobrava preso no ânus, indicando descontrole dos esfíncteres. Teve ainda a fase dos vazamentos, que me obrigou a forrar com papelão os módulos de madeira em que ela gosta de deitar e a proteger o interior dos almofadões da sala e minha cadeira de trabalho com tapete higiênico — o resto é de acquablock menos velho ou lavável.
Guda continua aproveitando os passeios pelo jardim, o sol no gramado, meu colo magrelo. Mas o cérebro velhinho parece que começou a falhar.
Como não gosto de cerveja nem de Campari, puxei papo com a inteligência artificial do momento, o ChatGPT, falando do Gatoca, nosso projeto de educação, sensibilização e mobilização pelos animais. Ele não conhecia, mas, diferente de uns machos tóxicos, pareceu se interessar pelo assunto — resumo dos 15 anos e meio de ações on e offline aqui.
Aproveitei o gancho para perguntar, então, sobre a importância de lutar por uma convivência mais harmônica entre seres humanos e cachorros, gatos, galinhas, ornitorrincos. E a parte do "merecem viver sem sofrimento desnecessário" me pegou. Quando percebi, já estava chamando a criatura de especista.
Para o meu espanto, porém, ela se desculpou, largando na frente de uns bons milhões de desinteligentes naturais.
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Ainda sugeriu caminhos para alcançarmos o equilíbrio, passando por conscientização da população, criação e aplicação de leis, pesquisa científica e inovação, mudança cultural e adoção responsável.
Confesso que me surpreendeu.
Sim, eu sei que as respostas são criadas prevendo as palavras seguintes com base nas geradas anteriormente — por isso o chatbot comete vários erros. E João acabou com a diversão explicando que não dá para ensinar nada efetivamente a ele, pois seu banco de dados foi alimentado com conteúdo produzido até 2021.
Tem ainda todas as questões éticas, como o viés de quem treina a ferramenta, a utilização do nosso trabalho sem remuneração, a distopia de os robôs dominarem o mundo. Mas estou acostumada com gente que responde que plantas também sentem dor, sabem?
P.S.: No recesso de fim de ano, Leo Eichinger e eu testamos o Midjourney e o Stable Diffusion, softwares de inteligência artificial que geram imagens a partir de texto. E o resultado foi tragicômico, um alívio para quem depende de criatividade para pagar boleto. 😂
Às 2h, acordo com gritos aleatórios da Pufosa na sala. Mal adormeço e Pipoca vomita um poltergeist — apelido que dei para a modalidade giratória, em que o conteúdo da boca vai sendo arremessado para longe. Micro-ondas informa que perdi o melhor corticoide da madrugada limpado a cozinha com cheiro de azedo. Às 4h, é a vez de Chocolate esgoelar, só que, diferente da Pufosa, persistentemente. Coloco sua almofada de joaninha dentro da caixa de papelão para esquentar.
Meia hora depois, Keka resolve brigar com um gato invasor, de que só vi o rabo pardo desaparecendo pelo muro. Alguém derruba o potinho de ração do suporte às 5h30. Desisto de dormir às 6h30, com Pufosa botando para fora, bem na porta do quarto, toda a ração renal do recinto, ingerida enquanto eu tentava dormir. Adianto o café da manhã do resto da gangue, em jejum forçado, pensando na privação de sono como estratégia de tortura.
Com a compreensão de mundo prejudicada e depois de nove rodadas de patê na seringa para a Guda, um pterodátilo sombreia a casa, faz tremer o telhado e rouba da Chocolate o troféu de pulmões mais potentes.
Ressurgiu do cretáceo, aliás, o Gramado da Fama, com a paraibana Arina Alba e a paulistana July Grafe, que adotou o blog antes dos gatos! ❤
Esse apoio faz toda a diferença para produtores de conteúdo que não trabalham com publicidade porque prezam pela independência. Para se juntar aos despioradores de mundo (e participar do grupo de WhatsApp mais acolhedor e divertido da internet), basta acessar o Catarse — nossa jornada é longa e só pretendo parar na ONU. :)
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Eu não curto carnaval, cerveja tem gosto de tristeza e gatos odeiam fantasia. Mas não é por isso que vocês vão deixar de se divertir no Gatoca durante o feriadão, certo? A ideia para este post surgiu no Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores. E não precisa consumir com moderação!
Bom senso fail, por Adrina Barth
Múltiplos disfarces, por Fernanda Barreto
Gato aéreo, por Alice Gap
Exercício engorda: método científico, por Roberta Herrera
Este é o primeiro aniversário silencioso da Chocolate* — ao menos o primeiro desde que me dei conta de que ela não escuta mais. Fico me perguntando como a pequena encrenqueira deve se sentir. Quando me aproximo dela, faço questão de vibrar o chão, estico a mão perto do focinho antes de tocar se os olhos estão fechados, parei de me irritar com a gritaria decibéis acima.
Mas as outras gatas não têm essa compreensão. E Choco passou a sair cada vez menos do seu canto seguro, a cesta com almofada de joaninha puída — nossa releitura Tim Burton não durou muito. Hoje de manhã, sentei com ela no gatil e me deparei com esta cena:
Os outros sentidos arrumam um jeito de aproveitar a vida. E ela pode ser vulnerável, porque estou aqui. 16 anos e sempre. ❤
Com tecnologia 100% biológica, os bigodes da boca, bochechas, olhos, queixo e patas (podem procurar!) permitem que os gatos "vejam" em 3D. Isso porque enviam informações para o cérebro sobre o tamanho do espaço por onde eles tentam passar ou se a presa está perto da mordida letal, já que sua visão de perto não é muito boa — em modo de caça, os 12 bigodes ao redor do focinho tratam de apontar para frente, ajustando essa mordida.
Os receptores ligados ao córtex somatossensorial dos bichanos ainda convertem dados sobre o equilíbrio do próprio animal, a temperatura ambiente e as correntes de ar, identificando força, direção e velocidade, o que também ajuda a prever os movimentos das vítimas. Em comparação aos cães, a região do cérebro deles dedicada a receber esses sinais é bem maior.
Jackson Galaxy conta ainda em O Encantador de Gatos, livro que inspirou esta série, que espécies felinas selvagens que caçam à noite têm os bigodes mais proeminentes do que as diurnas. Está explicado porque Pimenta desfila com o Godofredo aos berros pela casa na melhor hora do nosso sono.
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Não faltam textos na internet sobre como diagnosticar, tratar e prevenir gastrite em gatos. Mas, quando a gastrite é causada pela doença renal e a criatura tem quase 16 anos, nenhuma dessas informações ajuda muito — não se aconselha anestesiar um animal idoso para a endoscopia, a ração renal não pode ser substituída pela intestinal e o mau funcionamento dos rins continuará irritando a mucosa gástrica com o excesso de ácido.
Tem ainda o estresse da fluidoterapia, que também agrava o quadro (o estresse, não a fluidoterapia, que fique claro, rs). E, na cartelinha de bingo da Pufosa, se somam o megaesôfago e o problema nos dentes. Este, porém, não é um post para fazer vocês chorarem comigo — para isso existe o chuveiro. Quero compartilhar o que está dando certo nos cuidados com a ex-gorducha. :)
Aproveito o gancho para começar pelos sintomas. Um bicho com gastrite apresentará perda de apetite e, consequentemente, de peso. Vômitos persistentes, que podem ser de ração digerida, líquido amarelo (bile) e até rosado ou com coágulos de sangue — a versão verde nunca peguei. E diarreia variando de cor e consistência, muitas vezes com sangue e muco.
O combo de vômito e diarreia tende a provocar desidratação, que se nota pela pele flácida — pelo feioso, aliás, também indica que algo não vai bem com nosso amigo. E, nos casos avançados da doença, as mucosas ficam mais pálidas devido à perda de sangue. Fim do momento Google.
O ciclo vicioso da Pufosa se caracteriza por enjoo (culpa dos rins), vômito de ração digerida, rangeção de dente, mais enjoo, vômitos de líquido com sangue, amuamento — às vezes rola um vômito de ração recém-ingerida nesse meio, por causa do megaesôfago. E, para quebrar, dou patê processado na seringa — alerta sobre alimentação forçada aqui.
Dona eu mesma de três gastrites pré-veganismo, a primeira aos 18 anos, época de bancária, sei que o estômago vazio só piora a situação. E ela geralmente se anima a voltar a comer sozinha depois — o mesmo patê, só que no potinho. Parece que o corpo consegue digerir mais fácil do que a ração seca. Tem marca super premium, inclusive, que aumentou os vômitos — tentei trocar para variar e me arrependi.
Já o soro achei melhor pausar e focar nas seringadas de água — 13 macetes aqui e dica de dosador oral que goteja aqui. Lembrando que, tanto para a comida quanto para a bebida, cabem confortavelmente no estômago dos bigodes 20 g/ml por vez e a digestão demora cerca de 40 minutos.
Espero ajudar outros tutores angustiados e vou adorar trocar experiências nos comentários!
Com dez gatos, dá para lançar o Emmy de Gatoca — sim, eu incluí estrelas que não brilham mais na terra porque são estrelas, oras! E tem bigode que merece mais de um seriado, sorry. Ficam as sugestões para os humanos, já que se tratam de algumas das minhas séries favoritas. :)
Fofo, engraçado, totalmente sem jeito com as meninas e me considerando um porto-seguro, Mercv ficaria dividido entre Atypical e The Big Bang Theory. Simba, que chegou com as orelhas comidas de briga, sem castrar e virou mocinho, embora apegado aos prazeres mundanos, amaria Lucifer. A sagacidade da Clara para fugir de casa, nos primórdios sem telas, a faria maratonar Lupin e Sherlock com o bloquinho de anotações.
Guda, às voltas com a educação de cinco filhas de personalidades complicadas, só poderia ser fã de Modern Family. Chocolate, que compartilha com ela uma rotina de amor e ódio, assistiria resmungando Grace and Frankie. Pimenta, batizada pela Mariana de Devedora Temedora, alternaria entre La Casa de Papel e Family Business.
Uma gata como Pufosa, que come mais do que cabe na barriga, vomita e come de novo (o das irmãs também!), não perderia Community. Pipoca, desabrochando conforme crescia, depois de quase morrer várias vezes, fez a jornada do herói da Anne with an E. Keka, arisca e com cara de mal-humorada, mas doce por dentro, se identificaria com Wandinha.
Ao falhar na missão de me arrancar um braço, em 2013, Jujuba trocaria Dexter por Only Murders in the Building, mais moderna e com menos sangue. Vocês provavelmente me associariam com Call me Kat, acertei? E o Gatoca tem um quê de The Good Place — entendedores entenderão. 😂
Contem nos comentários as séries dos bichanos de vocês!
Vômito persistente, diarreia, babação, apatia, pele flácida dão alertas claros de algo não vai bem com nosso amigo. Mas gato é um bicho que demora para manifestar sintomas e, no caso da doença renal, por exemplo, eles só costumam aparecer quando boa parte dos rins já está comprometida.
Eu cheguei a compartilhar um teste da Universidade de Montreal que ajudava a identificar dor nos felinos, lembram? Ele se baseava na avaliação da posição das orelhas, bigodes e cabeça, e do formato dos olhos e do focinho. Muitos parâmetros, porém, e brechas para dúvidas — fiquei pensando se funcionaria na hora H.
A real é que, se você está acostumado com a carinha do meliante, notará a diferença — Guda acaba de me provar. As feições de um gato relaxado são arredondadas, enquanto o rosto de um peludo que não se sente bem fica visivelmente mais tenso:
Guda no começo do mês, com a doença renal já avançada (embora tenhamos controlado os vômitos, a diarreia e a desidratação)
Guda um ano atrás, quando nossa única preocupação era essa secreção persistente no olho esquerdo (foto emprestada do post do nistagmo, aliás)
Confiem, portanto, na sua percepção e na conexão que têm com seu bicho. Para garantir, vale pesar o bigode mensalmente, prestar atenção se não está sobrando mais comida do que o normal no potinho, checar se as brincadeiras e explorações pela casa continuam atrativas — mesmo na velhice.
Para uma gata de 2,3 kg, que originalmente pesava 4 kg, 200 g pode significar a diferença entre um tratamento bem-sucedido e a proximidade inevitável do fim. Esse assunto surgiu no Cluboca, nosso grupo de apoiadores, por causa da Guda, mas eu comprei a balança de bioimpedância muito antes, imaginando que poderia medir proteínas, ossos, metabolismo e hidratação dos bigodes.
Visualizem as criaturas encaixando as patas nas quatro bolotas de metal! #inocente
O projeto não só fracassou como a variação de peso se manteve igual à dos modelos simples, bem mais baratos — aqui, vale explicar que a gente se pesa segurando o animal, depois desconta a nossa parte. Consigo contornar apelando ao método "melhor de três", nada prático, porém, com sete peludas, boa parte antissocial, sob monitoramento quinzenal.
Voltando ao Cluboca, Lorena Fonseca compartilhou a mesma angústia e o que se sucedeu foi esta sequência impagável de gatos em panelas, oferecimento de um amigo da Vanessa Araújo, quando Lulis precisou de doação de sangue.
Eu nunca teria a ideia de usar a balancinha de cozinha! E minha gangue também não ficaria sossegada assim como o Benjamim, da Paula Melo.
Regina Haagen sugeriu, ainda, os dinamômetros de mala, com ganchinho, que os Médicos sem Fronteiras usam para pesar crianças em regiões afetadas por conflitos armados, desastres naturais e epidemias — os sites chamam de balança, mas ele mede intensidade de força, não massa.
E tem a clássica balança de drogas, que demanda o cuidado de não ser armazenada com grandes volumes de dinheiro. E drogas.
Que estratégia vocês usam por aí? Contem nos comentários!
Quando você tem sete gatos que já passaram dos 15 anos (e problemas nos dentes, nos rins, no estômago), tende a usar mais o processador de alimentos com eles do que com sua própria comida. Eu não me importava de bater a latinha da gangue todo o café da manhã, mas, com a Guda na alimentação forçada de novo, toda economia de tempo é bem-vinda.
E a Pet Delícia, parceira antiga, atendeu minhas preces não proferidas lançando molhos naturais de frango, carne e peixe! Dá para misturar na ração seca, aumentando a umidade na dieta, só que a gente oferece como sopa mesmo, no asilo que virou Gatoca, rs. Leitores novatos talvez não tenham entendido o lance da umidade — e os antigos perdoem o disco quebrado.
É que os ancestrais dos nossos amigos caçavam animais com 70% de líquido em seus corpos e não precisavam tomar a água morna com poeira e pelos do potinho. Essa falta de hábito hídrico, somada a uma alimentação baseada exclusivamente em ração seca, mata cada vez mais bichanos por insuficiência renal. Foi assim que perdi o Simba. E o Mercv. E estou perdendo a Guda.
Ao longo da semana, nós testamos os sabores de carne e frango, sucessos quase absolutos — Guda não se animou porque há 21 dias não come mais nada sozinha. Pipoca até canta quando ouve o barulho da latinha abrindo! Uma grata surpresa em tempos áridos. :)
Obs.: A ideia era fotografar Pufosa comendo, com a latinha ao lado para mostrar a textura do conteúdo. Mas a meliante citada anteriormente, que já estava no quinto repeteco, invadiu o set — e não, eu não deixo os bigodes enfiarem a cara na lata sem supervisão.