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3.3.23

O cérebro cansado de uma gata idosa

Guda está perto dos 17 anos, na sobrevida de um quadro avançado de doença renal. Desde 31 de dezembro, meus dias correm em intervalos de 40 minutos para conseguir cumprir todas as rodadas de comida na seringa, com que ela custou a acostumar. E confesso que não achava que viveria para desenvolver outros problemas, muito menos neurológicos.


Em novembro, já havia estranhado as cochiladas de olho aberto e o sono tão profundo que mais lembrava um coma — pensem em um gato, criatura constantemente em estado de alerta, sendo chacoalhado sem reação! Ou melhor, assistam:


Depois, Leo notou um leve desequilíbrio nas caminhadas, que não podia ser fraqueza porque o peso (ainda que abaixo dos tempos áureos) e as mucosas coradas se mantêm. Aí, as pupilas ficaram de tamanhos diferentes, aumentando a fotossensibilidade — como dá para perceber pela foto que abre o post.


Para ampliar, cliquem na imagem

E o xixi passou a sair em gotas, enquanto o cocô sobrava preso no ânus, indicando descontrole dos esfíncteres. Teve ainda a fase dos vazamentos, que me obrigou a forrar com papelão os módulos de madeira em que ela gosta de deitar e a proteger o interior dos almofadões da sala e minha cadeira de trabalho com tapete higiênico — o resto é de acquablock menos velho ou lavável.

Guda continua aproveitando os passeios pelo jardim, o sol no gramado, meu colo magrelo. Mas o cérebro velhinho parece que começou a falhar.

6 comentários:

raquel disse...

eita, essa descrição da gudinha me lembrou de bibi, gata idosa da minha mãe que também teve problemas neurológicos. ela dormia que parecia morta também, e com as patas duuuuras hahaha que nervoso. a notícia boa é que bibi mesmo com as questões neurológicas todas (mais doença renal, mais descontrole da tireóide, mais mais mais) viveu tanto que as veterinárias escreviam 21+ no prontuário porque era impossível precisar a idade dela. e curtiu bastante a vidinha dela até uns 3 dias antes do corpinho desligar.

um dia de cada vez, é o que dá pra fazer. minha gata faz 16 no próximo domingo.

abraço.

raquel (@badjokenotfunny no twitter)

Alice disse...

Estamos passando por isso pela primeira vz também.
Emilia tem 19. Vários problemas de saúde controlados, com altos e baixos. E do início do ano pra cá passou a apresentar problemas cognitivos, "Alzheimer" (entre aspas pq não existe esse nome oficialmente na med vet, mas é isso) diagnosticado pelo neurologista.
Alguns sintomas parecidos com a Gouda, outros, diferentes.
Mas se vc olhar não diz, ela ainda parece "normal" na maior parte do tempo. Mas tem interagido pouco, já se perdeu na casa uma vz (que eu tenha visto).
É triste... mas só podemos aproveitar cada minuto com elas... 💔

Beatriz Levischi foi muito claro.
Ela não tem vindo pra sala há um tempo. Aí veio, andou direto até o ambiente maior, ficou parada no meio olhando em volta com olhar distante e se enfiou embaixo de uma mesa que ela nunca ficou.
Eu peguei, coloquei no sofá e continuou olhando em volta. De repente, parece que "voltou pro corpo" e saiu correndo pra caixa de areia no outro lado da casa, chegou la pingando. A impressão que deu é que qdo ela foi pra sala ja tava querendo xixi mas se perdeu.
Teve mais alguns episódios de ausências mais rápidas e sutis. Tipo acordar sem saber onde ta e ficar vocalizando virada pra parede.
Mas essa da sala foi bem evidente.

Unknown disse...

Sim, Bia, também perdi uma escaminha tão boazinha, Kunona, fará um ano em março, com doença senil ou neurológica. Foi muito triste vê-la caminhar de uma parede a outra, sem parar, sem rumo, à noite toda e desmaiar de cansaço pela manhã. A velhice é para os fortes. Animais não deveriam envelhecer. Humanos também não.

Anônimo disse...

Não é fácil 🥺🥺🥺Se existe algo a consolar é que há amor nessa caminhada terrena

Anônimo disse...

Estou aprendendo a lidar com Coca em sua senilidade. Acaba de comer um prato razoavel pra um pedreiro e mia e me segue miando pedindo comida. Não curte mais ficar entre os da sua espécie, implicar com a cachorra Danda, deitar junto á irmã Fanta ( eram quase siamesas, unidas, ligadas entre si), dar e tomar banho da Fanta, caminhar pelos canteiros, se estirar ao sol na garagem... não faz mais nada disso. Sua vidinha resumiu-se a comer e dormir. Interação zero, exceto com patês e latinhas.

Beatriz Levischi disse...

21+ é quase Guinness Book, Raquel! Espero que sua gatinha de 16 esteja bem. Guda acabou morrendo aos 17...

Como comentei contigo pelo Facebook, onde surgiu essa conversa que te pedi para colar aqui, Alice, Jujuba também tem vocalizado diferente e parece realmente desorientada, mas passa assim que a chamo.

Todo mundo podia morrer sonhando, né?