.
.

18.5.22

Saudade

Do alto da minha arrogância, acreditei que era só dar água na seringa que você viveria para sempre — não me passou pela cabeça que existiam outras mortes de gato, que não a do Simba e da Clara. E talvez eu tenha subestimado a falta que ela te faz, né, Mercv?

Você, a criatura mais tibetana que já passou pela Terra, me esperou recomeçar. Nove meses, depois dos nove meses do parto ao contrário — essa parece ser a nova marcação de tempo por aqui. Eu não estava pronta. Mas também não estaria se você partisse aos 30 anos, como costumava brincar.

16 e meio: tanto em tão pouco.

Sim, eu quis desistir porque você começava a diarreia na caixa de areia e saía andando sem terminar, sujando tudo. Não entendia nada de bicho. Só que, quando o veterinário disse que sua chance de sobreviver era pequena, nem 50 dias já com anemia, infecção e virose, eu chorei.

Na frente de um estranho, por uma bolota de bigodes de que acha que não gostava. E decidi te segurar nas garras — além de acabar com o estoque de Gatorade de limão, seu favorito.

O que não me impedia de ficar brava quando você mordia meu dedão embaixo da coberta ou escalava minhas pernas com as unhas, porque desconhecia o próprio poder letal. Entendi só depois que o combo precoce de doenças te roubou a oportunidade de se calibrar na lutinha com os irmãos.

Essa foi a vantagem que Eduardo usou para me convencer a te adotar, lembra? "Ele não mia, não brinca, não come, você nem vai perceber que ele existe". E logo a Clara me pescou no pet shop, te mordeu de volta e a paz passou a reinar — fora do quarto, porque, injustiça das bravas, me descobri alérgica a gatos.

Você foi, de longe, minha melhor escolha. Tentaram me empurrar os filhotes que cresceriam de olhos azuis, um dos cinzas com branco, o mais peludinho. Mas eu sabia que era você — o frajola comum, com a eterna secreção no olho esquerdo e o pelo caspento (que resolveu ficar macio e brilhante, misteriosamente, no final). Não tem explicação, não racional.

E com você eu aprendi a amar também cachorro, passarinho, rato kamikaze, pomba porcalhona. A resgatar, depois a doar — não sem antes formar nossa gangue. A dividir o Gatoca com o mundo. A estender esse amor aos porcos, vacas, galinhas — e ler rótulo minúsculo de embalagem.

A querer mudar o planeta.

Agora, preciso aprender a continuar sem você — e seu cheirinho de roupa passada, o salto alto ecoando pela casa, as caçadas de ração, o colo roubado no meio da ioga, "mãããããããe" perfeitamente miado do outro lado das portas fechadas (isso quando você não decidia abri-las no pulo), a parceria no mamão do café da manhã (porque descobri que não podia te dar iogurte e sorvete napolitano), sua paixão por água, fingindo que bebia só para molhar o cabelo.

Naquele 2 de dezembro de 2005, te carreguei sem jeito no carro balançando, com medo de quebrar. Uma menina de 25 anos. Aos 42, sou eu a quebrada.

Se não existir nada além daqui, no nosso terreno você está ao lado da Clara — lugar em que você mesmo escolheu descansar no último passeio, já cambaleante. E porque Leo pegou a enxada há pouco, com a sensação térmica de 9ºC — você partiu no dia mais frio do ano e o termômetro não precisava concordar.

Como prometido, segurei sua mão por intermináveis cinco horas. E você retribuiu com um pãozinho timidamente amassado, o presente mais incrível que uma mãe poderia ganhar. Não existirá outro Mercvrivs.

Vem me visitar, de vez em quando? Eu sou boa de sonho.



*

Não poderia deixar de agradecer à Guda, que não era a Clara, mas ficou grudadinha com o Mercv até o fim. Ao Leo, da ajuda prática com o soro e os almoços que eu mal conseguia comer ao acolhimento em abraços silenciosos. Ao Edu, que cuidou do pequeno nos últimos dois anos, durante as madrugadas e finais de semana. À Maru, por me apresentar à homeopatia e às seringadas de água, e me acompanhar na despedida. Ao Eduardo, por ter insistido para eu abrir a janela e deixar o sol entrar.

13.5.22

17 anos depois, encarei o teste de FIV e FeLV!

Em 2005, quando adotei o Mercvrivs (e depois a Guda), não era comum testar os gatos para aids (FIV) e leucemia (FeLV) felinas, doenças virais que afetam o sistema imunológico. Na verdade, eu nem sabia que elas existiam. E, como não misturava os animais resgatados, segui na ignorância.


Até 2016, quando Simba teve uma evolução renal bizarra, que fez a veterinária suspeitar de FeLV, e os hemogramas de seis bigodes acusaram leucócitos baixos. Cheguei a cogitar um novo exame, em laboratório especial para minimizar o estresse, que também afeta os leucócitos, mas desisti. Um diagnóstico positivo me derrubaria e não faria diferença no tratamento.

O engraçado é que, nestes seis anos, acabei acostumando com a ideia, mesmo sem a confirmação — principalmente depois do carcinoma da Clara e do rodízio de doencinhas da gangue. Testar virou, então, uma estratégia para incentivar mais gente a acolher felvinhos, mostrando que eles podem ter vidas incríveis.

E a oportunidade veio com a ida ao laboratório da dupla, no último sábado, para investigar a recusa em comer. Testei só o Mercv porque uma enfermidade transmitida por lambida e compartilhamento de potinhos e caixas de areia dificilmente contaminaria apenas um bicho, tantos anos depois — e porque não custa barato.

O vet indicou o método Elisa, que identifica a reação do organismo ao vírus, com uma margem de acerto de até 99,2%, dependendo da especificidade (um parâmetro estatístico) — enquanto o PCR, para dar positivo, precisa que o vírus, ou parte dele, esteja presente na amostra de sangue coletada.

E o resultado, acreditem, foi negativo, tanto para FeLV quanto para FIV!


Para ampliar, cliquem na imagem

Os pequenos podem ter tido contado com a doença e eliminado sozinhos — Catrina, resgatada no mesmo 2016, nós sabemos que negativou. Mas fica o apelo de qualquer forma: deem uma chance a um peludo que provavelmente morrerá no abrigo, sem saber o que é uma família.

Ele precisará dos mesmos cuidados que quem ama dá a seus bichos: uma rotina sem estresse, comida de qualidade e acompanhamento veterinário. ❤️

12.5.22

Doença renal em gatos: o milagre da água na seringa!

Como se a rotina já não estivesse complicada com oito gatos idosos, 50 mudas de planta e a batalha dos boletos, Mercv e Guda desistiram de comer ao mesmo tempo — eu comentei sobre o emagrecimento silencioso dele e as inalações dela. No sábado, então, nós pegamos a estrada até Sorocaba, onde os bigodes fizeram ultrassom, hemograma e função renal.


Mercv apresentou alterações no fígado, baço e pâncreas. Mas os rins, que eram minha preocupação, não estão ruins para um senhor de 16 e meio, renal há seis. E a creatinina até baixou, em relação a 2018: de 2,2 mg/dL para 1,90 mg/dL — rins saudáveis devem mantê-la inferior a 1,8 mg/dL.


Os da Guda estão ainda melhores, apesar dos cristais de outros carnavais e de a creatinina ter aumentado um tico: de 1,73 mg/dL para 2,20 mg/dL. No pacote dela, tem também cistite, responsável pelo sangue na urina, e gases, provavelmente causados por estresse — que muda as bactérias da região.


Se nada disso for responsável pelo apetite prejudicado dos peludos, a culpa deve ser da ureia mais alta, que provoca enjoo. E preciso confessar que ambos possuem linfonodos inchados na barriga, mais um indício de FeLV, o diagnóstico de que fujo desde a morte do Simba. Dessa vez, porém, autorizei o teste — o resultado sai amanhã.

"E as seringadas de água?", vocês devem estar se perguntando. Oras, elas funcionam, visto que os rins são a melhor coisa desses exames, rs. É que gato não foi feito para comer ração seca — na natureza, eles caçam animais menores, com cerca 70% de líquido em seus corpos, e justamente por isso não têm o costume de beber água.

Em tempos de crise, se não puderem comprar sachê, patê ou latinha, água na seringa opera milagres! Eu distribuo em três rodadas de 20 ml (manhã, tarde e noite), como reforço da hidratação — lembrando que 20 ml é a quantidade que cabe confortavelmente no estômago deles e precisa esperar 40 minutos para a digestão.

Nos links abaixo, tem dicas para facilitar o processo, desde como dar líquido na seringa até modelo de dosador oral que goteja — e outras informações importantes sobre o pesadelo dos gateiros. Prevenção simples e grátis!


:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: Em quanto tempo o soro faz efeito?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

6.5.22

Aniversariante do mês – maio de 2022

A ideia era publicar o post da inalação da Guda ontem e hoje já dar início aos festejos de seus 15 anos em Gatoca. Mas o inferno astral da pequena, pelo jeito, vai durar até o último minuto. E amanhã, data oficial da adoção*, ela comemorará esticada na maca do ultrassom, depois de 35 minutos de viagem de carro e antes da agulhada do exame de sangue.

Guda está um trapo.


Aos problemas respiratórios se juntaram o sangue na urina e um estômago que não parece mais a fim de digerir a comida.


Espero que não seja o meu inferno astral, porque para janeiro ainda falta muito. 😂

*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

5.5.22

Como fazer inalação em gato

Tudo começou com a secreção caramelo brilhando no olho esquerdo. Depois, notei um barulhinho no nariz, daqueles que a gente precisa desligar o bebedouro elétrico para ouvir melhor. Aí vieram os espirros aleatórios e engasgos com o catarro. E a comida foi sobrando cada vez mais no pote. Ainda não sabemos o que a Guda, na alimentação forçada há seis dias, tem.

Mas o veterinário sugeriu amenizar o mal-estar com inalações. Eu, asmática experiente, porém novata com o procedimento em felinos, anotei as dicas para compartilhar com vocês. A estratégia mais simples é fechar o peludo no banheiro enquanto a gente toma aquele banho-sauna. Só que tive de ir na advanced mesmo, porque eles não entram no nosso quarto — gateira alérgica a gatos, conhecem?


Prendi, então, a máscara de criança do kit dentro da caixa de transporte dos bigodes, usando um araminho de pão de forma, coloquei um fundo de soro fisiológico no copinho do inalador, sem medicação, e levei a engenhoca para o sofá da sala, onde Guda tomava sol. Se fosse qualquer uma das Gudinhas, escreveria um parágrafo à parte com dicas de como enfiar a criatura na caixa. Mas a barriguda entrou ronronando.


A toalha serve para o vapor ficar concentrado, sem necessidade de colocar a máscara no animal. E a duração da inalação pode variar entre 10 e 15 minutos. Confesso, porém, que só respeitei esse tempo (13 minutos, precisamente), da primeira vez, porque nas seguintes ela se estressou e começou a morder o cano — que eu deveria ter passado pelas gradinhas laterais.




E dei uma furada na blindagem abrindo a porta para fazer um carinho apaziguador. rs

29.4.22

7 posições de rabo explicadas | EG #9

Atualizado em 11 de setembro de 2023, com informações deste vídeo do Galaxy

Além de ajudar no equilíbrio e nos pulos, o rabo funciona como um emoji para os bichanos — quem diz isso sou eu, não o Jackson Galaxy, embora esta série seja inspirada em seu livro O Encantador de Gatos (rs). Sabem quando a gente inclui uma carinha ao final da mensagem para não restar dúvida quanto à intenção? E, como a ponta do rabo se move de forma independente do restante, dá para criar vários sinais.

Erguido: melhor demonstração de confiança, porque é um localizador fácil para predadores — na natureza os felinos definitivamente não andam assim. Só os gatos têm esse hábito, aliás. Já com a pontinha em curva trata-se de um cumprimento clássico, amigável ou brincalhão, equivalente ao nosso "oi".

Meio mastro (paralelo ao chão): indica exploração, curiosidade e precaução ao mesmo tempo.

Para baixo: aparece durante a perseguição da presa ou quando estão assustados, para parecerem menores — em casos extremos, é acompanhado pelo rastejar do exército.

Entre as pernas: expressa medo intenso, aquele rabo que a gente costuma ver nas idas ao veterinário.

Arrepiado: resposta a algo alarmante no ambiente, para parecerem maiores, sinaliza uma manobra ofensiva ou defensiva.

Tremendo: também conhecido como "marcação fantasma" ou "falso borrifo", geralmente significa empolgação — direcionada a uma pessoa de quem o bichano gosta.

Balançando: alerta para uma ação que virá, podendo ser positiva ou negativa — a interpretação depende do contexto. Se os movimentos lembram chicotadas, quer dizer que o peludo está superestimulado (frustrado ou irritado) e provavelmente reagirá de forma agressiva.

Um estudo muito legal da Universidade de Bristol, feito por John Bradshaw e Charlotte Cameron-Beaumont, analisou como os gatos respondiam a silhuetas de outros gatos (em papel preto), para eliminar a influência de feromônios ou vocalizações, com rabos em diferentes posições. E eles se aproximavam mais rápido da silhueta com o rabo erguido, levantando o próprio rabo em resposta — rabo para baixo ganhava outro rabo para baixo ou balançando.

Aqui em Gatoca, temos versões disruptivas:




Quebrado e torto assim, como você quer que eu não grite?


Morder ou não morder, eis a questão


Rabo? Que rabo? Não vi nenhum rabo por aqui...


Meu pirulito peludo! Tira o olho!


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

27.4.22

Tutorial: como descansar no sofá

Vida de gato domesticado pressupõe fazer escolhas complexas. Em vez de um punhado de terra com plantas, a gente pode dormir na cama (a deles), na caminha (a nossa), escondidos na caixa de papelão, no alto da geladeira, pendurado na prateleira e, assunto do nosso tutorial, no sofá das visitas. Para um sono antiestresse, portanto, siga este ritual...

Passo 1: amacie o assento com as garras até fazer pequenos buraquinhos — não desista no primeiro acquablock!

Passo 2: solte a maior quantidade possível de pelos para afastar humanos, principalmente os alérgicos.

Passo 3: espere o sol bater certeiro.

Passo 4: deite no chão, coladinho ao sofá.


P.S.: Mercv não está bem. Às voltas com as crises recorrentes da Pipoca (doença renal), da Guda (cistite) e da Pufosa (dentes), não percebi o emagrecimento silencioso dele. Não há vômitos nem diarreia, só o pelo caspento de sempre, os dentinhos binários, a secreção no olho esquerdo. E 16 anos e meio — mais de um terço da minha vida, sete a menos do que o tempo que compartilhei com minha mãe. Este post é uma tentativa de sorriso.

22.4.22

Gata empreendedora automotivada!

Aos quase 15 anos, Pufosa esperava o mundo acabar em barranco para morrer encostada. A ração era sempre a mesma, sua humana não entendia a importância do colo em livre demanda para o desenvolvimento emocional, ela odiava a escovação semanal. E pior: sentia que não estava em suas mãos mudar essa realidade.


Até começar a assistir a vídeos de coaching-quântico-fitness-anarcocapitalista no Youtube! Com uma caixa de papelão, dois palitos e fita crepe, ela montou sua barraquinha de cachorro-quente vegano, ainda contratou a Guda para explorar, enquanto descansa no rooftop!

14.4.22

Quando o universo usa metáforas felinas

Como boa capricorniana, meu sobrenome é Controle. Pensem em uma pessoa que precisa tomar dois shots de anestésico para fazer endoscopia — e que já fez três endoscopias justamente porque não consegue controlar tudo. Isso quer dizer que tenho uma escala de modelos para o Gramado da Fama. E estava na vez de a Guda brilhar.

Acontece que, como vocês mesmos podem ver, a cara dela não demonstrava muita gratidão à nova apoiadora. E havia uma criatura frajola roubando a cena lá no fundo. Quem dá as boas-vindas à Simone Castro, autora dos comentários mais engraçados das redes socias, portanto, é Pimenta, nossa deck dancer felina!




Dizem que ela está ajudando o Gatoca a começar no TikTok — a humana, não a gata! Eu não confirmo nem desminto, rs. Querem saber essa e outras fofocas de bastidores no nosso grupo de WhatsApp, o mais acolhedor e divertido da internet? Cadastrem-se no Catarse — que tem mais recompensas pensadas com carinho!

O financiamento coletivo me permite investir em projetos alternativos, como a série sobre O Encantador de Gatos (primeiro capítulo aqui) e o futuro jogo de tabuleiro para crianças — além de pagar boletos essenciais ultimamente. ❤️

Obrigada pela companhia na jornada, Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano...

...Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Lilian Gladys de Carvalho, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik...

...Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Amanda Midori, Karine de Cabedelo, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas, Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Márcia Mentz, Carmen Lucia Aguiar, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro e Elaigne Rodrigues!

13.4.22

Gato com problema no dente: dica para comer

Vocês sabem que Pufosa deu para mastigar os dentes feito chiclete, né? Muita gente ficou impressionada com o vídeo, mas, como ela estava comendo normalmente, eu não me preocupei — a radiografia tinha acusado um desgaste nas raízes de cinco dentinhos, só que a anestesiar uma gata às vésperas dos 15 anos é complicado.


Nos últimos dois meses, porém, a sensibilidade aumentou e a magrela mordia meia dúzia de grãozinhos da ração seca e desanimava — da úmida parece que enjoou. Foi quando me lembrei do micro-ondas felino! A gente brinca que ela gosta do vômito dos irmãos porque sai quentinho. Mas já devia ser indício do problema.

O segredo é a moleza, não a temperatura!

Passei, então, a deixar a comida de molho em um tico de água quente, por meia hora, e agora não sobra mais uma bolinha no pote! :)




Essa é só para não perder a piada, rs

8.4.22

Calculadora de ração para gato, seca e úmida!

Eu só me toquei recentemente que os gatos precisam ingerir muito mais ração úmida do que seca para bater a cota nutricional diária — provavelmente porque os grãozinhos industrializados são comida compactada, rs. E não estou defendendo a dieta que favorece problemas renais (não faria isso depois de perder o Simba), apenas compartilhando uma constatação.

Na batalha de uma década contra a doença da Pipoca, tentei várias configurações de alimentação. E o misto de ração renal seca disponível o dia inteiro, normal seca à noite, só um fundo de pote para não faltar tanta proteína, e úmida de manhã tem funcionado — para ela e para o bolso, junto com as seringadas de água. Mas e as quantidades?

Aí entra a calculadora maravilhosa da Pet Delícia, parceira do Gatoca há cinco anos! Você informa a fase de vida do animal, o peso, se ele precisa emagrecer, engordar ou manter a forma, a frequência de atividade física e o sabor da latinha escolhida que ela devolve as quantidades proporcionais para uma dieta metade seca e metade úmida, ¾ úmida ou totalmente úmida.

Com oito gatos, fica impossível controlar, confesso. Mas a calculadora ajudou demais na última crise séria da magrela, em que a alimentação só rolava pelo dosador oral, processada e coada — sim, preciso de férias! rs

Se você é novo por aqui e não entendeu a conexão entre (falta de) hidratação e insuficiência renal, o pesadelo dos tutores de bichanos, dê uma passeada pelos links no fim do post — 60% dos pequenos terão algum grau de disfunção nos rins ao morrer.



Outras infos importantes:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: Em quanto tempo o soro faz efeito?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

7.4.22

Gata Barraqueira

Chocorela vive com sua madrasta humana e sete irmãos fofinhos, em quem se diverte dando sopapos gratuitos. Depois de um longo inverno de grana apertada, Gatoca anuncia o tão esperado baile com petiscos e ela está decidida a eliminar a concorrência!

Nossa história tem uma fada sensata, porém, que tenta convencer a encrenqueira a chegar primeiro à boca-livre, usando sua carruagem de abóbora, sem necessidade de derramamento de sangue.


A sialata se aproxima do vegetal gigante, geração espontânea da nossa composteira mágica, dá uma cafungada profunda...


...e brada: "Carruagem é o caralho, meu nome é Cho Pequena!".

31.3.22

1 ano de casa nova!

Eu já comemorei mesversário de relacionamento (que obviamente não durou muito), festejo todos os aniversários dos bigodes, faço questão de pegar a estrada para brindar adoções longevas. Acho que é a primeira vez, porém, que decoro uma data de mudança de casa: 31 de março de 2021, o dia em que muita coisa deu errado, depois de meses dando errado e de outros meses que ainda viriam.

Vocês devem se lembrar que este blog ficou semanas em silêncio. E logo a Clara morreu. A inauguração do gatil rolou praticamente ontem! Foram tempos difíceis, porta adentro e afora. Mas a gente seguiu — Leo de tornozelo quebrado, eu à base de corticoide, os gatos velhinhos. E finalmente consegui gostar da casa nova! Das caminhadas floridas, de trabalhar com grilos, dos almoços na mesinha improvisada do jardim.

Até ri da oferenda que deixaram na nossa calçada (dá para chamar barranco de calçada?). E recebemos visitas para uma jogatina de tabuleiro — esses causos de bastidores conto no seriado apócrifo do Gatoca, enviado no grupo dos apoiadores (para se juntar, acessem o Catarse). Aqui, é lugar de falar de gatos, né?

Escolhi três fotos que resumem bem os últimos 365 dias. E espero que os magrelos possam aproveitar os próximos 365. ❤️





25.3.22

Teste: seu gato sente dor? Descubra pela cara!

Quem tem oportunidade de compartilhar a vida com um bichano sabe: está para nascer criatura mais briosa! Isso quer dizer que eles demoram para dar sinais de que algo não vai bem e esses sinais costumam ser sutis. Para ajudar estudantes, tutores e veterinários, pesquisadores da Universidade de Montreal criaram a Escala Felina Grimace.

Ela leva em consideração cinco "unidades de ação" para avaliar se o animal sente dor e de que intensidade: posição das orelhas, dos bigodes e da cabeça, e tensão dos olhos e do focinho. A pontuação varia entre 0 (ausente), 1 (moderada ou incerta) e 2 (marcante). E, se o total chegar a 4 ou ultrapassar, vale uma visita ao vet.


Compartilho aqui os exemplos de expressões faciais do estudo, mas preciso dar os créditos também ao canal Mascotas y Familias Felices, porque ler artigo científico de veterinária não é uma coisa que jornalistas fazem em seu tempo livre, rs. E fica o alerta: várias dessas expressões podem aparecer em um gato ao longo do dia. Vocês só devem se preocupar se elas forem constantes.

Posição das orelhas

- Para frente: 0
- Ligeiramente separadas: 1
- Viradas para fora: 2


Para ampliar, cliquem nas imagens

Tensão dos olhos

- Abertos: 0
- Parcialmente fechados: 1
- Semicerrados: 2


Tensão do focinho

- Relaxado (formato redondo): 0
- Tensão leve: 1
- Tenso (forma elíptica, ou seja, de círculo achatado): 2


Posição dos bigodes

- Solto (relaxado) e curvado: 0
- Ligeiramente curvado ou reto (mais perto da cara): 1
- Reto e apontando para frente (mais distante da cara): 2


Posição da cabeça

- Acima da linha dos ombros: 0
- Alinhada com os ombros: 1
- Abaixo da linha dos ombros ou inclinada para baixo (queixo no peito): 2


E aí, pela Escala Felina Grimace, vocês acham que Pipoca estava com dor quando tirei a foto do começo do texto? Dá para ver os olhos parcialmente fechados (1 ponto) e a cabeça alinhada com os ombros (mais 1 ponto) — além da magrelice de dez anos de batalha contra a doença renal. Mas não, era só moleza de calor mesmo. :)

22.3.22

A dieta secreta dos bigodes

É meio que regra: criança costuma comer escondido chocolate, adulto salgadinho e idoso o quarto prato de macarronada. Aqui em Gatoca, quando a gente não está olhando, os gatos devoram grama como salada e bebem água saborizada com insetos.