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23.12.21

3 ideias para fazer qualquer gato brincar!

Até ontem eu achava normal que animais idosos não brincassem mais. Como sempre tive uma gangue, aliás, acabava deixando o entretenimento por conta deles — e focava na alimentação, nos cuidados veterinários, no enriquecimento ambiental. Foi muito recentemente que descobri que os bichanos brincam para sempre, basta estimular.

Aproveitei, então, o Natal para renovar o estoque de bolinhas da Guda e o Godofredo da Pimenta — as únicas gatas que se divertem sozinhas, ainda trazem os brinquedinhos para a gente guardar. E comprei a famosa varinha para botar os sedentários em movimento. Vale contextualizar que todos os bigodes já passaram dos 14 anos e Mercv acabou de completar 16!

:: As reações

Como a barriguda só gosta da bolinha texturizada, que nunca encontro, paguei o valor do conjunto para aproveitar apenas metade, rs. Ela fica empolgadíssima quando alguém joga, mas também pega com a boca na caixa e sai petelecando pela casa em horas impróprias — tipo hoje, às 4h53.




Para a Pips, em vez de outro ratinho, escolhi o Monstro, que tem catnip dentro. Ela passeia com ambos na boca, chamando todo mundo para vir ver o troféu, só que o catnip produz um efeito extra: a rolação com baba.




"E os gatos que não brincam?", vocês devem estar se perguntando, impacientes. Amaram a varinha, preciso dar o braço a torcer. Aproveitei a Black Friday porque o raio das iscas penadas não custa barato, mas eles realmente enlouquecem quando as peninhas giram.


Quem mais surpreendeu foi a Chocolate, que não caça nem caramujo.




Jujuba, a criatura que me rasgou o braço na mudança para o apertamento, chegava perto, interessada, e saía correndo, rs. Keka e Pufosa sucumbiram ao calor, mas devem se animar com termômetros mais gentis — Keka já anda pelas paredes de madrugada. E Pipoca não conta, pois está fraquinha.

Prometo uma superproducinha caprichada para os apoiadores assim que conseguir organizar o caos!

:: Por que é importante?

Brincar 10 ou 15 minutinhos por dia com a gataiada permite que eles exercitem suas habilidades de predador, tendo uma vida mais plena, gastem energia de forma positiva, em vez de destruir o sofá, estreitem laços com a gente.

A prática constante, segundo a veterinária Larissa Rüncos, faz bem tanto para a saúde física (dos músculos e do coração), quanto para a mente e o emocional dos pequenos, evitando doenças como toque, depressão, ansiedade e obesidade.

Os especialistas em comportamento felino orientam brincar individualmente, inclusive, porque na natureza a presa é sempre pequena, inviabilizando a caça em grupo — claro que eu olhei para os oito meliantes e ri.

:: Dicas estratégicas

Experimentem brinquedos diferentes
Vocês viram, lá em cima, que cada bigode prefere um tipo, né?

Deem tempo para eles se acostumarem
Gato é bicho desconfiado. As criaturas aqui passaram nove meses tentando fugir de casa e, no dia em que inauguramos o gatil, ninguém queria sair.

Simulem o movimento das presas
Ratinhos correm pelo chão e passarinhos voam, certo? Balançar a varinha (ou cordinha) aleatoriamente diminui as chances de sucesso.

Apelem à criatividade
Vanessa Almeida contou no nosso grupo de apoiadores que tentou todos os tipos de isca até perceber que os bichanos se juntavam quando ela mexia na cartela de remédio.

Guardem depois de usar
Guda e Pimenta são exceções, eu não sabia. A maioria dos peludos parece que não curte brinquedinhos "mortos". E vocês podem aproveitar o fator surpresa/novidade, tão caro aos felinos. :)

17.12.21

Os bastidores do gatil lendário de Gatoca!

É fato que os bigodes se acostumaram com o apertamento mais rápido do que eu — que não me acostumei nunca, na verdade. Mas foi na janela de São Bernardo, respirando a poluição da Anchieta, que Pimenta desenvolveu a rinite alérgica highlander. Vir para o interior, portanto, equipararia qualidade de existência à conta bancária, em queda livre.

E eles aproveitaram bastante a casa concretada de Sorocaba. Até a gente ser moralmente despejado no meio da pandemia, sem nunca ter atrasado um centavo de aluguel, e a rural Araçoiaba da Serra se tornar uma opção. Obra, mudança e semanas de caos quase viraram separação, já contei aqui. Clara morreu. Secaram os frilas.

A gangue ganhou, então, um gatil improvisado, que resistiu por nove meses — na real, acho que eles sentiram pena da gente porque aqueles bambus apodrecendo e as telas velhas com barriga não seguravam mais ninguém. Em outubro, consegui comprar os caibros e toras de eucalipto para o gatil oficial, que Leo trouxe equilibrados no carro. Só que ainda faltava o alambrado, bem mais caro.

No mês seguinte, quando Pipoca quase partiu na última crise renal, batalha de uma década, resolvi dar um salto de fé e encomendei a cerca. Foi aí que o Gatoca saiu no boletim do Catarse, recebeu o selo "Projeto que Amamos" e começou a cair apoiador do lustre — vocês não tem ideia de como sou grata! O novo empreendimento é maior do que nossa casa: 90 m2 contra 60 m2!


A construção levou 13 dias, de sangue, suor, brigas — jornalista e designer armados com marreta e maquita.




A cada faixa do alambrado, pesado e pouco maleável, a gente tentava um método diferente, para tomar outro baile: começar a instalação de baixo para cima, de cima para baixo, prender tudo na esquerda ir desenrolando, deixar a sobra no topo e cortar depois, enterrar a sobra no gramado.








A limpeza de mato e plantas tóxicas rendeu três sacões de lixo. E o manacá, que estava com dificuldade de vingar, acabou dando lugar ao berço do futuro resedá, que os gatos poderão mastigar à vontade. Leo arrumou um tronco de árvore, vítima da poda da empresa de luz, para afiarem as garras. Tampou as brechas de fuga pelos contêineres com pedras do terreno vizinho. E quase arrancou o catnip que ele mesmo havia plantado.

No sábado retrasado, rolou o open cattery!


Guda, Keka e Pufosa se meteram a explorar tudo. Mercv deitou no primeiro quadrado de grama macio. Já Jujuba não saía de jeito nenhum. Se a gente tentava estimular, voltava correndo. E terminou a tarde laranja de rolar na terra do barranco. O catnip foi solenemente ignorado, até o quarto dia, quando passou a juntar fila. Pimenta e Pipoca arriscaram subir no tronquinho, só que quem está descascando o coitado inteiro é a Chocolate.




















A pequena rabugenta merece um parágrafo exclusivo, aliás: depois de dar a maior canseira no gatil improvisado, conseguiu escapar três vezes da blindagem oficial. O bairro ficou sem pedra e a peste aparecia do outro lado da cerca, como Houdini! Precisamos resgatar os macarrões de piscina do lixo e nos contentar com o toque de cortiço que sempre sobra na decoração.


Nosso banheiro continua sem porta, inclusive. Mas os bigodes terão vida, ao final.

16.12.21

Gramadão da Fama para comemorar o gatil novo!

Eu já soltei um spoiler do gatil oficial dos bigodes no texto sobre como os bichanos passariam o tempo na natureza e prometo contar os bastidores da construção e a reação da gangue amanhã. Este post acabou furando a fila porque são muitas fotos legais para escolher! E porque preciso agradecer, em um fim de ano tão complicado para o país, os dez novos apoiadores do Gatoca.


Ana Hilda Costa, Lia Paim, Márcia Mentz e Carmen Lucia Aguiar chegaram pelo boletim do Catarse — para quem não viu, nós ganhamos o selo "Projeto que Amamos" da plataforma pioneira em crowdfunding no Brasil! Elisângela Dias veio pelo Google, pesquisando informações sobre gatos. E Amanda Herrera é família — aquela que a gente escolhe, sabem?

Michele Strohschein trouxe, ainda, a Ivoneide Rodrigues, que passava por um momento delicado com a Nina, em estágio avançado da doença renal. E eu queria ter mais perto a Melissa Menegolo, a Vanessa Almeida e a Vivian Vano, então convidei-as descaradamente — minha meta para 2022 é fazer a energia circular, com ou sem dinheiro! rs

Para receber essa galera toda, a gente ia precisar mesmo de um Gramado da Fama maior. E Mercv fez questão de segurar a plaquinha!


Para ampliar, cliquem na imagem

O financiamento coletivo, não canso de repetir, me permite investir em projetos alternativos, como a série sobre O Encantador de Gatos (primeiro capítulo aqui!) e o futuro jogo de tabuleiro para crianças — será que sai no ano que vem? Faltam R$ 30, aliás, para bater a meta de levar o Gatoca para o TikTok!

Vocês ganham superproducinhas audiovisuais (juro que retomarei!), grupo no WhatsApp para trocar experiências, memes e angústias, e outras recompensas pensadas com carinho — os bastidores da obra da casóca viraram seriado apócrifo com 25 capítulos, está rolando o Amigo Secreto de Talentos e devo organizar um sorteio para janeiro, mês do meu aniversário. :)

Obrigada pela parceria também, Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita...

...Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Lilian Gladys de Carvalho, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Amanda Midori, Karine de Cabedelo, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas, Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa! ❤️

10.12.21

Gatoca recebe selo especial do Catarse!

Foi um novembro inusitado. Primeiro, eu descobri por uma estranha que a gente havia saído no boletim do Catarse — vou contar em detalhes no Gramado da Fama turbinado, na semana que vem.


A plataforma pioneira de financiamento coletivo no Brasil indicava o Gatoca como uma iniciativa em prol dos animais que merecia ser apoiada. ❤️


Na sequência, entrei no sistema e dei de cara com o selo "Projeto que Amamos", criado, segundo a empresa, para mostrar "admiração e lágrimas nos olhos" por ideias catárticas — seletas 181, de mais de 5 mil, entre campanhas pontuais e assinaturas.


Após dois anos de vida (e país) dando errado, entendi como um abraço do Universo — com empurrãozinho gentil para tirar a poeira do tênis.

9.12.21

Como seu gato gastaria o tempo dele na natureza?

A gente sabe que não seria assistindo Netflix, mas vocês já se fizeram essa pergunta? A veterinária Amanda Alano, dona do meu perfil favorito no Instagram, responde, baseada no artigo Environmental Enrichment for Cats ("Enriquecimento Ambiental para Gatos"), escrito pela norteamericana Lisa Radosta.


Mesmo se não tivessem cruzado nosso caminho, os bichanos passariam a maior parte do tempo descansando e dormindo. A diferença é que também viajariam e caçariam — mais de quatro horas por dia! A dedicação à limpeza confesso que também chama a atenção da tutora de um Mercvrivs que negligencia a própria barriga. E o que será que entra em "outros"? rs


Amanda reforça a importância de compensarmos, ao menos parcialmente, a vida concretada dos nossos amigos brincando com eles, promovendo estímulos tanto físicos quanto mentais e enriquecendo o ambiente com caixas que sirvam de esconderijo, prateleiras para observar o movimento da rua e arranhadores que poupem o sofá.

Vai ter mais post sobre o assunto por aqui!

*

O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor — veja as principais ações do projeto! Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe um cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br ❤️

2.12.21

Presente reverso

Quando adotei o Mercv*, exatamente 16 anos atrás, achei que estava oferecendo a ele a chance de ganhar uma família — eu nem gostava de bicho, o filhotico frajola jogou baixo! Mas foi Mercv quem acabou me dando uma família.

E amigos.

Trabalhos.

Um projeto de vida.

Sem esse gato, nenhuma parte de mim seria igual.


*Novelinha: Conheça a história do Mercv

30.11.21

Dia de Doar: ajudem o Conan a ser bárbaro?

Conan parece filhote, mas já tem uns 3 anos.


É que, em vez de brinquedinhos, pote de comida que enche sozinho e carinho nas orelhas, a vida lhe deu rinotraqueite, fungo, anemia e sarna de ouvido. O pretolino foi resgatado pela querida Nathalia Vieira, no começo de outubro, prostrado e com dificuldade de respirar.


Ela comprou fraldinha, inalador, vários remédios prescritos pela veterinária e um estoque de Recovery, aquela ração úmida que ressuscita caso perdido e todo gateiro sabe que custa dois rins e uma fatia do fígado.


O pequeno até chegou a melhorar (assistam ao vídeo emocionante dele caçando a peninha). Mas teve uma recaída do nada e precisou de duas transfusões de sangue.


A causa da anemia segue desconhecida — e o peludo ainda corre o risco de ficar cego. Mas o rombo na conta da Nati não deixa dúvidas: desesperadores R$ 10 mil. Ela fez o mais difícil — se importou, arregaçou as mangas e entregou o coração para ser rasgado. A gente só precisa ajudar com dinheiro. :)

Aproveitem que hoje é Dia de Doar — movimento criado em 2012 pela organização norte-americana 92Y, com o nome original de Giving Tuesday, por acontecer na terça-feira seguinte ao Dia de Ação de Graças, e que já sensibilizou 85 países!

R$ 1 faz diferença (chave PIX: 11987868444). Se vocês tiverem um tico mais, podem comprar um número da rifa, concorrendo a mimos. E, se a coisa por aí estiver apertada também, vale super compartilhar com os amigos.

Conan quer caçar ratinhos de pelúcia com sua espada selvagem! ❤

25.11.21

Seringa que goteja para cuidar de gato doente

Se você tem um bichano de estimação, provavelmente precisará dar comida, água ou remédio para ele na seringa um dia. Nos casos de doença renal, inclusive, prefiro investir na hidratação diária via oral e deixar a fluidoterapia para os episódios de vômito persistente e diarreia.

Pensem comigo: um dos fatores de agravo do quadro é o estresse e poucas coisas estressam mais um gato do que enfiarem uma agulha de líquido ardido na lateral magrela do seu corpo — pior ainda quando um estranho faz isso, em local também estranho, fedendo a cachorro. rs

E, no quesito matemático, também parece melhor dar 60 ml de água por dia do que injetar 150 ml de soro semanalmente, certo? Eu já havia resolvido o problema do êmbolo que ressecava rápido, emperrando as seringas, ao comprar dosadores orais — que ainda poupam o planeta de descartes desnecessários.


Mas faltava encontrar um modelo que não soltasse aquele jato que afoga os coitados. Tentei a famosa BD, a Injex e até pipeta — que funciona bem para remédio (explico em detalhes num próximo post). Eis que finalmente cheguei na Advantive, que não pagou um centavo pela propaganda, ainda me obrigou a comprar 100 unidades!

É sério: quem já está acostumado a essa rotina terá a vida revolucionada com um dosador oral que goteja, permitindo controlar a quantidade e a velocidade do fluxo. Os bigodes quase pedem para tomar água geladinha, rs. Vejam os vídeos comparativos e o sossego da Pipoca, em estágio avançado da doença.


Lembrando que cabe confortavelmente no estômago deles 20 ml por vez e a digestão demora cerca de 40 minutos. Abaixo linkei um superdossiê sobre insuficiência renal, o maior pesadelo dos tutores de gato, com informações que todo mundo precisa saber para prevenir. :)


Infos essenciais:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: Em quanto tempo o soro faz efeito?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

*

O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor — aqui tem um resumo das principais ações do projeto. Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe um cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br ❤️

19.11.21

44 raças de gatos lindos, mas doentes | EG #6

A relação dos seres humanos com os animais já era questionável: cruzavam-se vidas para virar comida, arma, transporte. Mas, com a descoberta dos princípios básicos da genética pelo biólogo Gregor Mendel, no final do século 19, a gente passou a cruzar bichos pela estética, dando origem às primeiras raças.

O começo foi até engraçado: misturavam-se gatos pretos e brancos acreditando que gerariam filhotes cinzas. Rolou o primeiro concurso no Reino Unido, em 1871, com persas, azuis russos, siameses, angorás, abissínios e maneses — que não ostentavam tanta diferença dos outros bichanos domésticos. E, na esteira, surgiram os clubes.

Só que os juízes desses clubes passaram a exigir características físicas específicas para cada raça, como formato dos olhos, orelhas, rosto, rabo e até das patas. E os criadores forçaram a aparência dos coitados a extremos, ignorando seu bem-estar.


Das 44 raças existentes (ou quase 60, dependendo da organização classificadora), temos persas de focinho achatado, que sentirão para sempre dificuldade para respirar, além de sofrerem mais com problemas dermatológicos, dentais e oftalmológicos — o parto de um animal braquicefálico também é mais complicado e arriscado.


Os gatos scottish fold apresentam degenerações dolorosas nos ossos e nas cartilagens por causa da mutação responsável pelas orelhinhas dobradas. Os maneses, sem rabo, enfrentam dores na coluna e desarranjos intestinais, culpa da deformidade da medula espinhal. Os maine coon acabam desenvolvendo doenças cardíacas e os siameses, asma e hiperestesia — sensibilidade extrema ao tato.


Esses, infelizmente, são só alguns exemplos citados no livro O Encantador de Gatos, em que esta série, financiada coletivamente, foi inspirada — se vocês estão curtindo, considerem se tornar apoiadores (aqui há um resumo das principais ações do Gatoca).

Quando a gente brinca de mestre das marionetes, limitando o patrimônio genético dos peludos, aumenta a probabilidade de enfermidades e os condena a existir pela metade.


Curiosidade de bastidores: quem vive na cidade grande compra palito de sorvete para fazer manejador de marionete, moradores da roça precisam de bambu, facão e serrote.



CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

12.11.21

Cat Friday inédita no Gatoca!

Não, eu não vou sair distribuindo gatos. Até porque fiz isso durante uma década (com critérios rigorosos, claro!) e não seria novidade, rs. A Cat Friday do Gatoca tem três objetivos diretos...


1) Democratizar o Cluboca

A ideia é estender a mais gente a oportunidade de participar das discussões e troca de experiências entre os apoiadores, em um espaço acolhedor, que me salvou muitas vezes durante a pandemia e o estágio terminal do carcinoma da Clara.

Até o dia 26 deste mês, portanto, todo mundo que contribuir para o nosso financiamento coletivo com R$ 10 (ou mais) receberá um convite para o grupo no WhatsApp — fiquem espertos com a caixa de spam! E dá tempo de pegar o amigo secreto de talentos, diversão natalina garantida (e gratuita)!


2) Desbravar o TikTok

O Gatoca tem uma faixa etária privilegiadamente abrangente de leitores e até projetos pensados para crianças — a trilogia de livros aguardando financiador e um jogo de tabuleiro em desenvolvimento. Mas anda deixando a desejar com os jovens.

Sim, eu criei um perfil na rede chinesa, cinco semanas atrás. Mas preciso que vocês me forcem a produzir conteúdo — desteto filmar na vertical. E não vou fazer dancinha! rs


3) Construir o gatil oficial dos bigodes

Nossa mudança para Araçoiaba da Serra rolou há sete meses e meio, e eles continuam com um cafofo improvisado, cujos bambus roubados do terreno vizinho começaram a apodrecer e as telas da casa antiga já estão fazendo barriga.

No aniversário do Mercv, Leo chumbou as toras de eucalipto. E conseguimos comprar os caibros com desconto, porque ele trouxe equilibrados no capô do carro. Mas ainda tem o alambrado. E quero muito, muito, muito que a Pipoquinha, que entrou na alimentação forçada de novo por causa de uma década de batalha contra a doença renal, possa aproveitar. :)


Esses eram os objetivos diretos, lembram? O indireto é seguir despiorando o mundo — aqui fiz um resumo das principais ações dos últimos 14 anos. E, além do grupo no WhatsApp, nossa campanha oferece outras recompensas, todas pensadas com carinho — vejam lá no Catarse!

Ela também está financiando a série nova do blog, inspirada na bíblia O Encantador de Gatos, escrita pelos especialistas em comportamento Jackson Galaxy e Mikel Delgado. O sexto capítulo estreia na semana que vem e no quinto linkei os anteriores.

Faltam só 10% para bater a meta! Conto com vocês? ❤

10.11.21

Bebedouro inusitado para gatos

A expectativa era aumentar o consumo de água dos bigodes, que adoram lamber a torneira do tanque. Com a Flea, o tal bebedouro de coelho fazia sucesso, Guebis até me mandou vídeo — que assisto sempre que a saudade aperta. E custou ridículos R$ 15, infinitamente mais barato do que as versões elétricas do pet shop.


A realidade, porém, foi marcada por desprezo...


...tabefe...


...mordida...


...e briga.


Tentei por dois meses. Já posso desistir? rs

Alguém aí tem boas experiências com essa supertecnologia?


Informações importantes sobre hidratação:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu gato
:: Como fazer o bichano beber água
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Alimentação de emergência para gato desidratado
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois

5.11.21

O que eu faria diferente com os gatos? #1

A ideia para esta série surgiu de uma conversa com a Mari, minha irmã, recentemente adotada na Itália pelo Pablo, um sósia do Simba, com nome mexicano. E a primeira coisa que penso quando a gente brinca de máquina do tempo é que foi uma insanidade juntar dez gatos em um ano e meio, principalmente para quem não gostava de gatos.

Sem esse lapso de racionalidade no currículo capricorniano, porém, o Gatoca não existiria, né? Passo, então, para a segunda coisa que faria diferente tendo a experiência de hoje: acostumaria os bigodes com a ração úmida desde cedo, o que me pouparia cinco anos de seringadas de água (até agora!) e um diagnóstico generalizado de insuficiência renal. :\

Sim, eu tentei a alimentação natural e eles odiaram. Mas adoram as latinhas da Pet Delícia, parceira antiga do projeto, que produz comida com cara e cheiro de comida, sem corante nem conservantes. No mês passado, inclusive, chegaram os sabores novos — para vovôs e vegetarianos, fortificada com taurina. Só que a favorita continua sendo a inexplicável combinação de frango com mamão. rs


Seu amigo não curte o movimento? Aqui estão nove estratégias para ajudar. Você não entende nada de doença renal? Dá uma fuçada nos links abaixo — 60% dos bichanos terão um grau de disfunção nos rins ao morrer.

Infos essenciais:

:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: Em quanto tempo o soro faz efeito?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

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O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor — aqui tem um resumo das principais ações do projeto. Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe um cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br ❤️

3.11.21

Uma caixinha especial

Chocolate nunca teve um cafofo pensado para ela. Herdou a almofada de joaninha que ganhei da ex-chefe, recheada de camomila terapêutica (rs), e dormia na estante do escritório no "apertamento" de São Bernardo. Em Sorocaba, escolheu a lavanderia e, como se não bastasse estar no canto da casa mais distante dos outros gatos, passava o dia na bacia de quinquilharias — entre um rádio velho de carro e as lâmpadas-reserva.

Aqui em Araçoiaba, tentamos um mix das moradas anteriores, improvisando uma caixa de sapato do Leo com a almofada de joaninha. Até a morte da Clara. Eu contei que ele comprou uma cestinha fofa para enterrá-la, né? E que, apesar da magreza, ela não coube — interior não tem muitas opções, além de mato e formigueiro. Acontece que a cestinha era o número da pequena!

E agora ela olha de cima para a ralé.