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12.1.24

13 curiosidades felinas | EG #26

Freelancer não tira férias porque, quando sobra tempo, não tem grana e, quando sobra grana, não tem tempo. Mas me permiti um capítulo mais leve para a série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, neste janeiro de piscina inflável. Seguem 13 curiosidades sobre as maquininhas de matar que a gente tanto ama.

1) Se o potinho de ração não enchesse como mágica, seu amigo caçaria de dez a 30 vezes por dia para conseguir oito ratos, as presas favoritas de 75% dos bichanos ― pássaros aparecem em segundo lugar, provavelmente pela dificuldade na captura.

2) Espécies felinas selvagens que caçam à noite têm bigodes mais proeminentes do que as diurnas.

3) Quando os peludos estão sozinhos em casa, passam 21,6% do tempo olhando pela janela, segundo estudo de 2009, que colocou câmeras em suas coleiras.

4) O recorde mundial do Guinness de ronrom mais alto ficou com a britânica Smokey, capaz de alcançar 67,7 dB, a altura de uma conversa em restaurante.

5) Virar de barriga para cima (com as garras guardadas, claro) equivale a um abraço felino ― e uma bela demonstração de confiança, por ser uma posição vulnerável. O que não significa permissão para meter a mãozona lá.

6) Existem pouquíssimos gatos selvagens de cabeleira longa porque não se trata de uma característica natural e, sim, selecionada por criadores, já que eles têm maior sensibilidade ao toque e à bagunça nos pelos durante a limpeza ou o carinho.


7) Bichanos apresentados a um brinquedo novo, em estudo de 2002, aumentavam as mordidas e as caças, em comparação à interação com o mesmo brinquedinho de sempre.

8) Receptores de toque de adaptação rápida respondem ao movimento de pele e pelo no momento em que ele ocorre. Já os de adaptação lenta, comuns na parte de baixo do corpo, onde a maioria dos felinos é mais sensível, continuam disparando a informação durante o estímulo, o que os torna os principais responsáveis pelo nem sempre simpático "chega".

9) Os genomas de tigres e gatos domésticos têm mais de 96% de similaridade, indicando que suas proteínas são organizadas de forma parecida.

10) Quando os peludos iniciavam contato com os tutores, em estudo que avaliou mais de seis mil interações de 158 casas, ele não só durava mais como era mais positivo do que aqueles iniciados pelos tutores.

11) Se um gato morria de causas naturais no Egito, sua família humana raspava as sobrancelhas em sinal de luto. Essa devoção foi documentada pela mumificação dos bichanos, preparados para o pós-vida muitas vezes em companhia de ratos também mumificados.

12) Dizem que Maomé amava tanto seus peludos que cortou a manga do manto de orações em que o favorito Muezza dormia, ao ser chamado para os trabalhos.

13) Acredita-se que milhões de gatos receberam sentença de morte em julgamentos de bruxaria e acabaram queimados na fogueira ― se os tutores tentassem defendê-los, enfrentavam a Inquisição também.


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante? (estreia no dia 16 de fevereiro!)

10.1.24

Intrú e o que acontece com gato que vai para a rua

Quando bati o olho na versão terracota do Intrú, fiquei pensando: onde uma criatura que passa a maior parte do dia tomando banho se sujaria desse jeito? A resposta veio no primeiro carinho, em relevo: um corte de fora a fora nas costas mais vários machucados na cabeça, disfarçados entre os pelos.


O coração encolheu. Nunca tive gatos que vão para a rua, justamente porque eles podem levar a pior em brigas com outros gatos (e até cachorros), morrer atropelados ou envenenados por aquele vizinho que odeia bicho, pegar doenças sem cura como a FeLV ― um dos motivos pelos quais não posso colocar o frajola testado positivo para dentro de casa.

O barro demorou vários paninhos com sabonete neutro e água morna para sair ― como sempre, aproveitei o foco na comida e o coitado ficou receoso no começo, mas no final deixou esfregar até as orelhas. Pensem em um gato que nunca foi cuidado! Já as feridas persistem, uma semana depois e longe do reflorestamento da pelagem perdida.


Só não desanimei de vez porque hoje completam 44 dias da castração do encardido, exatamente quando a testosterona, hormônio responsável pela disputa por fêmeas e território, entra na meia-vida ― metade da concentração original, pela retirada dos testículos, até restar apenas os 10% que passarão a ser produzidos pelas glândulas adrenais.

O clássico xixi de marcação não o vejo fazendo há um tempo. Só que, sem uma família exclusiva (experiente, com enriquecimento ambiental e zero gato), o pequeno vai continuar morando do lado errado da porta de vidro da lavanderia, no mês dos temporais.



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra

5.1.24

2023

Em um misticismo exclusivo, os anos terminados em três marcam transformações profundas em mim. Foi em 2003 que precisei me dividir entre o trabalho e o hospital até dona Vera perder uma longa batalha contra o câncer, perto do Natal ― e que também tive de aprender a fazer arroz, lavar privada, cuidar dos irmãos mais novos, multiplicar dinheiro no supermercado.

Em 2013, deixei o casarão de uma vida inteira para caber com dez gatos, o Leo e, esporadicamente, as enteadas em um apertamento de 60 m2. Meu apertamento ― depois de uma reforma "faça você mesmo", apelidada de terapia. Uns meses antes, por causa das crises recorrentes de alergia e asma, já havia decidido parar com os resgates e redirecionar os esforços do Gatoca para a educação.

Se minha mãe estivesse viva, provavelmente confirmaria que em 1983 juntou coragem para se separar do alcoolismo do meu pai e nos mudamos para o prédio em que minha avó morreu antes de cumprir a promessa de sorvete toda a tarde, quando o shopping em frente ficasse pronto ― para voltar atrás pouco tempo depois. A mãe, não a avó.

E deve ter sido em 1993 que sofri um bullying persistente por nunca ter beijado na boca ― resolvi inventar um caso na viagem com as "amigas" à Caraguatatuba, que acabou desmascarado e só piorou tudo. Para dar uma ideia do impacto, o beijo de verdade tardou mais cinco anos ― e, por favor, não façam as contas.

Finalmente chegamos a 2023, assunto desta retrospectiva, com três gatas mortas em 15 semanas, a expectativa de um sabático ao final destas quase duas décadas felinas e um intruso estragando tudo. Guda partiu em março, com 17 anos, Pipoca em julho e Pufosa dois dias depois, ambas com 16.

Além da exaustão, sobrou um gosto amargo porque Pipoquinha chegou a reverter o primeiro derrame pleural ― que demandou uma releitura da escolha de Sofia de 11 anos atrás. E, pouco antes delas, já havíamos pedido o Mercv (com quem vira e mexe sonho) e a Clara, igualmente idosos.

A dinâmica da casa, acostumada a nove bichos preenchendo vazios e silêncios, mudou completamente ― ainda não acostumei a me referir à gangue no feminino. Sem a mãe e metade das irmãs, Jujuba virou uma gata carente e Keka deu para me acordar aos berros cada vez mais cedo ― 4h44 o recorde! Quem não mudou foi o Leo (amo essa foto!), parceiro de soro, de obra, de cova.

Comentei aqui no blog que envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― as adaptações demoram mais, o corpo não funciona do mesmo jeito, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

Eis que Intrú veio chacoalhar essa energia, com seu olho verde-vida, o pelo brilhante, o nariz rosinha ― lembra Mercv jovem, principalmente quando dorme de boca aberta. No dia 27 de outubro, começava o projeto castração, bem-sucedido, mas com pós-operatório turbulento e duas bombas: a idade e a FeLV. Mesmo assim, persisto na campanha de adoção, porque ele merece morar do outro lado da porta de vidro da lavanderia.

No ativismo, aliás, o ano prometia com a criação do Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais pelo governo federal. E ficou só nisso mesmo. Eu diminuí o ritmo de publicação dos posts e a frequência de envio do boletim para conseguir dar conta de tudo ― rolou Gramado da Fama em fevereiro, maio e julho, mas aquém da ambição do nosso financiamento coletivo.

O blog perdeu o puxadinho no servidor de mais de uma década, passando justo o 1º de abril fora do ar. E ainda assistimos portão e telhado araçoiabanos voarem com o temporal de novembro ― que também nos deixou sem luz e água por três dias. Nos intervalos, porém, a gente comemorou.

Os dois anos de casa nova, os 16 do Gatoca (em dose dupla!), os aniversários da Chocolate e das Gudinhas (e o primeiro aniversário sem Guda, bem como o segundo sem Mercv, em homenagem), o Natal customizado ― com brinquedinhos para as peludas, lasanha de marmita em companhia do Intrú e Amigo Secreto de Talentos no Cluboca, o grupo de apoiadores mais maravilhoso do universo!

A geriatria dominou o conteúdo de serviço: gastrite por doença renal, cérebro cansado, fralda, artrose, ataxia, escova de bebê, patê lisinho para seringa. E desabafei sobre o difícil equilíbrio ao cuidar de bichanos. A série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou dez capítulos inéditos: sobre os bigodes felinos, a visão e a audição, como eles caçam e o que comem, hábitos de limpeza e sono, arquétipos, lugares de confiança e esconderijos-casulos.

Também teve teste de latinha em molho e o controverso sabor peixe, e textos sobre alimentação úmida, o gosto da água e ração de insetos (+ novidades gringas). O enriquecimento ambiental foi turbinado com sofá e prateleiras repaginados, a primeira cama nuvem, arranhadores caseiros (com passo a passo) e parquinho vertical ― que rendeu uma miniobra!

O blog ainda alertou para os perigos do calor, garras que entram nas almofadinhas, a incompatibilidade de banho e antipulgas, inchaço que vira abscesso, os malefícios da imobilização pelo cangote. Ensinou a identificar dor, ronco e marcação fantasma, se declarar com os olhos, pesar seu amigo com precisão.

E, mesmo quebrada por dentro, não podiam faltar os posts de entretenimento: nossa experiência tragicômica com inteligência artificial, a briga com o ChatGPT, o desafio dos seriados, o ataque de um serial killer, a visita de pterodátilos, as releituras de Dalí, gatos fazendo gatices, a inviabilidade do nosso reality show, minha soneca com o inimigo, a Pimenta do clima e as vergonhas de gateiro.

Que 2024 bata mais leve ― porque a idade dos integrantes fixos e o gênio do temporário dão o spoiler de que fácil não será. rs


Retrospectivas dos anos anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

29.12.23

Nossos presentes de Natal, com penetra

Eu já contei aqui que não sou uma adulta natalina ― nem de rituais em geral. Gosto de marcar começos e encerramentos de ciclos, mas de um jeito que faça sentido para mim, não por imposição social. Na infância, inclusive, aproveitava o pacote completo do Natal, com pinheiro natural, presépio decorado, luzinhas na calçada, Papai Noel deixando rastro de brocal, uvas passas herdadas dos panetones alheios.

Depois deste 2023 desafiador, Leo e eu decidimos, então, ficar por aqui mesmo, em Araçoiaba, com lasanha de marmita e a companhia dos gatos sobreviventes ― de volta ao masculino porque Intrú fez questão de participar da ceia da tarde.


Pimenta foi a única que ganhou brinquedo, já que, 16 anos e 7 meses depois, ainda se diverte caçando bichos animados e inanimados. Batizei o ratinho de Topo Gigio, um sonho nunca realizado, pois a Bia criança queria uma versão que falasse e se mexesse sozinha, como a da televisão.


Chocolate curtiu a escovação-cafuné, compatível com seus 17 anos, e os croquetes no parquinho, em que ficou semanas sem conseguir subir por causa da ataxia.


Já Keka não conseguiu aproveitar nem os croquetes nem o parquinho, porque perdeu quase 1 kg desde o ataque do Intrú ― como as irmãs, ela também passou dos 16 anos, avançada na insuficiência renal. Mas compensei comprando uma ração nova, ainda mais cara do que a anterior, pois o céu é o limite para essa gente. E o paladar seletivo da frajola aprovou!


Jujuba teve seus arranhadores horizontais de papelão renovados.


E Intrú ficou com os de segunda mão, como todo irmão mais novo ― a caminha Leo improvisou por causa das noites frias. A ideia é ele acostumar com ela no seu cantinho favorito para depois a gente colocar em um lugar mais protegido.


No sachê especial a criatura nem tocou, preferindo a boa e velha Pet Delícia ― não sem antes me bater (story nos destaques do Instagram). Capacidade de lidar com a frustração: 2, cruzado de esquerda: 10. rs

Ainda rolou o Amigo Secreto de Talentos do Cluboca, nosso grupo de apoiadores, em que presenteei a Adrina com uma radionovela de O Gato e o Diabo, escrito por James Joyce ― foram três dias para gravar a narração (prefeitura asfaltado a rua com caminhões da Idade Média), incluir a trilha sonora e os barulhinhos todos, fotografar e tratar a imagem da Pips.

E da Vanessa ganhei esta ilustra com o Intrú, que ainda procura uma família para poder morar do outro lado da porta de vidro.


Também a versão digital do livro Relatos de um Gato Viajante, de Hiro Arikawa, um vídeo de bigodices e esta mensagem apertável:

Meus presentes são a razão disso aqui existir (de novo Bia!). Separei uma imagem que me fez pensar em você com o Intrú e aquele livro que falei: Relatos de um Gato Viajante. Não só porque os seus viajaram um bocado contigo (SBC, Sorocaba, Araçoiaba) como também porque tanto a vida quanto a passagem para o outro lado são uma viagem, e me conforta pensar que, de vez em quando, tanto nós quanto nossos amados gatinhos viajamos cruzando a fronteira entre os planos para matar a saudade. ❤️

Espero que o festerê por aí tenha tido a cara de vocês. A retrospectiva vai ficar para o ano que vem, quando todo mundo voltar à rotina de pagador de boletos, para compensar a trabalheira. :)

27.12.23

Choco com as patas descoordenadas e ataxia em gatos

Acordar com gatos idosos é sempre uma surpresa: qualquer parte do corpo que estava funcionando perfeitamente no dia anterior pode ficar esquisita e foi exatamente o que aconteceu com a Chocolate no fim do mês passado ― demorei para contar aqui porque queria ver como ela respondia ao tratamento homeopático.



A gente estava almoçando quando notei, com um certo grau de desespero (já imaginando as fraldas e como impedir a ranheta de subir nas coisas) que a pata esquerda da frente entortava durante a caminhada e seguia arrastada, como se estivesse adormecida, enquanto a traseira sobrava esticada ao sentar.


Essa falta de controle sobre as próprias pernas, chamada de ataxia, a fazia desequilibrar, principalmente em superfícies lisas, e se estabacar no chão. Quando arriava, a pequena demorava para conseguir levantar. Travava do nada nos passeios, justo ela, que não tem parada. E nem na caminha deitava direito.


Os veterinários atribuíram o sintoma neurológico à idade avançada, uma espécie de curto-circuito no cérebro, e esperavam retardar a evolução. Mas o que ocorreu foi que a criatura de 17 anos recuperou quase totalmente a coordenação, deixando escapar só de vez em quando esta curvinha charmosa:

20.12.23

Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel

Querido Papai Noel...

Ok, eu não sou mais filhote para acreditar em idosos obesos que cabem em chaminés, mas resolvi apelar porque Márcia disse que preciso de um milagre ― viu que estou por dentro dos memes das redes sociais?


Tive quatro anos de vida louca na rua: cacei todo tipo de bicho, passei o rodo geral, briguei sem perder um pedacinho sequer das orelhas. Só que estou cansado, sabe? Quando vi que é possível receber cafuné em vez de vassourada, poder comer devagar, sem medo e tomar sol largadão, confesso que tentei roubar essa família.


Outras gatas, porém, chegaram antes de mim. E elas são velhas, renais e apelonas. Acredita que meu clone frajola parou de comer só porque me vê pela porta de vidro? Bom, talvez ela se lembre que eu lhe dei uns sopapos quando invadi o gatil.

Mas não é justo, porque ela continua com a melhor parte! Posso dizer com propriedade, pois consegui entrar no quarto da Márcia esses dias. Precisa ver a cara dela, alérgica a gatos, saindo do chuveiro! Essa, na verdade, foi minha segunda aventura. Na primeira, ela ficou perplexa por me pegar deitado no chão e não na cama. Eu sei lá o que é cama!


Só queria companhia. Sigo a Márcia pelas janelas, mio para chamar a atenção, acontece que, se ela se mexe de um jeito que eu não esperava, lembro de todas as vezes em que me machucaram e o ataque escapa. Pelo menos da última não saiu sangue. Ela comemorou. Eu também, porque posso ganhar mais carinhos ― que faço questão de receber com a boca aberta.


Os xixis de marcação de território já superei. A castração também me tirou a vontade de paquerar as minas e sair na mão com os manés. Mas não me peça para passar a madrugada embaixo do contêiner porque também não virei padre, né? Márcia fica angustiada e fala que minha casa precisará de enriquecimento ambiental.

Ainda tem a tal da FeLV, que sequer entendi e, mesmo assim, diminui minhas chances de recomeçar. O que pode ganhar de patinhas de elefante?


Ah, sim, eu dou prejuízo na ração, não vou mentir. Mas sou um gato de gostos simples ― transformo pedra em travesseiro!


E, quando começa a chover, para aumentar a culpa da Márcia, pisco de um olho só. Me arruma um cover dela? Nunca te pedi nada!

Valeu, falou!

Intrú/Quino

P.S.: Estou publicando stories com frequência do figura no Instagram, todos reunidos nos destaques.


Epopeia do Intruso

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15.12.23

Gato medroso: faça do esconderijo casulo! | EG #25

Quando um peludo habita verdadeiramente um espaço, mesmo que goste de ficar embaixo da mesa ou no alto da estante, como comentamos no capítulo anterior desta série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, tem uma linguagem corporal relaxada, com as orelhas voltadas para frente, analisando o entorno de forma não vigilante.

Viver sob a cama ou sobre a geladeira, por outro lado, é querer se tornar invisível ― agachar-se não significa conforto, assim como buscar um cantinho protegido não sinaliza confiança. Se o medo for a emoção prevalente, embora comova, a gente não deve encorajar ― levar comida ou banheiro até o esconderijo só fará com que o bichano se sinta ainda menor.

Como resolver, então? Transformando "cavernas" inacessíveis em "casulos" controlados. Tocas, túneis e até caixas de transporte fornecidos por nós como lugares para passar o tempo e evitar o estresse desafiam, em vez de acomodar. E podem, aos poucos, ir para as áreas sociais, integrando as atividades da casa ― o gato fica seguro, sem desaparecer.

E, nessa metamorfose, acaba descobrindo sua versão mais cheia de gatitude.


Sim, eu tentei botar asas na Jujuba


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 26: Curiosidades felinas (estreia no dia 12 de janeiro!)

8.12.23

Parquinho vertical: como acostumar os gatos (ou não)

Envelhecer com os bigodes tem me feito enxergar o tempo de outra forma ― já escrevi sobre isso algumas vezes, mas neste ano cheguei perto do chefão. As adaptações demoram mais, o corpo não funciona da mesma forma, a gente precisa fazer um esforço ativo para não deixar a curiosidade morrer junto com o resto.

E foi assim que nosso projeto do parquinho vertical completou seis meses ― da obra para isolar e revestir as portas do contêiner à última rodada de croquetes felinos, no domingo. Só que estou me adiantando: a real é que achei que liberaria a entrada no escritório e as gatas de mais de 16 anos se estapeariam para ver quem experimentaria o playground primeiro.


Elas já trepam na estante do corredor, dormem na prateleira mais alta da sala, vira e mexe derrubam a caixa de Pet Delícia do topo da estante da lavanderia. Mas ignoraram solenemente o empreendimento doado pelas queridas Vanessa Aguiar e Laíze Damasceno.

Em 23 de julho, eu tentei sensibilizar a gangue com sachê ― o catnip nem contou. Keka conseguiu comer sem subir, equilibrada em duas patas. Jujuba, colocada por mim na primeira prateleira, derrubou o potinho e pulou em seguida, no maior estilo Joelma ― o edifício em chamas, não a cantora. Ninguém entendia a escada vazada.

No sábado seguinte, comprei Churu, que as meninas do Cluboca chamam de "cocaína dos gatos", na expectativa de guiar as peludas pelo circuito. Chocolate arremessou para todo lado. Pimenta cheirou e saiu andando. Jujuba derrubou o celular que filmava o mico, quebrando meu tripé. Só Keka aprovou, mas também não foi muito longe ― aí, quando eu já havia desistido, se aventurou sozinha.

O terceiro teste rolou no dia 5 de agosto, com Dreamies, que definitivamente fez mais sucesso, tirando a ânsia de vômito da Pips, que esfarelava os croquetinhos, e da Choco, que demorava tanto para mastigar que eles caíam da boca. Gostar do petisco, aliás, não significa gostar do parquinho. As criaturas ficavam atrás de mim (e do pacote), sem perceber o conteúdo espalhado no playground.

E só Pimenta venceu o desafio da ponte, a única parte instável do conjunto ― Keka levou mais duas semanas e Choco conseguiu apenas em 11 de setembro! O recorde de travessia da escadinha vazada ficou com a frajola, em 20 de agosto ― isso porque eu deixei uma distância conservadora entre os degraus!

De lá para cá, em todo fim de semana distribuo croquetes entre os módulos, que Pips nunca mais arriscou a procurar. Jujuba segue achando tudo muito estranho. E a maior emoção ocorreu quando Choco e Keka disputaram o mesmo petisco, por lados diferentes da ponte ― ainda um tabu.


Keka só vai mesmo pela comida. Mas a ranheta adora se isolar das irmãs no refúgio que apelidamos de "casa das montanhas".


Já valeu a empreitada. :)


P.S.: Eu gravei (e decupei e editei) 45 vídeos para vocês se divertirem rindo da minha cara, morrerem de fofura com as gatas e aprenderem uma ou outra coisinha ― mesmo que seja o que não fazer quando o assunto envolve parquinho vertical, guloseimas e gatos.

1.12.23

Um morto muito louco e perdão felino

Stories da epopeia completa nos destaques do Instagram!

Amanhã, completa 18 anos que eu trouxe o primeiro gato para casa. Mercv mudou minha vida, mas morreu às vésperas dos 17 e quero usar este post para mudar a vida de um gato que não posso colocar para dentro de casa. Seguindo a epopeia de adoção do Intrú, faltou falar justamente dos desafios de um pós-operatório outdoor.


Grogue da anestesia até anoitecer, toda hora eu precisava tirar o coitado do sol, sem a facilidade de pegá-lo no colo. A boca só abriu para comer às 18h, ainda descoordenado. E, quando começou a chover (porque precisava fazer todas as estações no mesmo dia), ele sumiu. Na manhã seguinte, chegou atrasado para o café e desistiu na metade para se proteger em cima do muro do monstro que lhe providenciou uma brazilian wax vexatória.


Ainda voltou à noite, em busca da outra metade de ração, vazando sem querer saber de papo ― o sachê com que o atraí para dentro da caixa de transporte, aliás, nem lambeu. Mas devem ser poucas as ofertas de alimentação com carinho na região e na quarta-feira o marrento voltou a acampar na porta da lavanderia.



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas

30.11.23

Intruso: 1 sucesso e 2 bombas

Stories da epopeia completa nos destaques do Instagram!

Capricornianos são bons planejadores de longo prazo. Quando decidi estreitar laços com o intruso, anotei na agenda a castração dele para 27 de novembro, exatamente um mês depois, almejando mais gordura e menos agressividade. Durante esse tempo, ele devorou cinco refeições por dia, cada uma delas como se fosse a última, me atacou seis vezes, diminuindo gradativamente a intensidade, ronronou e se esfregou outras tantas.


Faltando uma semana para o grande dia e aproveitando a concentração no pote de Pet Delícia, apliquei na nuca o combo de antipulgas + vermífugo ― os carinhos também funcionam melhor durante a comida. Coloquei a caixa de transporte do lado de fora para ele já ir se acostumando E, na noite da véspera, tive a sacada de recolhê-la para conseguir devolver de manhã com o pote já dentro, sem retalhação ― escolhi um sachê inédito bem apelativo.


Pois o cara de pau entrou na caixa tranquilamente (obrigada, Chicão!), limpou o prato e só se tocou que a porta estava fechada quando virou. Não gritou na hora, não gritou na viagem, (quase) não gritou na clínica ― acho que o pessoal não levou muito a sério meu aviso de braveza. Até precisarem tirá-lo de lá. rs


Aqui vale abrir um parêntese para explicar que optei por uma ONG, na verdade, que oferece atendimento veterinário, porque essa galera castra animal arisco de colônia, com técnica minimamente invasiva, sem necessidade de retorno para tirar os pontos e antibiótico injetável, dispensando medicações via oral.

Eles também entenderam que eu não podia marcar horário porque dependia de conseguir capturar a criatura com a comida, e levaria, portanto, um gato sem jejum, deixando-o para o final da fila. Ainda precisaríamos fazer todos os procedimentos no mesmo dia, desaconselhável no caso de bichos domesticados, sob o risco de nunca mais pegá-lo. Fecha parêntese.

A cirurgia foi um sucesso, mas veio acompanhada de duas bombas: Intrú (ou Quino, como Leo chama, insistindo numa abreviação de "inquilino" que só faz sentido na cabeça dele) não é o filhotão que apareceu aqui em dezembro do ano passado, porque já tem 4 anos ― idade que dificulta ainda mais a adoção de frajolas.

E o teste de FIV e FeLV deu positivo para FeLV, a estigmatizada leucemia felina, causada por um vírus que enfraquece o sistema imunológico ― por isso não vacinamos. Existe a chance de negativar, como a gente viu acontecer com a Catrina, só que depende de o organismo dele conseguir neutralizar o vírus.


Caso isso não ocorra, o pequeno só poderá ser doado para famílias sem gatos ou com outros FeLV+, restringindo ainda mais o leque de possibilidades para um bichinho assustado, que sonha em dormir do outro lado da porta de vidro da lavanderia.


P.S.: O link que compartilhei lá em cima sobre a FeLV é de um vídeo maravilhoso da Isa Gateira, que todo mundo precisa assistir para reverter preconceitos e dar uma chance aos peludos que terminam encalhados nos abrigos.


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera

23.11.23

O usurpador: a nova saga do Gatoca!

Chegou aos ouvidos de Chicão que eu pretendia me aposentar em breve, gastar o dinheiro da ração com drinks de guarda-chuvinha e só curtir gatos digitais, que não me matassem de alergia. Mas ele achou que quase duas décadas de serviços prestados não eram suficientes e mandou um frajola que decidiu bater nas nossas gatas, morar no nosso terreno (SP) e beber a água suja do nosso balde.

Suspeito que seja o mesmo filhote que não consegui resgatar pouco depois de mudarmos para cá, sobrecarregada com a obra inacabada e os bigodes morrendo, só que endurecido pelas porradas da vida. No dia 27 do mês passado, enquanto ele nos observava faxinar a sala, para a indignação das meninas, resolvi tentar uma aproximação.


Levei Pet Delícia, que o pequeno devorou em segundos, e arrisquei um carinho tímido, entre os machucados de briga. Na segunda refeição, já ganhei esfregadinhas na perna e o primeiro ataque, assustado pelo balde que ele mesmo derrubou ― dá para ver no vídeo que pula de bracinhos abertos, as garras furando a parte de trás das minhas pernas e os dentes batendo na frente.


Com esse mínimo de intimidade, o cara de pau se sentiu à vontade para invadir nosso quarto (aquele vetado aos moradores por causa da alergia a gatos) e marcar território no banheiro. No segundo ataque, que vitimou meu peito, eu nem havia encostado nele, mas li que a agressividade redirecionada pode ocorrer horas depois do estresse e tinha rolado um estapeamento pelo alambrado do gatil.

No terceiro ataque, que personalizou minha mão direita, resolvi entrar com a homeopatia. E já notei diferença para a patada sem unha do quarto e a mordida do sexto, que não tiraram sangue ― receosa de colocar a ração com ele alternando ansioso entre minha mão e o pote no chão, devo ter emulado justamente uma presa. E vocês não imaginam como ele caça!


Quando tentei respeitar a quantidade de alimentação recomendada pela embalagem, o self-made cat pegou um lagarto in natura, que custou todas as minhas habilidades de negociação de reféns. Agora, a criatura mora embaixo do nosso contêiner (Leo diz que me acompanha entre os cômodos pela voz) e faz cinco refeições por dia ― acorda a gente em estéreo, miando fora e Keka dentro, pontualmente às 6h30!


Só que ainda vai para a rua. Voltou mancando no fim de semana, com o olho esquerdo mais fechado. E, do mesmo jeito que entortou, desentortou. Não faço ideia se entrará na caixa de transporte com petiscos, mas pretendo castrá-lo na segunda-feira, quando completa um mês de comida sem miséria e tentativa de socialização.

Leitores de exatas devem ter sentido falta do quinto ataque, né? Foi no domingo em que resolvi ler no jardim, a uma distância segura, para ele se acostumar. Acontece que antes de a bunda chegar no concreto, o carente já estava se esfregando em todas as partes alcançáveis do meu corpo e deitando coladinho e acertando meu peito e meu rosto.


Ele é um gato assustado, mas parece que vai gostar de ter uma família. Ronrona de boca aberta igualzinho o Mercv, tenta entrar em casa a qualquer oportunidade e ostenta o nariz rosinha mais apertável! Vou precisar de toda a ajuda do mundo com a divulgação para encontrar tutores experientes durante o verão ― as madrugadas de inverno aqui são bem frias.


Alice Gap amadrinhou o frajola bancando as primeiras despesas ❤, que incluem antipulgas + vermífugo para a diarreia, diariamente comunicada na soleira. Ajuda com as próximas (veterinário, castração, vacinas, teste FIV/FeLV) também é bem-vinda ― chave pix: doacoes@gatoca.com.br.


Não, eu não posso ficar com ele porque as meninas, idosas e renais, merecem um fim de vida tranquilo. Chocolate passou quase 17 anos atormentada pela Guda (ainda que ela não fizesse de propósito) e só agora está aproveitando outros espaços da casa. Keka emagreceu meio quilo desde o ataque e fica o tempo todo procurando o intruso nas janelas.


Pimenta conseguiu fugir quando bobeamos com a porta e se atracou feio com ele ― separei aos urros. Nem consigo imaginar se fosse a Jujuba! Nosso gatil sem teto também não segura um bichano jovem, cheio de energia. E ainda sonho com um sabático depois do caos.

17.11.23

Identifique o lugar de confiança do seu gato | EG #24

Eu sempre digo que os bichanos são 3D e Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, concorda comigo. Diferente da gente, que costuma observar os objetos que estão no chão, eles veem seu território de forma tridimensional, avaliando pontos elevados de onde possam acompanhar quem vai e vem, locais de descanso, esconderijos para brincar, caçar ou se afastar do mundo.

E criam autoconfiança justamente com base no cantinho em que conseguem ter mais sucesso ― seja no eixo horizontal ou no vertical. Nossa missão, portanto, é descobrir e encorajar a relação com esses lugares, permitindo que exerçam sua gatitude plena. Para facilitar, Galaxy divide os habitantes felinos em três tipos:

Dos arbustos: geralmente se enfiam embaixo da mesa ou atrás de um vaso de planta ― muitas vezes esperando para caçar ou atacar.

Das árvores: demonstram estar à vontade no alto ― não necessariamente em cima da estante, mas em cadeiras ou no sofá.

Da praia: gostam de manter as quatro patas em terra firme, relaxando em ambientes abertos ― aquele peludo em que você frequentemente tropeça. rs

Para onde seu amigo olha primeiro quando entra em um cômodo?


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 25: Como saber se ele está curtindo ou se escondendo (estreia no dia 15 de dezembro!)

10.11.23

Banho em gato e antipulgas não combinam!

Na verdade, vocês raramente precisarão dar banho em um gato porque eles são autolimpantes ― sua saliva possui enzimas que ajudam a remover a sujeira do pelo quando se lambem. Mas, em caso de emergência, como nos resgates em que paninho úmido nenhum no universo resolveria, deve-se esperar de cinco a dez dias para aplicar o antipulgas, segundo o veterinário Carlos Gutierrez.

Isso porque o conteúdo da pipeta é absorvido pela gordura da pele e o sabão do banho elimina justamente essa capa de gordura. Despulgar e enfiar a criatura no chuveiro, portanto, também não funciona ― bastam, porém, apenas três ou quatro dias de intervalo.

Tem posts aqui no blog com dicas para acabar de vez com as pulgas (que ficam no ambiente, contra apenas 5% no animal), para preparar um antipulgas caseiro, barato e natural, e para quem quiser arriscar o banho em casa, sem perder os óculos ― o comentário do chuveiro era brincadeira, hein? Chocolate está resmungando porque Leo encostou nela durante a ioga. 😂

8.11.23

Pequena

Se Gatoca fosse um seriado, esta temporada abriria com a imagem de um portão de garagem arrancado, intercalaria flashes de um gato com a cabeça machucada, árvores caídas, um computador quebrado e mais um aniversário de banheiro sem porta, tudo ao som de uma música frenética, para retroceder até o dia em que decidi trocar o gabinete do PC.


O motivo já contei aqui. Mas nem vocês nem eu sabíamos a reação em cadeia que isso geraria. O efeito mais direto foi trabalhar dez dias com um notebook improvisado, subtraindo da conta bancária a placa-mãe queimada, mais processador e duas memórias, já que a placa nova não funcionaria com peças de 12 anos, que definitivamente não são vinhos.


O indireto foi ver a vida atrasando na velocidade da luz para empacar de vez com o temporal que nos deixou sem luz por 53 horas ― e também sem água e internet, incluindo o 4G. Eu corri muito para escrever o post da semana, as chamadas das redes sociais e o boletim, que já estava atrasado. Só não publiquei antes por causa do feriado. Não ter conseguido divulgar na sexta fará com que os algoritmos nos penalizem, tanto no alcance das redes quanto na indexação do Google.


Os ventos de 104 km/h ainda arrancaram nosso portão, que rasgou o depósito de jardim, e destalharam a oficina do Leo feito papel crepom. A gente nem terminou a casa ― de contêiner, no meio do mato, depois de um golpe que custou bem mais do que dinheiro. Só depois de dois anos e sete meses instalamos a lendária porta no banheiro ― fiz até vídeo de comemoração! rs


E, no meio desse caos, Chicão resolveu mandar o intruso, que tem um bom coração, mas já me atacou três vezes ― prometo um post só sobre ele. Estou cansada, sabem? Esse é o momento da jornada do herói em que vocês se juntam aos meus 48,5 quilos! :)


Acredito demais no potencial do Gatoca (persisto há 16 anos, né?), vibro com cada relato de que o blog ajudou a fazer soro, dar comida na seringa, entender melhor algum assunto, só parei o card game porque não dei conta com as mortes em sequência ― anotem: esse braço lúdico vai ser grande! Mas preciso, mais do que nunca, do reforço da nossa comunidade.


Quem gosta dos textos e pode apoiar financeiramente acesse a campanha do Catarse, que oferece como uma das recompensas o grupo mais acolhedor da internetGatoca é projeto de vida, mas também meu trabalho, pagador de boletos importantes. Para as despesas com o intruso, segue a chave pix: doacoes@gatoca.com.br. E também ajuda muito curtir, comentar e compartilhar os posts nas redes sociais.

Junto é mais difícil tombar! ❤

3.11.23

Que vergonha os gatos fazem vocês passarem?

Quem vê esta cena pensa que a gente deixa o pote do pior material, no lugar mais difícil da casa para não estragar a decoração e as gatas que se virem. Quando, na realidade, elas têm um de vidro, outro de alumínio e o grandão de cachorro para não encostar nos bigodes na borda, mais os bebedouros elétricos, nos modelos chafariz e com torneirinha ― esse último de barro para manter a água fresca.


O pote em questão, que nem cândida dá mais conta de livrar das manchas, foi colocado aí de improviso, porque Chocolate passava a maior parte do dia na máquina de lavar, cultivando uma inimizade unilateral pela Guda. E nunca consigo jogar fora, pois as pestes se revezam no favoritismo. Jujuba, inclusive, vira e mexe cai dentro do tanque, mas persiste.

Que constrangimento os gatos de vocês causam com as visitas? Compartilhem nos comentários para eu me sentir acolhida? rs