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5.9.13

Terapia disfarçada de reforma

Nos últimos 12 meses, eu aprendi a quebrar parede, passar massa corrida, assentar tijolo, pintar teto, lixar porta. E consegui o milagre de mudar lembranças doídas com pouco tempo e grana ainda mais curta. Mas a maior surpresa da empreitada foi constatar o quanto eu mesma mudei.

Nos primeiros fins de semana, de moletom branco impecável, refazia cada coisa mil vezes e continuava achando ruim. Comprei pincéis em loja de artesanato para corrigir detalhes que só eu enxergava. Quando errava ― o que acontecia direto, já que trabalho com texto, não com trincha ―, chorava encolhida e me ameaçava desistir (quem precisa de inimigos?).


Conforme blusa e calça foram encardindo, passei a curtir a oportunidade de "reconstruir" os cantinhos da minha casa. Ela deveria ser um lugar feliz para bípedes e quadrúpedes, não meia dúzia de fotos em revista de papel brilhante. Cada defeito tem uma história, assim como minhas cicatrizes. E eu sou capaz de conviver com eles.

Agora, lavando as peças rotas pela última vez, sinto um orgulho danado do meu esforço extrajornalístico. E um amor que precisaria de mais dez corações para se espremer pelo Leo, que deu colo aos meus soluços e disse que tudo ficaria bem no dia em que a gente trocou a privada com a ajuda de um tutorial da internet.

Freud não explica, mas eu garanto que fazer a própria reforma vale cada gota de suor ― inclusive as que saem pelos olhos. A nova fase de crônicas deste blog promete. Providenciem a pipoca! :)

7 comentários:

Denise disse...

a gente nunca sabe do que é capaz...até ser capaz!
parabéns por conseguir jogar o perfeccionismo pela privada e deixar o improviso tocar um pouco a vida.
(um dia eu conseguirei!)
beijos
denise

Amanda Herrera Massucatto disse...

Linda

Kuka disse...

Tenho cá pra mim que a Bíblia é uma analogia da gente mesmo. E uma analogia muito da inteligente. Quando diz que somos a imagem-semelhança de deus, ela já dá aquela piscadinha pra gente com ares de "sacou?". A gente precisa criar o mundo da gente. Faz o verbo é bonito, mas precisa de canário, árvore, muriçoca e portas de armários com puxadores porretas. Tá aí a essência do homem, do primeiro ao último: criar o próprio mundo. Depois que a gente começou a lidar só com subjetividades como números binários e aplicativos que sem la grands finalidads, a gente perdeu o dom da criação e recriação e começou a virar uns baita duns existencialistas malucos. Jung tb deu a dica qdo falou da espiritualidade (espiritualidade não é religiosidade) inerente ao homem que é TÃO necessária - e aí ce junta o lé com o cré e shadááá. Tá fazendo muito bem, linda. Agora é hora de descansar, pq todo mundo merece o sétimo dia. Mas descansar no sétimo pressupôe olhar no oitavo de novo e fazer "mmmm... esse rodapé bem podia ficar branquinho" rsrs.
Tô aqui com uma estante que achei no lixo olhando pra mim e cantando "Com que roupa eu vou pro samba que vc me convidou?" rsrsrs

Marilia disse...

Parabéns pela coragem! Eu tb sou assim, se precisar meto as mãos, a cara e a coragem e toco ficha!
=)

Anônimo disse...

e isso ai Bia...bola pra frente...vai dar tudo certo...e vc vai ser muito feliz na casa nova,pois vc merece...DA GATEIRA DE CURITIBA><JAMILE

Vânia disse...

Me fazendo chorar logo de manhã? rs...desejo, do fundo do coração, q sua nova casa traga a esperança de tudo q é novo...parabéns, força sempre!

Beatriz Levischi disse...

:*