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Mostrando postagens com marcador Gatoca. Mostrar todas as postagens
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13.7.23

12 vezes obrigada!

Como meus pais morreram cedo, os amigos ficaram com a incumbência das perguntas constrangedoras, tipo: "Você não sente medo de morrer encalhada com dez gatos?" — a criatura em questão, inclusive, se tornou referência na luta por uma educação pública de qualidade no Brasil, por isso terá seu nome preservado. rs

O fato é que, 12 anos atrás, minha história se entrelaçou justamente à de um cara que não curtia o movimento, independente da quantidade de integrantes. E ele não só deu uma chance à gangue como aprendeu a aplicar soro, abriu mão de passeios, me esperou atrasada para comer com a mesa posta, aceitou que nenhum filme passaria incólume aos alarmes de remédio e patê na seringa.


Seis mortes, covas rasgadas no frio, na chuva, com o dedo cortado na faca de cozinha — fora a obra e a mudança para Araçoiaba conturbadas.


E também um gatil, um parquinho, um arranhador, pão de queijo e bolo de banana veganos quando eu só conseguia chorar. Obrigada por abraçar meus projetos, Leonardo Eichinger, mesmo os que parecem não fazer muito sentido, como tirar fotos de conto de fadas com abóboras no gramado. ❤️


Amo você, com todo o caos que acompanha!

5.7.23

Tempos difíceis em Gatoca

Pipoca não está bem, Pufosa não está bem e eu estou exausta. Cuidando de gatos para morrer, ininterruptamente, desde dezembro, sequer tive tempo de me recuperar da covid. Devo post com fotos já tiradas, o Gramado da Fama do mês passado (desculpe, Sandra!), horas de sono, calorias. Este texto é prestação de contas, mas também um pedido.

Acessem o blog nos dias em que não conseguir publicar nada e releiam algo do arquivo — são mais de 1,7 mil opções e dá para filtrar por categoria. Se o Gatoca perder relevância, os algoritmos, principalmente do Google, param de sugerir nosso conteúdo para quem precisa de ajuda. Se puderem, também, apoiem o projeto, porque o desânimo me pegou de jeito.

E deem um desconto aos posts mais curtos, com menos imagens. Logo a programação volta ao normal.

29.6.23

16º quase-aniversário do Gatoca e bastidores

É praticamente impossível ganhar na loteria duas vezes, ser atingido duas vezes por um raio ou conseguir duas vagas para estacionar no centro de São Paulo. Mas dá perfeitamente para pegar uma dobradinha de covid morando no meio do mato, na mesmíssima época do ano passado, marcada pelo quase-aniversário do Gatoca.

E para encontrar um tucano na árvore do jardim!


Durante os dois dias em que fiquei de cama (grata, comorbidade!) segui batendo a comida da Pufosa no processador, por causa do combo avançado de gastrite + doença renal. E dando na seringa em intervalos de 40 minutos. E acordando a cada barulho de vômito. Mas também vi a magrela sendo cuidada pelas irmãs, incluindo a Pipoca, desenganada pelo veterinário em abril.


Altos e baixos continuam desenhando a passagem do tempo, em uma jornada que se aproxima das duas décadas — os gatos vieram antes do blog (e de eu descobrir que gostava de animais, rs).

Já colecionamos 1.736 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão aqui.

E renovo a esperança de voltar no dia 10 de agosto, data do aniversário oficial, com novidades! — explicando aos novatos, "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂


Festinhas anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

2.6.23

Cantinho novo dos gatos: erros e acertos

Depois de 23 anos reclamando de cabeleireiros que cortavam mais do que "dois dedinhos", me vi tendo de convencer o moço do salão a passar a tesoura nos cachos que flertavam com a cintura. Era 2003, minha mãe perdia a batalha para o câncer na terceira internação consecutiva e eu precisava urgentemente sentir que tinha o poder de mudar alguma coisa.

Nessas horas, o exterior se impõe como a opção mais fácil. E duas décadas se passaram até a situação se repetir, só que com gatos idosos, tecidos e papéis adesivos substituindo o enredo original. Na terceira morte felina, em menos de um ano e meio, Leo e eu pegávamos a estrada até São Paulo atrás de um novo embrulho para Gatoca — e nossas vidas.


O sofá, herdado do último parente que gostava de mim (assim como o anterior), ganhou revestimento de acquablock para dar conta dos vômitos da gangue e eventuais escapes de xixi que só a velhice pode proporcionar — tudo com zíper, permitindo lavar na máquina (usando sabão neutro para não afetar a camada de proteção). E Chocolate estreou com a diarreia bizarra já no dia seguinte!


As prateleiras, doadas pela Laura Paro e na edição anterior encapadas por nós, com uma espuminha simples no topo, foram lixadas e envernizadas (verniz fosco) aqui em casa, mas as almofadinhas delegamos à costureira, também para facilitar a limpeza — mirei no despojado e acertei em um crossover de S.O.S. Malibu e A Fantástica Fábrica de Chocolate. 😂




E confesso que me arrependi de ter escolhido um tecido não impermeável porque suja só de existir, encolheu absurdamente e me obrigou a gastar R$ 70 de Scotchgard que até repele água, só que é inútil para as outras secreções das gatas, com destaque especial ao catarro da Pimenta. Para evitar peludas voadoras, aliás, prendi as almofadas nas prateleiras com fita dupla-face — o velcro não parava colado em nenhuma das duas.




Já os papéis adesivos renovaram móveis de outros ambientes (uma cômoda e dois gaveteiros) e a mesa de jantar doada pela Tati Pagamisse remoçou com capinhas de cadeira listradas, produzidas na força do ódio e da cola quente, quando o dinheiro acabou. Mas ainda vai ter parquinho vertical doado pela Vanessa Aguiar e a Laíze Damasceno!

P.S.: A caixinha de madeira, feita pelo Leo, veio de Sorocaba. Do arranhador de papelão falei aqui e do bebedouro (posteriormente superado pelo de barro), aqui — sim, tem um bichinho de pelúcia afogado nele, rs. Já o arranhador de cone vai ganhar um post exclusivo, com passo a passo!

17.5.23

Se tivesse um reality show de Gatoca...

As adoções de gato diminuiriam drasticamente. Na mesma madrugada, por exemplo, Jujuba conseguiu vomitar metade do bebedouro no lavabo e escorreu tudo para baixo da privada. Enquanto Pufosa ejetou na sala uma quantidade considerável de ração digerida, em que Keka escorregou, andou pelas paredes, fez um Matrix no armário do escritório e se enfiou embaixo da cama.

Dez minutos de limpeza-CSI depois, descubro que ainda sobrou um tico. Quem enxerga onde?


Aproveito o post para agradecer os gateiros que apoiam este projeto na alegria e na tristeza, estreando no Gramado da Fama a Marina Fioretti, que pesquisava como aplicar soro subcutâneo e encontrou no Cluboca o acolhimento que faltou no veterinário, e a Valeria Werneck, mineira de Sete Lagoas, terra do Centro de Apoio ao Turista Presidente Juscelino Kubitschek, o CAT JK, que não tem absolutamente nada a ver com gatos.


Esse suporte permite que o blog continue ajudando bípedes e quadrúpedes, em uma jornada que já dura 16 anos, com ações on e offline. Quer se juntar aos despioradores de mundo também e participar do melhor grupo de WhatsApp da internet? Basta acessar o Catarse. :)

Um aperto especial para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande...

...Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba e July Grafe!

5.4.23

Prioridades e por que o Gatoca ficou fora do ar

Capricorniano é bicho avesso a mudanças. Isso quer dizer que eu me seguro no penhasco quentinho até a vida soltar aquele último dedo e as atualizações acumuladas vêm todas ao mesmo tempo — tipo ser demitida de um trabalho desgastado e tomar um pé na bunda daquele amor que funciona melhor como amizade, enquanto a mãe perde uma longa batalha contra o câncer no hospital.

Já fazia tempo, aliás, que pensava em migrar o Gatoca de servidor para ter mais autonomia (e suporte em português) — sem soar ingrata pelo puxadinho que nos abrigou por mais de uma década. Mas nunca era o momento de enfrentar a resistência tecnológica. E o ultimato chegou por um descompasso de humores, bem no processo de despedida da Guda.

Em outros tempos, eu adoeceria tentando administrar tudo. Seis mortes humanas e felinas depois, aprendi a ficar com os seres (enquanto) animados.

Michele Strohschein já havia indicado um serviço bacana de hospedagem, Danilo Régis ajudou na transferência de última hora dos arquivos enroscados (santo backup!), Leo assumiu as correrias outras. Mas não deu tempo. E o blog passou boa parte do sábado fora do ar, enterrando o post de aniversário da mudança para Araçoiaba e o boletim mensal.

Prioridades.

Na sexta-feira, tem outro post. No dia 29, mais um boletim. No ano que vem, a terceira comemoração de casa (semi)nova.

Guda não.

31.3.23

2 anos de casa nova, menos 3 gatos

Eu sei que escolhi vir morar no interiorrr para os bigodes terem de volta um gramadinho no fim da vida — que acabou virando gramadão. E que gatos de 15 e 16 anos não atravessariam uma década. Mas sou de humanas, deem um desconto pelas linhas salgadas. Entre os cuidados com a Clara, o Mercv e a Guda, sobrou pouco tempo para curtir.


Continuamos, inclusive, sem porta no banheiro — existe estresse pós-traumático de obra? Até paguei por um toldo contra o alagamento da lavanderia, só que o gênio instalou um modelo que vaza água quando chove, deixa a casa escura nos dias de sol e faz barulho com o vento. Talvez, meta uma cortina de miçangas entre a privada e o quarto.

Já as plantas não podem reclamar: cresceram quase tanto quanto o mato, floriram de todas as formas, renderam caipirinha, moqueca, cupcake. E a gangue também aproveitou — o gatil improvisado, o gatil oficial, as escapadas do gatil (privilégio de quem não conseguiria mais alcançar a rua).

Ainda restam seis.

Decidi embrulhar o passado em contact e acquablock para recomeçar com outras cores. Mas pega leve, Universo!










17.3.23

Gatos, por Salvador Dalí

Escorridos, desencaixados, inusitados, eles protagonizam cenas bizarras e oníricas, com invejável qualidade plástica.


Rosa Meditativa


Metamorfose de Narciso


A Persistência da Memória


Natureza-Morta Viva


A Desintegração da Persistência da Memória

15.3.23

Gatas no feminino: um desafio

Gatoca sempre foi um matriarcado, com duas participações masculinas especiais: Simba, mais gata do que a Clara, e Mercvrivs, um frajola não-binário antes de o termo render discussões intermináveis no Twitter. Mas, como vivemos em uma sociedade patriarcal, eles dominaram o gênero do recinto por quase 17 anos.

Acontece que faz dez meses que Mercv, o último exemplar de macho da casa, morreu e eu, militante do feminismo, ainda me refiro ao coletivo de peludas empoderadas no masculino.


Pimenta reinando no tronquinho que Leo fez para eles elas

Em parte, porque é difícil mudar hábitos. Mas também porque significaria mais uma expressão de ausência.

24.2.23

Um dia normal em Gatoca, com ataque de pterodátilos

Às 2h, acordo com gritos aleatórios da Pufosa na sala. Mal adormeço e Pipoca vomita um poltergeist — apelido que dei para a modalidade giratória, em que o conteúdo da boca vai sendo arremessado para longe. Micro-ondas informa que perdi o melhor corticoide da madrugada limpado a cozinha com cheiro de azedo. Às 4h, é a vez de Chocolate esgoelar, só que, diferente da Pufosa, persistentemente. Coloco sua almofada de joaninha dentro da caixa de papelão para esquentar.

Meia hora depois, Keka resolve brigar com um gato invasor, de que só vi o rabo pardo desaparecendo pelo muro. Alguém derruba o potinho de ração do suporte às 5h30. Desisto de dormir às 6h30, com Pufosa botando para fora, bem na porta do quarto, toda a ração renal do recinto, ingerida enquanto eu tentava dormir. Adianto o café da manhã do resto da gangue, em jejum forçado, pensando na privação de sono como estratégia de tortura.

Com a compreensão de mundo prejudicada e depois de nove rodadas de patê na seringa para a Guda, um pterodátilo sombreia a casa, faz tremer o telhado e rouba da Chocolate o troféu de pulmões mais potentes.



Ressurgiu do cretáceo, aliás, o Gramado da Fama, com a paraibana Arina Alba e a paulistana July Grafe, que adotou o blog antes dos gatos! ❤


Esse apoio faz toda a diferença para produtores de conteúdo que não trabalham com publicidade porque prezam pela independência. Para se juntar aos despioradores de mundo (e participar do grupo de WhatsApp mais acolhedor e divertido da internet), basta acessar o Catarse — nossa jornada é longa e só pretendo parar na ONU. :)

Obrigada pela companhia, Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo...

...Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Ana Paula de Vilas Boas, Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva e Regina Hansen! 🤗

13.1.23

2022

Atualizado em 16 de janeiro de 2023

Sexta-feira 13, duas semanas atrasada e sem energia elétrica, eu escrevo esta retrospectiva em um laptop (meu primeiro laptop) comprado com os danos morais de espreguiçadeiras que não recebemos e lutando com a montanha-russa emocional de cuidar de uma gata para morrer.


Este é um texto sobre exaustão, contradições e impotência, mas também sobre abrir mão do controle, se deixar surpreender, rir de si mesmo ─ um resumo de 2022, com mais fracassos (e rinite alérgica) do que gostaria de admitir.

E o Gatoca seguiu, apesar de mim, porque virou comunidade, semente digital, transformação silenciosa. Mesmo que desista do blog (e de lutar contra os algoritmos das redes sociais), outras estratégias de despioramento de mundo ocuparão este espaço, propósito de vida.

Nos últimos 12 meses, aninhei um beija-flor, provoquei o pensamento crítico falando de clonagem, insisti na formação política dos leitores, entrevistei Fabio Chaves e Luli Sarraf, do Mandato Animal, que ousaram pensar um país mais justo para todos os seres, sem exploração nem maus-tratos. E inaugurei um puxadinho para divulgar resgates dos apoiadores que botam a mão na massa.

Teve post também sobre a polêmica roupinha para gato, o tempo deles, o melhor bebedouro de verão, o milagre da água na seringa, calculadora de ração (seca e úmida), suporte para comedouro contra vômitos, cocô fora da caixa, arranhador de papelão, olhos tremelicantes (nistagmo), FIV e FeLV, cistite recorrente por ansiedade (Síndrome de Pandora), bicho correndo loucão (três causas que eu desconhecia).

E como fazer inalação, diferenciar tosse e espirro (com vídeo), ajudar a comer em caso de problema na boca, ensinar a amar ração úmida natural, dar alimentação forçada sem piorar o quadro, sobreviver ao Natal (com árvore e quadrúpede inteiros), identificar cara de dor (em forma de teste).

As séries Vida com gatos (1 e 2) e O que eu faria diferente com os gatos (1 e 2) ganharam só dois capítulos. Mas a epopeia inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, com fotos divertidas da gangue, teve nove, que merecem um parágrafo exclusivo.

O mistério do ronronar, O que seu amigo quer dizer?, 7 posições de rabo explicadas, Decifrando expressões faciais, Como é um abraço felino?, Feromônios e os cheiros na comunicação, Existe outro bichano vivendo dentro do seu, O segredo da gatitude e Conhecendo sua maquininha de matar: bigodes.

Os textos que mais curti produzir foram sobre os melhores jogos de gato (eletrônicos, de tabuleiro e para celular), os melhores filmes (clássicos, lançamentos e inéditos), e a Bíblia Gatólica, desenhada pelo Carlos Ruas. Já Guda adorou modelar com a japamala felina, presente para dar uma força na reconexão.

E doeu compartilhar quando ela entrou em crise renal, rodando pelos bebedouros da casa (oito, de tamanhos, formatos e materiais diferentes), quando Pufosa inventou o chiclete de dente (sem possibilidade de anestesia), quando Pimenta resolveu andar desequilibrada do nada, quando Chocolate ficou surda. Mas foquei no serviço para socorrer outros corações angustiados.

Quase duas décadas não passariam sem mortes, aliás. Ainda sob o luto da Clara, contando o tempo em girassóis até desfolhar o primeiro ciclo, Mercvrivs se foi. Leitores novatos talvez não entendam o peso dessa partida e por que ela rendeu tantas linhas sobre nossa cicatriz, luto seco, negação, colo vazio e o primeiro aniversário sem aniversariante.

É que, 17 anos e três meses atrás, eu não gostava de animais.

O final feliz do Jacob também acabou, uma década depois. A (terceira) doação dele, porém, permanece entre as histórias mais emocionantes do Gatoca. Imagino que a próxima despedida seja da Guda, há duas semanas no soro (obrigada, Leo! ❤️) e na alimentação forçada — mas aproveitando os carinhos, o sol, os passeios na parte proibida do terreno, que escolhi para ilustrar esta retrospectiva.

Não foram poucas as vezes em que apelei ao humor para continuar. Teve tutorial de como descansar no sofá, amor platônico por pão francês, contradições felinas, pesadelo dos lagartinhos, gata empreendedora automotivada, cocô de pássaro vingativo, explosão de bebedouro, carnaval da ressaca, fiscal de horta orgânica, riqueza com tornozelo quebrado, dieta secreta, escavações no computador de Tutancâmon.

E transformei buraco em arte, unindo Tim Burton à almofada de joaninha da Choco, escrevi Gata Barraqueira, uma releitura do conto de fadas que envolve relacionamentos conturbados e abóbora, e Assassinato no Bebedouro do Poente, adaptação de Agatha Christie estrelada por Levischot.

Nossa casa araçoiabana completou um ano e a florestinha também, com dez lições. Já o Gatoca festejou 15, com quase aniversário e aniversário oficial (só lendo para entender, rs), mesma idade das Gudinhas. E Guda e Chocolate dividiram os 16. Todos devidamente comemorados com petiscos e apertos!

Devo agradecer, inclusive, a Pet Delícia pelo quinto ano de parceria, que me permite não só prolongar a existência dos bigodes, que precisam de umidade na alimentação, como manter a barriguinha deles cheia quando não conseguem mais comer sozinhos — ansiosa pelos sabores em molho!

Espero continuar acolhendo e inspirando pequenas revoluções, independente do formato. E sou imensamente grata pelo Cluboca, nosso grupo de apoiadores, com quem aprendo sempre e onde me sinto à vontade para pedir colo. O Gramado da Fama anda fraco (com edições em janeiro, fevereiro, abril e julho), mas aposto em recomeços múltiplos.

Que 2023 seja de jogatina e afetos positivos!


Retrospectivas dos anos anteriores: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

6.1.23

Despedida do blog?

Atualizado às 19h20*

Hoje eu faço 43 anos, mais de um terço deles dedicados do Gatoca — com e-book, mutirão de castração, oficina para crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó e 1.695 posts deste blog, que ainda ajuda bastante gente que chega pelo Google.
Para ampliar os comentários, cliquem na imagem

Mas os algoritmos das redes sociais nos obrigam a produzir cada vez mais por menos alcance, nosso financiamento coletivo estagnou com o empobrecimento da população, enquanto o custo de vida aumentou, os bigodes idosos passaram a demandar mais cuidados e ainda não descobri o milagre da multiplicação de Bias — mesmo sacrificando sono e lazer.

Estou cansada, sabe? São 15 anos e meio!

Coleciono planos grandiosos para transformar a relação dos seres humanos com os animais — ao menos no Brasil. Fiz curso de elaboração de projetos para editais (consegui aprovar uma trilogia de livros no Condeca, em parceria com a prefeitura de Sorocaba), de escrita criativa, de design, de narração de histórias, de edição de vídeo, de criação de jogos de tabuleiro (três!).

Ainda participo do Grupo de Estudos em Mídias Lúdicas da Universidade de Sorocaba. Tudo isso para atuar com crianças e adolescentes de escolas públicas, sensibilizando olhares compassivos desde cedo. Só que não sobra tempo para investir nesses planos, porque preciso dar conta dos boletos que o Gatoca não cobre — além de escrever para outras ONGs, que não podem pagar pelos textos.

E olha que tenho o mesmo carro (comprado usado) desde 2011, uma mesa de trabalho que desmontou com 17 anos, o celular (doado pela irmã) recém-aposentado após um setênio de servidos prestados e infinitamente menos viagens feitas do que gatos resgatados — e cachorros e aves e uma pomba.

Se nossa base de apoio não aumentar nos próximos meses, serei obrigada a desempoeirar o currículo e suspender as atualizações do blog para redirecionar esforços — e não é com o coração leve que compartilho essa decisão. Sou capricorniana apegada! Mas preciso do ascendente em aquário para pensar maior. :)

Você aprendeu algo por aqui? Deu risada, se emocionou, encontrou acolhimento? Vai sentir saudade da gangue? Acha que outros bichos e tutores merecem continuar recebendo esse suporte? Agora é a hora: empodere nosso financiamento coletivo! Um cafezinho faz diferença, porque o mundo se muda junto.

E nós somos muitos! ❤️


*Para melhorar a visualização dos comentários, que escolhi correndo, entre as seringadas de comida, água e remédio da Guda. rs

14.12.22

Escavações em Gatoca: inacreditável!

Atualizado em 31 de janeiro de 2023

Pufosa e Pimenta foram testemunhas desta descoberta extraordinária!


Parece um artefato recém-extraído da tumba de Tutancâmon, mas é meu computador, um bravo guerreiro tecnológico que há mais de 11 anos resiste a pelos de gato com poeira intermunicipal — de São Bernardo a Araçoiaba da Serra, passando por Sorocaba.


E ele estava acompanhado por HDs facilmente confundíveis com tábuas de hieróglifos.




Como toda raridade, o moço da assistência técnica disse que nunca vira nada igual. Agora, enfrento um dilema estético: passo a andar de óculos com bigode pela cidade ou apelo à cirurgia plástica e já conserto o nariz quebrado na infância por uma bola de basquete?

P.S.: Autoexposed para justificar o sumiço na semana passada, que deveria ter tido um post sobre nossas aventuras em um universo mais moderno, o da inteligência artificial — vai sair!

P.S do P.S.: O post saiu em janeiro, tragicômico. rs

18.11.22

Sua chance de participar do melhor grupo de gatos!

Eu resisti a criar o Cluboca, confesso — grupos de WhatsApp costumam proporcionar mais aporrinhações do que felicidades. Mas hoje ele é uma das maiores riquezas do Gatoca! Tem informação que não se encontra fácil por aí — recentemente descobri o nistagmo da Guda e nosso vídeo está entre os poucos sobre gatos em português. Acolhimento para os dias cinzas, especialmente aqueles em que o mundo descredita quem sofre por bicho. Risadas.

Cluboca também garante que o blog continue ajudando pessoas e animais sem cobrar nada, porque quem pode divide o cafezinho. Esse apoio faz toda a diferença para um projeto sem financiador, que não abre mão de criticar o que merece crítica (alimentação baseada apenas em ração seca, por exemplo) e de se posicionar politicamente por um país menos desigual.


Ele me permite não só pagar boletos importantes mas também doar meu tempo, cérebro e coração para criar estratégias que mudem nossa relação com o planeta e impactem a vida de cachorros, gatos, porcos, vacas, galinhas — vai ter card game e trabalho com escolas públicas em 2023! Ou 24. rs

Repetindo a Cat Friday dos anos anteriores, então, quem assinar nosso Catarse a partir de R$ 15, até a sexta-feira que vem, entrará para o grupo de gatos mais sensacional da internet — fissurado em aspirador de pó, como vocês verão pelos depoimentos. Hahahahahaha! E poderá participar do amigo secreto mais divertido, sem gastar um centavo nem aguentar parente chato.

*

O Cluboca é um oásis para os cat lovers! Tem troca de informação sobre os dodóis, tem troca de stickers, tem papo solto e divertido, tem compartilhamento de fotos dos nossos fofuras e tem acolhimento nas horas de dor. A gente ri juntas e chora juntas (falo no feminino porque somos maioria no grupo. Cadê os pais de gato?)! Amo demais! ❤️
Guiga Müller

Gosto especialmente quando a discussão se expande e pega qualquer tema do momento, da política aos costumes, passando pela tecnologia, tudo bem fundamentado, bem-escrito e delicado. Aprendi muito com todas. Aqui tenho uma sensação de pertencimento e acolhimento como raras vezes experimentei. E nunca é demais dizer: somos todas gatas!
Regina Haagen

No Cluboca cabe desde fofuras felinas até trocas de experiência sobre saúde dos gatinhos, passando por melhor modelo de aspirador. 😂❤️
Lorena Fonseca

Cluboca é grupo de Márcias que falam sobre as peripécias felinas, games e aspiradores de pó.
Simone Castro

Cluboca é aconchego e acolhimento! É turbilhão, risadas e inspiração. Falamos (escrevemos) sobre tudo: do que amamos ao que tememos. E se alguém precisar de uma pata amiga, lá estamos nós. Cluboca é lar para mim! 🐱💓
Samanta Ebling

Cluboca é o que chamam de found family: aquela família encontrada. A gente não percebe o quanto é importante até que se vê cercado de afeto e suporte dessas pessoas, que estão lá para a gente e nos entendem. É um pedacinho de "casa" formado pelo amor aos animais. Família Gatoca!
Bárbara Santos

Gatoca e as outras meninas sempre nos acolhendo em momentos difíceis, com informações importantes e carinho!
Vivian Vano

Nos minutinhos que me imponho às vezes, eu leio as mensagens no grupo, vejo fotos e lembro que existe vida além do trabalho, do dia a dia atarefado com a gataria daqui, das cobranças familiares. Existe vida em cantinhos gostosos de estar, em nichos felinos como nosso Cluboca.
Cris Rebouças

Esse grupo é importante por tantos motivos... Li muito sobre luto e acolhimento, e aqui tem muito acolhimento 🤗. E também encontro uma força de luta, resistência. Onde muitos desistem, aqui a escolha é lutar por mais tempo de amor. Ao compartilhar as mais dolorosas experiências, aprendemos sobre tratamentos, médicos, remédios, alimentos, técnicas. Encontramos novas vias e opções. Sou grata por cada interação! ❤️
Viviane Silva

Cluboca é luz, é raio, estrela e luar. Manhã de sol, meu iaiá, meu ioió!
Aline Silpe

3.11.22

Bíblia Gatólica e o fim do pesadelo

Depois de quatro anos de um governo obscurantista, a gente finalmente vai poder respirar aliviado — a Terra voltará a ser redonda, Jesus entregará o fuzil e as famílias discutirão por outros motivos na ceia de Natal. Não tinha momento melhor para receber a Bíblia Gatólica, livro do Carlos Ruas que pretende fazer rir (e venerar gatos), não queimar quem pensa diferente na fogueira — ainda que virtual.



Para ampliar, cliquem nas imagens


Como eu não sou boa em cultuar seres vivos (ou mortos), apoiei também o Livro Sagrado Pacão — e ganhei as recompensas fofíssimas do financiamento coletivo, além do nome em Um Sábado Qualquer, site das minhas tirinhas contemporâneas favoritas. :)




Aproveito para agradecer a companhia de vocês na jornada do Gatoca, que resiste ao Brasil há uma década e meia, sem perder a ternura — nem os seguidores nas redes sociais. rs

2023 é ano de desengavetar projetos! ❤️

19.10.22

Um ano da nossa florestinha e 10 aprendizados

Os últimos meses em Gatoca abrigaram contradições: plantas nascendo e gatos morrendo. Sobre a partida da Clara e do Mercv já escrevi bastante — foram quase 17 anos, na verdade, compartilhando histórias deles aqui. Mas faltou falar de flores. Ou da falta delas.


Quando a Adriana Todesco, amiga querida da minha mãe, mandou 57 mudas de Serra Negra para colorir nosso terreno de mato, eu não fazia ideia da quantidade de aprendizados que se pode envasar!

1) Respeitar os próprios limites
Imaginem o trabalho de regar e adubar 57 plantas — para sempre! Eu até comecei prestando atenção para não molhar as folhas, medindo as quantidades de fertilizante na balança e brigando com o Leo, que me achava maluca. Mas, quando ele quebrou o tornozelo e sobrei também com a função de carpir, passei a pegar mais leve com a autocobrança.

2) Recuar para continuar avançando
As mudas muito pequenas não reagiram bem ao transplante para o solo (ou ao sol forte, ou à frequência de rega que a gente conseguia dar conta, ou às pragas das pragas) e decidi voltar todas para o vaso, onde poderia caprichar mais nos cuidados. Nesses 12 meses, fui recompensada com múltiplos botões.




3) Focar nas vidas salvas
Mesmo assim, as formigas assassinaram uma pata-de-vaca branca, que nunca chegava na quarta folhinha, e a emergência climática desidratou a nêspera. Em compensação, eu nunca tinha comido framboesa fora da geleia. E elas parecem cenográficas!


4) Dividir para não enlouquecer
Do borrifador de faxina ao pulverizador de fazenda (sim, nós compramos), é impossível exterminar todos os pulgões e cochonilhas de 1 mil m². E a flor-de-são-miguel bichada floriu, enquanto a boa ficou completamente careca. Uma parte do butim, então, a gente come, a outra a gente deixa para gaia.


5) Aprender fazendo — por tentativa e erro
Se vocês pesquisarem no Google possíveis causas para folhas com pontas queimadas, vão se deparar com: "Excesso de rega, falta de rega, muito calor, frio extremo, adubo demais, adubo de menos, vento cortante, pouca umidade, água salobra, água com flúor". O que não ajuda em nada — e é justamente por isso que eu prefiro cuidar de gatos. rs

6) Conhecer a ti mesmo
Economize R$ 11 em veneno se não terá coragem de usar contra as malditas formigas cortadeiras, que mordem também os seus pés assim que encontram o chão.

7) Lidar com a frustração
Já confessei por aqui: eu não sei perder — nem gente, nem bicho, nem discussão. E, nos meus cinco estágios do luto, raiva aparece três vezes. Mas as plantas morrem, mesmo que a gente tenha se esforçado e gasto dinheiro e feito blindagens de garrafa pet com graxa.

8) Estar aberto ao novo
Esqueci de dizer que a manga também não vingou. Mas no lugar dela cresceu um mamoeiro, que ninguém cultivou e vou poder comer no café da manhã — porque manga ninguém merece!

9) Improvisar
A grande expectativa da floresta araçoiabana era o manacá-de-jardim, para garantir a sombrinha dos bigodes dentro do gatil. Só que ele é da leva que acabou voltando para o vaso, me obrigando a comprar um resedá, que ainda não conseguiu formar uma copa, obrigando os gatos a descansarem na mandioca de geração espontânea.




E a coitada quebrou com o vendaval, dando lugar à moita de catnip, originada por duas singelas mudinhas que Leo esqueceu que havia plantado. Este se tornou, portanto, o atual refúgio da gangue:


10) Saber a hora de se retirar
A íris azul desponta majestosa, não dura mais do que um dia e termina sua breve existência neste embrulhinho simpático, sem drama.