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10.11.23

Banho em gato e antipulgas não combinam!

Na verdade, vocês raramente precisarão dar banho em um gato porque eles são autolimpantes ― sua saliva possui enzimas que ajudam a remover a sujeira do pelo quando se lambem. Mas, em caso de emergência, como nos resgates em que paninho úmido nenhum no universo resolveria, deve-se esperar de cinco a dez dias para aplicar o antipulgas, segundo o veterinário Carlos Gutierrez.

Isso porque o conteúdo da pipeta é absorvido pela gordura da pele e o sabão do banho elimina justamente essa capa de gordura. Despulgar e enfiar a criatura no chuveiro, portanto, também não funciona ― bastam, porém, apenas três ou quatro dias de intervalo.

Tem posts aqui no blog com dicas para acabar de vez com as pulgas (que ficam no ambiente, contra apenas 5% no animal), para preparar um antipulgas caseiro, barato e natural, e para quem quiser arriscar o banho em casa, sem perder os óculos ― o comentário do chuveiro era brincadeira, hein? Chocolate está resmungando porque Leo encostou nela durante a ioga. 😂

20.10.23

Ração de insetos para gato e novidades gringas!

Salva-vida de libélulas interioranas e dona de uma geladeira que não vê carne há quase 17 anos, com um pequeno intervalo para o teste fracassado de alimentação natural caseira dos bigodes, eu não tinha ideia de como ilustrar o post em questão até trombar com esta foto da Chocolate no arquivo.


Sim, ainda uso um caderno de papel para preparar pratos especiais, que nem veganos são (vou fazendo as substituições de cabeça), porque ganhei quando minha mãe morreu, para ajudar na estreia forçada na cozinha. Junto com as receitas da Rose e a letrinha da Lelê, família que escolhi para a vida, incluí um lendário passo a passo de arroz, duas décadas atrás!

Este texto, porém, fala de futuro (ainda que de gosto duvidoso): sabiam que na Europa já se vende ração para gato à base de insetos? O veterinário Carlos Gutierrez explica as vantagens e desvantagens, comparando com a dieta Barf (crua), outra novidade na gringa, e a alimentação natural, que a gente conhece mais por aqui.

Pode parecer bizarro, mas inseto é uma das presas dos bichanos selvagens, representando 6% do cardápio diário — por isso chamam de alimento instintivo. E, para satisfazer as necessidades calóricas, eles precisam comer menos grilos e baratas do que frango. Eu arriscaria? Não sei e não tenho de pensar sobre isso agora porque nem vende no Brasil. 😂

Comecemos pelas vantagens, então: de acordo com os estudos linkados na descrição do vídeo do vet espanhol, as rações feitas de insetos têm alta digestibilidade e valor nutricional (ricas em proteínas, energia e, dependendo da criatura asquerosa, gordura), além de grande quantidade de fibras, no caso das carapaças.

Elas também provocam menos impacto ambiental, já que sua produção demanda menos recursos naturais e emite menos gases do efeito estufa. Só que a composição varia de acordo com a fase de desenvolvimento do inseto (larvas, por exemplo, são bem mais nutritivas), precisa balancear os aminoácidos, faltam estudos para avaliar possíveis riscos causados pelos agrotóxicos e nem todo gato curte.

A Barf, abreviação em inglês para "comida crua biologicamente apropriada", é bem mais palatável, hidratada e igualmente de fácil digestão — dizem que o cocô fica até mais compacto. Por outro lado, às vezes deixa a desejar na formulação, custa mais caro, dura menos e não só o peludo como os humanos estão sujeitos a contrair bactérias que não morrem no congelamento, como a salmonella.

Esse problema se resolve com a alimentação natural comercial, adequadamente balanceada e tão gostosa, hidratada e eficiente na compactação de cocô quanto, embora também estrague rápido e pese no bolso. Eu provavelmente continuaria optando por ela, mas adoraria uma versão feita em laboratório, sem sofrimento animal.

13.10.23

Qual é o arquétipo do seu gato? | EG #23

Vocês já sabem que a gatitude permite que os bichanos fiquem à vontade no próprio corpo, sintam-se donos de seu território e transformem o espaço ao redor em lar, né? Mas, para chegar lá, precisamos identificar primeiro em que estágio eles estão. Jackson Galaxy propõe três arquétipos em O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série: mojito, napoleão e invisível.


Mojito

É aquele que vai encontrar a visita no centro da sala, de rabo erguido, peito estufado, orelhas prontas para explorar (mas sem girar para todo o lado, como se tentasse captar pistas do invasor) e olhos focados à frente, cumprimentando, em vez de verificar os arredores em busca de rotas de fuga.

Se fosse humano, ofereceria mojitos. Como nasceu gato, porém, se põe a andar entre as pernas do visitante e esfrega testa e bochechas quando ele estica os dedos, marcando-o com seu cheirinho. Ao entrarem na sala de estar, sobe no andar mais alto do arranhador, mostrando orgulho de suas posses. Na cozinha, come sem preocupação com a conversa que rola próxima.

Se a pessoa sentar em qualquer lugar, deita e cochila ao lado ou até no colo, um farol de confiança, sem nada a provar. Ama tanto seu ambiente que quer partilhá-lo.

Napoleão

Embora o complexo de Napoleão não apareça na Classificação Internacional de Doenças, da Organização Mundial da Saúde (OMS), a expressão é usada para descrever indivíduos com complexo de inferioridade, que tendem a supercompensar suas limitações e massacrar os outros para se reafirmar — comportamento que também se aplica aos felinos com a pior falta de gatitude.

Um gato napoleão, portanto, receberá visitas com as orelhas para frente, olhos fixos e talvez uma postura baixa, quase agressiva. Se pudesse, cruzaria os braços bem na porta ou no meio do caminho — nada de mojitos! Primeiro, se questiona sobre quem é a criatura, depois pensa o que ela veio roubar. Fica paranoico com a possibilidade de expulsão e exagera para evitar.

Emboscará humanos e animais quando menos esperarem, mesmo que demonstrem abrir mão da posição de líder. Faz questão de demarcar seu território com urina. Por outro lado, recebe pouco amor e empatia, o que só agrava a insegurança. Pode não parecer, mas napoleões precisam muito de proteção.

Invisível

Como o nome dá a pista, ele desaparece quando a campainha toca. É o gato que mora dentro do armário, embaixo da cama ou no alto da geladeira, esperando que você não note quando passar sorrateiramente. Acredita que não domina seu território, usa apreensível a caixinha de areia e sai correndo com o rabo entre as pernas.

Em casas com mais de um bichano, vira o pária, mesmo evitando confronto a todo custo e agindo de forma exageradamente assustada e tímida. Chega a fazer xixi e cocô "na calça" para não sair do lugar seguro, independente de existir uma ameaça real. Também não tem gatitude, já que se esconder consiste em um comportamento reativo, não ativo.

O maior obstáculo na jornada de napoleões e invisíveis são nossas visões pré-concebidas sobre eles. Enquanto o primeiro fica com as broncas, terminando preso em um cômodo onde não agredirá ninguém, o segundo ganha nossa pena e reforços para se manter no bunker. E nenhuma das estratégias os ajuda a se tornarem sua melhor versão mojita.



(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança (estreia no dia 17 de outubro!)

6.10.23

Como deixar o patê do gato lisinho (para seringa!)

Duas coisas me salvaram no primeiro semestre deste ano, enquanto cuidava de três gatas idosas que morriam ao mesmo tempo — e mais quatro renais, que ainda estão por aqui: as latinhas da Pet Delícia (tenho uma dívida de gratidão eterna com a Nathália Vieira!) e a descoberta do blender.

Pet Delícia é parceira do Gatoca há seis anos e meio. Acompanhou o fim de vida de cinco bigodes, garantindo que ninguém ficasse de barriga vazia quando a ração seca já não descia tão bem. E segue favorita no café da manhã da gangue, enquanto as mais variadas marcas de sachê perdem a graça sucessivamente. Comida com cara, cheiro e gosto de comida, sem corantes nem conservantes.

O blender, por sua vez, é um liquidificador que mistura, tritura e processa alimentos com alta potência e precisão, permitindo que o patê delas fique lisinho, sem entupir a seringa (dicas importantes no pé do post!). O multiprocessador herdado da irmã, com o copinho de grãos, também funcionava, mas cabia uma quantidade menor, o que me obrigava a bater e lavar tudo duas ou três vezes por dia — no frio, na chuva, numa casinha de sapê.

Escolhi, então, um modelo com dois copos, de 400 ml e 1 l, deixando o menor para as felinas, que já comporta a latinha inteira, e o maior para os sucos, molhos e sopas dos humanos. A potência seria de 1000 w, se não tivesse comprado por engano o modelo de 220 v — nada que não compense, porém, repetindo a batida. Só precisa tomar cuidado para não esquentar ou juntar pressão.

Com a facilidade, acabei substituindo as seringadas de água da turma, que não precisa de alimentação forçada, por seringadas de patê mais diluído, que, além de ajudar nos rins, revertem parte da perda de peso generalizada pela idade. Chocolate, a modelo da foto, logo completa 17 anos — resgatamos a pequena com uns 4 meses! E as gudinhas sobreviventes fizeram 16 em maio. ❤

Esta xicrinha lascada, aliás, tem história!



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:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?

29.9.23

Cuidados que podem salvar seu gato no calor!

Neste fim de inverno, quando os termômetros de Araçoiaba alcançaram bizarramente 39ºC, peguei Chocolate hiperventilando dentro da caixa trambolhuda que havia deixado no jardim, para liberar a passagem (casa de 60 m2!). E achei importante compartilhar as dicas do veterinário espanhol Carlos Gutierrez — gatos são realmente sem-noção e quem deve ficar alerta somos nós.

Entre os primeiros sinais de calor estão:

- Trocar a cama ou o cobertor pelo chão, esparramando-se no piso frio.
- Passar a comer menos, porque a digestão também aquece o corpo.
- Respirar mais rápido para ajudar a baixar a temperatura.
- Dormir mais para gastar menos calorias.


Já o golpe de calor (ou hipertermia) pode ocorrer quando...

- A temperatura do ambiente sobe muito.
- Os peludos esquecem da vida no sol forte.
- O animal tem mais de 15 anos, pois doenças de coração, pulmões e rins, comuns nessa faixa etária, prejudicam a hidratação.

Para identificar os sintomas você não precisa de termômetro intrarrenal:

- O estado de consciência do bichano se altera, como se estivesse dormindo, e ele deixa de responder adequadamente aos estímulos.
- As mucosas ficam roxas.
- Podem surgir vômitos e diarreias — às vezes com sangue, porque os mecanismos para coagular não funcionam tão bem.
- O coração acelera — mede-se colocando a mão no peito e acima de 37 pulsações a cada dez segundos já indica problema (se não conseguir contar, pior ainda).

Curiosidade: a temperatura de um gato doméstico oscila entre 37ºC e 38ºC, cerca de 1ºC mais baixo do que a dos selvagens.

Para socorrer...

- Passe um pano com água fresca pelo corpo — não se deve baixar a temperatura bruscamente! Se optar pela gaze, deixe-a sobre o corpo para refrescar mais.
- Molhe as almofadinhas das patas, zonas por onde os felinos perdem muito calor.
- Evite estresse.
- Ofereça o caldinho do sachê ou ração úmida processada para reforçar a hidratação.
- Se o bicho não melhorar, leve ao veterinário.

E claro que a estratégia mais certeira é prevenir:

- Tire o joselito do sol forte.
- Coloque um abrigo na área externa — caixa de papelão com tampa não vale. rs
- Deixe água fresca sempre à disposição, espalhando bebedouros pelos cômodos.
- Faça picolés de ração úmida — basta colocar em forminhas, no congelador, com um tico de água.
- Ajude o peludo a se refrescar com um pano úmido — após se lamber, a temperatura corporal deles baixa até 1ºC.

27.9.23

A melhor escova para gatos idosos!

Com a velhice, os bigodes vão sentindo cada vez mais dificuldade para se limpar e a gente precisa dar uma força — principalmente nesta época do ano, em que o casaquinho de pelo reforçado durante o inverno resolve se desmanchar pela casa ou acumular no estômago, com o objetivo de deixá-los mais refrescados para o verão.


Quem tem gatos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção nos sintomas de artrose, aliás. E, acima dos 12, ela é praticamente certa — nove em cada dez bichanos. Foi em uma escovação, inclusive, um tanto violentamente, que Pufosa tentou me avisar. Até pouco tempo atrás, a gente usava a Furminator, que funciona maravilhosamente para os nós, mas causa desconforto nas regiões sensíveis.

Com a morte dela (e seu rastafári), decidi testar a dica da escova de bebê. E, após pesquisar em lojas físicas, acabei comprando pela internet para levar também o pente, por mais R$ 2. Combinação perfeita, já que ele desembaraça melhor o pelo longo da Pimenta, sem a dureza da Furminator, ainda ajuda a limpar a escovinha.


As quatro meninas amaram o carinho com cerdas! Além de liberar serotonina, aumentando a sensação de bem-estar e felicidade, a escovação também reforça o vínculo com seu amigo. E Jujuba está dois tons menos vermelha de rolar no nosso deck de bairro não asfaltado — poeirão que a Furminator não limpava tão bem.

20.9.23

Inchaço pós-briga de gato pode ser abscesso

Eu custei a acreditar, admito. Mas uma das unhadas bobas que Keka levou do frajola cara de pau que invadiu nosso gatil, no dia 22 do mês passado, acabou infeccionando e virando um abscesso. Gigante — nunca vi tanto pus sair de uma ferida! Gato é bicho fácil de desenvolver esse tipo de problema porque sua pele cicatriza rápido, bloqueando a saída das bactérias.


Na luta pela expulsão, as células de defesa, conhecidas como glóbulos brancos, produzem o pus, um líquido espesso, geralmente amarelado, com cheiro de podre e, às vezes, sangue. E, quando a batalha fica muito difícil, o organismo cria uma espécie de parede em volta do processo inflamatório, impedindo a migração para outras regiões.

Essa bolha, macia, mais quente do que o resto do corpo e doída, chamamos de abscesso. Eu já havia ficado impressionada com a "explosão" do pescoço da Guda, em 2008. Mas não imaginava que um caroço surgido três dias depois do ataque, inicialmente duro e que demorou duas semanas para deixar vazar um sorinho discreto, pudesse ter ligação.

Com a orientação do veterinário, mediquei e fiz compressas quentes para acelerar a drenagem — 15 minutos, duas vezes por dia, começando com a bolsa enrolada na toalha para não queimar a coitada.


E no 16º, graças à persistência das lambidas, a bolha estourou. Diferente do episódio da Guda, porém, o conteúdo saiu a prestações — só dei uma ajuda no final, para garantir que não sobraria nada.


E fui limpando o machucado com Líquido de Dakin. Essa é uma dica salvadora de antisséptico, apesar de vender apenas em loja de material cirúrgico, porque os bigodes podem ingerir — dentistas usam para a irrigação de canais.


Keka perdeu meio quilo (comentei que abscesso dói, né?), mas finalmente habemus casquinha!

15.9.23

Gatos dormem menos do que parece | EG #22

Eles podem até passar mais da metade do dia de olhos fechados, mas boa parte desse tempo é gasta com sonecas curtas, estratégia de quem está no meio da cadeia alimentar, precisando se manter protegido de outros predadores e também caçar seu próprio alimento — cerca de 30 tentativas para uns oito ratinhos, segundo Jackson Galaxy em O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série.


Quando pegam no sono profundo, porém, sonham como a gente, chegando a tremelicar olhos, bigodes e patinhas com a contração dos músculos — a gangue aqui protagoniza altas batalhas e banquetes oníricos! E o ritmo circadiano (o famoso relógio biológico) dos bichanos também muda com a duração do dia e a incidência de luz, assim como o nosso.


Ok, eles dão um baile na gente à noite, mas não são animais verdadeiramente noturnos e, sim, crepusculares, com picos de atividade ao anoitecer e amanhecer, como os roedores, sua principal presa — e nesses períodos ainda enxergam melhor do que eles! Isso não significa que vocês precisam trabalhar no fuso japonês, porque os peludos acabam se adaptando à nossa rotina.

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(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 23: A importância dos três Rs (estreia no dia 13 de outubro!)

6.9.23

Ronco de gato ou possessão?

Estava eu jantando absorta em pensamentos sobre o sentido da vida, os rumos da humanidade e o preço do óleo de girassol, quando o além resolveu conversar comigo. Chequei a geladeira, os bebedouros elétricos, a velocidade do vento, até me tocar que o som bizarro vinha da Jujuba.


O veterinário respondeu que um diagnóstico certeiro demandaria água benta, mas o mais provável seria ronco mesmo. Quase 18 anos de gatos e não sabia que eles também roncavam! Não é comum, mas não precisam se preocupar se o bichano estiver dormindo pesado, quando a respiração profunda e lenta favorece o ruído.


Principalmente se ele for obeso ou pertencer a uma das pobres raças de focinho curto, fatores que atrapalham ainda mais a entrada e saída de ar — acordado, qualquer barulho no nariz, garganta ou peito demanda investigação. Só não confundam com o ronrom, né?

1.9.23

Nunca segure seu gato pelo cangote!

Antes que alguém aponte a contradição, a foto do post é cenográfica: Pimenta tem a pele do pescoço mais flácida por causa da idade (16 anos!) e eu puxei de levinho só para ilustrar a prática ultrapassada — e imagino que a maioria de vocês já deve ter visto um veterinário deixar o gato japonesinho de tanto esticar, né?

Pois essa estratégia é altamente contraindicada porque a região da nuca possui inúmeras terminações nervosas, sensíveis a dor. E, para conseguir a imobilização desejada, garganta, traqueia e esôfago acabam pressionados, aumentando o desconforto. Ficar parado, aliás, não significa que o bichano se acalmou. Trata-se de um comportamento chamado de "congelamento", típico de presas em casos de medo excessivo.


Vocês podem argumentar que a mãe carrega os filhotes assim, só que ela abocanha o pescoço todo, não apenas a pele. E, com poucas semanas de vida, eles também pesam menos. Nem boas lembranças sobram porque esse transporte ocorre em situações de perigo, quando a família precisa se mudar para um local seguro.

Confesso que não sabia disso tudo, mas tem post de 2016 comentando que a gente não imobilizava os bigodes pelo cangote porque parecia aumentar o estresse. E no ano passado a American Association of Feline Practitioners (AAFP) junto com a International Society of Feline Medicine (ISFM) publicaram um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino.

As diretrizes focam em uma interação amigável, paciente, que respeite o tempo dos peludos e crie associações emocionais positivas — do preparo em casa antes de ir à consulta, passando pelos cuidados com o ambiente da clínica até o manejo em procedimentos específicos, como limpar os ouvidos ou coletar sangue.

E vocês podem compartilhar o PDF em português com o vet que cuida do seu amigo — para curiosos de outras profissões, recomendo a leitura até a página 13 (ou 1.105 do documento). :)



25.8.23

Para os gatos, água tem sabor!

Os bichanos claramente pularam a aula do "inodora, insipida e incolor" direto para "toma a forma do recipiente que a contém". É que, diferente da gente, eles possuem receptores gustativos na língua sensíveis a esse líquido. O estudo saiu na edição de fevereiro de 1971 da Science, revista científica badalada, mas até hoje não se encontra nada em português na internet.

Os pesquisadores levantaram também a suspeita de que os felinos, ao contrário da maioria dos mamíferos, só parecem indiferentes ao açúcar porque ele acaba mascarado pelo sabor da água em que está dissolvido — quando suprimem esse sabor adicionando cloreto de sódio, eles mandam ver!

Juntando a curiosidade à informação de que 60% dos gatos morrerão com algum grau de disfunção renal, segundo o veterinário Valdo Reche, justamente por falta de umidade na alimentação, eu passei a lavar os bebedouros elétricos com muito mais frequência — como são dois trambolhos, o de barro pesando uma bigorna, a cada dia esfrego um. Os potes estáticos já renovava de manhã e à noite, caprichando mais na limpeza semanalmente.

E a foto proposital vem com um alerta: apesar de eles amaram, não acostume seu amigo a beber água da torneira — note que Chocolate não dá a mínima. Quando você não estiver em casa para abrir, a criatura dificilmente aceitará o conteúdo morno e empoeirado do chão. Existe uma infinidade de modelos no mercado para substituir esse fetiche, basta adequar ao seu bolso. :)

18.8.23

Gatos se limpam como a cena de um crime | EG #21

Parece excesso de vaidade, mas, no ambiente selvagem, se um bichano descuida da limpeza, pode acabar morto por outros predadores, atraídos pelo cheiro da coitada que foi sua presa. Donos de uma língua magicamente áspera, eles costumam se lamber do focinho ao rabo, apelando às patas para alcançar as partes mais difíceis.

E, segundo Jackson Galaxy no livro O Encantador de Gatos, que inspira esta série, passam de 30% a 50% do tempo acordados fazendo isso — exceção aos idosos, que sentem mais desconforto ao se esticar, como comentei no post sobre artrose. O ritual também evita a infestação de parasitas e fortalece o odor individual.

Não estraguem com perfume!


P.S.: Este texto ficou curtinho porque incluiria informações de um estudo de 2009, que não consegui confirmar, pois Galaxy não cita os autores, a universidade nem onde foi publicado. E, depois de pedir ajuda às amigas do universo acadêmico, aprender a usar o Google Scholar e o Sci-Hub, e ler uma dezena de artigos chatíssimos em inglês, sem sucesso, achei melhor não compartilhar.

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Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho criterioso e quer se tornar apoiador? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

11.8.23

Marcação fantasma em gatos

A primeira vez que Jujuba levantou o rabinho mirando o armário da lavanderia e começou a tremer, me bateu o desespero: só faltava, uma década depois, os gatos (castrados!) resolverem marcar território. Mas não saiu xixi nenhum. E descobri, num post da veterinária especialista em comportamento Daniela Ramos, que esse movimento se chamava "marcação fantasma" ou "falso borrifo".


Quer dizer que o bichano está muito empolgado, geralmente com alguém de quem gosta, o que faz sentido porque a criatura era extremamente arisca antes, chegou a me machucar feio e só começou a desabrochar no apertamento em São Bernardo — o primeiro ronrom demorou 13 anos, já em Sorocaba!

Como quase não se encontra informação sobre isso na internet, fica aqui minha contribuição em vídeo. Tive a delicadeza de não filmar, mas Jujuba vem toda feliz assim quando uso a privada do lavabo 😂 — no banheiro do quarto eles não entram por causa da minha alergia... a gatos.


E se você for novato e quiser entender outras seis posições de rabo, mais um monte de explicações importantes e curiosidades do universo felino, dá uma fuçada na nossa série inspirada no livro O Encantador de Gatos, do Jackson Galaxy.

10.8.23

16º aniversário do Gatoca!

Eu tenho memória de fingir estar doente para não ir à festa de uma amiguinha e ficar com o presente. Capricorniana com virgem emprestado no mapa, sempre trabalhei mais do que demandavam, tocava a vida impecavelmente organizada, jamais pagaria quatro dígitos em rações de combinações duvidosas, como salmão com melão ou frango com mamão.

Foi em dezembro de 2005, data da chegada do Mercvrivs, que tudo desandou. E meu projeto de sucesso mais longo é voluntário — com o apoio de vocês, claro, em forma de rifa, lojinha, financiamento coletivo, clube de assinaturas. Este espaço online hoje completa 16 anos, colecionando 1.745 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores.

Mais e-book, boletim, tentativa de canal no Youtube. Sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 12,7 mil comentários, grupo acolhedor no WhatsApp e 27 parceiros ao longo da jornada — destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba, na gestão anterior.

Os tentáculos offline do Gatoca ainda abraçaram 115 gatos, oito cachorros e quatro aves, um mutirão de castração, oficina com escoteiros e bandeirantes, roda de conversa com adolescentes, curso no Sesc sobre o poder do coletivo, clube de leitura na ONU, sob a imaginação da Rosana Rios.

Será o primeiro aniversário sem comemoração, mas não por motivos de cobiça ao presente alheio, rs. Decidi respeitar o corpo cansado e o emocional combalido pelas três mortes em sequência dos últimos meses (Guda, Pipoca e Pufosa) — cinco em menos de dois anos (+ Clara e Mercv). Está liberado, porém, mandar lembrancinhas — chave pix: doacoes@gatoca.com.br! :)

E quem quiser se juntar aos despioradores de mundo basta escolher um valor mensal ou uma das recompensas-amor da nossa campanha no Catarse.

Seguimos juntos? ❤


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4.8.23

3 jeitos de oferecer ração úmida para seu gato

Depois de muito relutar, eu apelei ao Churu para ver se as gatas caquéticas davam uma chance ao parquinho vertical, que deveria ter chegado 16 anos antes. E a meleca que todo mundo chama de "cocaína felina" foi solenemente rejeitada por metade das integrantes de Gatoca, que gostaram mesmo é da Pet Delícia nova de escondidinho suíno, 100% natureba. rs


Como Pipoca e Pufosa já não estavam em seu melhor momento, demandando uma atenção especial à alimentação, tive a ideia deste post. Aumentar a umidade na dieta evita problemas renais, já que os peludos não têm o costume de beber água, pois as presas que caçavam na natureza forneciam toda a hidratação necessária — 70% de líquido contra cerca de 10% da ração seca, né?

Mas nem todo bichano curte ração úmida — dei dicas de adaptação aqui, aliás. E, se eles não vierem correndo ao ouvir o clique da latinha, como a Keka e a Jujuba, vocês podem amornar no micro-ondas.


Para a Pufosa, eu batia no processador com pouca água e ela lambia direto da xicrinha — no pote não fazia o mesmo sucesso (vai entender).


Já a da Pipoca, que precisava ficar bem lisinha para passar na seringa, levava mais água — também escrevi sobre como conseguir essa textura. E recentemente, por necessidade, descobri uma forma de bater quantidades maiores e posso compartilhar em um próximo post, se quiserem. :)

2.8.23

Um arranhador para lembrar da Pipoca

A gente tinha o cone e o sisal comprados, a experiência acumulada com o tutorial do melhor arranhador para gato, os dedos calejados da cola quente. E eu não sei pintar nem esculpir.


Resolvi, então, homenagear a Pipoca substituindo seu modelo favorito de peixinho, aquele descabelado que facilitava o acesso à minha mesa de trabalho, por uma versão com libélulas, o insetinho que a magrela mais gostava de caçar — deem um desconto para o sobrepeso das libélulas, porque elas precisam resistir às mordidas e unhadas, né?


Quem estreou a novidade foi a Pimenta, mas Keka e Chocolate também aprovaram. Como comentei no post com o passo a passo para arriscar em casa, esse arranhador faz sucesso em Gatoca há 13 anos — Jujuba só trocou pelo horizontal de papelão, depois de passar pelo sofá (rs), provavelmente por algum desconforto da velhice.

23.6.23

O parquinho de gato que rendeu uma obra

Em um mundo ideal, eu teria escrito "reforma" no título deste post, mas a realidade de quem tomou um golpe durante a construção da casa própria é que, dois anos e meio depois, seguimos em obra. E sempre que sobra um tempo no fim de semana com um troco esquecido na calça, Leo e eu tentamos resolver mais um enrosco de 2021, com tutoriais de Youtube.

O próximo da fila era a porta-contêiner do escritório em que escrevo estas linhas, entregue pela empresa picareta na lata, sem isolamento térmico como combinado, derretendo os integrantes do recinto no verão e congelando no inverno. E continuaria assim até 2024, se não batesse a urgência de desencantar o parquinho a tempo de a gangue, passada dos 16 anos, aproveitar.


Comprei isopor e PU para o recheio, um MDF grosso no vigésimo tom de verde de Gatoca e desenhei o projeto improvisando ferramentas. Leo serrou, parafusou, lixou — além de carregar o peso todo praticamente sozinho, porque meus 48 quilos não servem nem para figuração.




(Não apareço nas fotos, mas ralei junto!)


(E de longe ficou ótimo. rs)






Também trocamos por EVA o carpete das peças de madeira, doadas pela Vanessa Aguiar e a Laíze Damasceno ❤️, para facilitar a limpeza — e não cutucar a alergia, atualmente controlada pelo excesso de cortisol no organismo. Se as gatas destruírem, como fizeram com meu tapetinho de ioga, custa barato substituir.






E até comemorarei, porque, desde domingo, elas insistem em ignorar o esforço — físico, financeiro e emocional. Quem arrasou foi o colchão, que resolvi tirar da cama herdada da adolescência e botar direto no chão, para contemplar a artrose da Pufosa.


Talvez, o parquinho tenha saído tarde demais.

Mas vou tentar de novo no fim de semana, com sachê e catnip. :)

21.6.23

Como percebi a artrose da Pufosa

Contrariando a ciência, que diz que nove em cada dez gatos com mais de 12 anos terão artrose, Pufosa é a única da gangue com sinais claros da doença — vale pontuar aos novatos que os bigodes já passaram dos 16. E não identifiquei que aquela patada na cara que tirou sangue, durante a escovação que a peluda tanto amava, era o começo de tudo.

De dezembro de 2020 para cá, ela foi ficando cada vez mais resistente ao toque, irritadiça, paradona. E só liguei os pontos quando este pezinho começou a sobrar de lado ao sentar.


Mas em que consiste a artrose, afinal? Trata-se de um desgaste nas almofadinhas de cartilagem que deveriam impedir o atrito dos ossos nas articulações, especialmente as do colo do fêmur e dos quadris, provocando dor — que piora no frio e com a umidade, sua avó concordará.

Quem tem bichanos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção. Eles tendem a ficar mais sedentários, sensíveis nas zonas afetadas, mal-humorados. Também se limpam menos, porque precisam esticar muitas partes do corpo para isso. Cerca de 75% evitam saltar e 43% mancam de leve — a maioria dos tutores nem percebe. No esterno (osso do peito), a artrose atrapalha até o colo aéreo.

A prevenção deve ocorrer ao longo da vida, mantendo seu amigo no peso adequado e estimulando a prática de exercícios para fortalecer os músculos, com brincadeiras e enriquecimento ambiental. E, se ele começar a manifestar sintomas, baixe as coisas que costuma usar, incluindo a borda da caixa de areia, providencie uma cama mais fofinha e quentinha, dê uma força na higiene.

Para controlar o incômodo, vale investir também em rações à base de peixes azuis, como sardinha e salmão, que contêm mais ômega 3. E deixe os suplementos para prescrição veterinária, porque ômega 3 é gordura e gordura, amantes de fritura sabem bem, engorda.

Na sequência da fila de cuidados da geriatria de Gatoca vem Pipoca, que começou a reclamar da escovação recentemente, mas ainda escala o arranhador. Pimenta continua caçando lagartinhos (reais e de brinquedo), Keka andando pelas paredes, Jujuba dominando a prateleira mais alta da sala e Chocolate morando na máquina de lavar — além de já ter nascido resmungona.

16.6.23

Como os gatos comem? | EG #20

Atualizado em 17 de agosto de 2023

Chocolate come fondue de Pet Delícia no garfo suíço, obviamente. Mas os reles bichanos usam a boca mesmo, se abaixando para morder suas presas no chão, e, se elas forem muito grandes, podem até comer deitados, segundo Jackson Galaxy no livro O Encantador de Gatos, que inspira esta série.


A cabeça inclinada ajuda com os itens mais difíceis, comportamento ancestral. E balançá-la rapidamente facilita o processo de soltar a carne dos ossos ou remover as penas das aves — sim, parte desse ritual pode se repetir com a ração do potinho. Como os dentes dos gatos são feitos para rasgar a vítima em tiras engolíveis, eles não têm o hábito de mastigar muito.

E a pobreza de papilas gustativas não só afeta o paladar como torna o olfato bem mais importante para a alimentação — tanto que felinos congestionados acabam perdendo o apetite (noto isso com a Pimenta, nas crises mais fortes de alergia).

Ainda que não sintam sabor como a gente, eles percebem a diferença entre salgado, doce, amargo e azedo, tendendo a não curtir os dois últimos — provavelmente uma resposta evolutiva para evitar a ingestão de toxinas perigosas. Os peludos têm também um receptor para o trifosfato de adenosina (ATP), molécula que fornece energia para as células, cujo gosto nós não fazemos ideia.

E, como Joey, do seriado Friends, não dividem comida, carregando suas presas para bem longe do local de abate.

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha e nos comentários de quem participa do melhor grupo da internet! Para quem chega agora, resumi aqui as principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

9.6.23

O melhor arranhador para gato: passo a passo

Levanta a mão quem já caiu no golpe do pet shop! Os caras decidem fazer um arranhador com casinha no topo e usam um poste minúsculo, em que o gato não consegue se alongar para afiar as garras, e uma casinha bamba, onde ele jamais entrará — conjunto custando uma fortuna, logicamente. E a gente torce para a cara de tacho não estar sendo filmada.

Os problemas de Gatoca acabaram em 2010, quando Neise doou para a rifa que ajudaria nas despesas dos temporários um modelo que surpreendia pelo combo de sucesso + simplicidade — tratava-se de um cone de segurança embrulhado em sisal, com peixinhos de carpete. E os bigodes enlouqueceram: arranhavam, mordiam, escalavam.


Sempre que recomeçávamos em outra casa, encomendávamos novos arranhadores — verde e roxo no apertamento de São Bernardo, vermelho e verde em Sorocaba. Até que Neise se aposentou e me confiou seu segredo artesanal. Leo chegou a comprar o sisal na Casa das Cordas (Centro de São Paulo), mais barato. Mas o rolo acabou atravessando intocado pandemia, obra, mudança para Araçoiaba, morte da Clara, do Mercv e da Guda.

Quatro anos depois, finalmente tomei coragem de queimar os dedos na cola quente. E levamos umas três horas só para enrolar o sinal do cone, fazendo juntos — sim, é trabalhoso. Quem estiver disposto a arriscar, porém, garanto que valerá o esforço. E o sofá agradecerá.




Material

- Cone de segurança/sinalização
- 95 m de sisal (6 mm)
- 13 bastões de cola quente
- Pistola para a cola
- 50 cm de carpete ou forração de sua cor favorita
- Tesoura


Passo a passo

1) Limpe o cone para a cola aderir bem.
2) Corte um pedaço do sisal, onde posteriormente os bichinhos de carpete serão pendurados, e passe pelos furos do topo.
3) Deixe a pistola esquentar até a colar vazar pelo bico, senão ela acaba soltando.
4) Comece a enrolar o sisal pela base do cone, cobrindo a ponta com a próxima volta — aplique a cola ao mesmo tempo em que pressiona o sisal, porque ela seca rápido. E procure não deixar espaços como os da foto. rs


5) Vá subindo até chegar ao topo, tomando o cuidado de manter solta corda que segurará os bichinhos.
6) Cubra o buraco do alto com um círculo de carpete e enrole o sisal também por cima dele, terminando no centro, como um caracol.
7) Corte com a tesoura.
8) Use a tesoura para cortar também os bichinhos de carpete no formato que a imaginação mandar — escolhi os lagartinhos que Pimenta adora caçar e usei como molde um brinquedinho dela (primeiro contornei no papelão, mas ficou muito pequeno. Tentei aumentar na mão só que acabou perdendo as proporções. Fotografei, então, e Leo ampliou no computador, contornou no sulfite e passou para o carpete).




9) Prenda os bichinhos com cola quente nas quatro pontas da base do cone.
10) Em cada ponta da corda pendurada, cole mais dois bichinhos, deixando o sisal entre eles, como um sanduíche.
11) Volte para contar o que seu gato achou. :)


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