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30.11.23

Intruso: 1 sucesso e 2 bombas

Stories da epopeia completa nos destaques do Instagram!

Capricornianos são bons planejadores de longo prazo. Quando decidi estreitar laços com o intruso, anotei na agenda a castração dele para 27 de novembro, exatamente um mês depois, almejando mais gordura e menos agressividade. Durante esse tempo, ele devorou cinco refeições por dia, cada uma delas como se fosse a última, me atacou seis vezes, diminuindo gradativamente a intensidade, ronronou e se esfregou outras tantas.


Faltando uma semana para o grande dia e aproveitando a concentração no pote de Pet Delícia, apliquei na nuca o combo de antipulgas + vermífugo ― os carinhos também funcionam melhor durante a comida. Coloquei a caixa de transporte do lado de fora para ele já ir se acostumando E, na noite da véspera, tive a sacada de recolhê-la para conseguir devolver de manhã com o pote já dentro, sem retalhação ― escolhi um sachê inédito bem apelativo.


Pois o cara de pau entrou na caixa tranquilamente (obrigada, Chicão!), limpou o prato e só se tocou que a porta estava fechada quando virou. Não gritou na hora, não gritou na viagem, (quase) não gritou na clínica ― acho que o pessoal não levou muito a sério meu aviso de braveza. Até precisarem tirá-lo de lá. rs


Aqui vale abrir um parêntese para explicar que optei por uma ONG, na verdade, que oferece atendimento veterinário, porque essa galera castra animal arisco de colônia, com técnica minimamente invasiva, sem necessidade de retorno para tirar os pontos e antibiótico injetável, dispensando medicações via oral.

Eles também entenderam que eu não podia marcar horário porque dependia de conseguir capturar a criatura com a comida, e levaria, portanto, um gato sem jejum, deixando-o para o final da fila. Ainda precisaríamos fazer todos os procedimentos no mesmo dia, desaconselhável no caso de bichos domesticados, sob o risco de nunca mais pegá-lo. Fecha parêntese.

A cirurgia foi um sucesso, mas veio acompanhada de duas bombas: Intrú (ou Quino, como Leo chama, insistindo numa abreviação de "inquilino" que só faz sentido na cabeça dele) não é o filhotão que apareceu aqui em dezembro do ano passado, porque já tem 4 anos ― idade que dificulta ainda mais a adoção de frajolas.

E o teste de FIV e FeLV deu positivo para FeLV, a estigmatizada leucemia felina, causada por um vírus que enfraquece o sistema imunológico ― por isso não vacinamos. Existe a chance de negativar, como a gente viu acontecer com a Catrina, só que depende de o organismo dele conseguir neutralizar o vírus.


Caso isso não ocorra, o pequeno só poderá ser doado para famílias sem gatos ou com outros FeLV+, restringindo ainda mais o leque de possibilidades para um bichinho assustado, que sonha em dormir do outro lado da porta de vidro da lavanderia.


P.S.: O link que compartilhei lá em cima sobre a FeLV é de um vídeo maravilhoso da Isa Gateira, que todo mundo precisa assistir para reverter preconceitos e dar uma chance aos peludos que terminam encalhados nos abrigos.


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera

23.11.23

O usurpador: a nova saga do Gatoca!

Chegou aos ouvidos de Chicão que eu pretendia me aposentar em breve, gastar o dinheiro da ração com drinks de guarda-chuvinha e só curtir gatos digitais, que não me matassem de alergia. Mas ele achou que quase duas décadas de serviços prestados não eram suficientes e mandou um frajola que decidiu bater nas nossas gatas, morar no nosso terreno (SP) e beber a água suja do nosso balde.

Suspeito que seja o mesmo filhote que não consegui resgatar pouco depois de mudarmos para cá, sobrecarregada com a obra inacabada e os bigodes morrendo, só que endurecido pelas porradas da vida. No dia 27 do mês passado, enquanto ele nos observava faxinar a sala, para a indignação das meninas, resolvi tentar uma aproximação.


Levei Pet Delícia, que o pequeno devorou em segundos, e arrisquei um carinho tímido, entre os machucados de briga. Na segunda refeição, já ganhei esfregadinhas na perna e o primeiro ataque, assustado pelo balde que ele mesmo derrubou ― dá para ver no vídeo que pula de bracinhos abertos, as garras furando a parte de trás das minhas pernas e os dentes batendo na frente.


Com esse mínimo de intimidade, o cara de pau se sentiu à vontade para invadir nosso quarto (aquele vetado aos moradores por causa da alergia a gatos) e marcar território no banheiro. No segundo ataque, que vitimou meu peito, eu nem havia encostado nele, mas li que a agressividade redirecionada pode ocorrer horas depois do estresse e tinha rolado um estapeamento pelo alambrado do gatil.

No terceiro ataque, que personalizou minha mão direita, resolvi entrar com a homeopatia. E já notei diferença para a patada sem unha do quarto e a mordida do sexto, que não tiraram sangue ― receosa de colocar a ração com ele alternando ansioso entre minha mão e o pote no chão, devo ter emulado justamente uma presa. E vocês não imaginam como ele caça!


Quando tentei respeitar a quantidade de alimentação recomendada pela embalagem, o self-made cat pegou um lagarto in natura, que custou todas as minhas habilidades de negociação de reféns. Agora, a criatura mora embaixo do nosso contêiner (Leo diz que me acompanha entre os cômodos pela voz) e faz cinco refeições por dia ― acorda a gente em estéreo, miando fora e Keka dentro, pontualmente às 6h30!


Só que ainda vai para a rua. Voltou mancando no fim de semana, com o olho esquerdo mais fechado. E, do mesmo jeito que entortou, desentortou. Não faço ideia se entrará na caixa de transporte com petiscos, mas pretendo castrá-lo na segunda-feira, quando completa um mês de comida sem miséria e tentativa de socialização.

Leitores de exatas devem ter sentido falta do quinto ataque, né? Foi no domingo em que resolvi ler no jardim, a uma distância segura, para ele se acostumar. Acontece que antes de a bunda chegar no concreto, o carente já estava se esfregando em todas as partes alcançáveis do meu corpo e deitando coladinho e acertando meu peito e meu rosto.


Ele é um gato assustado, mas parece que vai gostar de ter uma família. Ronrona de boca aberta igualzinho o Mercv, tenta entrar em casa a qualquer oportunidade e ostenta o nariz rosinha mais apertável! Vou precisar de toda a ajuda do mundo com a divulgação para encontrar tutores experientes durante o verão ― as madrugadas de inverno aqui são bem frias.


Alice Gap amadrinhou o frajola bancando as primeiras despesas ❤, que incluem antipulgas + vermífugo para a diarreia, diariamente comunicada na soleira. Ajuda com as próximas (veterinário, castração, vacinas, teste FIV/FeLV) também é bem-vinda ― chave pix: doacoes@gatoca.com.br.


Não, eu não posso ficar com ele porque as meninas, idosas e renais, merecem um fim de vida tranquilo. Chocolate passou quase 17 anos atormentada pela Guda (ainda que ela não fizesse de propósito) e só agora está aproveitando outros espaços da casa. Keka emagreceu meio quilo desde o ataque e fica o tempo todo procurando o intruso nas janelas.


Pimenta conseguiu fugir quando bobeamos com a porta e se atracou feio com ele ― separei aos urros. Nem consigo imaginar se fosse a Jujuba! Nosso gatil sem teto também não segura um bichano jovem, cheio de energia. E ainda sonho com um sabático depois do caos.

8.11.23

Pequena

Se Gatoca fosse um seriado, esta temporada abriria com a imagem de um portão de garagem arrancado, intercalaria flashes de um gato com a cabeça machucada, árvores caídas, um computador quebrado e mais um aniversário de banheiro sem porta, tudo ao som de uma música frenética, para retroceder até o dia em que decidi trocar o gabinete do PC.


O motivo já contei aqui. Mas nem vocês nem eu sabíamos a reação em cadeia que isso geraria. O efeito mais direto foi trabalhar dez dias com um notebook improvisado, subtraindo da conta bancária a placa-mãe queimada, mais processador e duas memórias, já que a placa nova não funcionaria com peças de 12 anos, que definitivamente não são vinhos.


O indireto foi ver a vida atrasando na velocidade da luz para empacar de vez com o temporal que nos deixou sem luz por 53 horas ― e também sem água e internet, incluindo o 4G. Eu corri muito para escrever o post da semana, as chamadas das redes sociais e o boletim, que já estava atrasado. Só não publiquei antes por causa do feriado. Não ter conseguido divulgar na sexta fará com que os algoritmos nos penalizem, tanto no alcance das redes quanto na indexação do Google.


Os ventos de 104 km/h ainda arrancaram nosso portão, que rasgou o depósito de jardim, e destalharam a oficina do Leo feito papel crepom. A gente nem terminou a casa ― de contêiner, no meio do mato, depois de um golpe que custou bem mais do que dinheiro. Só depois de dois anos e sete meses instalamos a lendária porta no banheiro ― fiz até vídeo de comemoração! rs


E, no meio desse caos, Chicão resolveu mandar o intruso, que tem um bom coração, mas já me atacou três vezes ― prometo um post só sobre ele. Estou cansada, sabem? Esse é o momento da jornada do herói em que vocês se juntam aos meus 48,5 quilos! :)


Acredito demais no potencial do Gatoca (persisto há 16 anos, né?), vibro com cada relato de que o blog ajudou a fazer soro, dar comida na seringa, entender melhor algum assunto, só parei o card game porque não dei conta com as mortes em sequência ― anotem: esse braço lúdico vai ser grande! Mas preciso, mais do que nunca, do reforço da nossa comunidade.


Quem gosta dos textos e pode apoiar financeiramente acesse a campanha do Catarse, que oferece como uma das recompensas o grupo mais acolhedor da internetGatoca é projeto de vida, mas também meu trabalho, pagador de boletos importantes. Para as despesas com o intruso, segue a chave pix: doacoes@gatoca.com.br. E também ajuda muito curtir, comentar e compartilhar os posts nas redes sociais.

Junto é mais difícil tombar! ❤

10.8.23

16º aniversário do Gatoca!

Eu tenho memória de fingir estar doente para não ir à festa de uma amiguinha e ficar com o presente. Capricorniana com virgem emprestado no mapa, sempre trabalhei mais do que demandavam, tocava a vida impecavelmente organizada, jamais pagaria quatro dígitos em rações de combinações duvidosas, como salmão com melão ou frango com mamão.

Foi em dezembro de 2005, data da chegada do Mercvrivs, que tudo desandou. E meu projeto de sucesso mais longo é voluntário — com o apoio de vocês, claro, em forma de rifa, lojinha, financiamento coletivo, clube de assinaturas. Este espaço online hoje completa 16 anos, colecionando 1.745 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores.

Mais e-book, boletim, tentativa de canal no Youtube. Sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 12,7 mil comentários, grupo acolhedor no WhatsApp e 27 parceiros ao longo da jornada — destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba, na gestão anterior.

Os tentáculos offline do Gatoca ainda abraçaram 115 gatos, oito cachorros e quatro aves, um mutirão de castração, oficina com escoteiros e bandeirantes, roda de conversa com adolescentes, curso no Sesc sobre o poder do coletivo, clube de leitura na ONU, sob a imaginação da Rosana Rios.

Será o primeiro aniversário sem comemoração, mas não por motivos de cobiça ao presente alheio, rs. Decidi respeitar o corpo cansado e o emocional combalido pelas três mortes em sequência dos últimos meses (Guda, Pipoca e Pufosa) — cinco em menos de dois anos (+ Clara e Mercv). Está liberado, porém, mandar lembrancinhas — chave pix: doacoes@gatoca.com.br! :)

E quem quiser se juntar aos despioradores de mundo basta escolher um valor mensal ou uma das recompensas-amor da nossa campanha no Catarse.

Seguimos juntos? ❤


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17.5.23

Se tivesse um reality show de Gatoca...

As adoções de gato diminuiriam drasticamente. Na mesma madrugada, por exemplo, Jujuba conseguiu vomitar metade do bebedouro no lavabo e escorreu tudo para baixo da privada. Enquanto Pufosa ejetou na sala uma quantidade considerável de ração digerida, em que Keka escorregou, andou pelas paredes, fez um Matrix no armário do escritório e se enfiou embaixo da cama.

Dez minutos de limpeza-CSI depois, descubro que ainda sobrou um tico. Quem enxerga onde?


Aproveito o post para agradecer os gateiros que apoiam este projeto na alegria e na tristeza, estreando no Gramado da Fama a Marina Fioretti, que pesquisava como aplicar soro subcutâneo e encontrou no Cluboca o acolhimento que faltou no veterinário, e a Valeria Werneck, mineira de Sete Lagoas, terra do Centro de Apoio ao Turista Presidente Juscelino Kubitschek, o CAT JK, que não tem absolutamente nada a ver com gatos.


Esse suporte permite que o blog continue ajudando bípedes e quadrúpedes, em uma jornada que já dura 16 anos, com ações on e offline. Quer se juntar aos despioradores de mundo também e participar do melhor grupo de WhatsApp da internet? Basta acessar o Catarse. :)

Um aperto especial para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande...

...Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba e July Grafe!

13.1.23

2022

Atualizado em 16 de janeiro de 2023

Sexta-feira 13, duas semanas atrasada e sem energia elétrica, eu escrevo esta retrospectiva em um laptop (meu primeiro laptop) comprado com os danos morais de espreguiçadeiras que não recebemos e lutando com a montanha-russa emocional de cuidar de uma gata para morrer.


Este é um texto sobre exaustão, contradições e impotência, mas também sobre abrir mão do controle, se deixar surpreender, rir de si mesmo ─ um resumo de 2022, com mais fracassos (e rinite alérgica) do que gostaria de admitir.

E o Gatoca seguiu, apesar de mim, porque virou comunidade, semente digital, transformação silenciosa. Mesmo que desista do blog (e de lutar contra os algoritmos das redes sociais), outras estratégias de despioramento de mundo ocuparão este espaço, propósito de vida.

Nos últimos 12 meses, aninhei um beija-flor, provoquei o pensamento crítico falando de clonagem, insisti na formação política dos leitores, entrevistei Fabio Chaves e Luli Sarraf, do Mandato Animal, que ousaram pensar um país mais justo para todos os seres, sem exploração nem maus-tratos. E inaugurei um puxadinho para divulgar resgates dos apoiadores que botam a mão na massa.

Teve post também sobre a polêmica roupinha para gato, o tempo deles, o melhor bebedouro de verão, o milagre da água na seringa, calculadora de ração (seca e úmida), suporte para comedouro contra vômitos, cocô fora da caixa, arranhador de papelão, olhos tremelicantes (nistagmo), FIV e FeLV, cistite recorrente por ansiedade (Síndrome de Pandora), bicho correndo loucão (três causas que eu desconhecia).

E como fazer inalação, diferenciar tosse e espirro (com vídeo), ajudar a comer em caso de problema na boca, ensinar a amar ração úmida natural, dar alimentação forçada sem piorar o quadro, sobreviver ao Natal (com árvore e quadrúpede inteiros), identificar cara de dor (em forma de teste).

As séries Vida com gatos (1 e 2) e O que eu faria diferente com os gatos (1 e 2) ganharam só dois capítulos. Mas a epopeia inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, com fotos divertidas da gangue, teve nove, que merecem um parágrafo exclusivo.

O mistério do ronronar, O que seu amigo quer dizer?, 7 posições de rabo explicadas, Decifrando expressões faciais, Como é um abraço felino?, Feromônios e os cheiros na comunicação, Existe outro bichano vivendo dentro do seu, O segredo da gatitude e Conhecendo sua maquininha de matar: bigodes.

Os textos que mais curti produzir foram sobre os melhores jogos de gato (eletrônicos, de tabuleiro e para celular), os melhores filmes (clássicos, lançamentos e inéditos), e a Bíblia Gatólica, desenhada pelo Carlos Ruas. Já Guda adorou modelar com a japamala felina, presente para dar uma força na reconexão.

E doeu compartilhar quando ela entrou em crise renal, rodando pelos bebedouros da casa (oito, de tamanhos, formatos e materiais diferentes), quando Pufosa inventou o chiclete de dente (sem possibilidade de anestesia), quando Pimenta resolveu andar desequilibrada do nada, quando Chocolate ficou surda. Mas foquei no serviço para socorrer outros corações angustiados.

Quase duas décadas não passariam sem mortes, aliás. Ainda sob o luto da Clara, contando o tempo em girassóis até desfolhar o primeiro ciclo, Mercvrivs se foi. Leitores novatos talvez não entendam o peso dessa partida e por que ela rendeu tantas linhas sobre nossa cicatriz, luto seco, negação, colo vazio e o primeiro aniversário sem aniversariante.

É que, 17 anos e três meses atrás, eu não gostava de animais.

O final feliz do Jacob também acabou, uma década depois. A (terceira) doação dele, porém, permanece entre as histórias mais emocionantes do Gatoca. Imagino que a próxima despedida seja da Guda, há duas semanas no soro (obrigada, Leo! ❤️) e na alimentação forçada — mas aproveitando os carinhos, o sol, os passeios na parte proibida do terreno, que escolhi para ilustrar esta retrospectiva.

Não foram poucas as vezes em que apelei ao humor para continuar. Teve tutorial de como descansar no sofá, amor platônico por pão francês, contradições felinas, pesadelo dos lagartinhos, gata empreendedora automotivada, cocô de pássaro vingativo, explosão de bebedouro, carnaval da ressaca, fiscal de horta orgânica, riqueza com tornozelo quebrado, dieta secreta, escavações no computador de Tutancâmon.

E transformei buraco em arte, unindo Tim Burton à almofada de joaninha da Choco, escrevi Gata Barraqueira, uma releitura do conto de fadas que envolve relacionamentos conturbados e abóbora, e Assassinato no Bebedouro do Poente, adaptação de Agatha Christie estrelada por Levischot.

Nossa casa araçoiabana completou um ano e a florestinha também, com dez lições. Já o Gatoca festejou 15, com quase aniversário e aniversário oficial (só lendo para entender, rs), mesma idade das Gudinhas. E Guda e Chocolate dividiram os 16. Todos devidamente comemorados com petiscos e apertos!

Devo agradecer, inclusive, a Pet Delícia pelo quinto ano de parceria, que me permite não só prolongar a existência dos bigodes, que precisam de umidade na alimentação, como manter a barriguinha deles cheia quando não conseguem mais comer sozinhos — ansiosa pelos sabores em molho!

Espero continuar acolhendo e inspirando pequenas revoluções, independente do formato. E sou imensamente grata pelo Cluboca, nosso grupo de apoiadores, com quem aprendo sempre e onde me sinto à vontade para pedir colo. O Gramado da Fama anda fraco (com edições em janeiro, fevereiro, abril e julho), mas aposto em recomeços múltiplos.

Que 2023 seja de jogatina e afetos positivos!


Retrospectivas dos anos anteriores: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

6.1.23

Despedida do blog?

Atualizado às 19h20*

Hoje eu faço 43 anos, mais de um terço deles dedicados do Gatoca — com e-book, mutirão de castração, oficina para crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó e 1.695 posts deste blog, que ainda ajuda bastante gente que chega pelo Google.
Para ampliar os comentários, cliquem na imagem

Mas os algoritmos das redes sociais nos obrigam a produzir cada vez mais por menos alcance, nosso financiamento coletivo estagnou com o empobrecimento da população, enquanto o custo de vida aumentou, os bigodes idosos passaram a demandar mais cuidados e ainda não descobri o milagre da multiplicação de Bias — mesmo sacrificando sono e lazer.

Estou cansada, sabe? São 15 anos e meio!

Coleciono planos grandiosos para transformar a relação dos seres humanos com os animais — ao menos no Brasil. Fiz curso de elaboração de projetos para editais (consegui aprovar uma trilogia de livros no Condeca, em parceria com a prefeitura de Sorocaba), de escrita criativa, de design, de narração de histórias, de edição de vídeo, de criação de jogos de tabuleiro (três!).

Ainda participo do Grupo de Estudos em Mídias Lúdicas da Universidade de Sorocaba. Tudo isso para atuar com crianças e adolescentes de escolas públicas, sensibilizando olhares compassivos desde cedo. Só que não sobra tempo para investir nesses planos, porque preciso dar conta dos boletos que o Gatoca não cobre — além de escrever para outras ONGs, que não podem pagar pelos textos.

E olha que tenho o mesmo carro (comprado usado) desde 2011, uma mesa de trabalho que desmontou com 17 anos, o celular (doado pela irmã) recém-aposentado após um setênio de servidos prestados e infinitamente menos viagens feitas do que gatos resgatados — e cachorros e aves e uma pomba.

Se nossa base de apoio não aumentar nos próximos meses, serei obrigada a desempoeirar o currículo e suspender as atualizações do blog para redirecionar esforços — e não é com o coração leve que compartilho essa decisão. Sou capricorniana apegada! Mas preciso do ascendente em aquário para pensar maior. :)

Você aprendeu algo por aqui? Deu risada, se emocionou, encontrou acolhimento? Vai sentir saudade da gangue? Acha que outros bichos e tutores merecem continuar recebendo esse suporte? Agora é a hora: empodere nosso financiamento coletivo! Um cafezinho faz diferença, porque o mundo se muda junto.

E nós somos muitos! ❤️


*Para melhorar a visualização dos comentários, que escolhi correndo, entre as seringadas de comida, água e remédio da Guda. rs

4.1.23

12 ações de Lula pelos animais — uma delas histórica!

Domingão, dia da posse do novo governo, e Lula já mudou a história de cachorros, gatos e onças-pintadas no Brasil — não me xinguem de petista, porque estou uma revolução mais à esquerda! Foi criado o Departamento de Proteção, Defesa e Direitos Animais, dentro da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais, pertencente ao Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas.

Ele ficará responsável por elaborar políticas públicas e implementar programas, inclusive de controle populacional. Articular sociedade civil, Estados e Municípios. Agir em caso de desastres naturais e grandes calamidades que afetem a fauna doméstica, domesticada, selvagem e silvestre. Oferecer informações técnicas para a negociação e implementação de acordos internacionais.

E promover a educação para proteção de todos os tipos de bichos, nossa militância aqui no Gatoca — me aguardem! As funções completas do órgão, que deve contar com Vanessa Negrini, do Setorial de Direitos Animais do PT, estão listadas no artigo 20 do Decreto 11.349, publicado em 1º de janeiro de 2023 — esses são só os meus destaques.

E Fabio Chaves resumiu outros acenos do presidente aos peludos, penosos e escamosos, começando pela companhia de Resistencia na subida da rampa do Palácio do Planalto, cachorrinha adotada pela Janja durante a vigília em frente à Polícia Federal de Curitiba, onde Lula passou 580 dias preso. O evento dispensou a cavalaria, aliás, nos poupando de assistir pela televisão mais um quadrúpede desesperado com o agito da multidão.

Pela primeira vez também não teve fogos de artifício com estampidos e a tradicional salva de 21 tiros de canhão, que abre a solenidade, atendendo ao pedido de ONGs de animais e de pessoas com deficiência, que sofrem com o barulho. E os veganos contaram com uma área exclusiva na praça de alimentação do Festival do Futuro — a preços pagáveis, importante dizer.

No famoso "revogaço", o presidente suspendeu a concessão de novos registros para caçadores, atiradores e colecionadores (CACs), que também não poderão registrar novas armas. Eu citei o Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas lá em cima, mas preciso ressaltar a indicação de Marina Silva como ministra, para o desgosto dos ruralistas.

Lula ainda assinou o decreto que reestabelece o Plano Nacional de Combate ao Desmatamento, agora válido para todos os biomas. Determinou a retomada no formato original do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão que garantia a participação da população, antes do Bolsonaro. E anulou a norma que facilitava o garimpo ilegal na Amazônia, inclusive em terras indígenas e áreas protegidas.

Era uma escolha muito difícil mesmo, né?

18.11.22

Sua chance de participar do melhor grupo de gatos!

Eu resisti a criar o Cluboca, confesso — grupos de WhatsApp costumam proporcionar mais aporrinhações do que felicidades. Mas hoje ele é uma das maiores riquezas do Gatoca! Tem informação que não se encontra fácil por aí — recentemente descobri o nistagmo da Guda e nosso vídeo está entre os poucos sobre gatos em português. Acolhimento para os dias cinzas, especialmente aqueles em que o mundo descredita quem sofre por bicho. Risadas.

Cluboca também garante que o blog continue ajudando pessoas e animais sem cobrar nada, porque quem pode divide o cafezinho. Esse apoio faz toda a diferença para um projeto sem financiador, que não abre mão de criticar o que merece crítica (alimentação baseada apenas em ração seca, por exemplo) e de se posicionar politicamente por um país menos desigual.


Ele me permite não só pagar boletos importantes mas também doar meu tempo, cérebro e coração para criar estratégias que mudem nossa relação com o planeta e impactem a vida de cachorros, gatos, porcos, vacas, galinhas — vai ter card game e trabalho com escolas públicas em 2023! Ou 24. rs

Repetindo a Cat Friday dos anos anteriores, então, quem assinar nosso Catarse a partir de R$ 15, até a sexta-feira que vem, entrará para o grupo de gatos mais sensacional da internet — fissurado em aspirador de pó, como vocês verão pelos depoimentos. Hahahahahaha! E poderá participar do amigo secreto mais divertido, sem gastar um centavo nem aguentar parente chato.

*

O Cluboca é um oásis para os cat lovers! Tem troca de informação sobre os dodóis, tem troca de stickers, tem papo solto e divertido, tem compartilhamento de fotos dos nossos fofuras e tem acolhimento nas horas de dor. A gente ri juntas e chora juntas (falo no feminino porque somos maioria no grupo. Cadê os pais de gato?)! Amo demais! ❤️
Guiga Müller

Gosto especialmente quando a discussão se expande e pega qualquer tema do momento, da política aos costumes, passando pela tecnologia, tudo bem fundamentado, bem-escrito e delicado. Aprendi muito com todas. Aqui tenho uma sensação de pertencimento e acolhimento como raras vezes experimentei. E nunca é demais dizer: somos todas gatas!
Regina Haagen

No Cluboca cabe desde fofuras felinas até trocas de experiência sobre saúde dos gatinhos, passando por melhor modelo de aspirador. 😂❤️
Lorena Fonseca

Cluboca é grupo de Márcias que falam sobre as peripécias felinas, games e aspiradores de pó.
Simone Castro

Cluboca é aconchego e acolhimento! É turbilhão, risadas e inspiração. Falamos (escrevemos) sobre tudo: do que amamos ao que tememos. E se alguém precisar de uma pata amiga, lá estamos nós. Cluboca é lar para mim! 🐱💓
Samanta Ebling

Cluboca é o que chamam de found family: aquela família encontrada. A gente não percebe o quanto é importante até que se vê cercado de afeto e suporte dessas pessoas, que estão lá para a gente e nos entendem. É um pedacinho de "casa" formado pelo amor aos animais. Família Gatoca!
Bárbara Santos

Gatoca e as outras meninas sempre nos acolhendo em momentos difíceis, com informações importantes e carinho!
Vivian Vano

Nos minutinhos que me imponho às vezes, eu leio as mensagens no grupo, vejo fotos e lembro que existe vida além do trabalho, do dia a dia atarefado com a gataria daqui, das cobranças familiares. Existe vida em cantinhos gostosos de estar, em nichos felinos como nosso Cluboca.
Cris Rebouças

Esse grupo é importante por tantos motivos... Li muito sobre luto e acolhimento, e aqui tem muito acolhimento 🤗. E também encontro uma força de luta, resistência. Onde muitos desistem, aqui a escolha é lutar por mais tempo de amor. Ao compartilhar as mais dolorosas experiências, aprendemos sobre tratamentos, médicos, remédios, alimentos, técnicas. Encontramos novas vias e opções. Sou grata por cada interação! ❤️
Viviane Silva

Cluboca é luz, é raio, estrela e luar. Manhã de sol, meu iaiá, meu ioió!
Aline Silpe

3.11.22

Bíblia Gatólica e o fim do pesadelo

Depois de quatro anos de um governo obscurantista, a gente finalmente vai poder respirar aliviado — a Terra voltará a ser redonda, Jesus entregará o fuzil e as famílias discutirão por outros motivos na ceia de Natal. Não tinha momento melhor para receber a Bíblia Gatólica, livro do Carlos Ruas que pretende fazer rir (e venerar gatos), não queimar quem pensa diferente na fogueira — ainda que virtual.



Para ampliar, cliquem nas imagens


Como eu não sou boa em cultuar seres vivos (ou mortos), apoiei também o Livro Sagrado Pacão — e ganhei as recompensas fofíssimas do financiamento coletivo, além do nome em Um Sábado Qualquer, site das minhas tirinhas contemporâneas favoritas. :)




Aproveito para agradecer a companhia de vocês na jornada do Gatoca, que resiste ao Brasil há uma década e meia, sem perder a ternura — nem os seguidores nas redes sociais. rs

2023 é ano de desengavetar projetos! ❤️

7.10.22

Presente para quem ama gato e precisa se reconectar

Eu estou em um estado que, se me oferecerem qualquer artefato religioso, sou capaz de acertar alguém na cabeça com ele. Mas o japamala que Lidice me deu de presente tinha um gatinho e isso faz toda a diferença. Aqui, preciso voltar com vocês para 2008, quando uma entrevista sobre como os bigodes haviam mudado minha vida me levou a trabalhar na AnaMaria, mudando minha vida. rs

Lá, escrevi três centenas de matérias, que as leitoras contavam por e-mail também terem mudado suas vidas — uma delas, inclusive, incomodou um colégio católico de ricos, que pediu minha demissão. E não incentivava o satanismo, só informava às mães de classes C e D, público da revista, que seus filhos poderiam estudar com bolsa nessas escolas, em contrapartida aos impostos isentados pelo Estado.

Lidice-Bá era daquelas chefes raras que conhecem o caminho do meio entre acolher e desafiar — claro que não me demitiu. A gente podia criticar o que quisesse na redação, contanto que propusesse alternativas. O mantra: "Não me traga problemas, traga soluções" pauta minha estada no mundo até hoje.

Um dia, ela me cutucou a conseguir uma foto exclusiva da Hebe com seu vira-lata Atrium para a matéria (de capa!) sobre adoção de animais. Eu não sabia que, por causa dos 82 anos, Hebe não aceitava mais esse tipo de aporrinhação — até a Veja, irmã poderosa da Editora, recorria às opções batidas dos bancos de imagens.

Telefonei para o assessor de São Paulo, onde ficava a Abril, de São Bernardo, onde morava, das férias no Rio de Janeiro. E não só sensibilizei a diva da televisão como virei editorial — aqui tem os bastidores e o retorno carinhoso das leitoras. Foram os cinco anos na grande imprensa de que mais sinto saudade.

Saí primeiro para sonhar outros projetos, Lidice saiu depois para criar arte. E seguimos conectadas pelos gatos. Quando Mercv morreu, ela inventou um japamala para me abraçar a distância — madeira (isolante elétrico e energético) com cristalzinho e gatinho da sorte chinês. E o pacote chegou pelo correio justamente neste momento tão precisado.

Botei meu vestido mais lindo, posei com a Guda, chorei no Ho’oponopono, tive vários insights depois. Não, não atingi a iluminação, mas posso tentar outras vezes.


Obrigada, minha amiga! 💜


Cliquem na imagem para ver outros terços, biojoias e acessórios que vibram amor

5.10.22

Não achei que precisasse escrever este post...

Depois de quatro anos, a decisão era tão óbvia: avanço contra retrocesso, diálogo contra extremismo, diplomacia contra isolamento, inteligências (as oito do Gardner) contra estupidez, diversidade contra egoísmo, empatia contra mesquinhez, sincretismo contra fundamentalismo religioso, inclusão contra pânico moral, vida contra caça, desmatamento, queimada, agrotóxico.

E nem preciso falar de corrupção.

Mas quase metade da população útil e 20% de descomprometidos (exceção a quem não pôde votar por doença, falta de grana, chefe canalha) escolheram o fascismo — a não-escolha também é uma escolha. Passada a perplexidade, faz-se urgente retomar a luta para o segundo turno, porque eles nos querem exatamente assim: desanimados, encolhidos, com medo.

Eu me recuso a abrir mão de um país que tem tudo para brilhar por causa de uma parcela fanatizada (ou despolitizada) de brasileiros — e sou racional demais para romantizar uma existência no exterior como imigrante.

Na proteção, a gente aprende a olhar para os animais que salvou, não os que perdeu. E esta eleição com gosto de retrocesso teve vitórias importantes: indígenas, mulheres trans e trabalhadores sem-terra ocuparão o Congresso em 2023. Guilherme Boulos, o "comunista invasor de casas", ultrapassou 1 milhão de votos, liderando os deputados federais por São Paulo, estado do sapatênis.

E Bolsonaro terminou o primeiro turno em segundo lugar, mesmo usando a máquina pública e comprando aliados (políticos, religiosos, ruralistas) com o dinheiro da educação, da saúde, da segurança pública — nosso dinheiro.

Nos próximos 25 dias, se bater o desânimo, lembrem do que nos une: gatos, risadas, generosidade, encantamento, arte.

Assim se faz resistência, meu povo!


Tentando usar o mouse com o braço esmagado pela Guda, esmagada pela Pufosa

21.9.22

Eleições 2022: bora votar em um Mandato Animal?

Depois de quatro anos de retrocesso no país, a gente merece mais do que políticos que se posicionam contra a caça de silvestres ou que legislam apenas para cães e gatos, né? O Mandato Animal quer construir um mundo mais justo para todos os seres, incluindo os menos fofos, sem exploração nem maus-tratos.

Encabeçado pela Mônica Buava, diretora executiva da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e uma das fundadoras do Pop Vegan Food, o coletivo tem como cocandidato Fabio Chaves, criador do Vista-se, o maior portal vegano da América Latina, e conta com um time invejável de ativistas e especialistas — Luli Sarraf, Alana Rox, Eduardo Jorge, Eric Slywitch.


Fabio Chaves com um dos irmãos Sim e Simon, batizados em homenagem ao cocriador dos Simpsons, ativista pelos direitos humanos e animais

Juntos, eles disputam uma vaga de deputado federal por São Paulo (4366), sob as bênçãos do Partido Verde (PV). No site, vocês encontram a íntegra das propostas, que contemplam pets, alimentação, testes, vida terrestre e aquática, santuários, diversidade, entretenimento, mudanças climáticas e sustentabilidade — econômica e social.

Aqui, a gente foca em educação, a missão que o Gatoca acabou abraçando nestes 15 anos. Eu conversei na semana passada com o Fabio e a Luli, idealizadora da Celebridade Vira-Lata, e eles garantiram canal aberto à população pelo WhatsApp (11 96345-4366), porque querem representar a diversidade de atores da causa animal — em um mandato longevo, não apenas de quatro anos.


Além de propor projetos de lei, que precisam de aprovação na Câmara, no Senado e da sanção presidencial, portanto demoram, o coletivo pretende impactar diretamente a realidade dos peludos, vacas, porcos, cavalos, peixes, galinhas por meio do direcionamento de emendas parlamentares — parte do dinheiro público destinada a causas importantes da sociedade.

A ideia é começar ampliando o alcance da Segunda sem Carne nas escolas, junto às Secretarias Municipais de Educação, iniciativa que permite trabalhar com funcionários, estudantes e famílias não só a importância de uma alimentação mais saudável e nutritiva, mas também os desafios da emergência climática e um olhar empático para todos os bichos, que sentem dor e medo como a gente.

Nós falamos ainda sobre, em pleno século 21, existir a necessidade de disseminar os princípios da guarda responsável e os benefícios da castração, assim como incentivar a adoção, em vez da compra de animais de estimação — o Gatoca até venceu um edital com essa missão, frustrada pela pandemia.

Luli Sarraf com Rabiola, Fedelha e Castor, resgates que tiveram a sorte de encalhar com uma das protetoras mais generosa que conheço

Lembro também, quando visitei o Rancho dos Gnomos, que Marcos e Silvia Pompeu conscientizavam a molecada sobre o sofrimento que causamos aos silvestres com a caça, o tráfico, as gaiolas e as pipas de cerol. Como conselheiros do Mandato, espero que compartilhem essa experiência.

E deixo mais duas sugestões: investir em projetos que expliquem como são feitos os testes em animais, viabilizando a pressão popular por métodos alternativos, e em iniciativas que sensibilizem para a crueldade do entretenimento com bichos em circos, zoológicos, aquários, rodeios.

O ser humano tende a rejeitar o que é imposto, mas se torna um grande aliado quando, acolhido e ensinado, se percebe agente de transformação. ❤

*

O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor. Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe o cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br

2.9.22

Gatos, língua de beija-flor e o cocô da vingança

Eu já tinha uma história absurda: o beija-flor que tento fotografar há três meses bateu na porta de vidro da sala, ficou uma eternidade aninhado na minha mão (que plumagem psicodélica é aquela, gente?), de repente botou para fora do bico um fiozinho de língua em direção à gota de homeopatia da pipeta e, quando me ocorreu registrar a experiência única, saiu voando.


Aí, no dia seguinte, estava trabalhando no escritório quando ouvi um corre-corre e cheguei a tempo de ver o dono destas peninhas escapar dos gatos janela afora.


Nada digno de nota, concordo. Acontece que o desaforado não só entrou em casa como fez cocô no sofá.

E NA PIPOCA!

24.8.22

Jacob: um final feliz que durou dez anos

Jacob foi, de longe, a doação mais desafiadora de Gatoca. Entregue por Chicão na porta de casa, em julho de 2009, mamava na blusa de tão carente. Chegou a ganhar uma família de Natal, mas voltou um mês depois sob a justificativa de que virara um mostro — a adotante sentia medo de dar as costas para ele!


Como sua vaga de bicho temporário já estava preenchida, rumou para a Suze, onde teria o luxo do quintal, em um escambo com o Snow, que, pelo tamanho diminuto, ficaria melhor no nosso banheiro. Voltou após atacar o filho dela para escapar da quarentena.

Para a segunda doação, escolhi uma psicóloga. Mas devia ter ido no lugar do gato, rs. Avisada do comportamento agressivo misteriosamente adquirido, ela se mostrou disposta a respeitar o tempo do tigrinho. Só que esqueceu de combinar com a Diana, que batia no coitado, que descontava na Sofia, que não podia se estressar por causa da doença renal.

Tentaram de floral a feromônio e Jacob voltou mais uma vez, com cartinha incentivando outros interessados. Mas eu não pretendia arriscar de novo. Por quase três anos, ele dividiu o quarto com minha rinite alérgica — recebeu visita exclusiva, adotou um parceiro de bagunça, engordou 8 quilos. Até Gláucia me escrever por causa do Chuvisco e se apaixonar pela jaguatirica.

Aqui, preciso abrir um parêntese para relembrar o resgate homérico do pretolino, que me fez parar cinco pistas da Marginal Pinheiros, pular o canteiro central de meia-calça com sapato de lacinho e invadir o jardim do Santander, para a diversão de funcionários e seguranças — ainda entrar com o filhote escondido na Abril, onde uma jornada dupla de trabalho me esperava. Fecha parêntese.

Pega de surpresa, tratei de falar do gênio encardido do gorducho, das mordidas doídas, das duas devoluções, do preço salgado da ração light. Mas Gláucia não se intimidou. E prometeu que, se os peludos não se curtissem, daria um jeito porque o apartamento era grande.

Jacob trocou, então, o poleiro na janela do meu banheiro por 15 metros de varanda na Mooca.




Aceitou a dominância da Josefine, já velhinha, e acolheu todos os gatos que vieram na sequência, incluindo nosso Luigi (e Feijão!).




Ganhou também uma irmãzinha humana, com quem adorava compartilhar o colo.




Pôde comer tudo que quis.


E deitar em todas as camas. E brincar de boneca nova.


Retribuiu ajudando Valentina com as tarefas da escola durante a pandemia.


Depois de uma década da melhor vida que um gato poderia ter, morreu na varanda, onde tudo (re)começou.



Epopeia do Jacob na busca por um lar

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