Eu tive de explicar por que um projeto de lei para aumentar a pena de crimes contra animais (PLS 470/2018) era péssimo, que aquele que pretendia torná-los sujeitos de direitos (PLC 27/2018) só valia para os pets, como ajudar os bichos de Brumadinho, pós-rompimento da barragem da Vale, que país os cortes de verba nas universidades públicas e o cancelamento de bolsas de pesquisa gestariam.
Entrevistei Luisa Mell sobre os cachorros torturados no canil de Piedade. Comparei a decisão do STF sobre o sacrifício em cultos religiosos com o bacalhau da Páscoa — que pode ter ovo, coelho e comida incrível sem sacanear ninguém. Usei "Dumbo", do Tim Burton, para insistir na crueldade do entretenimento com animais. E o caso dos pitbulls da rinha de Mairiporã para lembrar os 200 mil anos de destruição que nos acompanham.
Ainda trombei com galinhas morrendo de pouquinho na avicultura do bairro, galos que pararam de cantar na panela, sítio com placa constantemente renovada de "vende-se leitoa", cavalos puxando carroça, quando não tombados — o lado ruim de se morar no interior. E precisei encarar o machismo de um vizinho-agressor.
Nós também fracassamos nas metas para 2019 — quer dizer, retomar os livros de papel, que dependia só de mim, superou o esperado, rs. Foram 15 e estou no fim de "O Desaparecimento de Stephanie Mailer", lendo "Lúcifer" (HQ) durante as caminhadas, "Alice no País das Maravilhas" com as enteadas, rabiscando loucamente "O Encantador de Gatos" para criar conteúdo para cá. E Leo e eu viramos personagens infantis!
Depois de cada porrada, eu respirava fundo, me desencolhia e forçava um novo passo. Assim conheci Alana Rox, responsável por me tornar vegana há quase quatro anos — de vegetariana já somam 13! Participei do Fórum Sorocaba Unida pelos Animais, onde ativistas e população em geral apresentaram suas demandas ao poder público. Dirigi 280 km para doar dois sialatinhas da favela.
E incentivei vocês a apostarem também nas pequenas ações transformadoras, a compartilharem calor, a serem mais compassivos — desafio comemorativo de Dia Mundial dos Animais. Vocês, aliás, seguiram apoiando o Gatoca. E teve Gramado da Fama em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, que ficou para o ano que vem. ❤
Foi esse suporte financeiro que me permitiu fazer os cursos de escrita com Marcelino Freire e de jogos de tabuleiro e edição de vídeo, no Sesc, que virarão projetos ao longo de 2020! Nosso Netflix para assinantes já estreou, inclusive, com o curta "Altos e Baixos" — eu queria ter produzido algo para o Natal, mas o especial acabou saindo só no blog, por causa da Pipoquinha.
O financiamento continuado também pagou contas importantes, enquanto eu investia em articulações que demoram para virar dinheiro. Rolaram reuniões com a Secretaria da Educação de Sorocaba e o secretário do Meio Ambiente. Nós perdemos o edital do Movimento Bem Maior, mas vencemos o do Condeca — aguardem desdobramentos! E talvez a gente leve o workshop de fotografia e escrita para futuros desejáveis a São Paulo.
Neste ciclo que se encerra hoje, sobrou reflexão. Sobre despedidas, luto, deixar ir — Simba faltou a mais um aniversário, completando três anos do último colo, o carcinoma da Clara segue avançando e Pipoca ainda não voltou a comer sozinha (30 dias já). Sobre quem pode ou não ser mãe. Sobre a vitória do ar-condicionado contra a natureza. Sobre abandono e maus-tratos, na animação mais emocionante de 2019.
Eu defendi o slow reading, leitura sem pressa e escolhida com cuidado, convite que repito agora. E, honrando o voto de confiança de vocês, o Gatoca espalhou afeto, acolhimento, colaboração (beijo para a Paula Lumi!), abraços (concretos e abstratos), amor plural.
Contou a história de uma das várias amizades improváveis nascidas em seus bytes — e que podem virar série! Compartilhou fotos atuais de bigodes doados há 9 anos. Engajou leitores a ajudarem o Gordo, que já ganhou uma família, e o Listrado, que espera sua segunda chance em um lar temporário.
Ensinou a identificar causas de vômitos, evitar toxoplasmose (sem vilanizar os gatos), doar remédios, monitorar bafo, cuidar da cabeleira (pelo também é saúde!), decidir sobre eutanásia, fazer antipulgas, amenizar o clima seco, não tratar animal como brinquedo, prestar atenção em sinais sutis de doença.
Fez rir — em forma de texto (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10) e vídeo ("Catnaval", "Mulher-Gato", "Inferno Astral Felino", "A invasão"). Se meteu em altas confusões — com bombeiros, transferência de vespeiro, ataque de cachorro, quase-atropelamento, pneu furado na epopeia à veterinária, na Bahia.
Celebrou a vida. Da Chocolate, da Clara, da Pandora (pela última vez), da Guda, das Gudinhas, do Mercvrivs — e da adoção dele, embora com atraso. Os 12 anos de projeto. E as parcerias — Pet Delícia me salvou da falência com o patê das seringadas da Pipoca, depois de oito latas fortunosas de A/D e muito desgosto comprando carne.
Foram 101 posts, bem mais longos do que de costume. Talvez, porque o mundo esteja precisando. E, certamente, porque vocês continuam aí — a gente tem um boletim seminovo para ninguém perder nada, é só clicar e assinar!
Que em 2020 nossa rede de apoio se estenda a mais corações!
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