Nos filmes hollywoodianos, os heróis recebem missões como derrotar monstros de cabeças múltiplas, prender assassinos psicopatas, salvar o planeta de ataques alienígenas. A minha, este ano, era produzir e soltar no mundo, sem pensar muito, sem ficar mexendo e remexendo, sem o fantasma do perfeccionismo.
Só que eu sou capricorniana. E se tem coisa que capricorniano não domina é a arte do desapego. Soma-se a isso a habilidade de, em quase quatro décadas de vida, ter conseguido ser mais dura comigo mesma do que meus pais, meus chefes e os clientes que reclamavam da fila do banco em que eu trabalhava juntos.
Mas aceitei o desafio ― dizem que foi o ascendente em aquário. E
Gatoca ganhou um canal no YouTube, com a minha cara não-perfeita, minha voz não-perfeita, minha técnica não-perfeita para gravação e edição. Os bigodes estrelaram a maior parte do
primeiro vídeo e só Gaia sabe a dor de barriga que aqueles 30 segundos de fala me proporcionaram. rs
Depois, vieram mais 14 outros, entre eles o dos
mitos felinos, da
viagem a Itália e França (um
sonho antigo), de
São Francisco em Assis, da
Copa do Mundo (+ fogos de artifício), de
Chicão em Arezzo, Cortona e San Gimignano, de
adoção de cães e gatos, de
brinquedinhos perigosos, de
castração, com mitos e benefícios explicados, de
crianças e animais, de
Natal, com dicas libertadoras e os peludos acenando no final.
Também teve o "
AssassiGato", primeira websérie felina de suspense-drama-comédia da internet, feita em parceria com o Leo Eichinger. Aproveitem as férias para rever os episódios
1,
2,
3 e
4, porque 2019 precisa começar mais leve!
Falando em leveza, apesar dos
11 anos de ativismo pelos bichos, eu nunca tinha escrito tão abertamente sobre política. O
post do Bolsonaro teve 2,5 mil interações, rendeu nossos
primeiros haters (ainda que boa parte robôs), me ajudou a encontrar um
tom acolhedor de argumentação e a servir de inspiração.
Abre parêntese, porque o parágrafo anterior já estava grande: inspiração em forma de texto ("
Cotidianices como resistência", "
Dois únicos desfechos possíveis para as eleições" e "
Brasil pode ter Secretaria Nacional de Políticas para Animais!") e de vídeo ("
Eleições 2018: advogando em causa própria" e "
Abraço apertado pós-eleição!"). Fecha parêntese.
Eu também evitava abordar o veganismo, acreditando que afastaria leitores e isso não só não ocorreu como trouxe mais simpatizantes para a comunidade ― quem me zoou foi o próprio blog, que
parou de notificar os comentários de vocês. E, em um dia ensolarado de passeio no parque,
resgatei meu primeiro peixe, depois de discutir com dois molecões e quase rolar barranco abaixo.
Seguindo a linha do "produzir e soltar no mundo", no
11º aniversário do
Gatoca nasceu a
Lojoca, ideia da Marina Kater-Calabró e da Denise Pinheiros, pós-crise existencial, lindamente
ilustrada pelo Mercv ― quem ficou devendo presente de Natal ainda consegue comprar as canecas, chaveiros e ecobags!
E, em novembro (com
dois meses de atraso), estreou nosso
financiamento continuado no Catarse, o melhor "3 em 1" do país: ajuda o projeto a crescer, recompensa os apoiadores (com mimos e grupo exclusivo) e transforma cada vez mais vidas, humanas e animais. Logo na
primeira semana, nós já havíamos batido 32% da meta inicial. Agora, estamos quase na metade! Quem mais vem? :)
Durante os 365 dias de 2018, o
Gatoca seguiu inabalável no propósito de educar, conscientizar e mobilizar corações pela causa. Além dos vídeos, citados no começo da retrospectiva, os posts ensinaram a
estimar a idade dos bichanos,
entender o significado das lambidas,
refrescá-los no verão.
E a
controlar o peso de cães e gatos,
passar longe de comidas tóxicas,
acalmar os peludos no foguetório,
aumentar o bem-estar em estágio terminal. O texto sobre o funcionamento dos
hospitais veterinários públicos de São Paulo, desdobramento do
resgate fracassado do Guerreiro, contou com respostas exclusivas da Secretaria Municipal de Saúde, batalhadas por 12 dias!
Também não faltou trabalho de sensibilização: para
dar uma chance aos antissociais, aos
pretolinos (com bom-humor quebra-preconceito), aos idosos. Smely e Jujuba
quase foram deixados para trás no recomeço italiano, mas a
família acabou reconsiderando. Já Quindim e Zula, de 13 anos, não couberam na
mudança para a Austrália e estão prestes a perder o cantinho temporário brasileiro. Alguém?
Todo ano, as sementes que o projeto vem plantando online desabrocham offline. Depois de 19 meses (e da nossa denúncia na Promotoria de Justiça do Meio Ambiente), a Prefeitura de Santo André
apresentou um plano de ação para Paranapiacaba, incluindo os tão esperados mutirões de castração.
Vocês
financiaram a cirurgia do Amarelo, que parou de carimbar os varais da vizinhança sorocabana. O ator global Jairo Mattos
leu meu manifesto contra a Lei dos Pombos (nº 16.914/18). O
vídeo sobre a cachorrinha do Carrefour, com sugestões efetivas para libertar milhares de animais do sofrimento,
virou matéria no Universa e ganhou a home do UOL, batendo 300 acessos por minuto!
O que eu não soltei no mundo foram as parcerias. Principalmente com a
Pet Delícia, que continua doando as latinhas de comida felina de verdade. A Celebridade Vira-Lata, que pôde castrar mais bichos com os
calendários vendidos aqui. E a
Canto da Terra, que cuida da gangue de
Gatoca e doa cachorros, gatos e galos de rinha com meus textos. ♥
Os bigodes também seguem grudadinhos. Aprontando (
1,
2,
3,
4,
5,
6,
7,
8,
9,
10,
11,
12,
13 e
14). Festejando (
Chocolate,
Clara,
Guda,
Gudinhas, Mercv em dobro:
1 e
2). Apertando o coração. Simba
faltou a mais um aniversário, completando
dois anos do nosso último abraço. E Clara foi
diagnosticada com carcinoma, que já fez metástase nos linfonodos. :\
Nesses
primeiros 365 dias de interiorrrr, porém, teve mais sol do que chuva. Além da
visita anual à Pandora (história mais emocionante do blog), deu para
matar a saudade da Flea e do Snow, doados para a Guebis há oito anos! E para compartilhar reflexões e aprendizados variados.
Acho que consegui ser
mais tolerante e
compassiva. Tentei
abrir mão do controle,
brigar menos com a vida e
aproveitar as sincronias. Mas continuei acreditando, embora
não tenha todas as respostas, que
algumas coisas podem ser diferentes.
Em 2019,
Gatoca seguirá na resistência ― produzindo transformação e soltando no mundo acolhimento.
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