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22.5.24

Aniversariantes do mês – maio de 2024

Vocês não fazem ideia do inception de plot twists que ocorreram nos últimos meses para que a gente chegasse ao dia de hoje nesta configuração de Gatoca. Caçando qualquer coisa que se move no jardim, Pimenta sofreu uma provável reação alérgica a picada e acabou antecipando nosso luto porque os rins, já gastos pelos 17 anos de jornada, arriaram de vez.


Eu deveria ter suspendido a alimentação forçada na primeira semana de tratamento fracassado ― o cheiro na boca era de morte, o olhar opaco, as vértebras à mostra, a apatia frustrante. Mas existe uma pequenina parte no meu cérebro capricorniano, em formato de gato, que desobedece a razão. E, duas semanas depois, encontrei o lagartinho com que só a frajola brinca tomando sol no gatil.

Ao final da terceira semana, como se restasse alguma dúvida, ela saltou do meu colo em disparada para perseguir um lagartinho de verdade no corredor. Ainda não come sozinha, os rins seguem cronicamente doentes, ninguém espera um desfecho Benjamin Button. Mas, neste 22 de maio, comemoramos sua segunda chance.


Após ganhar o apelido de Cocreta pelo vício em procurar croquetes no parquinho vertical, Keka decidiu testar 50 tons de vômito e alcançou o menor peso possível para um bichano funcional. Quanto mais opções de sachê eu tentava, mais sangue a gastrite botava para fora de madrugada. Até que o estômago de 17 anos resolveu rejeitar o último sabor restante, de peixe branco, da única marca que a magrela ainda comia sozinha, batido no blender.


Apelei às seringadas, submetida ao sono picado, à tendinite e à musculação involuntária de tanto abaixar e levantar ― quando Pimenta caiu também, confesso, surtei. Mas no domingo a frajola lambeu o bico da seringa com mais urgência do que o patê dava conta de sair e depois a colher e os sabores de frango, atum, peru. Neste 22 de maio, comemoramos sua terceira (ou quarta) chance ― era para ela ter morrido antes da Chocolate!


Em terra de renais, quem tem uma gata com mais de 3 kg é rainha. E Jujuba se tornou aquela filha que tira boas notas na escola, arruma a cama sem ninguém pedir, não dá dor de cabeça ― apesar de que a cabeça de 17 anos da malhada não anda tão boa assim. Do nada, ela se desorienta na própria casa, emendando miados urgentes de angústia.


Mas ainda reconhece meu chamado, se acalma com o carinho e morde a mão que insiste em usar o mouse em vez de contribuir para o ronronar ― sim, a gata que me rendeu uma escarificação na mudança para o apertamento em São Bernardo! Neste 22 de maio, comemoramos como se fosse a primeira vez. E talvez seja a última também ― da família Guda já partiram a mãe, Pipoca e Pufosa.


Hoje, porém, não vou chorar.


*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 (especial Dia do Abraço) | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

15.5.24

Três Rs: o jeito infalível de brincar com gato | EG #29

Se você não for tutor da Pimenta, que caça os brinquedinhos da caixa sozinha e guarda tudo embaixo do sofá, provavelmente já entendeu que precisa participar ativamente das brincadeiras para despertar a gatitude do seu amigo ― e ajudar a estabelecer uma rotina livre de tédio, sinfonia de madrugada, casa destruída.

Brincar de forma estruturada significa separar um tempinho por dia para estimular o peludo a praticar o ritual ancestral do Gato Essencial: caçar, apanhar, matar e comer (CAMC). Para isso, a gente precisa primeiro identificar sua presa favorita (voadora, rastejante, saltadora) e o estilo de caça preferido (emboscada em campo aberto, esconderijo para ataque surpresa, tocaia em buracos ou tocas).


Simular, então, o movimento do animal, em vez de mexer aleatoriamente a varinha, torna a interação muito mais sedutora. Um passarinho, por exemplo, pode passar voando em um rasante, se permitir ser apanhado e, quando o bichano se afasta, ir se esconder devagar atrás do vaso. As pupilas dilatadas e a balançadinha de bumbum indicam que o pequeno entrou no personagem: ele dá o bote, mas a ave levanta voo de novo, até você decidir que é hora de "morrer".

Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, lembra ainda que a "perseguição" é tão importante quanto o "ataque" e o "abate", porque deixa o peludo 100% concentrado ― a exaustão da caça acontece mesmo quando ele não se move. Sim, todos os gatos brincam, até os velhinhos que esperam a presa chegar bem perto para dar duas patadas. E está valendo!

Respeitar o ritmo do bichano também se faz essencial. Tem animal que funciona como um carro esporte: você mostra o brinquedo e ele sai em disparada. E há os modelos a álcool, que demoram para embalar, mas depois ninguém segura. Não adianta, aliás, esperar que um gato corra 15 minutos sem parar. Eles são caçadores de velocidade (com explosões curtas, seguidas por breves períodos de descanso), não de distância.

E não esqueça de recompensar o esforço com petiscos para a experiência ficar completa.

:: Tipos de brinquedos

Interativo: varinha com penas ou qualquer brinquedinho amarrado a uma corda, que permita exercitar os três Rs (rotina, ritual e ritmo) da caçada, estimulando o desejo pela presa ― a ferramenta mais crucial.

Remoto: bolinhas e ratinhos de pelúcia, que a gente joga na esperança de que a criatura trará de volta e acabam embaixo da geladeira, até a próxima faxina ― não devem ser a única opção.

Automático: escolha do preguiçoso, funciona a pilha e seus movimentos previsíveis não despertam tanta emoção ― válido para os dias em que chegamos exaustos do trabalho.

:: Alerta!

A famosa caneta a laser pode abrir os trabalhos, mas nunca ser um fim em si, porque não dá para pegar (e morder) efetivamente a luzinha ― em algum momento, você deve apontá-la para um brinquedinho "matável".


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem estragos (estreia no dia 18 de outubro!)

10.5.24

Como se preparar para uma emergência tendo gatos

Preparado para deixar para trás, às pressas, a história de uma vida inteira acho que ninguém está. Mas a gente pode minimizar o impacto da tragédia seguindo as recomendações de especialistas. Eu cheguei a escrever sobre incêndio e animais, numa época em que provavelmente fracassaria tentando salvar dez gatos, e achei importante retomar o assunto agora, quando mais de 9 mil bichos afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul ainda esperam por resgate.


ANTES

Jackson Galaxy, o mestre do comportamento felino, tem um checklist para gateiros:

Mantenha as caixas de transporte no ambiente
Assim os bichanos não estranharão o cheiro diferente e entrarão sem resistência. Fora que ninguém merece ficar procurando as ditas cujas no fundo do armário mais alto com o prédio pegando fogo ou alagando!

Bloqueie espaços inacessíveis
Isso vale para qualquer lugar de onde você não consiga tirar o peludo em caso de emergência.

Adote a alimentação por refeições
Acostumar seu amigo a ter horários para comer cria uma rotina que facilita o manejo em situações de estresse.

Identifique o gato
Galaxy recomenda o microchip, para que qualquer pessoa ao encontrá-lo acesse suas informações indo a uma clínica veterinária com leitor. Mas essa prática ainda não é popular no Brasil, então sugiro a boa e velha coleira com plaquinha de identificação ― escolham um modelo de elástico, que solte se bicho se prender, evitando o enforcamento.

Tire uma foto da carinha dele
Se precisar fazer um cartaz de "procura-se", ter as características bem destacadas facilitará o reconhecimento.

Separe uma pasta com documentos importantes
Receitas médicas, exames impressos e carteira de vacinação precisam estar à mão ― seus documentos também, né? rs


DURANTE

Galaxy sugere que se cubra a caixa de transporte com um cobertor para restringir a visão do caos, evitando a superestimulação, e explica o que colocar em um kit de emergência:

Objetos com cheiros familiares
O cobertorzinho do gato e uma blusa usada sua, por exemplo, já ajudam o pequeno a se sentir menos inseguro no lugar para onde vocês forem.

Petiscos
Se ele parar de comer, ter sua guloseima favorita pode quebrar o jejum ― e a evolução para um quadro de lipidose hepática.

Brinquedinhos
Em situações adversas, brincar com seu amigo é uma estratégia para mudar o foco.

Feromônios sintéticos
Na verdade, Galaxy indica seus produtos holísticos, mas os feromônios sintéticos têm eficácia científica, porque mimetizam os naturais, que os bichanos soltam quando estão à vontade, aumentando a sensação de bem-estar.

O pessoal do Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad) alerta, ainda, que deixar os peludos em correntes, caixas, canis ou baias os torna presas fáceis para a água em rápida elevação ― se não puder levá-los junto, o melhor protocolo é soltá-los para que usem seus instintos naturais de sobrevivência.

E não esqueça de desligar aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos, até para conseguir recuperá-los depois, em caso de alagamento ― os cursos de Engenharia Elétrica e de Controle e Automação, da Universidade do Vale do Taquari (Univates), fizeram uma cartilha com o passo a passo.


DEPOIS

Juliana Damasceno, doutora em Psicobiologia, ensina como lidar com gatos traumatizados:

Isole o bichano em um cômodo
O ideal é que o local esteja com baixa iluminação e sem rotas de fuga.

Bloqueie refúgios vulneráveis
A dica de impedir o peludo de ficar inacessível também vale aqui.

Crie refúgios seguros
Qualquer caixa de papelão já cumpre a função.

Não force o contato
Gato assustado pode agir de forma agressiva ou congelar e ambas as situações agravam o estresse, prejudicando ainda mais seu estado de saúde.

Ofereça alimentos palatáveis
Aqueles que você colocou no kit de emergência, lembra? Coloque perto do esconderijo e saia do cômodo.

Evite fazer barulho
Entre no ambiente de maneira cautelosa e o mais silenciosa possível, mantendo-se agachado, e falando baixo, em tons agudos.

Separe os recursos
Posicione a caixa de areia do lado oposto à comida e à água.

Tenha paciência
Pode levar um tempo para seu amigo se sentir confortável de novo.

7.5.24

Chuvas no RS: infos concentradas para ajudar animais

Atualizado em 16 de maio de 2024

Eu demorei para escrever este post porque confesso que ando fugindo do noticiário. Já vivo entre alarmes de patê na seringa, água e remédio, por causa da reação alérgica da Pimenta à suposta picada de aranha, que agravou um quadro renal delicado (17 anos!), e da gastrite da Keka, que além desses cuidados também não me deixa dormir.

E estou exausta de Brasil ― do negacionismo climático criminoso, da influência dos ruralistas mais abjetos no Congresso, dos mesmos políticos com seus projetos de poder eleitos de novo e de novo. Há 23 projetos de lei que impulsionam a degradação ambiental tramitando atualmente e só três deputadas, logicamente de esquerda, destinaram recursos de emendas individuais para a prevenção de desastres no Rio Grande do Sul este ano!

(Fora os aumentos abusivos nos itens de necessidade básica da região, os assaltos às casas alagadas, os saques por comida, a troca de tiros com a polícia, o roubo de combustível das embarcações de resgate, os estupros nos abrigos.)

Mas os animais não têm culpa da minha rotina, não votam com o rabo e precisam de ajuda. Reuni, então, informações de fontes confiáveis para quem puder doar dinheiro, produtos ou abrigar temporariamente um peludo resgatado pelas ONGs. Incluí também perfis do Instagram para encontrar bichos perdidos, dicas para acalmar aqueles que estão fora de seu território e como estender a solidariedade às famílias ― afinal, a gente não faz diferença por aqui.

Vale mencionar, ainda, o apoio da Pet Delícia, parceira de longa data do Gatoca, que enviou mais de meia tonelada de latinhas, e O Fazedor, que desenvolveu um parquinho felino especial para o Grupo de Resposta a Animais em Desastres (Grad).


Foto de Leandro Osório


PARA AJUDAR BICHO

:: Grupos de resgate e lar temporário

É a galera que está na linha de frente, se desdobrando para salvar cães, gatos, aves, coelhos, cavalos.

- Grupo de Resposta a Animais em Desastres (chave pix: 54.465.282/0001-21 ou via cartão de crédito: doe.gradbrasil.org.br)
- Grupo de Resgate Animal de Belo Horizonte (chave pix: 48.793.976/0001-95)
- ONG Campo Bom para Cachorro (chave pix: 24.494.672/0001-69)
- ONG Princípio Animal (chave pix: 29.880.059/0001-01)
- ONG Voluntários da Fauna (chave pix: 35.815.847/0001-09)
- Instituto Por Mais Empatia (chave pix: 46.877.372/0001-00)
- Projeto Dê Uma Chance (chave pix: projetodeumachancepoa@gmail.com)
- Resgatinhos POA (chave pix: resgatinhospoa@gmail.com)
- Gato do Mato POA (chave pix: 22.774.735/0001-05)
- Gatoteca POA (chave pix: gatotecapoa@gmail.com)
- Pet Fauna (chave pix: 002071944009)
- Gattedo (chave pix: contato@gattedo.com.br)
- Only Cats Canoas (chave pix: onlycatscanoas@gmail.com)





Filhotes resgatados pelo Only Cats boiavam presos na caixinha de transporte

SÃO PAULO

- Confraria dos Miados e Latidos (chave pix: adriana@miadoselatidos.org.br)
- Celebridade Vira-Lata (chave pix: contato@celebridadeviralata.com.br)
- Animais Gauchos (chave pix: animaisgauchos@gmail.com)
- Adote um Gatinho (lançarão uma rifa em breve!)
- ONG Bendita Adoção (chave pix: benditaadocao@gmail.com)
- Instituto Caramelo (chave pix: doe@icaramelo.org)


:: Onde reencontrar ou adotar um amigo

Dezenas de páginas foram criadas no Instagram para reunir famílias gaúchas e seus pets ― e quem não for pego precisará de um novo lar, assim como a galera resgatada pelos projetos acima. Aos tutores de Canoas, o Grad disponibilizou um WhatsApp para envio de fotos dos peludos, que serão encaminhadas aos abrigos e, em caso de identificação, entrarão em contato: (51) 99554-7154.

RIO GRANDE DO SUL

- Encontre Seu Pet
- Ache seu Pet RS
- Adotar e Encontrar - Pets
- Tô Salvo Animais

PORTO ALEGRE

- Ache seu Pet POA
- Animais Resgatados na Enchente
- Porto Alegre: Animais Resgatados da Enchente
- Dogs Enchente
- Tô Salvo Pet
- Resgatados IPA
- Abrigo de Cachorros Vítimas da Enchente
- Vem Adotar (região das Ilhas do Guaíba)
- Pontal Animais (Eldorado do Sul e Ilhas)
- Resgatados das Ilhas (Ilhas, Guaiba e Orla)
- Animais Achados e Perdidos - Enchente 2024 (Guaíba e Eldorado do Sul)
- Cães Resgatados - Centro Humanístico Vida da Baltazar
- Animais Resgatados - Escola Alcides Cunha
- Animais Resgatos Sarandi Zona Norte ♥️
- Resgates Animais Sarandi
- Projeto Anjos de Patas
- Pipoca & Graveta

NOVO HAMBURGO

- Amparo Animal
- Animais da Enchente NH
- Farms Dog Hotel
- Universiadde Feevale
- Animais Resgatados Liberato
- Animação Cão
- Abrigo de Cães Lima e Silva
- Gatos da Corte
- Abrigo Temporário Panorâmico
- Dogs Sol Nascente
- Cães Resgatados (Santo Afonso)

CANOAS

- Meu Bicho Tá Salvo
- Pet Resgatado
- Ache seu Dog Ulbra
- Cães Resgatados Canoas
- Protetor Cris Moraes

SÃO LEOPOLDO

- Animais Perdidos SL
- Encontre seu Pet SL
- Cães Resgatados (Vila Brás e arredores da Scharlau)
- Dogs Sol Nascente

OUTROS

- Ache seu Pet Esteio (Esteio)
- ONG Gepar (Esteio)
- Resgatados Estância (Estância Velha)
- Dogs Sol Nascente (Estância Velha)


:: Consultoria comportamental

Território Felino
Além de compartilhar stories no Instagram diretamente de Porto Alegre, como a lista de voluntários que estão organizando lares temporários para tirar os gatinhos dos abrigos, a veterinária Amanda Daniella oferece um help para quem quiser arriscar o LT e não sabe como fazer a adaptação: (51) 98189-7056.

Isa Gateira
Em resposta a uma seguidora, explicou em vídeo como promover segurança emocional para manter os bichanos desalojados mais calmos, já que a família se torna o único referencial de território em situações assim:

Deixe que fiquem nas caixas de transporte, se quiserem. Providencie esconderijos com caixas de papelão e mantinhas. Ofereça petiscos ― qualquer coisa que conseguirem comer é lucro. Mantenha o banheiro perto. Um ambiente mais escuro também pode minimizar o estresse. Se eles aceitarem carinho, acolha.

É possível marcar horário para um SOS comportamental solidário com ela também.

Larissa Rüncos
Psiquiatra de felinos, produziu um e-book gratuito sobre como prestar os primeiros socorros psicológicos aos peludos resgatados, destinado tanto a voluntários quanto a veterinários. E disponibilizou um formulário para quem está enfrentando dificuldades nesse manejo receber orientações.

Ela explica, ainda, que o número inferior de gatos salvos das enchentes se deve justamente ao comportamento menos gregário deles, que, diferente dos cachorros, tendem a se afastar do grupo em situações de perigo, escondendo-se e permanecendo em silêncio, além de evitar a manipulação por estranhos.


PARA AJUDAR GENTE

Como e quais roupas doar
O perfil Não Tenho Roupa ensina! Não mandar as peças sujas ou em mau estado espero que os leitores deste blog já saibam ― acreditem, doaram ao Gatoca um banheiro de gato sem lavar! Mas tem dicas em que eu nunca havia pensado, como amarrar os pares de sapatos para que não se separem no transporte.

Envio grátis pelos Correios
Mais de 10 mil agências no Brasil inteiro estão recebendo e transportando gratuitamente água (prioridade), alimentos da cesta básica, material de higiene pessoal e limpeza a seco, roupas de cama e banho, e até ração.

Para não faltar comida
O projeto Marmitas do Bem entrega 3,5 mil refeições por dia ― chave pix para doação: 53.019.216/0001-65. A Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) triplicou a capacidade de produção graças ao financiamento coletivo, em parceria com o Apoia.se. E o Movimento dos Sem Terra (MST) lançou uma campanha pelas 500 famílias produtoras de arroz que perderam suas lavouras.

O desafio da água potável
85% da população chegou a ficar sem abastecimento e várias estações de tratamento foram destruídas, atrasando a normalização dos serviços ― Felipe Neto conseguiu arrecadar R$ 4,8 milhões para comprar 220 filtros que purificam in loco, emergencialmente, e a Força Aérea Brasileira já fez chegar às regiões atingidas.

Mutirões para reconstrução
A plataforma Meu Lar de Volta conecta pessoas que querem ajudar a quem precisa, oferecendo um mapa interativo que permite visualizar em tempo real as necessidades de cada localidade afetada ― limpeza, material de construção, kits de higiene pessoal, eletrodomésticos, cestas básicas.

Mora fora do Brasil?
Em parceria com a Frente Nacional Antirracista (FNA), a Central Única das Favelas (Cufa) recebe doações pelo PayPal e redireciona: doacoespaypal@cufa.org.br.


Divulguem outras iniciativas (que vocês conheçam) nos comentários, porque vai continuar chovendo ― e a gente não está atuando na raiz do problema.

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Leia também: Como se preparar para uma emergência tendo gatos

3.5.24

Gato de queixo inchado, reação alérgica a picada e doença renal

Na mesma noite em que ouvi Pimenta caprichando no miadinho de caça, enquanto brincava com alguma criatura no gatil que eu não conseguia enxergar da sala, ela rejeitou as seringadas de patê do jantar. Aqui, talvez valha um parêntese de contextualização, porque espero que este post ajude mais gente que, como eu, recorreu ao Google e não teve sua angústia aplacada.


Pips é uma senhora de 17 anos, que ainda abocanha seres animados e inanimados. A gente mora em um terrenão de Araçoiaba da Serra, por onde passa de grilo a sagui (ou jacu é maior?). Desde que Simba morreu, em 2016, eu reforço a hidratação dos bigodes com água e ração úmida batida na seringa.

Pois, na fatídica segunda-feira, imaginei que a frajola estivesse de estômago cheio, fui dormir e não dei a menor importância para a aranha de jardim que me fazia companhia no quarto, terça de manhã. Até encontrar Pimenta abatida na moita de catnip, com o nariz escorrendo e os olhos lacrimejando. Nesse momento, para ser honesta, ainda pensava em rinotraqueíte.


Mas notei o papo inchado, na hora do almoço o queixo estava gorducho também e à tarde a gengiva da mandíbula inferior parecia inflada como aquelas bexigas de festinha de criança ― havia ainda uma ferida sangrando de leve na parte interna do lábio. Toda a cara de reação alérgica a picada de bicho (inseto ou aracnídeo), com o raio da aranha como principal suspeita.


Escrevi para o veterinário que acompanha a gangue a distância, medicamos e decidimos observar ― apesar de terem nascido em casa, fruto do golpe da barriga da Guda, Pips e as irmãs são ariscas. Na quarta do feriado, porém, a pequena começou a babar e achei melhor arriscar o sacolejo até uma clínica 24h obscura dos nossos confins.


A hipótese de reação alérgica fazia sentido, segundo a veterinária. O que eu não sabia é que a toxina pode afetar o fígado e os rins, e Pimenta já tem doença renal crônica, além da idade avançada ― a babação se devia ao excesso de ureia (uremia) na corrente sanguínea, que o órgão combalido não consegue filtrar e acaba causando enjoo.

Tentamos confirmar o diagnóstico com hemograma e função renal, fracassando na coleta por 59 minutos: primeiro só a vet e a assistente, depois com o Leo segurando junto, então no meu colo, usando escalpe, agulha, numa pata, na outra, na jugular, enrolada na toalha feito um burrito, chamando o dono da clínica para ajudar ― no final, a coitada urrou, me mordeu e começou a hiperventilar.


Como o inchaço já estava melhor, minha xará receitou um medicamento para o enjoo e soro subcutâneo, enfatizando que nunca havia visto uma gata tão hidratada nessa idade — no dia anterior, eu consegui dar 122 ml de líquido na seringa, entre água e patê. Lembrando que o cálculo deve considerar 50 ml por quilo de animal e Pips pesa apenas 2,25 kg.

Mucosas estavam coradas, tudo em ordem na palpação. Digno de nota apenas o peito crepitando na auscultação, que podia indicar bronquite (irritação nos brônquios), causada pela reação alérgica, ou broncopneumonia, associada a uma gripe — lembram da suspeita inicial de rino? Raio-x e ultrassom ficariam para depois, por motivos de: Dia Internacional do Trabalhador.

E a tarde já havia sido estressante para sete vidas felinas.

Escrevi um texto leve, porque a ideia é realmente ajudar quem precisar enfrentar esse infeliz alinhamento de astros. Mas o quadro renal da Pimenta agravou bastante e ela não está nada bem.

26.4.24

O primeiro colo do Intrú (sim!)

Foi no dia 12, uma sexta-feira que deveria ser de faxina, mas acabou suspensa no calendário pelos cuidados com a Chocolate ― e a expectativa angustiante da partida. Por isso não contei antes, inclusive. Sentei no jardim buscando um respiro, já que outra vida só viria acompanhada de outra encarnação, e Intrú correu para encaixar a cabeça gigante no meu cafuné.


Ensaiou passar sobre as pernas cruzadas para um lado, para o outro, se equilibrou nos ossos mal-embrulhados. Até que deitou, com a cara bem enfiadinha para não restar dúvidas de que se tratava de um colo. E ronronou. De boca aberta, sua marca registrada.


Deixei o vídeo completo para vocês também aproveitarem em caso de cinzentura ― foi tanto colo que a música acabou. Duas vezes (na segunda roubei e fiz uma emenda). rs



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou

24.4.24

Gatoca agora é PB

Quando você adota metade de frajolas, outra metade de sialatas e perde a última gata em cores, sobram 50 tons de preto-e-branco.


Keka, Jujuba e Pimenta continuam grudinhas, às vésperas de completar 17 anos, mas só nos dias frios ― Guda deu um bom golpe da barriga.


E nem o intruso escapou da paleta econômica.


Para não acharem, então, que se trata sempre do mesmo gato nos posts, fica a dica: Keka tem cavanhaque, Pips bigode, Intrú máscara e Jujuba é diferente. rs

Este texto em especial traz o colorido da Lucia Trindade e da Aline Silva, estreando no Gramado da Fama. Lucia acompanha o Gatoca há uma década, mora no Rio de Janeiro, trabalha com museus (sonho!) e batizou um dos peludos de Balão. A paulistana Aline faz pesquisas na área de química, tem quatro idosos e tirou Gordinha da crise com as dicas que aprendeu aqui sobre soro subcutâneo e alimentação úmida. Bem-vindas oficialmente, meninas!


Um aperto a distância também para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...

... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Sandra Malacrida, Vera e Gabriela Fromme, que não deixam o projeto morrer! 🤗


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio. ❤)

18.4.24

Saudade

Esta é uma história sobre escolhas. Começou no dia 14 de fevereiro de 2007, quando João te encontrou pequena, rabinho quebrado, o clássico nariz de chocolate que viraria nome, lembra? Eu escolhi te deixar para adoção no pet shop, porque acreditava que não daria conta de cuidar de quatro gatos. Mas a gaiola estava lotada e não voltei na semana seguinte.

Você poderia ter tido uma família mais exclusiva ― não só dei conta de cuidar de quatro gatos como de cinco, de sete, de dez (e algumas dezenas de temporários). Geniosa, ficava na ponta mais afastada do montinho felino ou reinando exclusiva na estante do escritório, em sua almofada de joaninha ― que nos acompanhou por três mudanças, ganhou uma cestinha, um remendo à la Tim Burton e só aposentou com a cama nuvem, depois de uma tentativa fracassada de roupinha.


Em Sorocaba, escolheu a lavanderia, menos disputada, para chamar de sua. Eu achava que era por causa da estante, aquela que ficava no escritório de São Bernardo, mas você gostava mesmo é da caixa suja do aspirador de pó ― e continuou gostando aqui em Araçoiaba. Da lavanderia, da estante, da caixa suja do aspirador de pó.

Já para Guda nunca deu bola ― e ela tentou até o fim, um ano atrás. Como pode caber tanta rabugice em uma gata-anã, que pesou 2,5 kg praticamente a existência inteira (até perder 900 gramas nos dois últimos meses)? E que roubava glutadela com esta carinha. E miava feito cabrita, soltando barulhinhos onomatopeicos quando subia nas coisas, pulava no chão, percebia nosso toque, bebia água, mastigava a ração.

Aí, escolhi cuidar do Intrú, que não tinha a sorte de morar do lado de dentro da porta de vidro de alguém e resolveu montar acampamento bem do lado de fora da porta de vidro da sua lavanderia ― fiz justiça gastando a maior parte dos lencinhos umedecidos dele com você. Veio, então, a ataxia, a cistite e os sintomas respiratórios, uma possível artrose, um possível trombo, a apatia.

Eu não sabia se sentia dor ou estava só sendo ranheta você ― esperei sete anos para te ter enrodilhada no colo. Se a pele flácida era de desidratação ou velhice. Se voltaria a afiar as garras no tronquinho do gatil ― três meses antes, você caçava animada os croquetes no parquinho! O raio-x indicou apenas problemas na coluna pela idade. Mas você, sempre sem parada, seguiu aquietando ― e Jujuba insistindo em ficar grudada.




Achei que não passaria de sexta ― a do dia 29 de março! E escolhi parar a vida. Botei fraldinha, liberei o quarto para dormir, aquele em que você nunca pôde entrar porque tenho alergia a gatos, comecei a te carregar por todo o lado para garantir que não cairia. Mas você não morreu. Ficou presa em um corpinho que não funcionava direito ― hidratada, com as mucosas coradas, olhos brilhantes (os mais lindos de Gatoca), sem qualquer episódio de vômito ou diarreia.




Como não conseguia mais chegar sozinha no jardim, te ajeitei no catnip só para voltar com formigas na cabeça e uma lesma entrando na boca. Pensei em parar sua vida. Eis que você adorou o suco de maçã. De manhã, acordava com a carinha colada à minha, não importava em que posição te colocasse. E sonhava loucamente.


Escolhi continuar. E também sonhei: você encostava a testa na minha e pressionava nossas cabeças uma contra a outra com as patinhas. Parecia uma despedida. Quando um dos dentes se pôs a sangrar, escrevi ao veterinário da cidade perguntando sobre a eutanásia. Só no consultório.

Em vez do terror da viagem de carro pelas estradas de terra esburacadas, escolhi te levar no sling improvisado para um último passeio pelo bairro, que você sorveu com os faróis ainda mais gigantes, cada folha, cada bicho, cada portão ― surda há uns dois anos, os cachorros latiam no vazio.



De segunda para cá, a dúvida foi me consumindo: havia algo mais para aproveitar? Será que eu tinha passado do ponto? Nesta madrugada, você arrumou um jeito de me confortar. Ignorando quaisquer limitações neurológicas, deitou no meu peito e só percebi quando acordei pela primeira vez ― na segunda, você estava encaixada entre minhas pernas, como um pacotinho.




Partiu na sua inseparável cama nuvem (como encará-la desocupada?), enquanto ganhava um cafuné com a mão que não estava tentando responder os e-mails atrasados.


Não te dei uma família exclusiva, mas garanti 17 anos e dois meses de presença, trabalhando em casa muito antes de o home office ser moda. E uma aposentadoria entre capuchinhas e passarinhos, mudando para o interior de aluguel e tomando um golpe da empresa de contêineres.


Podem ter sido escolhas inexperientes, de gateira de primeira viagem, e desajeitadas, de quem tantas mortes depois ainda não aprendeu a perder. Mas você sabe que foram as melhores que consegui fazer, né?

11.4.24

Teste: você tem a personalidade ideal para um gato?

O veterinário espanhol Carlos Gutierrez definiu como deve ser o tutor perfeito, baseado nos estudos da Universidade Autônoma de Barcelona, que realizou o primeiro levantamento populacional do mundo sobre a relação entre pessoas e bichanos, e de pesquisadores das Universidades da Flórida, Carroll e Marquette, que mapearam as principais diferenças de personalidade entre gateiros e cachorreiros.

Aproveitando a habilidade que todo jornalista pagador de boletos tem de transformar conteúdo em entretenimento, eu inventei, então, este teste. Quantas características valorizadas pelos peludos você coleciona?


Empatia

Pessoas com maior sensibilidade emocional conseguem se colocar no lugar de seus gatos e perceber o que estão sentindo, qualidade essencial para quem tem bichos que se afetam facilmente por coisas que não fazem tanta diferença para outros animais ― e evitar situações de estresse ajuda a prevenir problemas de saúde como gripe e lipidose hepática.

Timidez

Introversão costuma vir acompanhada de um grande poder de observação, permitindo ao tutor tímido ser o primeiro a identificar mudanças comportamentais nos peludos, como o fato de passarem a comer menos depois da chegada do novo pet.

Introspecção

Quem gosta de estar consigo mesmo, desfrutando do tempo de seu jeitinho, dará aos gatos, avessos a barulho e agito, uma casa mais tranquila, sem necessidade de descobrirem todos os buracos à prova de festa.

Criatividade

Um humano criativo estará sempre pensando em formas de enriquecer o ambiente e entreter criaturas que tende a se entediar fora de seu habitat natural ― e não hesitam em trocar brinquedos caros por aquela caixa de papelão em que veio o mop.

Inconformismo

Em um mundo desenhado para cachorros, domesticados há mais tempo, pessoas com o espírito combativo conquistaram adequações importantes para os bichanos, como as clínicas especializadas em felinos ― e seguem na luta.

Independência

Por mais que o pequeno seja ronronento, você deve ter notado que ele também aprecia ficar em seu cantinho. E ninguém melhor do que um indivíduo autossuficiente para encontrar o equilíbrio entre os momentos de solidão que seu amigo tanto precisa e de socialização com cafuné liberado.


RESPOSTA

:: Até 3 características

Você provavelmente integra o grupo dos tutores de gato pragmáticos, representado por 35% dos participantes do estudo. Apesar de considerar o bichano parte da família, não tem um vínculo afetivo tão forte e acha trabalhoso cuidar dele.

:: A partir de 4 características

Bem-vindo ao universo das emoções complexas, coabitado por 65% dos gateiros, que sentem grande conexão com seus companheiros, sempre a postos quando precisam de apoio ― confessando, inclusive, compartilhar coisas que jamais diriam a outras pessoas.

4.4.24

Intrú ganhou um cobertor e me emocionou

A foto de quando Intrú pisou no cobertor não tem a melhor qualidade e, apesar de a gente aprender no jornalismo que vale mais o registro histórico do que a plasticidade, achei melhor abrir este post com o clique das apresentações ― o frajola precisa de uma família e não podemos nos dar o luxo de contrariar os algoritmos, né?


Araçoiaba da Serra nesta época do ano lembra o deserto, com dias quentes e noites frias, o que me fez antecipar a compra do cobertorzinho. Seguindo as dicas das meninas no Cluboca, nosso clube maravilhoso de apoiadores, aliás, optei pela versão humana de solteiro, bem maior e mais barata do que as de pet ― ainda posso cortar e ter uma opção de troca para o dia da lavagem.

O pacote chegou quase junto com a criatura, que estava desaparecida há dois dias e meio ― seria muito triste segurar a manta de microfibra encarando a casinha vazia. Esperei anoitecer e mal tive tempo de ajeitar no chalé porque o peludo pulou para dentro, sem se importar com os cheiros estranhos.


A grande surpresa, porém, foi notar, já da lavanderia, a bundinha balançando do lado de fora. Saí de novo para confirmar e me deparei com esta cena:


Dez ataques depois, o encardido estava fazendo massinha (e mamando!) no seu primeiro cobertor. ❤️


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola

3.4.24

Teste: o desaparecimento do Intrú

De todos os cuspes que me voltaram na testa durante estas quase duas décadas de proteção animal, ter um gato que vai para a rua lidera o ranking. Ok, Intrú não é exatamente meu, embora não concorde com essa interpretação dos fatos. E para sair de casa precisaria antes entrar, coisa que nunca aconteceu por causa da FeLV, que o impede de confraternizar com minhas velhinhas.

Tecnicalidades à parte, o frajola passa a maior parte do tempo por aqui, mas nenhum muro de 2 m de altura consegue segurá-lo no terreno quando bate "os cinco minutos" ― não sei do que, porque o cara de pau tem comida e roupa lavada. E está castrado!

Eis que no sábado à noite ele se jogou no mundo e não retornou para o café da manhã. Nem para o almoço. Nem para o jantar. Nem no domingo. Nem na segunda. Eu rodei o bairro chacoalhando o potinho de ração, conversei com o pessoal que está asfaltando a rua que desce, com os lixeiros, escrevi para o grupo de moradores, para a ONG, para os dois veterinários da cidade.

E chorei ― justo agora, que a pança estava começando a tomar forma?


Na terça-feira, ele brotou do solo com tanta fome que comeu a ração renal infestada de formigas que a gente havia deixado no jardim. E a ração dele. E um resto de sachê das meninas. E a latinha favorita da Pet Delícia. Nenhum arranhão. Entendi as mães que falam para os filhos que, se fizerem algo que coloque a vida em risco, vão matá-los. A sensação é essa mesmo ― alívio com nariz de palhaço.

De lá para cá, me pergunto sem sucesso: onde a criatura estava?

a) Com a segunda família, tóxica.
b) Vagando sem rumo ao bater a cabeça e perder a memória.
c) Preso em uma casa de veraneio, depois de filar a bacalhoada de Páscoa.
d) No caminho de Santiago de Compostela para ressignificar a existência.
e) Trabalhando uberizado com a pressão de quitar dívida de catnip.

Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu

31.3.24

3 anos de casa nova, menos 5 gatos, mais 1 intruso

Por quanto tempo uma casa ainda pode ser considerada nova? E se antes mesmo de você mudar, a casa em questão, construída do zero, já colecionava problemas? Talvez, em 2025 eu troque o título para "4 anos de Araçoiaba da Serra". Ou não ― a ideia de novo faz a vida parecer menos velha, principalmente quando a gente lida com impotência e morte.

Sei que pareço um disco quebrado, mas a conjuntura não colabora, né? Nos últimos 365 dias, Pipoca e Pufosa ajudaram a superpopulacionar nosso cat sematary. E Chocolate e Keka andam flertando com o empreendimento. Ao contrário dos gatos, as plantas finalmente ganharam autonomia e paramos de apanhar do solo seco, das formigas vorazes, das pragas multicoloridas ― quem rouba nossas frutas agora são os saguizinhos.


Enfermaria ao ar livre


Duplinha do sachê


Contorcionista

Preciso contar também que, às vésperas de completar dois anos e sete meses, mais especificamente em 7 de outubro de 2023, instalamos a lendária porta do banheiro ― embora ela ainda continue sem batente de um dos lados.


Conseguimos arrumar também o cantinho dos bigodes, com prateleiras almofadadas, caixas de madeira, arranhadores de formatos variados, sofá em acquablock e um parquinho vertical que rendeu uma verdadeira obra ― grande conquista para quem começou essa jornada numa mesinha plástica de jardim.

E tentamos ter uma piscina inflável, que esvaziava sempre que chovia (longa história), depois bichou (desculpem pelo surto de dengue!) e acabou furando no limoeiro (que limão mesmo não quis saber de dar até o presente momento).


Este post-comemorativo não poderia excluir o frajola figura que decidiu morar em Gatoca, contra a vontade de Gatoca, e me rouba sorrisos úmidos nos dias difíceis com poses assim:

28.3.24

Chocolate não anda mais

Pensem em uma gata de 17 anos e meio que tem os olhos brilhantes, as mucosas coradas mesmo sem comer sozinha, hidratação de fazer inveja à gen-z, zero ocorrência de vômito, cocô de exposição. Mesmo assim, Chocolate foi saindo cada vez menos de sua cama nuvem, parou de ronronar, o miado ficou rouco.


Ok, nos últimos meses rolaram uns sintomas respiratórios em parzinho com a Jujuba. E a ataxia, que de vez em quando escorregava uma pata ou atrapalhava um salto ― bem mais sutil do que em dezembro. E a respiração acelerada, sem diagnóstico certo. Mas eu aceitei que ela não conseguiria mais caçar croquetes no parquinho vertical e seguimos.

Na esperança de desvendar o mistério da apatia repentina, paguei, então, um veterinário da cidade para vir aqui em casa. Ele cogitou problema no coração, que explicaria a respiração acelerada, a apatia e a ataxia intermitente, pela falta de oxigenação adequada do sistema nervoso central. Só que não pegou nada na auscultação.


A respiração acelerada também podia ter a ver com uma broncopatia, resquício de infecções respiratórias malcuradas, o que justificaria o catarro na garganta e os engasgos bizarros que vem e vão. Só que não apareceu na auscultação igualmente ― nem as tais áreas de silêncio, que dedaram o derrame pleural da Pipoca.

Temperatura, linfonodos e tireoide estavam ok, a elasticidade da pele foi considerada exemplar para a idade e recebi elogios pela longevidade ― o vet brincou que a pequena havia envelhecido melhor do que ele, que nem velho era. Durante a palpação da região lombar, porém, ela mordeu o coitado, ressuscitando a suspeita de artrose.

Eu não queria fazer os exames. Choco é uma gata sensível à manipulação, que passou dias com diarreia de pingar só porque lhe botaram um estetoscópio no peito, no ano passado. E teve cistite quando aumentei as seringadas de patê, receosa com o leve emagrecimento. Mas o homeopata escreveu um pedido tão fofo que cedi.


A equipe de raio-x veio aqui também, porque decidi não economizar nos últimos cuidados com os bigodes, todos na sobrevida ― almoços fora podem esperar e roupa já nem compro mesmo. A ranheta pareceu tranquila e só com o sague no xixi da manhã seguinte é que percebi que sofreu calada.


O resultado deu coração "com dimensões usuais para a idade referida" e pulmões "com aspecto de senescência" ― no latim vulgar, pulmões de velha. O problema estava na coluna, com um combo de espondilose ventral + esclerose das placas terminais + espaços intervertebrais com acentuada redução + opacificação/mineralização do forâmen intervertebral.

E da última visita ao tronquinho no gatil, com o equilíbrio prejudicado, para cá, menos de dez dias depois, a peluda perdeu quase completamente a mobilidade, andando com dificuldade apenas até o banheiro, colado ao colchonete coberto com tapete higiênico.


As patas traseiras ainda amanheceram inchadas hoje e o nível avançado desse desafio a prestações pode compreender um trombo ― coágulo de sangue que surge em um vaso sanguíneo do corpo, impedindo a circulação.


O prognóstico definitivamente não é bom, mas com a Keka dividindo os cuidados intensivos, que têm avançado madrugada adentro e recomeçado antes de clarear, só me restou encaixar o choro na hora do banho.

22.3.24

Um ano sem Guda (amanhã)

Eu perdi a conta de quantas vezes ouvi minha mãe perguntar retoricamente o que seria de nós, três filhos de personalidade forte, se ela morresse. Isso aconteceu muito antes do que qualquer um poderia imaginar, com 12 anos só a mais do que os meus 44, e a verdade é que a vida segue ― a gente chora e aprende a lavar privada, chora e pede ajuda com o arroz, chora enquanto pega três horas de trânsito até o trabalho para dar conta de tudo.

Mas não tem mais o carinho nos cabelos, o porto-seguro, a bacia na cabeça enquanto cantava algum jingle grudento da TV. Acho que é assim que as Gudinhas se sentem sem você, Guda. Eu continuei alimentando, limpando (com a escova, sorry), fazendo cafuné, escrevendo e-mails mais longos ao veterinário do que às pessoas que amo. Pipoca e Pufosa completaram 16 anos, Keka deve chegar aos 17 de teimosa, Pimenta e Jujuba talvez batam o recorde dos 18.

Mas faltam suas lambidas juntando todo mundo nos almofadões.


Aqui, na verdade, ela estava sendo cuidada, 9 dias antes de morrer

20.3.24

Última visita da Chocolate ao tronquinho?

Minha foto favorita da Chocolate é a do aniversário do ano passado, em que ela curte o vento de olhos fechados, já surda, no seu lugar preferido do gatil: o tronco de árvore que Leo arrastou pelo bairro quando nos mudamos para Araçoiaba, depois de um dos surtos de poda sem critério da companhia de energia elétrica.

Foram dois anos e pouco de contemplação de paisagem, afiação frenética das garrafas, degustação de matinho ― sempre emoldurada pelas capuchinhas, a flor perfeita para quem prefere cuidar de gatos. Com a ataxia intermitente, porém, o equilíbrio da pequena ficou prejudicado e hoje me toquei que ela não consegue mais aproveitar o tronquinho.


Havia levado a peluda ao jardim para os cliques do Gramado da Fama e ela subiu sozinha, como nos velhos tempos, mas fez a travessia inteira se esforçando para não cair ― até desistir e voltar para a caminha. Veterinário da cidade e equipe de raio-x já passaram por aqui, conto com calma em outro post. Todo mundo elogiou os 17 anos da ranheta. Mas isso não me impediu de ficar chateada.


Obrigada triplamente por quem continua acompanhando o Gatoca nesta fase geriátrica! ❤ E especialmente aos apoiadores, que acreditam que a gente ainda pode despiorar o mundo juntos ― só estou tomando um ar, rs. No último mês, 10% das assinaturas do Catarse acabaram inativadas e essa grana faz diferença. :\

Bem-vinda, Isabella Cantelles! Espero que o Cluboca seja a acolhida que você buscava para a Jova e seu rim solo. Já Gabi e Vera Fromme podem botar o pé no sofá porque estão nos bastidores do projeto desde a adoção da Flea e do Snow ― 14 anos, gente!


Encerro com um aperto a distância nos resilientes Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...

... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe e Sandra Malacrida! 🤗


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 16 anos e meio de projeto. ❤)