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17.1.20

Pandora veio me visitar!

Ela descasava no gramado da Rose, ao lado da Zelda, sua amada arqui-inimiga (que também já partiu), e, quando me via chegar, levantava com dificuldade para fazer a festa de sempre — capricornianos são pé-no-chão até sonhando. Acordei perplexa e fui confirmar no celular: 17 de janeiro de 2020, sua 11ª primeira primavera!

Há exatos 11 anos, a gente aportava na casa da Rose e do Detlev, depois de uma jornada exaustiva — com quase morte, gaiolinha no veterinário, doação para o Brooklin, parto e morte dos bebês, ameaça de eutanásia (que nem contei aqui), devolução, sítio em São Roque (uma roubada, da qual também poupei vocês).

E Pandora ganhou um recomeço de cinema, compartilhado visita a visita neste blog — até que nos mudamos de vez para Sorocaba. Nessa década, que passou tão rápido, ela não economizou gratidão. Em forma de pulos desequilibradores, lambidas, cabeçadas, colos desengonçados, se achando gato.

Hoje, sou eu quem agradece as "notícias". Em algum lugar, distante do coração amassado, está tudo bem.


Epopeia da Pandora:

:: Caixa de esperança
:: Casa de esperança
:: Nascimento da ninhada
:: Morte da ninhada
:: Devolução
:: Boletim - 28 de novembro
:: Boletim - 1º de dezembro
:: Boletim - 8 de dezembro
:: Sítio temporário
:: Doação de conto de fadas
:: Primeira primavera
:: Segunda primavera
:: Festa em Sorocaba
:: Terceira primavera
:: Quarta primavera
:: Quinta primavera
:: Sexta primavera
:: Sétima primavera
:: Oitava primavera
:: Nona primavera (atrasada), com vídeo!
:: Décima (e última) primavera
:: Fim

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14.1.20

Sobre coalas e lápis de cor

Eu já contei aqui que meus irmãos cresceram pedindo um cachorro aos nossos pais, enquanto eu não fazia a menor questão de ter um bicho de estimação — pelo contrário: sentia um misto de medo e nojinho quando os peludos dos nossos amigos pulavam em mim. E eles sempre pulavam, mesmo que houvesse outras 20 opções no recinto.

Acontece que os incêndios recentes na Austrália me fizeram lembrar que eu sonhava era com um coala! Não porque eles parecessem extremamente fofos, comessem folhinhas de eucalipto ou vivessem agarrados com seus filhotes. Mas porque habitavam as caixas de lápis de cor, uma das minhas maiores riquezas de infância.

Aos poucos, a gente vai destruindo a natureza, os animais, nossa capacidade de criar futuros.


Coalinha órfão encontra refúgio em Asha, na madrugada australiana de 2018, para enfrentar os 5ºC

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10.1.20

Gatoca visitou um santuário de bichos fofos!

Atualizado às 22h05

Pensem numa Disneylandia para protetores! Foi assim meu sábado na casa da Mônica Campiteli e do Rodrigo Rotta. Já comecei fingindo costume com a cabra Bé.


A criatura é tão esperta que pisava no tronco do arbusto para conseguir comer as folhas mais altas.


E, nas horas vagas, gosta de brincar de cabecear, o que quase me rendeu um capote na escadaria que levava ao rio.


Para os cachorros, ao menos, eu fui preparada — dez anos de Pandora!


E o troféu apelão sempre fica com os gatos, né? Chico é paraplégico e precisa de uma família — vou contar a história dele em outro post.


Já Bigodinho dá vontade de apertar até soltar aquele miado de socorro.


E os bebês gambás dormindo na pia?


Vinte anos depois, eu finalmente conheci o porquinho-da-índia do poema do Manuel Bandeira, um dos meus autores favoritos. Sim, ele parece uma mistura de coelho com aquele cachorro-esfregão.


Por falar em coelho, tinha também. De desenho animado...


...e mal-encarado, comedor de manga (argh!).


As galinhas podiam montar um grupo de k-pop — se você não sacou a referência é porque não tem uma enteada adolescente.


E os patos, uma banda de progressivo.


Leo também fez amigos!


O bolo de cenoura foi preparado com ovos das penosas resgatadas.


Agora, posso responder à pergunta que um amigo me fez quando virei vegana: sim, eu comi o bolo, Casé. Tinha gosto de vida. :)


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9.1.20

Quarentona, gata-presente e ladra felina

Quando eu comecei o Gatoca, tinha 27 anos, dá para acreditar? Pois no dia 6, agora, completei quatro décadas! E, em vez do festerê esperado, tudo que consegui fazer foi desmanchar no parque e observar as garças, depois de um 2019 puxado e cinco semanas de alimentação forçada para a Pipoca.


Pipoca, aliás, comeu a ração renal sozinha no pote pela primeira vez, presente de Chicão — transformei a foto noturna em ilustração, porque a qualidade estava péssima. Mas guardei a original de lembrança de mais uma ressurreição.


Aqui, abro um parêntese para agradecer o carinho de vocês, que até reiki fizeram para a pequena (Roberta Herrera ❤). E preciso dizer também que, na virada do ano, quando divulguei o cachorro que havia fugido perto do shopping Santa Cruz, a Allyne Mk pegou o carro e ficou rodando pela região até escurecer. Gatoca tem, de longe, os melhores leitores!

E, como a única meta batida deste projeto em 2019 foi voltar a ler, Leo me deu a assinatura do Clube da Isabella Lubrano, cuja primeira caixa a Chocolate já se apossou — com o livro dentro, claro. E Mari, a irmã quase-italiana, mandou um Kindle modernoso, que não dividirei com nenhum dos bigodes.


Que os próximos 11 meses sejam de calmaria, para eu me preparar para o inferno astral dos 41.

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31.12.19

2019

Virou um ritual: toda retrospectiva do Gatoca eu termino chorando — e olha que já foram 13! Neste 2019 atípico, porém, o texto começa molhado. Que ano! Zero frila de jornalismo, duas pneumonias, três mortes e meia (Pandora, Flea, Kiwi e quase Pipoca), relacionamentos doídos. E a humanidade fazendo humanices, especialmente por aqui.

Eu tive de explicar por que um projeto de lei para aumentar a pena de crimes contra animais (PLS 470/2018) era péssimo, que aquele que pretendia torná-los sujeitos de direitos (PLC 27/2018) só valia para os pets, como ajudar os bichos de Brumadinho, pós-rompimento da barragem da Vale, que país os cortes de verba nas universidades públicas e o cancelamento de bolsas de pesquisa gestariam.

Entrevistei Luisa Mell sobre os cachorros torturados no canil de Piedade. Comparei a decisão do STF sobre o sacrifício em cultos religiosos com o bacalhau da Páscoa — que pode ter ovo, coelho e comida incrível sem sacanear ninguém. Usei "Dumbo", do Tim Burton, para insistir na crueldade do entretenimento com animais. E o caso dos pitbulls da rinha de Mairiporã para lembrar os 200 mil anos de destruição que nos acompanham.

Ainda trombei com galinhas morrendo de pouquinho na avicultura do bairro, galos que pararam de cantar na panela, sítio com placa constantemente renovada de "vende-se leitoa", cavalos puxando carroça, quando não tombados — o lado ruim de se morar no interior. E precisei encarar o machismo de um vizinho-agressor.

Nós também fracassamos nas metas para 2019 — quer dizer, retomar os livros de papel, que dependia só de mim, superou o esperado, rs. Foram 15 e estou no fim de "O Desaparecimento de Stephanie Mailer", lendo "Lúcifer" (HQ) durante as caminhadas, "Alice no País das Maravilhas" com as enteadas, rabiscando loucamente "O Encantador de Gatos" para criar conteúdo para cá. E Leo e eu viramos personagens infantis!


Depois de cada porrada, eu respirava fundo, me desencolhia e forçava um novo passo. Assim conheci Alana Rox, responsável por me tornar vegana há quase quatro anos — de vegetariana já somam 13! Participei do Fórum Sorocaba Unida pelos Animais, onde ativistas e população em geral apresentaram suas demandas ao poder público. Dirigi 280 km para doar dois sialatinhas da favela.

E incentivei vocês a apostarem também nas pequenas ações transformadoras, a compartilharem calor, a serem mais compassivos — desafio comemorativo de Dia Mundial dos Animais. Vocês, aliás, seguiram apoiando o Gatoca. E teve Gramado da Fama em janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro, que ficou para o ano que vem. ❤

Foi esse suporte financeiro que me permitiu fazer os cursos de escrita com Marcelino Freire e de jogos de tabuleiro e edição de vídeo, no Sesc, que virarão projetos ao longo de 2020! Nosso Netflix para assinantes já estreou, inclusive, com o curta "Altos e Baixos" — eu queria ter produzido algo para o Natal, mas o especial acabou saindo só no blog, por causa da Pipoquinha.


O financiamento continuado também pagou contas importantes, enquanto eu investia em articulações que demoram para virar dinheiro. Rolaram reuniões com a Secretaria da Educação de Sorocaba e o secretário do Meio Ambiente. Nós perdemos o edital do Movimento Bem Maior, mas vencemos o do Condeca — aguardem desdobramentos! E talvez a gente leve o workshop de fotografia e escrita para futuros desejáveis a São Paulo.

Neste ciclo que se encerra hoje, sobrou reflexão. Sobre despedidas, luto, deixar ir — Simba faltou a mais um aniversário, completando três anos do último colo, o carcinoma da Clara segue avançando e Pipoca ainda não voltou a comer sozinha (30 dias já). Sobre quem pode ou não ser mãe. Sobre a vitória do ar-condicionado contra a natureza. Sobre abandono e maus-tratos, na animação mais emocionante de 2019.

Eu defendi o slow reading, leitura sem pressa e escolhida com cuidado, convite que repito agora. E, honrando o voto de confiança de vocês, o Gatoca espalhou afeto, acolhimento, colaboração (beijo para a Paula Lumi!), abraços (concretos e abstratos), amor plural.

Contou a história de uma das várias amizades improváveis nascidas em seus bytes — e que podem virar série! Compartilhou fotos atuais de bigodes doados há 9 anos. Engajou leitores a ajudarem o Gordo, que já ganhou uma família, e o Listrado, que espera sua segunda chance em um lar temporário.

Ensinou a identificar causas de vômitos, evitar toxoplasmose (sem vilanizar os gatos), doar remédios, monitorar bafo, cuidar da cabeleira (pelo também é saúde!), decidir sobre eutanásia, fazer antipulgas, amenizar o clima seco, não tratar animal como brinquedo, prestar atenção em sinais sutis de doença.

Fez rir — em forma de texto (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10) e vídeo ("Catnaval", "Mulher-Gato", "Inferno Astral Felino", "A invasão"). Se meteu em altas confusões — com bombeiros, transferência de vespeiro, ataque de cachorro, quase-atropelamento, pneu furado na epopeia à veterinária, na Bahia.

Celebrou a vida. Da Chocolate, da Clara, da Pandora (pela última vez), da Guda, das Gudinhas, do Mercvrivs — e da adoção dele, embora com atraso. Os 12 anos de projeto. E as parcerias — Pet Delícia me salvou da falência com o patê das seringadas da Pipoca, depois de oito latas fortunosas de A/D e muito desgosto comprando carne.

Foram 101 posts, bem mais longos do que de costume. Talvez, porque o mundo esteja precisando. E, certamente, porque vocês continuam aí — a gente tem um boletim seminovo para ninguém perder nada, é só clicar e assinar!

Que em 2020 nossa rede de apoio se estenda a mais corações!


Retrospectivas dos anos anteriores: 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

24.12.19

Especial de Natal: colo em cadeia

2019 desceu quadrado aí? Boa parte da família não te representa? Você teve de improvisar com os presentes de Natal — e vários boletos ao longo do ano. Receba este colo! Dona Vera costumava dizer que nunca fica mais escuro do que à meia-noite e até a morte dela, minha pior meia-noite, acabou clareando — o que não significa que não rolem umas tempestades ocasionais.

Lembre também de ser colo de alguém. Mesmo ossudo, doído, desanimado. Essa troca de porto-seguro empodera. Há 1.465 posts, eu doo o Gatoca para o mundo. E vocês dão dicas sobre fluidoterapia, anestesia, inalação para gatos sem morte (a minha, no caso), fazem reiki quando um bigode adoece, ajudam nas despesas de todos os resgatados — incluindo a lendária pomba.

Nosso financiamento continuado, aliás, foi o que me segurou, porque não pingou um frila de jornalismo neste ano, acreditem, primeira seca em duas décadas de profissão. E, se a crise rendeu algumas baixas nos apoios, teve leitor-amigo que aproveitou o 13º para engordar a contribuição de dezembro — Itacira Ociama, Alice Gap e Gleisson Bezerra, obrigada! 💚

Falando em Catarse, eu fiquei devendo o Gramado da Fama de novembro, por causa da Pipoca (que segue na alimentação forçada), né? Paulo André Munhoz deveria ganhar um colo simbólico do Mercv, enquanto ele achatava nada simbolicamente o urso natalino, mas a criatura não quis colaborar. Se o Papai Noel lembrar da gente neste mês, ainda sem novos apoiadores, ele promete não se comportar!


E o último colo de 2019 vai compartilhado para Adrina Barth, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Eliane Bortolotto, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Denise Perin, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Roberta Roque Baradel, Rosana Rios, Lilian Gladys de Carvalho, Regina Hein e Paula Melo, por permitirem que o Gatoca continue acolhendo! ❤

19.12.19

Gatoca chegou às arábias!

Vocês não precisam saber que o comentário é, na verdade, propaganda de uma companhia de esgoto e controle de pragas.


Nem que escolhi botar numa gata o turbante (muito mais legal) dos meninos.


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17.12.19

Pitbulls, rinha e 200 mil anos de destruição

Vivemos tempos difíceis. 41 homens acham divertido torturar cachorros para depois os assistirem se matar (1, 2 e 3). Mas homens torturam e matam há milhares de anos — animais, mulheres, uns aos outros. Os 19 pitbulls encontrados na rinha de Mairiporã foram criados para isso, atividade respaldada por leis arcaicas. Mas a gente cria raças com preocupação estética e desprezo à saúde há pelo menos 6 mil anos.

Eles recebiam medicação de um veterinário para aguentar mais porrada. Mas veterinários medicam vacas, bois, porcos e galinhas para produzirem mais carne, leite e ovos, em suas vidas miseráveis, há quase 300 anos — data da inauguração da primeira faculdade, na França. E os mortos viravam churrasco, como viram churrasco trilhões de seres sencientes, desde a descoberta do fogo.

O que mudou? A quantidade de pessoas que se importam.

E nunca é tarde para trocar de lado. ❤


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13.12.19

9 sinais de doença em gatos que a gente não percebe

Os leitores antigos sabem que insuficiência renal é a maldição de Gatoca. Na época do Simba, havia vômito de ração, água, saliva. Diarreia nas caixas para tomar de canudinho. Perda acelerada de peso. Mucosas amareladas, feridas na boca, bafão. E ele morreu super-rápido, embora os 33 dias de cuidados tenham parecido eternos. Três anos depois, cá estamos de novo às voltas com a doença.

Mas Pipoca só vomita poltergeists esporádicos — apelidei assim porque ela se põe a girar, enquanto o conteúdo da boca vai sendo arremessado para longe. Não chegou à diarreia nem emagreceu de uma vez, embora esteja 1 kg mais ossuda do que nos bons tempos. E mantém o hálito refrescante — para um gato, claro.

Resolvi listar, então, os sinais que me passaram batido, mesmo com 14 anos e mais de 100 bigodes no currículo:

1) Ficar afastado do grupo ou da família
Pipoquinha, que não é a rainha da sociabilidade, mas gosta de deitar nos almofadões com os irmãos e até de ganhar um carinho do seu jeito, no seu tempo, começou a passar dias inteiros isolada num caixote do quintal.

2) Procurar lugares escuros
Bichanos curtem esconderijos apertados, sim. Só que embaixo da cama ela se enfiava apenas quando vinha visita — e costumava sair rápido. Todo comportamento atípico deve ligar o alerta.

3) Deitar no chão gelado sem estar calor
Aquela deitada largada, tipo pano de chão, sabe? A dica também vale para os peludos que decidem se meter embaixo das cobertas com os termômetros marcando 32ºC, como a Keka.

4) Estacionar no pote de água
Você passa e a criatura está olhando fixamente para a tigela. Retorna e ela continua ali, sem tomar uma gota. Inúmeras vezes peguei Pipoca "abraçada" aos bebedouros.

5) Fazer cocôs e xixis fora do padrão
Não precisa ser diarreia. Fezes amolecidas no banheiro já podem indicar algum problema. Excesso de xixi ou aquele odor que arde os olhos também.

6) Miar diferente
Imagino que a fraqueza influencie nas cordas vocais, porque tanto a pequena quanto o Simba adotaram novos tons até o miado desaparecer de vez.

7) Descuidar da limpeza
Pelo sujo significa falta de banho, o que mancha a honra de qualquer gato saudável — tem dicas bacanas aqui. Quando um animal doente volta a se lamber, portanto, está liberado chorar.

8) Apresentar mucosas pálidas
Não esperem pelo amarelão. Basta um rosa desbotadinho para sinalizar início de desnutrição.

9) Começar com frescura para comer
Antes de parar de vez, Pipoca me fazia segurar a colherzinha do patê, que ela adora, um tempão no ar. A ração eu precisava colocar direto no chão, porque ela resolveu implicar com todos os comedouros. E terminei dando grãozinho por grãozinho na boca tibetanamente.



Outras infos importantes:

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11.12.19

Contrariando a expectativa, Pipoca ressuscitou!

Não, ela não está comendo sozinha. Foram seis dias de A/D, boa parte das latinhas na seringa, e já entramos no quinto de patê caseiro turbinado, que, por apenas duas vezes, ela se animou a lamber direto da colher. Mas a caminhada trôpega passou, o miado recuperou a força, ela voltou a ficar no grupinho. E engordou 300 gramas!

Pode ser um bônus de alguns meses. Ou semanas. Não importa. Eu cheguei a escrever para a veterinária que ela estava indo — os sintomas batiam com os do estágio terminal do Simba. Tenho aproveitado, então, as gracinhas, o sono com sonho, o ronronar no carinho, as escovadas de corpo largado. E como demorou para a bichinha se permitir relaxar!

Sobre o patê, imaginando que vocês vão perguntar, a vet passou a receita, Leo cozinhou porque envolvia fígado e eu filmei tudo (menos a parte em que a gente conseguiu queimar a carne na panela de pressão, rs) para compartilhar o passo a passo aqui. Só falta tempo.

Continuem incluindo a magrelinha nas vibrações natalinas! Eu seguirei atualizando o blog nos intervalos de 40 minutos. :)


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6.12.19

Gatoca venceu o primeiro edital!

Em março de 2016, eu sentei com a Marina Kater para passar para o papel a trilogia de livros que há um tempo morava na minha cabeça — e nos rascunhos do computador. Marina abrigou uma das gatinhas da acumuladora que me fez protetora de animais, virou amiga de vidas e desenha lindamente em aquarela.

De lá para cá, uma legião de pessoas incríveis me ajudou a dar forma ao projeto. Sérgio Rizzo, jornalista e ex-diretor de redação da revista Educação, compartilhou sua experiência com o sistema educacional público, porque eu queria trabalhar com essas crianças. Maria Julia Azevedo, ex-coordenadora de uma das maiores iniciativas do Cenpec, me muniu de informações sobre leitura e primeira infância para embasar a justificativa.

Com a Penélope Martins, "encantadora" de histórias, eu fiz um curso gratuito de três meses — e caiu bem no estágio terminal do Simba, o que rendeu algumas lágrimas fora de hora. No ano anterior, já tinha pago caro pelo curso de elaboração de projetos do Instituto Filantropia, indicação da Yara Boesel, ex-coordenadora do Prêmio Itau-Unicef. Mas foi a Ivana Boal, ex-coordenadora de comunicação do Cenpec, quem me ensinou efetivamente a diferenciar objetivo geral de específico e a pensar indicadores de quantidade e qualidade.


E o José Welington, ex-financeiro do Cenpec (que, como vocês devem ter notado, chamei de segunda casa por cinco anos), fez o orçamento. Inteiro. Sabe aquele giz de cera que os pequenos usarão nas oficinas e que não parece nada, mas, vezes 100, te levará à falência? Ele previu tudo! E o casal-amor ainda dividiu a planilha em módulos chiquérrimos: desenvolvimento, divulgação, disseminação e logística.

Aí, veio a Rosana Rios, autora de mais de 170 livros infanto-juvenis, e me passou seus contatos no Sistema Municipal de Bibliotecas de São Paulo, onde fui superacolhida. Maria Amália Camargo e Silvana Tavano, escritoras queridíssimas também, me colocaram em contato com uma ilustradora profissional para definir os valores. Rodrigo Mendes, presidente do IRM, me encaminhou o contato de uma editora parceira. E Alexandre de Paula, da gráfica Ipsis, preparou uma dezena de cotações desde o nosso primeiro contato. rs

Lembram do Fórum Sorocaba Unida pelos Animais? No final do evento, eu me apresentei para o Secretário do Meio Ambiente Maurício Mota, falei do projeto, nós marcamos uma reunião e, justo na semana seguinte, um representante do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca) viria à Câmara Municipal explicar como preencher o edital, aberto por mais um mês. Era o Universo recompensando todo o esforço! rs


Robson me tirou dúvidas pessoalmente, por e-mail e WhatsApp — um santo! Teve também a Sonia Maria Manetta, gestora da Secretaria da Educação de Sorocaba, que fez um corre para levantar os dados das escolas que eu precisava para o formulário — e foi uma das primeiras pessoas da cidade a acreditar na iniciativa.


Mas ainda faltava o CNPJ de uma ONG, porque o Condeca não aceita inscrição de gente como a gente. Paula Martinez, presidente da Ciranda para o Amanhã, topou a parceria, mas a documentação deles não ficaria pronta a tempo — Paula, aliás, é mãe de três vegetarianinhas e deu dicas preciosas para os livros! Isabella, também da Ciranda, fez a ponte com a Mahyra, do Instituto Fazendo História. E me indicaram até uma figura bem-articulada da prefeitura de São Paulo.

Três semanas, zero sucesso. Quando faltava uma para o edital fechar, comuniquei nosso fracasso ao Secretário do Meio Ambiente e ele ofereceu inscrever o projeto pela prefeitura. Foram os cinco dias mais derrete-cérebro da minha existência — só de planilha somavam sete. E a prefeita Jaqueline Coutinho assinou a papelada toda no fim de semana!

No último sábado, saiu nossa aprovação no Diário Oficial — dos poucos sem pendências!

Depois de 12 anos e meio, Gatoca pode captar recursos com isenção fiscal! Isso significa que a empresa que financiar o "Amigão Bicho" abaterá esse valor dos impostos. E sensibilizará o olhar para os animais de 1 mil crianças matriculadas em escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental de Sorocaba, priorizando regiões de vulnerabilidade social. ❤

Marina já desenhou as primeiras patinhas para a apresentação aos engravatados. E Leo Eichinger, que tocará o projeto gráfico dos livros, transformou em coração. Vai ter até minidocumentário assinado pela Tatiana Pagamisse, cineasta e BFF! Espero voltar em breve para contar a continuação da epopeia.

Um obrigada de alma a cada nome citado no texto! À Mariana Levischi, que de irmã mais nova virou porto-seguro. E aos apoiadores do Catarse, que me permitem realizar esse trabalho que não aparece no blog. Quando eu digo que R$ 10 fazem diferença, é porque fazem mesmo. E vão fazer cada vez mais!

5.12.19

O pior aniversário de adoção da história!

Na segunda-feira, fez 14 anos que Mercvrivs* chegou anêmico, infeccioso e virótico em Gatoca. Quatorze anos de vitória no Jogo da Vida contra a morte! E eu tinha preparado minha coluna para passar o dia inteirinho de trabalho com ele no colo — como acontece todos os dias, rs. E ele tinha preparado a malemolência de sempre.


Mas Pipoca, que havia começado a comer cada vez menos e na véspera recusou até a latinha irresistível de A/D, entrou no esquema de alimentação forçada. E manhã, tarde e noite se dividiram em intervalos de 40 minutos, onde eu precisava (e ainda preciso) alternar seringadas de patê, água e remédio. Até a hora de dormir.


Pipoca está com 12 anos e meio e tem insuficiência renal desde os 5 — infos importantíssimas sobre a doença aqui! Na segunda, andava desequilibrada, pausando a subida a cada degrau da escada, com as vértebras lembrando piano no carinho. Hoje, lambeu as primeiras colherinhas de patê sozinha. Uma pequena grande conquista.


Mercv está no colo agora. Ele sabe que ganhou uma mãe de coração fracionado. E compensa o afronte se apossando da maior parte.


Eu estou um bagaço. Mas aprendi que algumas batalhas são só nossas.

*Novelinha: Conheça a história do Mercv

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29.11.19

Listrado Friday: 1 gato, ronrom em dobro

Lembram que o Listrado apareceu machucado no condomínio de prédios do Campo Limpo, junto com o Gordo, que já até realizou o sonho da casa própria? Eu pedi um lar temporário para a gente conseguir cuidar dele direito e a Miriam Arcuri atendeu! Aqui vale abrir um parêntese para contar ao pessoal das desculpas que ela tem sete gatos. Fecha parêntese.

No dia 8, Melissa Menegolo, a leitora do mês de Gatoca (rs), levou o peludo até a Barra Funda (SP), os moradores do condomínio fizeram vaquinha para pagar a consulta veterinária e Miriam enfrentou um carrapato, uma mordida e a madrugada de miação.


Na clínica, ele teve a pata quebrada enfaixada e tomou uma injeção de antibiótico para a infecção local — o vet acha que o coitado ficou uns dez dias perambulando com dor, sem que ninguém se importasse. A boa notícia é que os remédios acabaram, a ferida cicatrizou, a tala foi retirada, a castração já está agendada e nós podemos divulgá-lo para adoção!

Listrado adora colo, carinho e um bom papo — chama quem passa esfuziantemente para ganhar atenção. O plantonista do hospital estimou 3 anos, mas o segundo veterinário acha que ele não passa de 1. É o bichano perfeito para famílias animadas, porque gosta da companhia de outros gatos e não disputa a liderança.

Conto com vocês para escrever essa história de Natal?


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28.11.19

Gatoca (e os gatos) como vocês nunca viram!

Este post tem que começar com um aviso: se Amanda Palmer é um nome desconhecido para você, interrompa a leitura agora e vá assistir ao TED mais inspirador da internet! Eu a descobri por causa do Neil Gaiman, confesso — aproveitem o fim de semana para maratonar também "Good Omens"! Mas uma cantora, compositora, multi-instrumentista, performer e escritora deve brilhar sozinha, né?

E, em 2013, Amanda me ensinou a arte de pedir. O Gatoca já existia há seis anos e nunca faltou grana para socorrer os animais — 115 gatos, oito cães e três aves, incluindo a lendária pomba, rs. Só que o trabalho de educação, conscientização e mobilização (on e offline) era totalmente voluntário. O mundo precisava. Eu podia oferecer. As contas se pagavam de outras formas.


Como ela conta no TED, que depois virou livro, pedir não é fácil porque nos torna vulneráveis. Mas também cria conexões poderosas. E assim Amanda conseguiu bater o recorde de financiamento coletivo para projetos musicais, arrecadando US$ 1,2 milhão! Se vocês clicarem no link do Kickstarter, verão que a meta era US$ 100 mil. E que o álbum está disponível para baixar de graça.

Os jornalistas perguntavam como, em tempos de crise e incentivando a pirataria, ela tinha feito todas aquelas pessoas pagarem por música. E ela respondia que não tinha feito, apenas deixado que pagassem: "Quando conseguimos essa ligação, elas querem ajudar”. No ano seguinte, a campanha do Gatoca sensibilizou 221 apoiadores e levantou R$ 21 mil. A meta era R$ 15 mil, para reestruturar o layout e publicar textos diariamente. O valor excedente virou mutirão de castração.


Em novembro do ano passado, nasceu nosso financiamento continuado. E comemoramos este primeiro aniversário com R$ 1 mil mensais! (Mais algumas transferências direto na conta.) Não dá para viver exclusivamente do projeto, principalmente com nove bigodes. Mas esse suporte me permite investir tempo em articulações, cursos e outras iniciativas pró-bicho que demoram para se concretizar — a epopeia dos livros infantis vai completar cinco anos!

Nós caminhamos juntos há mais de uma década. ❤

E, contrariando todas as estratégias de marketing, o Gatoca continuará gratuito. Porque o mundo ainda precisa. E porque vocês existem. Neste Dia Nacional de Doar, então, sou eu quem tem uma surpresa! O trailer do projeto desenvolvido no curso do Sesc segue abaixo. E o vídeo, com 99 takes de um fim de semana entre gatos, plantas e enteadas, vai por e-mail como agradecimento — lembrando que o Gramado da Fama de novembro ainda está vazio!


"Quem mendiga exige nossa ajuda, quem pede tem fé na nossa capacidade de amar e no nosso desejo de compartilhar."


22.11.19

CSI com gato, tensão e final feliz

No começo do mês, eu contei a história do Gordo, abandonado em um condomínio de prédios no Campo Limpo, quando os tutores se mudaram — e do pedido de ajuda da Melissa, eterna mãe do Kiwi, porque culparam o gato azarado pelos carros riscados da garagem e o síndico proibiu os moradores de alimentá-lo. A ideia era conseguir uma fast-family. Mas, duas semanas depois, o bichano desapareceu.

A mãe da vizinha da Melissa viu um casal colocando-o na caixa de transporte e elas até pensaram em pedir a gravação das câmeras de vigilância. Só que se lembraram de que a vida real é bem menos tecnológica e acabaram espalhando cartazes de papel em busca do bigode pela área comum mesmo. Foi quando o Ricardo e a Célia apareceram.


Encheram o WhatsApp da Melissa de fotos do recém-batizado Oliver na casa nova — tem coisa mais emocionante do que ver um animal resgatado da rua dormindo em cama de lençol florido? E reescreveram a história do gorducho nesta cartinha pré-natalina:

Nós nos mudamos para o condomínio há um ano. Nesse meio tempo, cruzamos com o Oliver algumas vezes. Lembro da primeira, em que ele mexia no lixo e ficamos impressionados com seu tamanho. Mas era muito difícil chegar perto, porque ele estava bastante assustado. Até imaginamos que tinha um dono que o deixava passear sozinho.

Três semanas depois, meu marido conseguiu fazer carinho e ele começou a miar bastante, só que não tocou na ração. Reforçamos a teoria de que tinha dono, por isso estava bem cuidado e sem fome. Aí, teve um dia em que choveu bastante e o vimos se escondendo embaixo de um carro. Tentamos chamá-lo, mas ele correu.

A moça que trabalha aqui no prédio disse que a família havia se mudado e o deixado para trás. Já estávamos com dois gatos em casa, sendo um deles filhote, com a castração marcada. Mas, em uma manhã pós-academia, ele seguiu meu marido, que me ligou pedindo para levar a caixa de transporte, e o encontrei sentado no chão, chorando com o gato no colo.

Tive certeza de que o Oliver entraria em nossas vidas para mudar. Levamos ao veterinário para assegurar que ele estava bem e saudável. E hoje temos três filhotes lindos e amados!



O Gatoca recebe muitos pedidos de socorro assim e responde todos eles com informações sobre como resgatar, envolver a comunidade, castrar mais barato, organizar vaquinha, divulgar o animal (cansei de oferecer textos), escolher a família ideal. Mas poucas pessoas topam colocar a mão na massa. Fica aqui meu agradecimento público à Melissa Menegolo por não se conformar. E, claro, ao Ricardo e à Célia por esticarem o coração. 💕

ONGs que atuam com resgate e doação são imprescindíveis. Mas o trabalho de educação, conscientização e mobilização acaba passando batido — nosso financiamento continuado no Catarse completou um ano ontem e ainda não temos apoiadores novos neste mês. Se vocês acreditam que o Gatoca faz diferença (e já são 12 anos!), contribuam com qualquer valor. :)

Assinaturas a partir de R$ 15 ainda dão acesso aos vídeos fechados, que estreiam na semana que vem! ─ não esqueçam de cadastrar o e-mail do Catarse (contato@catarse.me) e o meu (bialevischi@yahoo.com.br) no catálogo de endereços para as nossas mensagens não caírem na caixa de spam.

Juntos nós somos transformação!