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11.4.25

Quatro anos de casa nova-velha, sem blog

Foi em 31 de março, mas eu não tinha como contar aqui, pois a Hostinger, empresa que hospeda o Gatoca, conseguiu nos deixar 27 dias fora do ar, por causa de um boleto que vencia no sábado e o banco jogou o pagamento para segunda-feira, respaldado tanto pela Lei 7089/83 quanto pelo Código Civil, no Art. 132 ― e comigo apelando por e-mail, Procon até parar no Juizado Especial Cível.

Ufa! Eu precisava muito botar isso para fora, desculpem. Quando chegou o aviso de que apagariam todo o conteúdo do servidor, no último sábado, vi 18 anos de projeto indo para o lixo ― o painel que me permitia acessar os arquivos já estava zerado, como se a gente nunca tivesse existido por lá. Quanto vale uma gastrite, seu juiz?

Agora, sim, a comemoração! No aniversário de 2024, eu disse que a gente havia instalado a lendária porta do banheiro, né? Mas a verdade é que, como faltava o batente do lado de dentro, Leo tirou para pintar tudo junto e, entre uma morte e outra de gato, mais um ano e meio se passou ― vocês também se perguntam para onde vai esse tempo, que parece tão lento quando se olha de dentro?

O desfecho da epopeia ocorreu em 23 de março e pedia registro, né? Spoiler alert: a gente ainda não sabia que a porta não cumpriria sua função a contento.


E esse foi o grande feito dos últimos 365 dias em Araçoiaba da Serra ― junto com os surtos de arrumação, doação, jardinagem e a visita de amigas cultivadas há três décadas. Isso porque na lista dos fatos esquecíveis estão a morte inesperada da Pimenta, apesar de velhinha, e as partidas esperadas, mas igualmente tristes, da Chocolate e da Keka, deixando Jujuba sozinha pela primeira vez em 17 anos e meio ― Jujuba, a gata que me rendeu uma escarificação e agora não desgruda.


Por falar em grude, outra transformação produzida ao longo desses 12 meses foi a do Intrú, que não perde uma oportunidade de ganhar carinho, inclusive quando me vê desmontada da caminhada ― e ainda espera uma casa onde possa morar do lado de dentro da porta de vidro lavanderia.


Termino este retorno de brasileiro-que-não-desiste-nunca com dois pedidos:

🚨 Divulguem aos amigos os links do Gatoca que permitem comprar no Petz (com 10% de desconto!), na Amazon, na Shopee e agora também no Mercado Livre, revertendo uma parte do valor ao projeto. Como a Hostinger derrubou o blog 17 horas depois que publiquei o post, ninguém viu ― e perdemos as vendas justo do Dia do Consumidor. 😢

🚨 Esse período todo inacessível prejudicou também a indexação no Google dos textos que ajudavam gatos doentes, principalmente renais, e acolhiam seus tutores, como mostra o relato que Aline compartilhou recentemente no Cluboca. Bora fazer uma força-tarefa para que eles voltem a aparecer nos resultados de busca? Preciso que vocês interajam com os posts que redivulgarei nas redes sociais ao longo das próximas semanas. 😊


Obrigada! Obrigada! Obrigada! ❤️

14.3.25

Como apoiar o Gatoca sem gastar um centavo!

Antigamente, só os ricos podiam financiar pinturas e esculturas da própria cara e fazer filantropia enquanto mantêm a população na miséria. Agora, vocês conseguem comprar a ração dos bigodes no Petz com 10% de desconto e ainda ajudar o Gatoca a seguir na luta contra os algoritmos das redes sociais e a inteligência artificial do Google para educar e mobilizar corações pelos animais.

Ou trocar na Amazon aquele aspirador que só falta tossir os pelos da bicharada de volta e patrocinar a criação do primeiro card game do projeto. Dá até para renovar o guarda-roupa (bípede e quadrúpede) na Shopee, garantindo a vida boa do Intrú ― que ainda espera sua família definitiva.

Ao usar nossos links para adquirir qualquer produto em um desses parceiros, uma porcentagem da sua compra é automaticamente revertida para deixar o mundo melhor ― 7% no Petz (também válido com o cupom GATOCA) e até 15% na Amazon, dependendo do item.

Não custa nada a mais para vocês e faz toda a diferença para a gente ― só para manter o blog no ar vão, anualmente, R$ 300 de servidor + R$ 40 do domínio nacional + R$ 90 do domínio gringo (sim, nós cultivamos grandes ambições, rs).

Ah! O incompetente do Bezos não consegue rastrear que a compra vem do Gatoca se abrir no aplicativo. Para ter certeza, vale copiar e colar o link num navegador em que dê para enxergar em alguma parte da url gigante: gatoca07-20.

Obrigada! Obrigada! Obrigada! ❤️

7.3.25

Cluboca do Livro: gato sueco dribla velho rabugento

Em Gatoca seria "gato rabugento dribla velha nada sueca" ― a foto não me deixa mentir. A boa notícia que acompanha as mordidas empolgadas, aliás, é que Intrú se recuperou da gastrite, inflamação intestinal ou qualquer revertério que tenha me feito pensar que ele morreria antes de ganhar uma casa.


Voltando ao livro, Um Homem Chamado Ove, do sueco Fredrik Backman, me abraçou durante os cuidados intensivos da despedida da Keka e é tão deliciosamente escrito que, ao concluir a leitura em e-book, acabei comprando também a versão impressa, só para poder grifar inteirinha e mandar para minha sogra, igualmente precisada de um intervalo de vida.


A gente ri da rabugice de Ove, que acredita estar cercado por idiotas, se emociona com as brechas que os vizinhos novos conseguem abrir entre as tentativas frustradas de abreviar uma existência sem sentido após a morte da esposa e torce o tempo inteiro pelo gato ― mais do que isso não posso contar! Se deem de presente esse afago na alma, mesmo fora do Cluboca do Livro.

Tem filme fofo também com o Tom Hanks, em que o personagem foi rebatizado de Otto, mais norte-americano, e no Brasil se chama O Pior Vizinho do Mundo, para manter a linha editorial da Sessão da Tarde. Mas não chega aos pés do texto do Backman ― quem descreve a passagem dos anos em modelos de carro? Depois desse, devorei Minha Avó Pede Desculpas e já botei na lista Gente Ansiosa.

O encontro para conversar sobre a leitura ocorrerá no segundo domingo de abril, dia 13, das 16h às 19h, pelo WhatsApp. Para participar, basta apoiar o Gatoca com qualquer valor a partir de R$ 15, escolher uma bebida e comprar sua edição favorita ― usando os links abaixo, uma porcentagem vem para a gente. :)

- Um Homem Chamado Ove, em papel
- Um Homem Chamado Ove, em e-book
- Qualquer item adquirido na Amazon partindo deste link ajuda o projeto


Discussões anteriores

:: Vou te Receitar um Gato, da japonesa Syou Ishida
:: O Mestre e Margarida, do russo Mikhail Bulgakov

28.2.25

Intrú adoeceu antes de ganhar uma casa

Na terça-feira retrasada, quando Intrú não saiu da casinha esgoelando pelo café da manhã, eu ri ― quem vai para a gandaia na segunda não tem boletos a pagar! Jujuba, como uma boa velha insone, começara a sinfonia às 6h e já passava das 10h. Acontece que ele vive do lado de fora, com uma infinidade de opções gastronômicas e assustadora competência em caçá-las, e demorei para perceber que alguma coisa estava errada.


O gorducho continuou rejeitando a comida e foi ficando cada vez mais prostrado, até chegar ao ponto de me deixar fazer carinho na barriga ― nem dava mais para chamar de gorducho, aliás, porque ao 1 kg intencional que ele emagrecera durante três meses, a balança indicava que haviam se somado mais 400 g involuntários, em apenas 13 dias.


Se tem uma coisa que o cara de pau nunca perdeu foi o apetite. Mesmo quando voltava machucado de briga, manco de queda ou com teia de aranha no cabelo. E ele não apresentava nenhum desses sintomas ― nem salivação por intoxicação. O veterinário pediu exames de sangue, mas, ainda que eu conseguisse contornar os rosnados, temia que o peludo sumisse, traumatizado, como no pós-cirúrgico da castração.

Começamos, então, o tratamento para gastrite e/ou inflamação intestinal, baseados no enjoo que ele demonstrava ao cheirar a ração e na diarreia amarela florescente. Mas existia a chance de ser linfoma, causado pela FeLV ― sim, o pequeno tem leucemia felina, por isso não pode entrar em casa (e insisto, há quase um ano e meio, para vocês ajudarem na divulgação).

Acordei várias noites pensando que nunca mais o encontraria, se resolvesse se esconder pelo bairro para morrer ― dá gastrite também cuidar de gato que vai para a rua! Virei vários dias oferecendo comida na seringa, água, remédio. Na última segunda, o frajola finalmente lambeu a Pet Delícia batida de colherinha. E já anda arriscando umas apavoradas nos bichinhos.


O paladar seletivo, porém, persiste, assim como a diarreia ― o coitado passa a manhã enfezado até conseguir desenfezar. E não faz nem quatro meses que a Keka morreu. :\


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família
:: Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú
:: Um post mal-humorado fofo de Natal
:: O gato que só falta tocar a campainha!

26.2.25

O Mestre e Margarida: encontro do Cluboca do Livro

Parecem limões afogados, mas a bebida que me acompanhou durante a segunda edição do Cluboca do Livro foi uma caipirinha, cujo gelo derreteu completamente, pois o papo estava bom demais. A leitura custou a engatar, confesso, porque o russo Mikhail Bulgakov escreveu em outros tempos (e ritmo), sobre um país diferente do nosso, em que nos escapam as sutilezas ― senti falta de referências aprofundadas sobre a obra em português.


Foto ilustrativa, porque não saiu todo mundo

Sem contar que falamos de um calhamaço, completamente non sense ― quando você acha que não tem como ficar mais absurdo, aparece uma mulher voando pelada em cima de um porco. A sinopse compartilhei no post de janeiro, neste texto quero abordar os temas que discutimos no domingo, começando pelo prefácio da Zoia Prestes, filha do Carlos Prestes, que morou na União Soviética enquanto rolava a ditadura no Brasil.

Ela destaca a indignação do Bulgakov com a censura às empreitadas literárias que criticassem as distorções da primeira experiência socialista, expressa pelo alter ego do autor, o mestre, que também tenta publicar uma história incompreendida, num recurso clássico de metalinguagem ― Zoia não deixa de admitir, por outro lado, que o governo garantia o básico a toda a população, incluindo exilados como sua família.

Já a perseguição religiosa, que o escritor, ligado à Igreja Ortodoxa Russa, considerava um ataque à liberdade de expressão, provavelmente explica a escolha por contar, alternando com o caos da visita do diabo e seu séquito a Moscou, o martírio de Pilatos ― figura que ilustra a ideia antimaniqueísta presente nas 456 páginas de que não existe bem que seja só bom ou mal que seja só mal. Nem Woland, o capiroto, binga a cartelinha da perversidade absoluta. Behemoth, o gato, ganha fácil. rs

Por fim, o problema habitacional se reflete nos room mates do misterioso apartamento de número 50: Berlioz, que perde a cabeça embaixo de um bonde, e Stiopa, diretor do Teatro de Variedades onde acontece o espetáculo de magia negra que lota a clínica do doutor Stravinski ― e vale contextualizar que essa situação começou a mudar no início dos anos 80, com a expansão do programa habitacional, mas Bulgakov não viveu para ver.

Do mestre, criatura molenga e irritante, não há mais muito o que dizer. Margarida, porém, salva o livro: mulher empoderada (para a época), dobra o diabo no pacto fáustico, aquele de Goethe, e é a única que consegue ter seus desejos atendidos ― primeiro por Frida (sororidade), depois pelo seu grande amor (infelizmente, a criatura molenga e irritante).

Para fazer justiça, imaginei uma terceira camada na obra, em que ela narra a história do autor atormentado que escreve sobre Pilatos arrependido. O filme (sim, tem filme e assisti quase três horas em russo, com legendas em inglês), no entanto, opta pelo caminho inverso e esvazia completamente a personagem. Só vale pela fotografia.

Já em papel (ou e-book), O Mestre e Margarida provoca risos com a conversa entre ela e Azazello, um dos ajudantes de Woland, sobre sua especialidade em matar pessoas, não convencer corações apaixonados. A declaração que Nikolai Ivanovitch (não confundir com Ivan Nikolaievitch) pede para comprovar à esposa o sequestro por uma bruxa e a transformação em porco ― sem data, o gato enfatiza, senão o papel perde a validade. E a máxima de que a ofensa é o prêmio comum por um bom trabalho ― essa vou levar para a vida!

Convida a refletir quando o demônio apresenta Abadon, a morte, como imparcial, tendendo à compaixão pelos dois lados. Quando Koroviev, outro integrante do séquito infernal, esbraveja com a recepcionista da casa Griboiedov que não se pede a identidade para se certificar que alguém é escritor ― ao menos não fariam isso com Dostoievski. Ou quando Woland mostra a Mateus Levi que não existe luz sem sombra e até a sombra, no caso das árvores, pode ser boa.

E o que foi aquele baile do diabo, com criaturas em caixões e forcas chegando pela lareira, uma mistura de Labirinto e Beetlejuice? Claro que nem todo mundo curtiu o livro. Muita gente sequer conseguiu terminar. Mas o encontro bateu o recorde de participação ― convenci até o Leo, porque política ele se anima a debater (essa parte, no entanto, deixei de fora para manter o foco).

Marina Kater, que cursou dois semestres de literatura russa na faculdade de letras, comentou que, mais do que atacar ou defender um sistema de governo, a arte russa critica a falibilidade em nós, mostrando que todo mundo é humano, sem pretensão de apontar o certo: "Ninguém fica na categoria de bem e mal, nem os heróis. A gente é essa mistura".

E ilustrou com o exemplo de Pilatos, trabalhador correto, mas covarde, que se arrepende, não ouve a própria intuição: "Bulgakov tem uma visão crua, de olhos nítidos, sabe?". Karine Eslabão completou que o sistema tende a forçar as pessoas a serem complacentes, mesmo que esse arrependimento dure 2 mil anos: "Já as ações do diabo trazem justiça para quem merece".

Paula Melo, que viajou para a Rússia em 2005, se incomodou com a nudez, considerando objetificação das mulheres. Marina, porém, a enxergou associada ao poder, não ao deleite masculino: "Elas são endeusadas, não objetificadas. Não há estranhamento com a própria nudez". E eu, que participei até de casamento druida, lembrei dos rituais pagãos, em que a nudez representa liberdade e integração com a natureza.

Nós três concordamos, no entanto, que Margarida viver em função do mestre, segundo Paula, "um homem inexpressivo, que precisa de uma mulher para resolver seus problemas", não é superfeminista. Mas Marina bem pontuou que se tratava do contexto da época: "Senti falta, inclusive, de explicarem o que esse mestre tem de tão importante".

E Cris Barreto linkou com o machismo de botar as damas se estapeando para trocar suas roupas por modelos da alta costura de Paris, no espetáculo demoníaco do Teatro de Variedades, visão que Marina contrapôs com a cena, no mesmo espetáculo, dos homens se matando pelo dinheiro que caía do teto: "Bulgakov categoriza os personagens em dois grupos. Os fúteis, que brigam por roupa e dinheiro, e os elevados, como Natasha, que podia ter todas as roupas de Margarida e escolhe a liberdade".

A gente discutiu, ainda, que liberdade e democracia dependem de posição que se ocupa em determinada estrutura, qualquer uma. Que um mundo governado por mulheres, na pior das hipóteses, seria menos violento, dadas as experiências das sociedades matriarcais. Que a lua cheia, marcante na jornada de vários personagens, simboliza a metáfora do enlouquecimento ― de onde, inclusive, nasce a palavra "lunático".

E que o gato é um tremendo canalha, sem moral nem ética, de acordo com Marina, que se coloca sempre como antagonista, por pura filha-da-putagem. Ainda assim, Lorena Fonseca considerou um equívoco enorme existir um bichano no livro que não seja o mestre: "Isso está obviamente muito errado".

*

Volto para contar quando o livro de abril for decidido. Para viver outras histórias, cair na risada junto, se emocionar e culpar o clima seco, basta apoiar o Gatoca com qualquer valor a partir de R$ 15, escolher uma bebida e comprar sua edição favorita ― usando nosso link da Amazon (para qualquer produto, aliás), uma porcentagem vem para o projeto. :)

- O Mestre e Margarida da Editora 34, traduzido pelo Irineu Franco Perpetuo
- O Mestre e Margarida da Companhia das Letras, traduzido pela Zoia Prestes
- Versão em e-book da edição da Companhia das Letras

14.2.25

Um gato que só falta tocar a campainha!

Intrú apareceu em casa que era só cabeça, virou só barriga, época em que se punha a gritar de cima do muro quando voltava da rua para a gente ajudar a descer, e finalmente alcançou o peso ideal, com músculos torneados e gordurinhas bem-localizadas. Mas isso não significa que o coitado precise se esforçar, certo?


Agora, ele se posiciona no portãozinho e grita: "Mulher, cheguei!".



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família
:: Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú
:: Um post mal-humorado fofo de Natal

7.2.25

2024

Pessoas de humanas podem sonhar com licença poética. Mas também se estabacam de mais alto. Sim, eu sabia que os gatos tinham envelhecido, só que, na minha cabeça avessa à matemática, era perfeitamente possível perder um por ano, intervalo confortável para tirar o atraso do sono, recuperar o peso, voltar a enxergar beleza na vida.

E se, em 2023, já havia me despedido de três bigodes (Guda, Pipoca e Pufosa), neste 2024 não só enterrei mais três como os cuidados se sobrepuseram. Chocolate melhorava e piorava da ataxia, enquanto Keka oscilava com os desdobramentos da doença renal e Pimenta tratou de sofrer uma reação alérgica a picada, furando a fila (além de me deixar em negação) ― Choco partiu três meses antes, Keka quatro depois.

Foram tempos tão devastadores que custei a juntar coragem para enfiar o dedo nesta retrospectiva ― notei, inclusive, que só um post entrou para a categoria dos divertidos: a brincadeira com a oficina de hot para gateiras (Quadrilha escatológica e Gato velho pode tudo até tentaram, mas acertaram no pierrô).

Eu sentia era vontade de escrever sobre as mudanças que se atropelavam ― comigo, com a rotinha da casa, com as meninas. Gatoca primeiro se tornou PB, depois deixou de ser gangue, até que sobrou apenas Jujuba, selvagem como a natureza abandonada do gatil. Assim que consegui respirar, aliás, me pus a refazer os jardins, organizar coisas acumuladas, encher sacolas de doação.

A batalha para ressignificar o ano, com faxina descarrego de quem finalmente viraria de 2020 para 2025, amigo secreto do Cluboca e amores de três décadas, só não alcançou 100% de sucesso porque a Samsung quase explodiu meu celular e Jujuba, sozinha pela primeira vez, decidiu que eu não precisava mais dormir.

Foi inevitável, inclusive, transformar o blog em um repositório geriátrico: pele flácida (velhice ou desidratação?), vômitos e dicas que ninguém dá, truque para quem não come comida velha, como medicar gato tranquilo e bichanos difíceis, quanto demora para o soro fazer efeito, suco para animal debilitado, inalação amigável, como cortar comprimido (sem esmigalhar), quando vale a pena manipular, reforço alimentar na seringa.

Mas não deixei de produzir conteúdo para as outras faixas etárias (e seus humanos) também: emergência com gatos (sensibilizada pela tragédia do Rio Grande do Sul), quando correr ao veterinário, como os peludos enxergam, explicações para "fantasmas", funções da língua áspera, personalidade ideal (teste), melhor piso, por que eles jogam coisas no chão, escova para aventureiros, versão que solta vapor, por que vídeo de gatinho faz bem à saúde.

E a série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou outros nove capítulos: sobre curiosidades felinas, dominância, importância dos três Rs, jeito infalível de brincar, como alimentar a gatitude, limpeza e sono felinos e gatificação (lugar para onde voltar, arranhar sem destruir, planejamento urbano antitreta).

Não faltaram, ainda, as clássicas comemorações: o último aniversário da ranhetinha e da parte mais longeva das gudinhas, os três anos de Araçoiaba da Serra, o quase-aniversário e o 17º aniversário do Gatoca, o Dia Internacional da Maquininha de Ronrom. E o casamento, esse inédito, da minha primeira amiga gateira.

A criatura que mais roubou sorrisos no recinto, porém, foi o frajola que não pode entrar ― e de quem eu nem sabia que precisava. Os 20 posts renderam uma tag nova, só para ele: férias do Intrú, o que acontece com bicho que vai para a rua, procuram-se madrinhas, madrinhas conquistadas e um chalé, 59 dias sem acidentes, brinquedinho fracassado, desaparecimento (teste)...

...pãozinho no cobertor (vídeo), o primeiro colo, a primeira ioga, a primeira caçada sem mortes, desafio de aquecer do lado de fora, Vigilantes do Peso Felino, quase atropelamento, Airbnb de saruês, pet no trabalho, procura-se família desesperadamente, visita das Cataratas do Niágara, texto mal-humorado fofo de Natal.

Para fechar na alta, o projeto contou com a parceria da Ana Roxo, juntando felinos, arte e lubrificação ocular, além da menção carinhosa no canal de 65 mil seguidores. E teve o lançamento do nosso Cluboca do Livro diferentão, com o best-seller japonês Vou te Receitar um Gato, de Syou Ishida, e participantes de vários estados do Brasil (+ Canadá) no encontro de discussão.

Que 2025 seja de balanço na rede ― porque isso significará que conseguimos finalmente instalar a rede, que sobrou tempo para balançar, que o gorducho realizou o sonho da casa própria e que Jujuba continua se equilibrando em duas patas para ganhar sachê.


Retrospectivas dos anos anteriores: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

31.1.25

Projeto 2025: de pb, só os gatos!

Eu tenho zero habilidade manual, mas coala ocupou o posto de animal favorito na minha infância por causa de uma caixa de lápis de cor ― de que ninguém ousava usar o dourado e o prateado. Até hoje, entro em papelarias como se estivesse na Disney, a diferença é que me permito curtir o que compro.


Jujuba improvisando, na impossibilidade de se ter um coala

E, quando o financiamento coletivo do Gatoca estreou, lembro de comentar que esperava precisar de canetinhas novas para o Gramado da Fama em breve. Seis anos não é tão breve assim, mas, se a gente considerar os últimos quatro como um bloco (em que sobrevivi a pandemia, golpe na construção da casa, mudança de cidade e morte de oito gatos), parece ontem.

Para parar de ressuscitar as bichinhas com álcool, finalmente escolhi um estojo modernoso, de pontas duplas!




E quem estreia, em companhia da Jujuba, é a Paula Martinez, dona de um coração que resgata galinha de despacho, cria filhas empáticas em tempos egoístas, ainda trabalha como psicanalista nas horas vagas. Ela se junta aos apoiadores maravilhosos que garantem a sobrevida deste projeto, virtualmente apertados abaixo.


Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe...

...Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura, Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim...

...Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Vera e Gabriela Fromme, Lucia Trindade, Aline Silva, Caroline Rocha, Sara Gonçalves, Soraia Mancilha e Celina Matsuda. 🤗

Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer participar do melhor grupo de WhatsApp ou de um clube do livro diferente? Dá uma fuçada na nossa campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos de Gatoca. ❤

24.1.25

Cluboca do Livro: obra russa com gato falante!

Para contrapor a pegada descompromissada de Vou te Receitar um Gato, livro de estreia do nosso clube, escolhemos logo um calhamaço, polêmico e com nomes impronunciáveis. O Mestre e Margarida, do escritor russo Mikhail Bulgakov, satiriza a vida e a repressão sob o regime soviético de Stálin.


E o curioso é que o próprio Stálin viu 16 vezes Os dias dos Turbin, uma das peças do Bulgakov, fez voltar em cartaz quando soube que tinham censurado, ainda arrumou um emprego para ele como diretor assistente no Teatro de Arte de Moscou ― as informações são do jornal O Globo.

Na trama do nosso livro, satanás e seu séquito diabólico, composto por um gato fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador, decidem visitar a Moscou dos anos 1930, deixando um rastro de destruição e loucura ― e inspirando a música Simpathy for the Devil, dos Rolling Stones.

Em algum momento, eles se cruzarão com mestre, autor malcompreendido de um romance sobre Pôncio Pilatos, e Margarida, que fará de tudo para reencontrar seu amado desaparecido ― já li um terço da obra e até agora nada. Estou apanhando, inclusive, para decorar as múltiplas alcunhas dos personagens com a privação de sono proporcionada pela Jujuba.

O encontro para conversar sobre a leitura ocorrerá no terceiro domingo de fevereiro, dia 16, das 16h às 19h. Para participar, basta apoiar o Gatoca com qualquer valor a partir de R$ 15, escolher uma bebida e comprar sua edição favorita ― usando os links abaixo, uma porcentagem vem para a gente. :)

- O Mestre e Margarida da Editora 34, traduzido pelo Irineu Franco Perpetuo
- O Mestre e Margarida da Companhia das Letras, traduzido pela Zoia Prestes, filha do Carlos Prestes
- Versão em e-book da edição da Companhia das Letras
- Vou te Receitar um Gato, para quem ficou curioso
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17.1.25

A batalha para ressignificar 2024 (sem 9 gatos)

O plano original era descansar em dezembro, a última chance do ano ― corpo, cérebro e alma. Mas eu já tinha repaginado o jardim, feito uma limpa no museu dos bigodes, separado as roupas e os livros da Mari para doação. E a casa gritava por uma faxina descarrego, à altura de quem finalmente faria a virada de 2020 para 2025.


Sabem aquele armário em que terra se tornou tempero, as paredes com sedimentos de catarro, secreção de olho, patê e patas, o toldo mofado pelos temporais que arrancaram o portão e as 283 janelas que exigiriam a criatividade de lavar internamente com o pulverizador das plantas? Fora o toalheiro e a luminária do banheiro nunca instalados. Além da porta de tela, cuja estrutura Leo construiu e eu fiquei de pintar e colar o mosquiteiro.


(Acreditem, não sobra muito tempo quando você está sempre cuidando de três gatos morrendo simultaneamente.)


Aí, a bateria do celular de dois anos estufou e a Samsung me deixou 22 dias sem WhatsApp e fotos boas, quebrando o galho com um iPhone de uma década atrás, justo nas comemorações de Natal, Ano-Novo e aniversário ― para querer me cobrar um terço do valor do aparelho pelo conserto. Da taxa de R$ 38 para constatar o óbvio não consegui fugir.


E só pude participar do Amigo Secreto de Talentos do meu próprio projeto usando a conta do Leo no aplicativo de mensagens do Zuckerberg. Ganhei da Karine a história do Gatoca ilustrada por inteligência artificial e editei na unha cinco cenários de Onde Está Wally? para a July procurar Amora, Batata, Matilda, Milka e Pobá ― as versões de IA pareciam saídas de filme de terror.


Para ampliar, cliquem na imagem

Cluboca teve até bolão da virada! Tudo porque Karine, que mora no Canadá, encontrou C$ 10 ao passear com a rata, jogou na Mega-Sena e ofereceu dividir o prêmio com o grupo. Antes mesmo de eu aceitar participar, as meninas já haviam decidido me dar um iPhone novo, comprar uma casa para o Intrú, destinar uma tonelada de ração para ONGs, abrir um cat-café e organizar uma excursão pela Europa para conhecer outros cat-cafés. Claro que não ganhamos.

E, se o Natal foi dia de pijama enquanto o Ano-Novo passamos à base de hambúrguer, não permiti que o cansaço e a frustração tecnológica arruinassem também os festejos de 45 anos. Sim, qualquer amigo precisaria enfrentar horas de estrada (e pedágios) até o interiorrr. Mas Eli, Bá, Tati e Fê trouxeram comida, presentes e lembranças da melhor fase da minha vida ― risadas que riem juntas há três décadas!


Imagina se eu não fizesse ioga! rs

Não, não esqueci da retrospectiva. Só demandava uma energia que não descobri de onde tirar. Sozinha pela primeira vez na existência, Jujuba se põe a miar quando fecho o quarto para dormir e na melhor hora do sono, porque acordou desorientada, e antes das 6h para ganhar sachê batido de café da manhã. Eu até poderia educá-la. Mas 17 anos e meio atrás.


Confesso que também falta estímulo para escrever contra os algoritmos e depois ainda ser roubada pela IA do Google ― acho que nunca fiquei tanto tempo sem atualizar o blog! Na semana que vem, quem sabe?