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29.6.23

16º quase-aniversário do Gatoca e bastidores

É praticamente impossível ganhar na loteria duas vezes, ser atingido duas vezes por um raio ou conseguir duas vagas para estacionar no centro de São Paulo. Mas dá perfeitamente para pegar uma dobradinha de covid morando no meio do mato, na mesmíssima época do ano passado, marcada pelo quase-aniversário do Gatoca.

E para encontrar um tucano na árvore do jardim!


Durante os dois dias em que fiquei de cama (grata, comorbidade!) segui batendo a comida da Pufosa no processador, por causa do combo avançado de gastrite + doença renal. E dando na seringa em intervalos de 40 minutos. E acordando a cada barulho de vômito. Mas também vi a magrela sendo cuidada pelas irmãs, incluindo a Pipoca, desenganada pelo veterinário em abril.


Altos e baixos continuam desenhando a passagem do tempo, em uma jornada que se aproxima das duas décadas — os gatos vieram antes do blog (e de eu descobrir que gostava de animais, rs).

Já colecionamos 1.736 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão aqui.

E renovo a esperança de voltar no dia 10 de agosto, data do aniversário oficial, com novidades! — explicando aos novatos, "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂


Festinhas anteriores: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

23.6.23

O parquinho de gato que rendeu uma obra

Em um mundo ideal, eu teria escrito "reforma" no título deste post, mas a realidade de quem tomou um golpe durante a construção da casa própria é que, dois anos e meio depois, seguimos em obra. E sempre que sobra um tempo no fim de semana com um troco esquecido na calça, Leo e eu tentamos resolver mais um enrosco de 2021, com tutoriais de Youtube.

O próximo da fila era a porta-contêiner do escritório em que escrevo estas linhas, entregue pela empresa picareta na lata, sem isolamento térmico como combinado, derretendo os integrantes do recinto no verão e congelando no inverno. E continuaria assim até 2024, se não batesse a urgência de desencantar o parquinho a tempo de a gangue, passada dos 16 anos, aproveitar.


Comprei isopor e PU para o recheio, um MDF grosso no vigésimo tom de verde de Gatoca e desenhei o projeto improvisando ferramentas. Leo serrou, parafusou, lixou — além de carregar o peso todo praticamente sozinho, porque meus 48 quilos não servem nem para figuração.




(Não apareço nas fotos, mas ralei junto!)


(E de longe ficou ótimo. rs)






Também trocamos por EVA o carpete das peças de madeira, doadas pela Vanessa Aguiar e a Laíze Damasceno ❤️, para facilitar a limpeza — e não cutucar a alergia, atualmente controlada pelo excesso de cortisol no organismo. Se as gatas destruírem, como fizeram com meu tapetinho de ioga, custa barato substituir.






E até comemorarei, porque, desde domingo, elas insistem em ignorar o esforço — físico, financeiro e emocional. Quem arrasou foi o colchão, que resolvi tirar da cama herdada da adolescência e botar direto no chão, para contemplar a artrose da Pufosa.


Talvez, o parquinho tenha saído tarde demais.

Mas vou tentar de novo no fim de semana, com sachê e catnip. :)

21.6.23

Como percebi a artrose da Pufosa

Contrariando a ciência, que diz que nove em cada dez gatos com mais de 12 anos terão artrose, Pufosa é a única da gangue com sinais claros da doença — vale pontuar aos novatos que os bigodes já passaram dos 16. E não identifiquei que aquela patada na cara que tirou sangue, durante a escovação que a peluda tanto amava, era o começo de tudo.

De dezembro de 2020 para cá, ela foi ficando cada vez mais resistente ao toque, irritadiça, paradona. E só liguei os pontos quando este pezinho começou a sobrar de lado ao sentar.


Mas em que consiste a artrose, afinal? Trata-se de um desgaste nas almofadinhas de cartilagem que deveriam impedir o atrito dos ossos nas articulações, especialmente as do colo do fêmur e dos quadris, provocando dor — que piora no frio e com a umidade, sua avó concordará.

Quem tem bichanos a partir de 7 anos já pode começar a prestar atenção. Eles tendem a ficar mais sedentários, sensíveis nas zonas afetadas, mal-humorados. Também se limpam menos, porque precisam esticar muitas partes do corpo para isso. Cerca de 75% evitam saltar e 43% mancam de leve — a maioria dos tutores nem percebe. No esterno (osso do peito), a artrose atrapalha até o colo aéreo.

A prevenção deve ocorrer ao longo da vida, mantendo seu amigo no peso adequado e estimulando a prática de exercícios para fortalecer os músculos, com brincadeiras e enriquecimento ambiental. E, se ele começar a manifestar sintomas, baixe as coisas que costuma usar, incluindo a borda da caixa de areia, providencie uma cama mais fofinha e quentinha, dê uma força na higiene.

Para controlar o incômodo, vale investir também em rações à base de peixes azuis, como sardinha e salmão, que contêm mais ômega 3. E deixe os suplementos para prescrição veterinária, porque ômega 3 é gordura e gordura, amantes de fritura sabem bem, engorda.

Na sequência da fila de cuidados da geriatria de Gatoca vem Pipoca, que começou a reclamar da escovação recentemente, mas ainda escala o arranhador. Pimenta continua caçando lagartinhos (reais e de brinquedo), Keka andando pelas paredes, Jujuba dominando a prateleira mais alta da sala e Chocolate morando na máquina de lavar — além de já ter nascido resmungona.

16.6.23

Como os gatos comem? | EG #20

Atualizado em 17 de agosto de 2023

Chocolate come fondue de Pet Delícia no garfo suíço, obviamente. Mas os reles bichanos usam a boca mesmo, se abaixando para morder suas presas no chão, e, se elas forem muito grandes, podem até comer deitados, segundo Jackson Galaxy no livro O Encantador de Gatos, que inspira esta série.


A cabeça inclinada ajuda com os itens mais difíceis, comportamento ancestral. E balançá-la rapidamente facilita o processo de soltar a carne dos ossos ou remover as penas das aves — sim, parte desse ritual pode se repetir com a ração do potinho. Como os dentes dos gatos são feitos para rasgar a vítima em tiras engolíveis, eles não têm o hábito de mastigar muito.

E a pobreza de papilas gustativas não só afeta o paladar como torna o olfato bem mais importante para a alimentação — tanto que felinos congestionados acabam perdendo o apetite (noto isso com a Pimenta, nas crises mais fortes de alergia).

Ainda que não sintam sabor como a gente, eles percebem a diferença entre salgado, doce, amargo e azedo, tendendo a não curtir os dois últimos — provavelmente uma resposta evolutiva para evitar a ingestão de toxinas perigosas. Os peludos têm também um receptor para o trifosfato de adenosina (ATP), molécula que fornece energia para as células, cujo gosto nós não fazemos ideia.

E, como Joey, do seriado Friends, não dividem comida, carregando suas presas para bem longe do local de abate.

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha e nos comentários de quem participa do melhor grupo da internet! Para quem chega agora, resumi aqui as principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

9.6.23

O melhor arranhador para gato: passo a passo

Levanta a mão quem já caiu no golpe do pet shop! Os caras decidem fazer um arranhador com casinha no topo e usam um poste minúsculo, em que o gato não consegue se alongar para afiar as garras, e uma casinha bamba, onde ele jamais entrará — conjunto custando uma fortuna, logicamente. E a gente torce para a cara de tacho não estar sendo filmada.

Os problemas de Gatoca acabaram em 2010, quando Neise doou para a rifa que ajudaria nas despesas dos temporários um modelo que surpreendia pelo combo de sucesso + simplicidade — tratava-se de um cone de segurança embrulhado em sisal, com peixinhos de carpete. E os bigodes enlouqueceram: arranhavam, mordiam, escalavam.


Sempre que recomeçávamos em outra casa, encomendávamos novos arranhadores — verde e roxo no apertamento de São Bernardo, vermelho e verde em Sorocaba. Até que Neise se aposentou e me confiou seu segredo artesanal. Leo chegou a comprar o sisal na Casa das Cordas (Centro de São Paulo), mais barato. Mas o rolo acabou atravessando intocado pandemia, obra, mudança para Araçoiaba, morte da Clara, do Mercv e da Guda.

Quatro anos depois, finalmente tomei coragem de queimar os dedos na cola quente. E levamos umas três horas só para enrolar o sinal do cone, fazendo juntos — sim, é trabalhoso. Quem estiver disposto a arriscar, porém, garanto que valerá o esforço. E o sofá agradecerá.




Material

- Cone de segurança/sinalização
- 95 m de sisal (6 mm)
- 13 bastões de cola quente
- Pistola para a cola
- 50 cm de carpete ou forração de sua cor favorita
- Tesoura


Passo a passo

1) Limpe o cone para a cola aderir bem.
2) Corte um pedaço do sisal, onde posteriormente os bichinhos de carpete serão pendurados, e passe pelos furos do topo.
3) Deixe a pistola esquentar até a colar vazar pelo bico, senão ela acaba soltando.
4) Comece a enrolar o sisal pela base do cone, cobrindo a ponta com a próxima volta — aplique a cola ao mesmo tempo em que pressiona o sisal, porque ela seca rápido. E procure não deixar espaços como os da foto. rs


5) Vá subindo até chegar ao topo, tomando o cuidado de manter solta corda que segurará os bichinhos.
6) Cubra o buraco do alto com um círculo de carpete e enrole o sisal também por cima dele, terminando no centro, como um caracol.
7) Corte com a tesoura.
8) Use a tesoura para cortar também os bichinhos de carpete no formato que a imaginação mandar — escolhi os lagartinhos que Pimenta adora caçar e usei como molde um brinquedinho dela (primeiro contornei no papelão, mas ficou muito pequeno. Tentei aumentar na mão só que acabou perdendo as proporções. Fotografei, então, e Leo ampliou no computador, contornou no sulfite e passou para o carpete).




9) Prenda os bichinhos com cola quente nas quatro pontas da base do cone.
10) Em cada ponta da corda pendurada, cole mais dois bichinhos, deixando o sisal entre eles, como um sanduíche.
11) Volte para contar o que seu gato achou. :)


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha e nos comentários de quem participa do melhor grupo da internet. Para quem chega agora, aqui resumi as principais ações, on e offline, destes 16 anos de projeto. ❤)

2.6.23

Cantinho novo dos gatos: erros e acertos

Depois de 23 anos reclamando de cabeleireiros que cortavam mais do que "dois dedinhos", me vi tendo de convencer o moço do salão a passar a tesoura nos cachos que flertavam com a cintura. Era 2003, minha mãe perdia a batalha para o câncer na terceira internação consecutiva e eu precisava urgentemente sentir que tinha o poder de mudar alguma coisa.

Nessas horas, o exterior se impõe como a opção mais fácil. E duas décadas se passaram até a situação se repetir, só que com gatos idosos, tecidos e papéis adesivos substituindo o enredo original. Na terceira morte felina, em menos de um ano e meio, Leo e eu pegávamos a estrada até São Paulo atrás de um novo embrulho para Gatoca — e nossas vidas.


O sofá, herdado do último parente que gostava de mim (assim como o anterior), ganhou revestimento de acquablock para dar conta dos vômitos da gangue e eventuais escapes de xixi que só a velhice pode proporcionar — tudo com zíper, permitindo lavar na máquina (usando sabão neutro para não afetar a camada de proteção). E Chocolate estreou com a diarreia bizarra já no dia seguinte!


As prateleiras, doadas pela Laura Paro e na edição anterior encapadas por nós, com uma espuminha simples no topo, foram lixadas e envernizadas (verniz fosco) aqui em casa, mas as almofadinhas delegamos à costureira, também para facilitar a limpeza — mirei no despojado e acertei em um crossover de S.O.S. Malibu e A Fantástica Fábrica de Chocolate. 😂




E confesso que me arrependi de ter escolhido um tecido não impermeável porque suja só de existir, encolheu absurdamente e me obrigou a gastar R$ 70 de Scotchgard que até repele água, só que é inútil para as outras secreções das gatas, com destaque especial ao catarro da Pimenta. Para evitar peludas voadoras, aliás, prendi as almofadas nas prateleiras com fita dupla-face — o velcro não parava colado em nenhuma das duas.




Já os papéis adesivos renovaram móveis de outros ambientes (uma cômoda e dois gaveteiros) e a mesa de jantar doada pela Tati Pagamisse remoçou com capinhas de cadeira listradas, produzidas na força do ódio e da cola quente, quando o dinheiro acabou. Mas ainda vai ter parquinho vertical doado pela Vanessa Aguiar e a Laíze Damasceno!

P.S.: A caixinha de madeira, feita pelo Leo, veio de Sorocaba. Do arranhador de papelão falei aqui e do bebedouro (posteriormente superado pelo de barro), aqui — sim, tem um bichinho de pelúcia afogado nele, rs. Já o arranhador de cone vai ganhar um post exclusivo, com passo a passo!

31.5.23

Pipoca veio com vidas extras!

Se meus cálculos de jornalista-de-humanas estão corretos, Pipoca acaba de estrear sua quinta vida. A primeira foi gasta aos 5 anos de idade, quando eu a encontrei jogada na porta da sala com suspeita de intoxicação, que era, na verdade, um combo de micoplasmose e a insuficiência renal que se confirmaria crônica.


A segunda vida desbotou com a cândida que a faxineira do prédio, para onde a gente havia acabado de se mudar, deixou entrar no apartamento e a joselita tomou de canudinho, rendendo uma colite que tingia cocô e vômitos de sangue, mais uma noite no hospital e vários dias de remédio.

A terceira vida ficou como pagamento pelos sete anos e meio de rins combalidos, com andar desequilibrado e vértebras lembrando piano no carinho, em uma crise que durou cinco semanas, entre alimentação forçada e aplicações de soro.

Já a quarta vida se afogou no derrame pleural de abril (com suspeita de cardiopatia), que veterinário e raio-x vaticinaram irreversível sem a drenagem — procedimento naturalmente arriscado, ainda mais na velhice. E o corpo da magrela não só reabsorveu o líquido sozinho como voltou a caçar insetinhos reais e peixes de brinquedo.


Contrariando todas as expectativas (e a biologia e Darwin), no dia 22 agora, Pipoquinha completou 16 anos!


P.S.: Escrevi sobre a longevidade e os cuidados com os bigodes aqui, para vocês não saírem dando cogumelo para gato. 😂

26.5.23

Aprenda a se declarar para seu gato com os olhos!

Eu achava que dava sono nos bigodes, mas talvez eles estivessem tentando dizer que me amam. O ato de estreitar os olhos parece estar associado à comunicação emocional positiva em várias espécies. E um estudo da Universidade de Sussex, no Reino Unido, mostrou que nós também podemos interagir com os gatos usando uma sequência de piscadas lentas!

Elas normalmente envolvem uma série de semipiscadas, seguidas por um estreitamento prolongado dos olhos ou um fechamento total. O primeiro experimento revelou que os bichanos respondiam mais frequentemente as piscadelas dos tutores, em comparação a nenhuma interação entre humano e felino.

Já no segundo teste, em que um experimentador desconhecido forneceu o estímulo do piscar lento, os gatos tiveram maior propensão a se aproximar, em comparação à expressão neutra. Esses resultados sugerem que piscar para seu amigo é uma forma de estreitar laços. ❤

24.5.23

Aniversariantes do mês – maio de 2023

Na segunda-feira, as Gudinhas* fizeram 16 anos — quase um centenário em gatas!

Pimenta ganhou um lagartinho de catnip para parar de caçar os de verdade, passou o sábado das comemorações de nariz tampado e não deu a menor bola para o coitado. De madrugada, ele sumiu do balcão da cozinha, onde esperava por fotos melhores, e só foi encontrado dias depois embaixo do sofá, imundo, para desaparecer de novo.


Almejando poupar justamente esse sofá, repaginado, Jujuba ganhou um arranhador, que até agora não usou. Mas, como havia se rendido à versão de papelão, o acquablock segue intacto. E Keka, aquele parente difícil de presentear, ficou com o cone de sisal para ela.


Jujuba tentou roubar, então, o sachê da Pufosa e acabou se contentando com o sol no gatil, cortesia de São Pedro.




Já Pufosa descontou o sachê subtraído no patê da Pipoca.


E a ex-magrela nem reclamou, porque ganhou mais uma vida.


Foi o primeiro aniversário sem Guda, que deve ter repassado às filhas felinas o ensinamento da minha mãe humana: irmãos cuidam uns dos outros, porque são nossos melhores amigos.


P.S.: Ainda vou escrever sobre o novo cantinho dos bigodes, nosso primeiro arranhador (com passo a passo!) e a ressurreição da Pipoca. Tenham paciência. rs


*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 (especial Dia do Abraço) | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

18.5.23

Um ano sem Mercv

Hei de confessar: quando Mercv não precisou mais de seu casaquinho peludo, eu cortei um tufo de cada cor e guardei num pote de vidro mais bem-fechado do que os de azeitona, para sentir seu cheiro de roupa passada uma última vez. Dividida entre desapertar a saudade e enlutar uma segunda morte, minha resistência hoje completa 365 dias.


Despedida
:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho
:: Ainda não acredito
:: Primeiro aniversário sem Mercv
:: Colo vazio
:: Ele veio me visitar!

17.5.23

Se tivesse um reality show de Gatoca...

As adoções de gato diminuiriam drasticamente. Na mesma madrugada, por exemplo, Jujuba conseguiu vomitar metade do bebedouro no lavabo e escorreu tudo para baixo da privada. Enquanto Pufosa ejetou na sala uma quantidade considerável de ração digerida, em que Keka escorregou, andou pelas paredes, fez um Matrix no armário do escritório e se enfiou embaixo da cama.

Dez minutos de limpeza-CSI depois, descubro que ainda sobrou um tico. Quem enxerga onde?


Aproveito o post para agradecer os gateiros que apoiam este projeto na alegria e na tristeza, estreando no Gramado da Fama a Marina Fioretti, que pesquisava como aplicar soro subcutâneo e encontrou no Cluboca o acolhimento que faltou no veterinário, e a Valeria Werneck, mineira de Sete Lagoas, terra do Centro de Apoio ao Turista Presidente Juscelino Kubitschek, o CAT JK, que não tem absolutamente nada a ver com gatos.


Esse suporte permite que o blog continue ajudando bípedes e quadrúpedes, em uma jornada que já dura 16 anos, com ações on e offline. Quer se juntar aos despioradores de mundo também e participar do melhor grupo de WhatsApp da internet? Basta acessar o Catarse. :)

Um aperto especial para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande...

...Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba e July Grafe!

11.5.23

Como e o que os gatos caçam? | EG #19

Preparem-se para uma informação chocante: se o potinho de ração do seu gato não enchesse como mágica, ele caçaria de dez a 30 vezes por dia para conseguir oito ratos, cada um garantindo, em média, 30 calorias. Sim, roedores são as presas favoritas para 75% dos bichanos, deixando os pássaros em segundo lugar, provavelmente pela dificuldade na captura.

Mas os bichanos comem qualquer coisa menor do que eles um pombo, incluindo insetos, répteis e anfíbios. A maioria, inclusive, se torna especialista em um ou dois tipos de cardápio, influenciado pela disponibilidade de alimentos e pelo que a mãe oferecia quando eram bebês. E essa preferência, por sua vez, define o estilo e as estratégias para matar:

- Emboscada em campo aberto.
- Esconderijo para ataque surpresa.
- Tocaia em buracos ou tocas.


Eles agarram, então, a presa com as patas e depois enfiam os caninos, finalizando com uma mordida letal na nuca para quebrar a medula espinhal — os menos experientes podem morder várias vezes. Quando a vítima é perigosa, os peludos ainda costumam bater ou atirá-la de um lado a outro, como em uma sessão de tortura, para cansar.

E lembram do papel dos bigodes na confirmação sensorial para o abate, já que os felinos não enxergam muito bem de perto? Pois os dentes também ajudam no processo ao detectar pequenos movimentos com seus nervos. Foi essa caçada eficientes, meticulosa e segura que manteve os gatos vivos até hoje, sendo, ao mesmo tempo, predador e presa.

Mas por que todo esse papo, se o texto começa atestando a existência do pote de ração mágico? Por que seu amigo também tem um estilo de caça e ele se refletirá nas brincadeiras, essenciais ao Gato Essencial, que abordaremos nos próximos capítulos desta série, inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy.

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes quase 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

5.5.23

Primeiro aniversário sem Guda

Parece que faz uma eternidade, só que esta foto tem exatos dois meses. E, por mais 18 dias, Guda* seguiu minha companheira de leitura e roladinhas, até sobrar o gramado vazio. Não deu tempo de chorar, depois daquela madrugada de respiração e sono entrecortados, porque Pipoca acumulou nossas lágrimas no pulmão. Mas, no domingo, devo tirar o atraso. O golpe da barriga completaria 16 anos.


*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

3.5.23

O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos

Atualizado às 20h49

Quando Simba morreu, em outubro de 2016, eu me dei conta de que os bigodes haviam envelhecido e passaria pelo misto de impotência, corpo dolorido e emocional em frangalhos mais nove vezes. O que parece uma não-escolha é, na verdade, desdobramento da decisão consciente de poupar criaturas que ainda preservam uma essência selvagem — domesticadas milhares de anos depois dos cachorros.

Mas, antes do desfecho final, e ciente do privilégio que significa poder cuidar de quem parte em casa, no mesmo esquema intensivo da internação de hospital, por não precisar trabalhar fora, outras resoluções importantes marcaram nossa jornada de quase duas décadas.

Constatada a doença renal na maior parte do grupo, por exemplo, e após quase perder Pipoca na coleta de sangue de 2018, cianótica de pavor, suspendi os exames (hemograma e função renal) de todo mundo — conhecia a evolução dos sintomas e eles bastariam para guiar o tratamento.

Na confirmação do carcinoma da Clara, optei por continuar com a homeopatia em vez de submetê-la aos efeitos colaterais da quimioterapia, que acompanhei durante os oito anos de batalha (perdida) da minha mãe. E, em vez da sobrevida de dois, a retalinha ganhou seis, nos deixando aos 16 e meio.

Sei que não se escreve homeopatia hoje em dia sem ser confundido com o povo do chapéu de alumínio. Abro parêntese, então, para explicar que acredito em terrabolismo, aquecimento global e sou capricorniana — ok, tenho um fraco por astrologia. E quem sugeriu as bolinhas do Hahnemann foi um veterinário alopata.

A gente já tentava curar uma infecção de pele highlander do Simba há mais de ano, fracassando com antifúngico, antibacteriano, anti-inflamatório, antibiótico e corticoide. E a única ração renal que o leãozinho aceitou ainda desencadeou uma intolerância alimentar que três profissionais taxaram como insolúvel sem a substituição da comida. Com a homeopatia (que atua na energia vital, tratando o ser, não a doença), as feridas no corpo sumiram em 38 dias e o piriri, em três meses.

Fecha parêntese, porque o objetivo do post é defender a ideia de que quanto menos se estressar um gato com viagens de carro e manipulações por estranhos, melhor. E, quando não der para evitar, recompense com petiscos, carinho extra ou escovação para mostrar que vale a pena continuar — lembrança do meu avô tomando uísque com morfina no final do câncer de próstata. rs


Sim, é difícil encontrar esse meio termo, principalmente com animais que não podem expressar seus desejos, mas mantenho sempre no horizonte. E a longevidade da gangue acho que prova meu ponto. Pipoca, renal desde os 5 anos, completará 16 em 20 dias, junto com as quatro irmãs. Escrevo isso, aliás, depois de escolher não fazer a drenagem do derrame pleural — diagnosticado por raio-x, aqui em casa.

Apesar de o vet araçoiabano duvidar que o organismo reabsorveria o líquido a tempo e o quadro ainda ser delicado, a magrela já voltou a caçar insetinhos. No dia de sua visita, inclusive, pedi para auscultar também a Chocolate e só o fato de segurá-la à força nos rendeu três dias da diarreia mais tensa de Gatoca, uma lambeção compulsiva e o ânus florescente.

E não tem como não citar a Síndrome de Pandora da Guda, caracterizada por uma cistite recorrente, que a gente demorou para perceber se dever à ansiedade — obra, mudança caótica, ultrassons (1 e 2), alimentação forçada, morte dos amigos. Ela partiu dez meses depois do Mercv, aos 17 anos (e ele, aos 16 e 7 meses).

Preciso enfatizar que poupar os bichanos de estresse e sofrimento desnecessários não quer dizer falta de cuidado? Pago o vet homeopata mensalmente para acompanhar os bigodes a distância, dou água na seringa três vezes por dia para todos e patê batido no processador para quem não consegue comer sozinho, aplico soro nas crises — e queimei três dedos na cola quente fazendo o arranhador favorito deles!

28.4.23

11 anos depois, Pipoca pede outra escolha de Sofia

Em 2012, Pipoca era uma gata intocável, prestes a morrer de micoplasmose (anemia causada pela picada de pulga contaminada por um parasita), com a creatinina alterada. E eu enfrentava o dilema de enfiar os 28 dias de remédio goela abaixo, para os rins colapsarem e não ter permitido a ela um finzinho de vida boa.

Esse "finzinho" já dura 11 anos, a maior sobrevida que conheço de um animal com doença renal — caçando passarinho! Na quarta-feira passada, porém, recebi a confirmação de outro diagnóstico angustiante: a demora na recuperação da última crise de vômitos, com desidratação e letargia, associada a sintomas respiratórios (secreção no nariz e rangido no peito) e zero grama de peso perdido, se devia a um derrame (ou efusão) pleural.


Precisei pagar um veterinário da cidade para vir aqui em casa, que me obrigou a trazer também uma equipe de raio-x porque, sem tosse, todo mundo considerava a hipótese pessimista. Acontece que vi minha mãe dormir sentada várias noites antes de sucumbir à última internação, justamente por derrame pleural — no caso dela, desdobramento do câncer.


E diferente dos humanos, os gatos não entendem a drenagem. Pipoca ainda tem suspeita de ser cardiopata, porque ficou roxa com a simples tentativa de coleta sangue, fato que já havia ocorrido em 2018, quando desisti de monitorar a evolução renal — o raio-x esclareceria, se o líquido não estivesse cobrindo o coração. E seus 16 anos tornam a anestesia um risco ainda maior.


Me toquei que não expliquei o que é derrame pleural, né? Entre os pulmões e a caixa torácica existe uma membrana chamada pleura, recheada de líquido para reduzir o atrito enquanto a gente respira. Quando acumula líquido demais nessa região, por causas variadas e de tipos diferentes também, dificultando a respiração, o pessoal do jaleco branco chama de derrame pleural.

Além do suposto problema no coração (e da doença renal), o vet não descarta a possibilidade de FeLV (leucemia felina), que sempre aparece no fim de vida dos bigodes de Gatoca — adotados numa época em que não se testava e cujo resultado do Mercv, no ano passado, deu negativo. Só que nunca saberemos porque, dessa vez, decidi não fazer o procedimento.

Não acho justo que a última lembrança da pequena seja o terror de um lugar estranho, com gente desconhecida, depois de uma viagem interminável de carro — não tem hospital veterinário em Araçoiaba da Serra. E, mesmo que ela sobreviva, em alguns pacientes o líquido volta a descompensar na semana seguinte.

Existe a chance inversa também, de o corpo reabsorver sozinho, mas o vet duvida que dê tempo. Ele não sabe que Pipoca é uma boa vivedora. E está sendo cuidada por mim e pela Jujuba, enquanto puder aproveitar.