Escrevo este post sob as cobertas porque chove lá fora — e aqui dentro não parece muito mais seco. Em dez minutos, o alarme tocaria para a sexta rodada de comida na seringa, mas Keka se antecipou e até lambeu sozinha na xicrinha. Quando penso que a batalha está perdida, ela tira forças do alçapão renal para mais um passeio no gatil, dois beliscos de sachê, três minutos de colo com cafuné.
O dedão da mão esquerda ainda lateja pela queimadura de segundo grau com cera quente. E essa nem foi a maior estupidez do fim de semana passado. Eu, que nunca fumei, sequer bebi de passar vergonha, tive a pior viagem da existência porque comprei um bombom de cogumelo mágico no trailer da feirinha de artesanato que anunciava feijoada vegana, hambúrguer e batata-frita.
Aí, em vez de paisagem bucólica, com música good vibes e pessoas de branco buscando o autoconhecimento, fui assistir a Criminal Minds, frustrada com o gosto insosso do chocolatinho. O alarme das seringadas tocou (ele toca o dia inteiro) e minhas pernas derretiam, enquanto o queixo da Keka inchava e a torneira da cozinha entortava.
Comecei rindo feito o cachorro da vizinha quando tenta latir com a bolinha de borracha presa na boca (fifo-fifo-fifo-fifo) e terminei aos prantos "porque a vida era muito solitária". Se você pretende perder completamente o controle do corpo, recomendo investir na endoscopia — com dois sedativos conto histórias ótimas, Mariana pode provar.
Mas por que esse relato aleatório em um blog de gatos? Porque não está sobrando gato — nem Intrú deu as caras hoje. E talvez o Gatoca já tenha cumprido sua função. Nestes 17 anos, foram 1.828 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores — contra os algoritmos das redes sociais e agora a inteligência artificial, que rouba nosso conteúdo e não dá sequer a visualização.
Mais e-book, boletim, tentativa de canal no Youtube. Sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 13,3 mil comentários, grupo acolhedor no WhatsApp e 27 parceiros ao longo da jornada — destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba, na gestão anterior.
Os braços offline do projeto ainda envolveram 116 gatos, oito cachorros e quatro aves, um mutirão de castração, oficina com escoteiros e bandeirantes, roda de conversa com adolescentes, curso no Sesc sobre o poder do coletivo, clube de leitura na ONU, sob a imaginação da Rosana Rios.
Tudo isso com o apoio de vocês, pelo qual sou imensamente grata, em forma de rifa, lojinha, financiamento coletivo, clube de assinaturas. Mas sinto que preciso sonhar outros sonhos, entendem? Depois que conseguir dormir oito horas por noite, claro — o que não deve acontecer tão cedo, então bora manter o ritmo da digitação! Na semana que vem, aliás, divulgo nossa nova parceria, justamente para quem está precisando de afago na alma.
Espero seguir acompanhada. ❤
Festinhas anteriores: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008
10.8.24
8.8.24
Feliz Dia Internacional da Maquininha de Ronrom!
E de matar também. rs
Aproveito a data para contar que tem parceria artístico-felina chegando por aí! E o risco de vocês amarem é enorme!
Aproveito a data para contar que tem parceria artístico-felina chegando por aí! E o risco de vocês amarem é enorme!
2.8.24
Gato renal: em quanto tempo o soro faz efeito?
Pode parecer uma dúvida boba, mas mudou completamente minha rotina com a Keka porque, quase duas décadas e dez gatos depois, eu não sabia que o segredo da fluidoterapia está no xixi! Só que me adianto. Preciso explicar primeiro como chegamos até aqui. A magrela tem 17 anos e gastrite, não qualquer gastrite, uma gastrite causada pela doença renal.
Isso quer dizer que os rins dela não filtram direito as toxinas, deixando passar ureia para a corrente sanguínea, e essa uremia provoca enjoo e úlceras no estômago. Para ajudar a diluir as toxinas, animais renais demandam um reforço na hidratação, o que eu já fazia com as seringadas de sachê (batido no blender).
Acontece que, após oito dias comendo até pedra, feito de arrancar lágrimas quando a criatura em questão pesa metade dos tempos áureos, Keka entrou em um looping de vômitos, terminando em sangue vivo ― quanto menos a comida parava na barriga, menos ainda a gente oferecia para não sobrecarregar a digestão e, claro, ela acabou desidratando.
Eu, que havia prometido não aplicar soro na leva arisca da gangue, me vi reconsiderando tentar apenas uma bolsa para ver se a pequena embalava de novo ― que vida bandida essa de tutora de idosos! Festival de urros e algumas pesquisas frustradas na internet depois, escrevi para o Eduardo Carneiro, porque tenho o privilégio de poder encher de perguntas um veterinário paciente e acolhedor.
O primeiro efeito do soro é hidratar o bicho, o que ocorre gradativamente, conforme passa para o sangue e depois banha os tecidos ― você vai ver uma bolota se formar no local da aplicação e ir desaparecendo aos poucos. Nos casos mais severos, pode demorar alguns minutos e, nos demais, raramente passa de quatro horas.
Vale ressaltar que me refiro à aplicação subcutânea, aquela entre a pele e o músculo, que a gente consegue fazer sozinho em casa (dicas salvadoras aqui), porque a intravenosa (direto na veia) se absorve bem mais rápido. Como a desidratação está sempre ligada a outro problema, porém, retornará também em questão de horas se ele não for resolvido.
Em um quadro renal, por exemplo, equivale a dar um auxílio emergencial de R$ 300 para uma família com despesa de R$ 3 mil ― longe do ideal, melhor do que nada. Por isso a indicação de pelo menos quatro aplicações, permitindo que o organismo ganhe um respiro maior para se reorganizar.
Nossa aposta é que os vômitos da Keka cessem e a hidratação oral, sem agulhas, torne a bastar. Aqui entra o segundo efeito do soro: ao diluir a ureia, ele ameniza a náusea. Mas ela só passa mesmo com a eliminação pelo xixi. E voltamos ao começo do post. Funciona melhor concentrar a hidratação de manhã, assim o animal se livra logo das toxinas e tem o resto do dia para comer sem o enjoo atrapalhando.
Como a desidratação, porém, a uremia também torna a aumentar entre 12 e 24 horas. A insistência na fluidoterapia pode ajudar a voltar menos alta a cada aplicação, mas não é garantido, principalmente porque um corpo acostumado a trabalhar com menos água tende a mandar o excesso embora, buscando o equilíbrio padrão, e o gato acaba urinando mais.
Falta um dia para terminar a bolsa-teste de 500 ml, dividida em sessões de tortura de pouco mais de 100 ml, e a frajola já retomou o hábito de me perseguir miando por comida ― em especial a ração do Intrú, cheia de proteína e fósforo para rins saudáveis, que provavelmente a fez entrar no looping de vômitos.
Uma hora a gente não vai mais conseguir ― eu, ela, os rins. Mas hoje dormi feliz.
Outras infos importantes:
:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?
Isso quer dizer que os rins dela não filtram direito as toxinas, deixando passar ureia para a corrente sanguínea, e essa uremia provoca enjoo e úlceras no estômago. Para ajudar a diluir as toxinas, animais renais demandam um reforço na hidratação, o que eu já fazia com as seringadas de sachê (batido no blender).
Acontece que, após oito dias comendo até pedra, feito de arrancar lágrimas quando a criatura em questão pesa metade dos tempos áureos, Keka entrou em um looping de vômitos, terminando em sangue vivo ― quanto menos a comida parava na barriga, menos ainda a gente oferecia para não sobrecarregar a digestão e, claro, ela acabou desidratando.
Eu, que havia prometido não aplicar soro na leva arisca da gangue, me vi reconsiderando tentar apenas uma bolsa para ver se a pequena embalava de novo ― que vida bandida essa de tutora de idosos! Festival de urros e algumas pesquisas frustradas na internet depois, escrevi para o Eduardo Carneiro, porque tenho o privilégio de poder encher de perguntas um veterinário paciente e acolhedor.
O primeiro efeito do soro é hidratar o bicho, o que ocorre gradativamente, conforme passa para o sangue e depois banha os tecidos ― você vai ver uma bolota se formar no local da aplicação e ir desaparecendo aos poucos. Nos casos mais severos, pode demorar alguns minutos e, nos demais, raramente passa de quatro horas.
Vale ressaltar que me refiro à aplicação subcutânea, aquela entre a pele e o músculo, que a gente consegue fazer sozinho em casa (dicas salvadoras aqui), porque a intravenosa (direto na veia) se absorve bem mais rápido. Como a desidratação está sempre ligada a outro problema, porém, retornará também em questão de horas se ele não for resolvido.
Em um quadro renal, por exemplo, equivale a dar um auxílio emergencial de R$ 300 para uma família com despesa de R$ 3 mil ― longe do ideal, melhor do que nada. Por isso a indicação de pelo menos quatro aplicações, permitindo que o organismo ganhe um respiro maior para se reorganizar.
Nossa aposta é que os vômitos da Keka cessem e a hidratação oral, sem agulhas, torne a bastar. Aqui entra o segundo efeito do soro: ao diluir a ureia, ele ameniza a náusea. Mas ela só passa mesmo com a eliminação pelo xixi. E voltamos ao começo do post. Funciona melhor concentrar a hidratação de manhã, assim o animal se livra logo das toxinas e tem o resto do dia para comer sem o enjoo atrapalhando.
Como a desidratação, porém, a uremia também torna a aumentar entre 12 e 24 horas. A insistência na fluidoterapia pode ajudar a voltar menos alta a cada aplicação, mas não é garantido, principalmente porque um corpo acostumado a trabalhar com menos água tende a mandar o excesso embora, buscando o equilíbrio padrão, e o gato acaba urinando mais.
Falta um dia para terminar a bolsa-teste de 500 ml, dividida em sessões de tortura de pouco mais de 100 ml, e a frajola já retomou o hábito de me perseguir miando por comida ― em especial a ração do Intrú, cheia de proteína e fósforo para rins saudáveis, que provavelmente a fez entrar no looping de vômitos.
Uma hora a gente não vai mais conseguir ― eu, ela, os rins. Mas hoje dormi feliz.
Outras infos importantes:
:: Doença renal, pelo maior especialista em gatos do Brasil
:: 7 dicas que podem salvar seu amigo
:: Diagnóstico renal não significa sentença de morte
:: Sobrevida de 11 anos (e contando)!
:: 9 sinais de doença que a gente não percebe
:: Teste: seu peludo sente dor? Descubra pela cara!
:: Como identificar mal-estar sem sintomas
:: Quando correr ao veterinário?
:: Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio
:: O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos
:: Pesando bichanos com precisão
:: Como estimular a beber água
:: A importância de ter potes variados
:: Gatos sentem o sabor da água
:: O melhor bebedouro para o verão!
:: 13 macetes para dar líquidos na seringa
:: A seringa (quase) perfeita
:: Seringa que goteja para cuidar de gato doente
:: O milagre da água na seringa, seis anos depois
:: Pele flácida: velhice ou desidratação?
:: Soro subcutâneo: dicas e por que vale o esforço
:: Soro fisiológico, ringer ou ringer com lactato?
:: O desafio da alimentação natural
:: Quando a alimentação natural não dá certo
:: Ração úmida mais barata para gato renal
:: Seu pet não come ração úmida (patê, sachê, latinha)?
:: Como ensinar o bichano a amar ração úmida natural
:: Truque para quem não come ração úmida 'velha'
:: Ração em molho: nós testamos!
:: Alimentação de emergência para animal desidratado
:: Suco para gato debilitado que não aceita comida
:: Calculadora de ração felina, seca e úmida
:: Cuidado com alimentação forçada!
:: Como deixar o patê lisinho (para seringa!)
:: Suporte para comedouro pode cessar vômitos
:: Gato vomitando: 4 dicas que ninguém dá
:: Diarreia em bichanos: o que fazer?
:: Quando e como usar fralda
:: Gastrite causada por problemas renais
:: Luto: gatos sentem a morte do amigo? O que fazer?
31.7.24
Não morar (mais) com uma gangue felina...
...é como estar de férias na sua própria casa. Não tem gato brincando e brigando e correndo e roncando e caçando e miando, tudo ao mesmo tempo. Se os sobreviventes passarem dos 17 anos, então, você pode sentar neles sem perceber.
Exceto durante as madrugadas, quando a velhice resolve botar os sintomas de fora.
Exceto durante as madrugadas, quando a velhice resolve botar os sintomas de fora.
22.7.24
Saudade
Este post deveria ter sido escrito no dia 20, mas, pela primeira vez, de oito, não consegui (e atualizei nos dias 23 e 24, com fotos que haviam ficado de fora)
Lembro de encher o cabelo da Mari de marias-chiquinhas e passear orgulhosa de mãos dadas com ela, como se fosse minha filha ― não tem nem três anos de diferença entre nós. De 1995 a 2003, passei pomada em dezenas de hematomas de quimioterapia e exames da minha mãe. E só aceitei revezar as madrugadas de hospital com meu pai, na última internação, quando acordei de um desmaio com ela me segurando no banheiro junto com o cabide de dreno, soro e medicações.
Meu pai, a quem depois ofereci acompanhar nos alcoólicos anônimos, mentindo que também exagerava na bebida, só para encorajá-lo. Por causa deles, a morte e o vício, assumi a casa e os dois irmãos aos 23 anos, João com 16. Aprendi que amaciante não se enxágua, acumulei boletos, participei de reuniões de escola, dei conselhos sobre sexo.
Sou uma pessoa que cuida.
E ri quando Maru te identificou como minha gata de cura, dado o exagero dos bigodes, que quase se tocavam nas pontas. Fazia todo o sentido compartilharmos a alergia respiratória ― ainda que você também interpretasse o papel de alérgeno, rs. Seus superpoderes sempre reconheciam um coração precisando de aquecimento.
Foi um choque te ver tombar em dois meses e meio tudo que não havia envelhecido nos 17 anos anteriores, justo porque resolveu caçar uma aranha (ou qualquer bicho de fora da sua caixinha de brinquedos), responsável pela reação alérgica que colapsou de vez os rins ― em algum momento, precisarei lidar com essa caixinha, já que são raros os gatos autobrincantes. Mas não hoje. Por isso, inclusive, atrasei este post em dois dias.
Sem você aqui para lamber meus cabelos, tomei como remédio a visita mediada pelo pessoal do Museu de Imagens do Inconsciente à exposição da Nise da Silveira, lembrança dos tempos de curso do Jung na PUC. Leo, que não tem minha facilidade com as palavras, fez hambúrguer para o almoço, pizza para o jantar e nem me julgou por comer lasanha no café da manhã. Li comédia romântica na cama até mais tarde, maratonamos um seriado da terceira idade ― mas eram ladras!
Agora, preciso arrancar o band-aid.
Você protagonizou a clássica jornada do herói, na versão Pixar. Antes mesmo de enxergar, recém-nascida, já estava liderando a aventura de desbravamento pela lavanderia do casarão herdado, que fez despencar degrau abaixo suas quatro irmãs. Não tinha nome melhor do que Pimenta! ― quer dizer, Mariana te apelidou de Devedora Temedora, o que também fazia jus. Era a única integrante da família Guda que eu sempre soube que não doaria.
E o miado fininho enganava. Lembra quando deu um baile na faxineira e fugiu pela amoreira do jardim de inverno, que deveria ficar fechado? Ou do contorcionismo para caber nas gavetas? E quando Intrú invadiu o gatil para bater na Keka e você o botou para correr? Depois, Leo ainda esqueceu uma porta aberta e precisei separar você e o frajola duas vezes maior, engalfinhados embaixo do contêiner, a gritos.
Claro que a gata de pelo longo tinha de ser a mais bagunceira. Cheguei a pegar uma lesma ressecada na sua barriga! E perdi a conta de todas as vezes em que você caiu da prateleira rolando empolgada ― o que também fazia no banheiro. Prateleira da parede customizada com catarro, aliás, que a gente não vencia de limpar. Até dormindo você parecia combater o crime ― sempre imaginava um narrador bradando: "Para o alto e avante!".
E bastava esticar o tapetinho de ioga no chão para sua cara se materializar na minha, dando sequência a uma sucessão de espirros.
Quando Leo descia para o estúdio, você ia correndo na frente ganhar carinho de bunda no tronquinho feito justamente para vocês ― ele não chorou como eu, mas sei que ficou abalado porque passou a matar todas as aranhas que encontrava pelo caminho (em casa de vegano, até barata a gente espanta).
Acho que você foi quem mais aproveitou o gatil de Araçoiaba, curtindo o catnip úmido nos dias secos, adubando o resedá organicamente, se escondendo na cinerária, que partiu junto contigo ― no apertamento de São Bernardo, onde a alergia respiratória começou, tinha de se contentar com um vaso de suculentas e, em Araçoiaba, o gramadinho era quase cenográfico.
Para compensar as inalações, passei a te levar para passear pelo terreno, proibido aos gatos que conseguiriam escalar 2 metros de muro. Mesmo desequilibrando, você adorava xeretar a bagunça da oficina. Depois, retomava o fôlego nos bambuzinhos ao lado e rumava para as bananeiras, onde se metia embaixo de uma folha de costela-de-adão, sob a taioba ― três camadas de disfarce!
Na tarde de quinta-feira, se pôs a miar na porta de vidro da sala, pedindo para sair, coisa que não acontecia há tempos. Andou com dificuldade, fazendo mais paradas do que o normal, como se se despedisse. Na sexta, te levei no colo para baixo da taioba, aquela sob a bananeira, para ser nossa despedida, foto que abre este post ― não consegui entrar embaixo da costela-de-adão, desculpa.
Você não seria uma velhinha de pijama, né?
Te ajeitei no quarto, para monitorar de perto, mas percebi a inquietação. Imaginei que preferia passar a madrugada no montinho felino, ainda que desfalcado, e te devolvi entre Jujuba e Keka. Acordei às 3h, com Jujuba vomitando no corredor, e você já tinha ido ― só esperou terminar o aniversário da dona Vera. Sozinha, do mesmo jeito que nasceu, porque eu não sabia que um parto animal podia dar errado.
Me doeu te recolher ainda molinha do chão gelado. E, pela primeira das oito mortes, chorei de culpa ― 36 minutos, até pegar no sono com seu corpo ao pé da cama. Sonhei, então, que você levantava e vinha se aconchegar no meu colo. Eu dizia que isso não podia acontecer porque estava morta, mas te enchia de carinho. Só um instantinho, que fez muita diferença.
Obrigada por cuidar de mim, mesmo quando essa era minha função. ❤
Preciso agradecer ainda o Dr. Nivaldo, que em 2008 aceitou hospedar a pastora belga grávida recém-resgatada por uma desconhecida, com toda a cara de golpe, acabou virando amigo e mesmo aposentado em Brotas me aconselhou sobre as possibilidades de tratamento para a Pips no final. O Adriano, terapeuta que também tenho o privilégio de chamar de amigo (foda-se Freud), por me ouvir falar do mesmo assunto há 52 sessões. E a Liliane, apoiadora querida que ainda me paga para escrever por fora, que nunca cobrou aqueles textos não entregues.
Lembro de encher o cabelo da Mari de marias-chiquinhas e passear orgulhosa de mãos dadas com ela, como se fosse minha filha ― não tem nem três anos de diferença entre nós. De 1995 a 2003, passei pomada em dezenas de hematomas de quimioterapia e exames da minha mãe. E só aceitei revezar as madrugadas de hospital com meu pai, na última internação, quando acordei de um desmaio com ela me segurando no banheiro junto com o cabide de dreno, soro e medicações.
Meu pai, a quem depois ofereci acompanhar nos alcoólicos anônimos, mentindo que também exagerava na bebida, só para encorajá-lo. Por causa deles, a morte e o vício, assumi a casa e os dois irmãos aos 23 anos, João com 16. Aprendi que amaciante não se enxágua, acumulei boletos, participei de reuniões de escola, dei conselhos sobre sexo.
Sou uma pessoa que cuida.
E ri quando Maru te identificou como minha gata de cura, dado o exagero dos bigodes, que quase se tocavam nas pontas. Fazia todo o sentido compartilharmos a alergia respiratória ― ainda que você também interpretasse o papel de alérgeno, rs. Seus superpoderes sempre reconheciam um coração precisando de aquecimento.
Foi um choque te ver tombar em dois meses e meio tudo que não havia envelhecido nos 17 anos anteriores, justo porque resolveu caçar uma aranha (ou qualquer bicho de fora da sua caixinha de brinquedos), responsável pela reação alérgica que colapsou de vez os rins ― em algum momento, precisarei lidar com essa caixinha, já que são raros os gatos autobrincantes. Mas não hoje. Por isso, inclusive, atrasei este post em dois dias.
Sem você aqui para lamber meus cabelos, tomei como remédio a visita mediada pelo pessoal do Museu de Imagens do Inconsciente à exposição da Nise da Silveira, lembrança dos tempos de curso do Jung na PUC. Leo, que não tem minha facilidade com as palavras, fez hambúrguer para o almoço, pizza para o jantar e nem me julgou por comer lasanha no café da manhã. Li comédia romântica na cama até mais tarde, maratonamos um seriado da terceira idade ― mas eram ladras!
Agora, preciso arrancar o band-aid.
Você protagonizou a clássica jornada do herói, na versão Pixar. Antes mesmo de enxergar, recém-nascida, já estava liderando a aventura de desbravamento pela lavanderia do casarão herdado, que fez despencar degrau abaixo suas quatro irmãs. Não tinha nome melhor do que Pimenta! ― quer dizer, Mariana te apelidou de Devedora Temedora, o que também fazia jus. Era a única integrante da família Guda que eu sempre soube que não doaria.
E o miado fininho enganava. Lembra quando deu um baile na faxineira e fugiu pela amoreira do jardim de inverno, que deveria ficar fechado? Ou do contorcionismo para caber nas gavetas? E quando Intrú invadiu o gatil para bater na Keka e você o botou para correr? Depois, Leo ainda esqueceu uma porta aberta e precisei separar você e o frajola duas vezes maior, engalfinhados embaixo do contêiner, a gritos.
Claro que a gata de pelo longo tinha de ser a mais bagunceira. Cheguei a pegar uma lesma ressecada na sua barriga! E perdi a conta de todas as vezes em que você caiu da prateleira rolando empolgada ― o que também fazia no banheiro. Prateleira da parede customizada com catarro, aliás, que a gente não vencia de limpar. Até dormindo você parecia combater o crime ― sempre imaginava um narrador bradando: "Para o alto e avante!".
E bastava esticar o tapetinho de ioga no chão para sua cara se materializar na minha, dando sequência a uma sucessão de espirros.
Quando Leo descia para o estúdio, você ia correndo na frente ganhar carinho de bunda no tronquinho feito justamente para vocês ― ele não chorou como eu, mas sei que ficou abalado porque passou a matar todas as aranhas que encontrava pelo caminho (em casa de vegano, até barata a gente espanta).
Acho que você foi quem mais aproveitou o gatil de Araçoiaba, curtindo o catnip úmido nos dias secos, adubando o resedá organicamente, se escondendo na cinerária, que partiu junto contigo ― no apertamento de São Bernardo, onde a alergia respiratória começou, tinha de se contentar com um vaso de suculentas e, em Araçoiaba, o gramadinho era quase cenográfico.
Para compensar as inalações, passei a te levar para passear pelo terreno, proibido aos gatos que conseguiriam escalar 2 metros de muro. Mesmo desequilibrando, você adorava xeretar a bagunça da oficina. Depois, retomava o fôlego nos bambuzinhos ao lado e rumava para as bananeiras, onde se metia embaixo de uma folha de costela-de-adão, sob a taioba ― três camadas de disfarce!
Na tarde de quinta-feira, se pôs a miar na porta de vidro da sala, pedindo para sair, coisa que não acontecia há tempos. Andou com dificuldade, fazendo mais paradas do que o normal, como se se despedisse. Na sexta, te levei no colo para baixo da taioba, aquela sob a bananeira, para ser nossa despedida, foto que abre este post ― não consegui entrar embaixo da costela-de-adão, desculpa.
Você não seria uma velhinha de pijama, né?
Te ajeitei no quarto, para monitorar de perto, mas percebi a inquietação. Imaginei que preferia passar a madrugada no montinho felino, ainda que desfalcado, e te devolvi entre Jujuba e Keka. Acordei às 3h, com Jujuba vomitando no corredor, e você já tinha ido ― só esperou terminar o aniversário da dona Vera. Sozinha, do mesmo jeito que nasceu, porque eu não sabia que um parto animal podia dar errado.
Me doeu te recolher ainda molinha do chão gelado. E, pela primeira das oito mortes, chorei de culpa ― 36 minutos, até pegar no sono com seu corpo ao pé da cama. Sonhei, então, que você levantava e vinha se aconchegar no meu colo. Eu dizia que isso não podia acontecer porque estava morta, mas te enchia de carinho. Só um instantinho, que fez muita diferença.
Obrigada por cuidar de mim, mesmo quando essa era minha função. ❤
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Preciso agradecer ainda o Dr. Nivaldo, que em 2008 aceitou hospedar a pastora belga grávida recém-resgatada por uma desconhecida, com toda a cara de golpe, acabou virando amigo e mesmo aposentado em Brotas me aconselhou sobre as possibilidades de tratamento para a Pips no final. O Adriano, terapeuta que também tenho o privilégio de chamar de amigo (foda-se Freud), por me ouvir falar do mesmo assunto há 52 sessões. E a Liliane, apoiadora querida que ainda me paga para escrever por fora, que nunca cobrou aqueles textos não entregues.
Categorias:
Gudinhas,
Pimenta,
Vale a pena ler de novo
17.7.24
Inalação amigável para gatos
Eu relutei em fazer inalação na Pimenta porque a experiência com a Guda foi estressante e a última coisa que um gato no estágio avançado da doença renal precisa é de estresse. Mas, como compartilho o combo de alergia e asma com a pequena, vê-la respirando sofregamente na secura de Araçoiaba da Serra, mesmo com o umidificador ligado direto, me deixava profundamente angustiada.
Cheguei a apelar ao corticoide, três dias de teste, porque sabia que sobrecarregaria ainda mais os rins, sem uma tossezinha a menos ou destampada nasal de melhora ― a homeopatia nos acompanha há mais de década. Tive, então, a ideia de arriscar uma inalação amigável, sem caixa de transporte ou qualquer tipo de contenção, em que a magrela pudesse tirar a cabeça da máscara quantas vezes quisesse.
Meu aparelho vem com um acessório menor, para criança, e faz pouco barulho, o que facilita bastante. Na primeira tentativa, ela estranhou o arzinho gelado na fuça, reação esperada. Com o correr dos dias, porém, acho que o bem-estar foi superando a desconfiança e a frajola passou a ficar cada vez mais tempo na máscara.
Mesmo só com o soro, sem medicamento, a inalação ajuda a umidificar a traqueia e os brônquios pulmonares, e o aumento da lubrificação reduz a irritação, além de estimular a expectoração das secreções ― Pips sempre espirra um festival de catarro ao final dos dez minutos.
Isso significa que a abordagem funcionará com todo animal? Não, mas quis compartilhar ainda assim porque mais tutores podem pensar que, se não der para seguir o protocolo direitinho, nem adianta tentar. Com gato, menos é mais ― e às vezes a gente se surpreende.
Cheguei a apelar ao corticoide, três dias de teste, porque sabia que sobrecarregaria ainda mais os rins, sem uma tossezinha a menos ou destampada nasal de melhora ― a homeopatia nos acompanha há mais de década. Tive, então, a ideia de arriscar uma inalação amigável, sem caixa de transporte ou qualquer tipo de contenção, em que a magrela pudesse tirar a cabeça da máscara quantas vezes quisesse.
Meu aparelho vem com um acessório menor, para criança, e faz pouco barulho, o que facilita bastante. Na primeira tentativa, ela estranhou o arzinho gelado na fuça, reação esperada. Com o correr dos dias, porém, acho que o bem-estar foi superando a desconfiança e a frajola passou a ficar cada vez mais tempo na máscara.
Mesmo só com o soro, sem medicamento, a inalação ajuda a umidificar a traqueia e os brônquios pulmonares, e o aumento da lubrificação reduz a irritação, além de estimular a expectoração das secreções ― Pips sempre espirra um festival de catarro ao final dos dez minutos.
Isso significa que a abordagem funcionará com todo animal? Não, mas quis compartilhar ainda assim porque mais tutores podem pensar que, se não der para seguir o protocolo direitinho, nem adianta tentar. Com gato, menos é mais ― e às vezes a gente se surpreende.
16.7.24
Quadrilha escatológica
Jujuba vomitou na Keka, que vomitou na Pimenta, que não tem mais força para vomitar em ninguém. Parece releitura do Drummond, mas foi mais um dia em Gatoca, iniciado antes do sol, das galinhas e até de o Intrú chegar da rua gritando pelo café da manhã.
Frio de endurecer os dedos e eu esfregando o almofadão, tentando desgrudar as gatas e superaquecendo o secador. Para repetir tudo de novo à tarde, no colchão que fica no escritório, só trocando as personagens.
Este post é um choro a menos.
Frio de endurecer os dedos e eu esfregando o almofadão, tentando desgrudar as gatas e superaquecendo o secador. Para repetir tudo de novo à tarde, no colchão que fica no escritório, só trocando as personagens.
Este post é um choro a menos.
12.7.24
Transformando dor em flor
No dia da reação alérgica à picada da suposta aranha, achei que Pimenta ia morrer. Mas ela reverteu, voltou a caçar o lagartinho de brinquedo e custei a perceber que os rins não acompanhariam ― massacrei com seringadas de patê, alarmes, remédios. E esbravejei quando a comida ia parar no chão, peguei ranço do celular, fui amargando cada tratamento fracassado.
Dois meses de privação de sono (e sanidade) depois, um pensamento estupidamente óbvio me atravessou: eu abriria mão fácil de uma vida mais longa para desfrutar dos últimos dias ― ver coisas bonitas, explorar lugares desconhecidos, ser tratada com paciência e amor.
Com um alívio salgado, adequei a alimentação ao ritmo de despedida da pequena, inventei a inalação amigável só para ela ir mais longe nos passeios pelo terreno e toda a tarde me divirto com os buracos em que a criatura se mete.
O Gramado da Fama deste mês, portanto, extrapolou os limites do gatil. E, na outra ponta da partida, quem chega é Danyara Santos, tutora de Chico, Steev e Rita, moradores de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Bem-vinda!
Ela se junta aos apoiadores maravilhosos que não deixam o Gatoca morrer! Um aperto a distância para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...
... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...
...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Sandra Malacrida, Vera e Gabriela Fromme, Lucia Trindade e Aline Silva! 🤗
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos. ❤)
Dois meses de privação de sono (e sanidade) depois, um pensamento estupidamente óbvio me atravessou: eu abriria mão fácil de uma vida mais longa para desfrutar dos últimos dias ― ver coisas bonitas, explorar lugares desconhecidos, ser tratada com paciência e amor.
Com um alívio salgado, adequei a alimentação ao ritmo de despedida da pequena, inventei a inalação amigável só para ela ir mais longe nos passeios pelo terreno e toda a tarde me divirto com os buracos em que a criatura se mete.
O Gramado da Fama deste mês, portanto, extrapolou os limites do gatil. E, na outra ponta da partida, quem chega é Danyara Santos, tutora de Chico, Steev e Rita, moradores de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Bem-vinda!
Ela se junta aos apoiadores maravilhosos que não deixam o Gatoca morrer! Um aperto a distância para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...
... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...
...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Sandra Malacrida, Vera e Gabriela Fromme, Lucia Trindade e Aline Silva! 🤗
(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanha — aqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos. ❤)
10.7.24
Um ano sem Pipoca e Pufosa
Lembro do pessoal da ETE brincando, no longínquo 95, que eu não sabia mentir, porque matei o avô que depois virou avó só para faltar à aula. Mas a verdade é que perdi ambos na sequência, em uma releitura torta de Romeu e Julieta. E a singularidade se repetiu no ano passado, quando Pufosa morreu dois dias depois da Pipoca, estraçalhando a família Guda de vez.
Não deu muito tempo de sentir saudade, porque logo Chocolate adoeceu e agora alterno os cuidados entre a Pimenta e a Keka. A cada semana mais perto de encerrar esse ciclo iniciado sem rugas nem cabelos brancos, me pergunto: como ressignificar um luto de duas décadas?
Não deu muito tempo de sentir saudade, porque logo Chocolate adoeceu e agora alterno os cuidados entre a Pimenta e a Keka. A cada semana mais perto de encerrar esse ciclo iniciado sem rugas nem cabelos brancos, me pergunto: como ressignificar um luto de duas décadas?
5.7.24
A escova perfeita para gato que se suja aventureiro
Pensem num frajola que em uma semana chega da rua autocolante, na outra aparece todo trabalhado em terracota e na terceira traz na cabeça uma teia de aranha de casarão mal-assombrado. Intrú é um gato explorador, que tem passado cada vez mais tempo no nosso terreno e não podemos colocar para o lado de dentro da porta de vidro da lavanderia por causa da FeLV+.
Seguindo outra dica salvadora do Cluboca, comprei, então, esta escovinha importada, com reservatório para água e encaixe para o lenço umedecido (vendido à parte) ― existem vários modelos e não é publi, por isso a ausência de link.
O grosso do episódio do barro acabei tirando sem registrar porque estava escuro, mas deixei a finalização para a manhã seguinte. Sem a distração da comida, a criatura ficava tentando caçar a escova e só sossegou quando conseguiu arrancar o lencinho no dente.
Com alguma persistência, porém, a coisa fluiu. Este foi o resultado da primeira passada da finalização:
E aqui vocês veem o acabamento 😂:
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
Seguindo outra dica salvadora do Cluboca, comprei, então, esta escovinha importada, com reservatório para água e encaixe para o lenço umedecido (vendido à parte) ― existem vários modelos e não é publi, por isso a ausência de link.
O grosso do episódio do barro acabei tirando sem registrar porque estava escuro, mas deixei a finalização para a manhã seguinte. Sem a distração da comida, a criatura ficava tentando caçar a escova e só sossegou quando conseguiu arrancar o lencinho no dente.
Com alguma persistência, porém, a coisa fluiu. Este foi o resultado da primeira passada da finalização:
E aqui vocês veem o acabamento 😂:
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
3.7.24
Como medicar gato difícil, sem imobilizar
Tem gente achando que roubei no post sobre como dar remédio para gato porque Keka é boazinha. Eu podia responder que ela não era, até se ver obrigada a conviver conosco no apertamento. Ou que se tratava da única criatura precisando de remédio no momento ― uma não escolha. Mas adoro desafios e filmei o processo de enfiar ração goela abaixo da Jujuba, nosso exemplar encardido.
Notem que não usei "bravo" no título porque eles talvez precisem de contenção, só que com a toalha, nada de segurar pelo cangote ― essa estratégia envelheceu mal, aqui tem um guia atualizado da American Association of Feline Practitioners (AAFP) e da International Society of Feline Medicine (ISFM) com as melhores práticas de manuseio felino.
Também acredito que bichanos realmente bravos são minoria. A maioria resiste à manipulação por medo e desses a flexibilidade da ioga e uma calça de tecido mais grosso dão conta.
Contrariando minha experiência fracassada com o aplicador de comprimidos, em um passado remoto, Paula Melo e Vanessa Araújo contaram no nosso grupo maravilhoso de apoiadores que recorrem a ele sempre que há risco de perder os dedos. Paula usa o de silicone, ressaltando que se deve encaixar o remédio na ponta, e Vanessa o largo, de garra.
Vanessa apela, ainda, ao colar de disco, que impede que o animal alcance a boca com as patas para empurrar o aplicador ou nossas mãos. Já Adrina Barth pede à veterinária para receitar o medicamento líquido e manipula no sabor de frango, o favorito da Cheetara.
Agora valeu? :)
Notem que não usei "bravo" no título porque eles talvez precisem de contenção, só que com a toalha, nada de segurar pelo cangote ― essa estratégia envelheceu mal, aqui tem um guia atualizado da American Association of Feline Practitioners (AAFP) e da International Society of Feline Medicine (ISFM) com as melhores práticas de manuseio felino.
Também acredito que bichanos realmente bravos são minoria. A maioria resiste à manipulação por medo e desses a flexibilidade da ioga e uma calça de tecido mais grosso dão conta.
Contrariando minha experiência fracassada com o aplicador de comprimidos, em um passado remoto, Paula Melo e Vanessa Araújo contaram no nosso grupo maravilhoso de apoiadores que recorrem a ele sempre que há risco de perder os dedos. Paula usa o de silicone, ressaltando que se deve encaixar o remédio na ponta, e Vanessa o largo, de garra.
Vanessa apela, ainda, ao colar de disco, que impede que o animal alcance a boca com as patas para empurrar o aplicador ou nossas mãos. Já Adrina Barth pede à veterinária para receitar o medicamento líquido e manipula no sabor de frango, o favorito da Cheetara.
Agora valeu? :)
29.6.24
17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
Não tinha imagem melhor para representar a data do que esta foto do Intrú, metade luz, metade trevas. Às voltas com a doença renal da Pimenta e a gastrite da Keka, ambas de vida gasta, o frajola com patinhas de elefante tem salvo meus dias ― ora chegando da rua com aquelas teias de casarão de filme de terror na cabeça, ora invadindo nosso quarto todo desajeitado pelos quilos recém-adquiridos.
Antes que alguém me xingue pela guarda irresponsável, Intrú é um gato FeLV+ que acampa do lado de fora da porta de vidro aqui da lavanderia, enquanto não aparece sua família definitiva. E, quase duas décadas depois, uma criatura estranha que não escolhi vem ressignificar tudo de novo. ❤️
Ao longo dessa jornada, já colecionamos 1.818 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão neste post.
E espero voltar no dia 10 de agosto com oito horas de sono dormidas para comemorar o aniversário oficial do Gatoca sem olheiras — "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂
Festinhas anteriores: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008
Antes que alguém me xingue pela guarda irresponsável, Intrú é um gato FeLV+ que acampa do lado de fora da porta de vidro aqui da lavanderia, enquanto não aparece sua família definitiva. E, quase duas décadas depois, uma criatura estranha que não escolhi vem ressignificar tudo de novo. ❤️
Ao longo dessa jornada, já colecionamos 1.818 posts, e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão neste post.
E espero voltar no dia 10 de agosto com oito horas de sono dormidas para comemorar o aniversário oficial do Gatoca sem olheiras — "quase-aniversário" é quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. 😂
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Categorias:
Coração de pudim,
Datas comemorativas,
Gatoca
26.6.24
Dicas salvadoras (e vídeo) para dar remédio para gato
Estou destreinada, confesso. A última goela de Gatoca que perturbei com comprimidos acho que foi a da Pipoca, 12 anos atrás, por causa da micoplasmose. E a gangue só tomou remédio para giárdia em 2009, com a ajuda do vet ― no post, aliás, eu falo em imobilizar o gato segurando pelo cangote, mas essa estratégia caducou (aqui vocês podem baixar um guia atualizado com as melhores práticas de manuseio felino).
Pois, aos 17 anos, Keka me trouxe de volta à alopatia animal ― primeiro com o protetor gástrico e agora com o estimulante de apetite. Ela tem gastrite, causada pela doença renal crônica, e montamos um verdadeiro esquema de guerra para contornar os vômitos. Só que não consigo acordar de madrugada para dar o sachê batido na colher, porque já fico devendo sono com a rotina diurna. E sempre sobra um líquido com sangue do jejum.
Como o comprimido, além de minúsculo para manipular, quebrou todo torto, pedi ajuda no Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores e compartilho abaixo:
Use um cortador
Paula Melo indicou o da Needs, que não pagou um centavo pela propaganda, e eu até comprei para testar, mesmo já tendo um antigão, brinde de pet shop, mas a drágea esmigalhou do mesmo jeito. A vantagem é que o novo vem com uma caixinha para guardar a metade (ou um terço, rs) restante. Vanessa Araújo disse que corta na faca mesmo, só que precisa estar assassinamente amolada, raridade por aqui ― aí, basta colocar o comprimido sobre um pano macio dobrado.
Afie a lâmina com papel alumínio
Arquiteta nas horas vagas, Adrina Barth me apresentou às 1001 utilidades do papel alumínio. Para ressuscitar o cortador da dica anterior, dobre o papel alumínio várias vezes e esfregue em cada face da lâmina ― tomando o cuidado, obviamente, de não se cortar. Só não consegui descobrir se o lado certo é o fosco ou o brilhante.
Insira o remédio em cápsulas vazias
Eu não fazia ideia de que isso existia, até ler a mensagem da Aline Fagundes contando que usa com os peludos o menor tamanho, de número quatro. Já Paula prefere o dois, para comprimidos maiores ― mesmo que precise partir. Nessas cápsulas também dá para colocar medicações que devem ser tomadas juntas, com um único sofrimento. Além de facilitar a manipulação, Bárbara Santos lembrou que elas disfarçam o gosto amargo que provoca a babação e escorregam melhor na garganta.
No fim das contas, acabei adiando o Mirtz para a Keka porque, depois de uma fase sem alma com o Gaviz V, ela embalou de novo. Mas gravei um vídeo com o passo a passo básico:
Corte as garras do bichano
Principalmente se uma longa temporada de medicação os espera ― a menos que ele seja a Jujuba.
Seja firme (e rápido)
Quanto mais pena a gente sente, mais molenga age, dando brecha para o pequeno se rebelar. E sofrer.
Bloqueie esconderijos
Essa é para o caso de fracassar no passo anterior.
Posicione bem o animal
Eu gosto de ajeitá-los na prateleira da sala, virados para a direita, porque sou (mais ou menos) destra, e com as quatro patas apoiadas na almofadinha antiderrapante. Se tentarem me unhar, estarei na lateral ou nas costas, fora de alcance.
Mire no fundo da garganta
Com a mão livre, incline a cabeça do peludo bem para trás, facilitando a queda do comprimido ― o dedo médio deve pressionar uma das bochechas, a palma apoiar no topo da cabeça (cobrindo as orelhas) e o dedão pressionar a outra bochecha. Com a mão que segura o remédio, force a abertura da boca pela lateral, até conseguir espaço para soltá-lo na goela.
Garanta a ingestão
Se seu amigo integrar o grupo dos cuspidores, vale dar uma empurrada na drágea com o dedo até as profundezas ou jogar um pouquinho de água com a seringa na sequência ― já deixe pronto. Lambida nos lábios ou aquele movimento de "glup" indicam sucesso na missão.
Tente o aplicador de comprimidos
Comigo nunca funcionou, porque as criaturas mastigam e a geringonça não solta o comprimido ― ou erra a pontaria. Mas vai que você dá sorte.
Pois, aos 17 anos, Keka me trouxe de volta à alopatia animal ― primeiro com o protetor gástrico e agora com o estimulante de apetite. Ela tem gastrite, causada pela doença renal crônica, e montamos um verdadeiro esquema de guerra para contornar os vômitos. Só que não consigo acordar de madrugada para dar o sachê batido na colher, porque já fico devendo sono com a rotina diurna. E sempre sobra um líquido com sangue do jejum.
Como o comprimido, além de minúsculo para manipular, quebrou todo torto, pedi ajuda no Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores e compartilho abaixo:
Use um cortador
Paula Melo indicou o da Needs, que não pagou um centavo pela propaganda, e eu até comprei para testar, mesmo já tendo um antigão, brinde de pet shop, mas a drágea esmigalhou do mesmo jeito. A vantagem é que o novo vem com uma caixinha para guardar a metade (ou um terço, rs) restante. Vanessa Araújo disse que corta na faca mesmo, só que precisa estar assassinamente amolada, raridade por aqui ― aí, basta colocar o comprimido sobre um pano macio dobrado.
Afie a lâmina com papel alumínio
Arquiteta nas horas vagas, Adrina Barth me apresentou às 1001 utilidades do papel alumínio. Para ressuscitar o cortador da dica anterior, dobre o papel alumínio várias vezes e esfregue em cada face da lâmina ― tomando o cuidado, obviamente, de não se cortar. Só não consegui descobrir se o lado certo é o fosco ou o brilhante.
Insira o remédio em cápsulas vazias
Eu não fazia ideia de que isso existia, até ler a mensagem da Aline Fagundes contando que usa com os peludos o menor tamanho, de número quatro. Já Paula prefere o dois, para comprimidos maiores ― mesmo que precise partir. Nessas cápsulas também dá para colocar medicações que devem ser tomadas juntas, com um único sofrimento. Além de facilitar a manipulação, Bárbara Santos lembrou que elas disfarçam o gosto amargo que provoca a babação e escorregam melhor na garganta.
No fim das contas, acabei adiando o Mirtz para a Keka porque, depois de uma fase sem alma com o Gaviz V, ela embalou de novo. Mas gravei um vídeo com o passo a passo básico:
Corte as garras do bichano
Principalmente se uma longa temporada de medicação os espera ― a menos que ele seja a Jujuba.
Seja firme (e rápido)
Quanto mais pena a gente sente, mais molenga age, dando brecha para o pequeno se rebelar. E sofrer.
Bloqueie esconderijos
Essa é para o caso de fracassar no passo anterior.
Posicione bem o animal
Eu gosto de ajeitá-los na prateleira da sala, virados para a direita, porque sou (mais ou menos) destra, e com as quatro patas apoiadas na almofadinha antiderrapante. Se tentarem me unhar, estarei na lateral ou nas costas, fora de alcance.
Mire no fundo da garganta
Com a mão livre, incline a cabeça do peludo bem para trás, facilitando a queda do comprimido ― o dedo médio deve pressionar uma das bochechas, a palma apoiar no topo da cabeça (cobrindo as orelhas) e o dedão pressionar a outra bochecha. Com a mão que segura o remédio, force a abertura da boca pela lateral, até conseguir espaço para soltá-lo na goela.
Garanta a ingestão
Se seu amigo integrar o grupo dos cuspidores, vale dar uma empurrada na drágea com o dedo até as profundezas ou jogar um pouquinho de água com a seringa na sequência ― já deixe pronto. Lambida nos lábios ou aquele movimento de "glup" indicam sucesso na missão.
Tente o aplicador de comprimidos
Comigo nunca funcionou, porque as criaturas mastigam e a geringonça não solta o comprimido ― ou erra a pontaria. Mas vai que você dá sorte.
21.6.24
O desafio de aquecer um gato que não entra em casa
Começou oficialmente o inverno, para a alegria de quem gosta de chocolate quente, cachecol e filme sob as cobertas ― se o aquecimento global permitir, claro. Para o Intrú, porém, significa dormir do lado de fora da porta de vidro da lavanderia a 9ºC, temperatura das madrugadas aqui de Araçoiaba da Serra. E, nas entrelinhas desse dilema, está a constatação de que, oito meses depois, ninguém se interessou em adotá-lo.
Como minhas velhinhas seguem inviabilizando a convivência com um gato FeLV+, lá fui eu quebrar a cabeça para esquentar o cafofo provisório do frajola. No Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores, lembraram das casinhas comunitárias forradas com caixas de leite longa-vida. A internet sugeria bolsas térmicas de tamanhos variados. E Beto Spinelli, meu físico do coração, gravou dois áudios explicando os princípios da termodinâmica:
Você quer uma solução com capacidade térmica alta, que guarde muito calor e disperse em uma taxa constante, alta o suficiente para gerar calor para o bicho e baixa o bastante para durar. Por exemplo: se um sistema tem 100 calores, seu gato precisa de 10 por minuto para ficar feliz e ele só liberar um, até vai durar (100 minutos), só que não funcionou porque é pouco. Liberando 10 calores por minuto, por outro lado, esse sistema se esgotará em dez, o que também não adianta.
Para durar uma hora, então, você precisa de um sistema que guarde 600 calores, entendeu? Água é um bom jeito de cobrir a madrugada, porque tem bastante capacidade térmica. Se usar muita água, gastará muito tempo esquentando e, portanto, estará guardando muito calor. Aí basta colocar em um recipiente que liberará esse calor na taxa ideal.
Alumínio funciona, sim, porque reflete o calor que está dentro da casinha, seja do próprio gato ou da bolsa térmica, deixando escapar pouco. Ainda assim, você precisa de um isolante, tão importante quanto o sistema térmico, porque influencia na taxa de calor que se perderá para o ambiente ― uma casinha que concentra mais calor, demanda uma taxa menor de liberação. Forrar o telhado com papelão pode ajudar e cobertor isola ainda mais.
Como vegana não bebe leite e Araçoiaba levanta um poeirão de terra digno de distopia, fiz uma estrutura móvel de papelão no formato do telhado, colei papel alumínio de cozinha dentro e prendi com fitinhas, permitindo tirar para lavar.
Cobertor já havia comprado ― ele ama, amassa tanto que até baba! E, enquanto não chegavam as bolsas térmicas, duas de 1 litro e uma de 2 l, para testar a melhor configuração, quebrei o galho com garrafas pet ― é só colocar a água quente e ajeitar embaixo da coberta, para não queimar.
A bolsa azul está vazia, para vocês verem que não muda muito de espessura para as cheias. E encaixei na parte de baixo da casinha uma caixa de papelão sem teto e com paredes altas, exceto a da porta, porque Intrú gosta de observar o movimento durante o dia.
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
Como minhas velhinhas seguem inviabilizando a convivência com um gato FeLV+, lá fui eu quebrar a cabeça para esquentar o cafofo provisório do frajola. No Cluboca, nosso grupo maravilhoso de apoiadores, lembraram das casinhas comunitárias forradas com caixas de leite longa-vida. A internet sugeria bolsas térmicas de tamanhos variados. E Beto Spinelli, meu físico do coração, gravou dois áudios explicando os princípios da termodinâmica:
Você quer uma solução com capacidade térmica alta, que guarde muito calor e disperse em uma taxa constante, alta o suficiente para gerar calor para o bicho e baixa o bastante para durar. Por exemplo: se um sistema tem 100 calores, seu gato precisa de 10 por minuto para ficar feliz e ele só liberar um, até vai durar (100 minutos), só que não funcionou porque é pouco. Liberando 10 calores por minuto, por outro lado, esse sistema se esgotará em dez, o que também não adianta.
Para durar uma hora, então, você precisa de um sistema que guarde 600 calores, entendeu? Água é um bom jeito de cobrir a madrugada, porque tem bastante capacidade térmica. Se usar muita água, gastará muito tempo esquentando e, portanto, estará guardando muito calor. Aí basta colocar em um recipiente que liberará esse calor na taxa ideal.
Alumínio funciona, sim, porque reflete o calor que está dentro da casinha, seja do próprio gato ou da bolsa térmica, deixando escapar pouco. Ainda assim, você precisa de um isolante, tão importante quanto o sistema térmico, porque influencia na taxa de calor que se perderá para o ambiente ― uma casinha que concentra mais calor, demanda uma taxa menor de liberação. Forrar o telhado com papelão pode ajudar e cobertor isola ainda mais.
Como vegana não bebe leite e Araçoiaba levanta um poeirão de terra digno de distopia, fiz uma estrutura móvel de papelão no formato do telhado, colei papel alumínio de cozinha dentro e prendi com fitinhas, permitindo tirar para lavar.
Cobertor já havia comprado ― ele ama, amassa tanto que até baba! E, enquanto não chegavam as bolsas térmicas, duas de 1 litro e uma de 2 l, para testar a melhor configuração, quebrei o galho com garrafas pet ― é só colocar a água quente e ajeitar embaixo da coberta, para não queimar.
A bolsa azul está vazia, para vocês verem que não muda muito de espessura para as cheias. E encaixei na parte de baixo da casinha uma caixa de papelão sem teto e com paredes altas, exceto a da porta, porque Intrú gosta de observar o movimento durante o dia.
Epopeia do Intruso
:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
19.6.24
Qual é o piso ideal para quem tem gato?
Existe lugar melhor para falar de reforma e aspirador de pó do que um grupo de gateiros? Pois esses são assuntos que, vira e mexe, movimentam o Cluboca, nossa confraria de apoiadores. Paula Melo deu a ideia do post e Adrina Barth, a arquiteta que me salvou várias vezes durante a obra caótica, caprichou na consultoria. Se você tem gatos (ou cachorros) e está pensando em trocar o piso...
- Evite modelos de madeira natural e laminados, pois tendem a estufar e manchar na presença de líquidos, como água, xixi e vômito. No caso dos bichos de apartamento, o laminado ainda deixa passar mais barulho, incomodando os vizinhos.
- Ao escolher o porcelanato, prefira acabamentos acetinados, especialmente os indicados para áreas úmidas, porque os brilhantes são mais escorregadios e podem causar problemas nas articulações. Quanto menos textura, aliás, mais fácil de limpar.
- No universo dos vinílicos, que oferecem o aconchego visual da madeira e mantêm o conforto térmico, vale optar pela versão colada, que impede os líquidos de escorrerem para baixo das peças. Quem sofre com xixi fora da caixa, porém, deve passar longe, pois a acidez estraga o PVC.
- Em ambientes externos, onde os peludos costumam se exercitar, acabamentos mais ásperos ajudam a "gastar" as unhas, especialmente dos cães.
Nós acertamos 50% em Gatoca: o porcelanato que imita madeira disfarça bem a sujeira e tem uma textura tranquila de limpar ― Araçoiaba da Serra levanta um poeirão de terra à la Mad Max! Sim, ele brilha diferente da madeira de verdade, mas só quando o sol bate direto.
Já o laminado do escritório e do quarto foi escolhido pelo preço, o mais barato do mostruário, para equilibrar as finanças, rs. E está resistindo até que bem, como mostra o vômito da Keka, 17 anos e avançada na doença renal, que apelidei de poltergeist.
Adrina deu, ainda, uma dica que acho bacana compartilhar: é possível consultar o custo estimado por m² de obra em cada estado, pesquisando nos sites regionais do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). E o valor da reforma fica entre 50% e 70% do Custo Unitário Básico (CUB).
- Evite modelos de madeira natural e laminados, pois tendem a estufar e manchar na presença de líquidos, como água, xixi e vômito. No caso dos bichos de apartamento, o laminado ainda deixa passar mais barulho, incomodando os vizinhos.
- Ao escolher o porcelanato, prefira acabamentos acetinados, especialmente os indicados para áreas úmidas, porque os brilhantes são mais escorregadios e podem causar problemas nas articulações. Quanto menos textura, aliás, mais fácil de limpar.
- No universo dos vinílicos, que oferecem o aconchego visual da madeira e mantêm o conforto térmico, vale optar pela versão colada, que impede os líquidos de escorrerem para baixo das peças. Quem sofre com xixi fora da caixa, porém, deve passar longe, pois a acidez estraga o PVC.
- Em ambientes externos, onde os peludos costumam se exercitar, acabamentos mais ásperos ajudam a "gastar" as unhas, especialmente dos cães.
Nós acertamos 50% em Gatoca: o porcelanato que imita madeira disfarça bem a sujeira e tem uma textura tranquila de limpar ― Araçoiaba da Serra levanta um poeirão de terra à la Mad Max! Sim, ele brilha diferente da madeira de verdade, mas só quando o sol bate direto.
Já o laminado do escritório e do quarto foi escolhido pelo preço, o mais barato do mostruário, para equilibrar as finanças, rs. E está resistindo até que bem, como mostra o vômito da Keka, 17 anos e avançada na doença renal, que apelidei de poltergeist.
Adrina deu, ainda, uma dica que acho bacana compartilhar: é possível consultar o custo estimado por m² de obra em cada estado, pesquisando nos sites regionais do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon). E o valor da reforma fica entre 50% e 70% do Custo Unitário Básico (CUB).
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