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31.5.23

Pipoca veio com vidas extras!

Se meus cálculos de jornalista-de-humanas estão corretos, Pipoca acaba de estrear sua quinta vida. A primeira foi gasta aos 5 anos de idade, quando eu a encontrei jogada na porta da sala com suspeita de intoxicação, que era, na verdade, um combo de micoplasmose e a insuficiência renal que se confirmaria crônica.


A segunda vida desbotou com a cândida que a faxineira do prédio, para onde a gente havia acabado de se mudar, deixou entrar no apartamento e a joselita tomou de canudinho, rendendo uma colite que tingia cocô e vômitos de sangue, mais uma noite no hospital e vários dias de remédio.

A terceira vida ficou como pagamento pelos sete anos e meio de rins combalidos, com andar desequilibrado e vértebras lembrando piano no carinho, em uma crise que durou cinco semanas, entre alimentação forçada e aplicações de soro.

Já a quarta vida se afogou no derrame pleural de abril (com suspeita de cardiopatia), que veterinário e raio-x vaticinaram irreversível sem a drenagem — procedimento naturalmente arriscado, ainda mais na velhice. E o corpo da magrela não só reabsorveu o líquido sozinho como voltou a caçar insetinhos reais e peixes de brinquedo.


Contrariando todas as expectativas (e a biologia e Darwin), no dia 22 agora, Pipoquinha completou 16 anos!


P.S.: Escrevi sobre a longevidade e os cuidados com os bigodes aqui, para vocês não saírem dando cogumelo para gato. 😂

26.5.23

Aprenda a se declarar para seu gato com os olhos!

Eu achava que dava sono nos bigodes, mas talvez eles estivessem tentando dizer que me amam. O ato de estreitar os olhos parece estar associado à comunicação emocional positiva em várias espécies. E um estudo da Universidade de Sussex, no Reino Unido, mostrou que nós também podemos interagir com os gatos usando uma sequência de piscadas lentas!

Elas normalmente envolvem uma série de semipiscadas, seguidas por um estreitamento prolongado dos olhos ou um fechamento total. O primeiro experimento revelou que os bichanos respondiam mais frequentemente as piscadelas dos tutores, em comparação a nenhuma interação entre humano e felino.

Já no segundo teste, em que um experimentador desconhecido forneceu o estímulo do piscar lento, os gatos tiveram maior propensão a se aproximar, em comparação à expressão neutra. Esses resultados sugerem que piscar para seu amigo é uma forma de estreitar laços. ❤

24.5.23

Aniversariantes do mês – maio de 2023

Na segunda-feira, as Gudinhas* fizeram 16 anos — quase um centenário em gatas!

Pimenta ganhou um lagartinho de catnip para parar de caçar os de verdade, passou o sábado das comemorações de nariz tampado e não deu a menor bola para o coitado. De madrugada, ele sumiu do balcão da cozinha, onde esperava por fotos melhores, e só foi encontrado dias depois embaixo do sofá, imundo, para desaparecer de novo.


Almejando poupar justamente esse sofá, repaginado, Jujuba ganhou um arranhador, que até agora não usou. Mas, como havia se rendido à versão de papelão, o acquablock segue intacto. E Keka, aquele parente difícil de presentear, ficou com o cone de sisal para ela.


Jujuba tentou roubar, então, o sachê da Pufosa e acabou se contentando com o sol no gatil, cortesia de São Pedro.




Já Pufosa descontou o sachê subtraído no patê da Pipoca.


E a ex-magrela nem reclamou, porque ganhou mais uma vida.


Foi o primeiro aniversário sem Guda, que deve ter repassado às filhas felinas o ensinamento da minha mãe humana: irmãos cuidam uns dos outros, porque são nossos melhores amigos.


P.S.: Ainda vou escrever sobre o novo cantinho dos bigodes, nosso primeiro arranhador (com passo a passo!) e a ressurreição da Pipoca. Tenham paciência. rs


*Novelinha: conheça a história das Gudinhas

Outros aniversários: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 (especial Dia do Abraço) | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

18.5.23

Um ano sem Mercv

Hei de confessar: quando Mercv não precisou mais de seu casaquinho peludo, eu cortei um tufo de cada cor e guardei num pote de vidro mais bem-fechado do que os de azeitona, para sentir seu cheiro de roupa passada uma última vez. Dividida entre desapertar a saudade e enlutar uma segunda morte, minha resistência hoje completa 365 dias.


Despedida
:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho
:: Ainda não acredito
:: Primeiro aniversário sem Mercv
:: Colo vazio
:: Ele veio me visitar!

17.5.23

Se tivesse um reality show de Gatoca...

As adoções de gato diminuiriam drasticamente. Na mesma madrugada, por exemplo, Jujuba conseguiu vomitar metade do bebedouro no lavabo e escorreu tudo para baixo da privada. Enquanto Pufosa ejetou na sala uma quantidade considerável de ração digerida, em que Keka escorregou, andou pelas paredes, fez um Matrix no armário do escritório e se enfiou embaixo da cama.

Dez minutos de limpeza-CSI depois, descubro que ainda sobrou um tico. Quem enxerga onde?


Aproveito o post para agradecer os gateiros que apoiam este projeto na alegria e na tristeza, estreando no Gramado da Fama a Marina Fioretti, que pesquisava como aplicar soro subcutâneo e encontrou no Cluboca o acolhimento que faltou no veterinário, e a Valeria Werneck, mineira de Sete Lagoas, terra do Centro de Apoio ao Turista Presidente Juscelino Kubitschek, o CAT JK, que não tem absolutamente nada a ver com gatos.


Esse suporte permite que o blog continue ajudando bípedes e quadrúpedes, em uma jornada que já dura 16 anos, com ações on e offline. Quer se juntar aos despioradores de mundo também e participar do melhor grupo de WhatsApp da internet? Basta acessar o Catarse. :)

Um aperto especial para Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande...

...Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba e July Grafe!

11.5.23

Como e o que os gatos caçam? | EG #19

Preparem-se para uma informação chocante: se o potinho de ração do seu gato não enchesse como mágica, ele caçaria de dez a 30 vezes por dia para conseguir oito ratos, cada um garantindo, em média, 30 calorias. Sim, roedores são as presas favoritas para 75% dos bichanos, deixando os pássaros em segundo lugar, provavelmente pela dificuldade na captura.

Mas os bichanos comem qualquer coisa menor do que eles um pombo, incluindo insetos, répteis e anfíbios. A maioria, inclusive, se torna especialista em um ou dois tipos de cardápio, influenciado pela disponibilidade de alimentos e pelo que a mãe oferecia quando eram bebês. E essa preferência, por sua vez, define o estilo e as estratégias para matar:

- Emboscada em campo aberto.
- Esconderijo para ataque surpresa.
- Tocaia em buracos ou tocas.


Eles agarram, então, a presa com as patas e depois enfiam os caninos, finalizando com uma mordida letal na nuca para quebrar a medula espinhal — os menos experientes podem morder várias vezes. Quando a vítima é perigosa, os peludos ainda costumam bater ou atirá-la de um lado a outro, como em uma sessão de tortura, para cansar.

E lembram do papel dos bigodes na confirmação sensorial para o abate, já que os felinos não enxergam muito bem de perto? Pois os dentes também ajudam no processo ao detectar pequenos movimentos com seus nervos. Foi essa caçada eficientes, meticulosa e segura que manteve os gatos vivos até hoje, sendo, ao mesmo tempo, predador e presa.

Mas por que todo esse papo, se o texto começa atestando a existência do pote de ração mágico? Por que seu amigo também tem um estilo de caça e ele se refletirá nas brincadeiras, essenciais ao Gato Essencial, que abordaremos nos próximos capítulos desta série, inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy.

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes quase 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

5.5.23

Primeiro aniversário sem Guda

Parece que faz uma eternidade, só que esta foto tem exatos dois meses. E, por mais 18 dias, Guda* seguiu minha companheira de leitura e roladinhas, até sobrar o gramado vazio. Não deu tempo de chorar, depois daquela madrugada de respiração e sono entrecortados, porque Pipoca acumulou nossas lágrimas no pulmão. Mas, no domingo, devo tirar o atraso. O golpe da barriga completaria 16 anos.


*Novelinha: conheça a história da Guda

Outros aniversários: 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

3.5.23

O difícil equilíbrio ao cuidar de gatos

Atualizado às 20h49

Quando Simba morreu, em outubro de 2016, eu me dei conta de que os bigodes haviam envelhecido e passaria pelo misto de impotência, corpo dolorido e emocional em frangalhos mais nove vezes. O que parece uma não-escolha é, na verdade, desdobramento da decisão consciente de poupar criaturas que ainda preservam uma essência selvagem — domesticadas milhares de anos depois dos cachorros.

Mas, antes do desfecho final, e ciente do privilégio que significa poder cuidar de quem parte em casa, no mesmo esquema intensivo da internação de hospital, por não precisar trabalhar fora, outras resoluções importantes marcaram nossa jornada de quase duas décadas.

Constatada a doença renal na maior parte do grupo, por exemplo, e após quase perder Pipoca na coleta de sangue de 2018, cianótica de pavor, suspendi os exames (hemograma e função renal) de todo mundo — conhecia a evolução dos sintomas e eles bastariam para guiar o tratamento.

Na confirmação do carcinoma da Clara, optei por continuar com a homeopatia em vez de submetê-la aos efeitos colaterais da quimioterapia, que acompanhei durante os oito anos de batalha (perdida) da minha mãe. E, em vez da sobrevida de dois, a retalinha ganhou seis, nos deixando aos 16 e meio.

Sei que não se escreve homeopatia hoje em dia sem ser confundido com o povo do chapéu de alumínio. Abro parêntese, então, para explicar que acredito em terrabolismo, aquecimento global e sou capricorniana — ok, tenho um fraco por astrologia. E quem sugeriu as bolinhas do Hahnemann foi um veterinário alopata.

A gente já tentava curar uma infecção de pele highlander do Simba há mais de ano, fracassando com antifúngico, antibacteriano, anti-inflamatório, antibiótico e corticoide. E a única ração renal que o leãozinho aceitou ainda desencadeou uma intolerância alimentar que três profissionais taxaram como insolúvel sem a substituição da comida. Com a homeopatia (que atua na energia vital, tratando o ser, não a doença), as feridas no corpo sumiram em 38 dias e o piriri, em três meses.

Fecha parêntese, porque o objetivo do post é defender a ideia de que quanto menos se estressar um gato com viagens de carro e manipulações por estranhos, melhor. E, quando não der para evitar, recompense com petiscos, carinho extra ou escovação para mostrar que vale a pena continuar — lembrança do meu avô tomando uísque com morfina no final do câncer de próstata. rs


Sim, é difícil encontrar esse meio termo, principalmente com animais que não podem expressar seus desejos, mas mantenho sempre no horizonte. E a longevidade da gangue acho que prova meu ponto. Pipoca, renal desde os 5 anos, completará 16 em 20 dias, junto com as quatro irmãs. Escrevo isso, aliás, depois de escolher não fazer a drenagem do derrame pleural — diagnosticado por raio-x, aqui em casa.

Apesar de o vet araçoiabano duvidar que o organismo reabsorveria o líquido a tempo e o quadro ainda ser delicado, a magrela já voltou a caçar insetinhos. No dia de sua visita, inclusive, pedi para auscultar também a Chocolate e só o fato de segurá-la à força nos rendeu três dias da diarreia mais tensa de Gatoca, uma lambeção compulsiva e o ânus florescente.

E não tem como não citar a Síndrome de Pandora da Guda, caracterizada por uma cistite recorrente, que a gente demorou para perceber se dever à ansiedade — obra, mudança caótica, ultrassons (1 e 2), alimentação forçada, morte dos amigos. Ela partiu dez meses depois do Mercv, aos 17 anos (e ele, aos 16 e 7 meses).

Preciso enfatizar que poupar os bichanos de estresse e sofrimento desnecessários não quer dizer falta de cuidado? Pago o vet homeopata mensalmente para acompanhar os bigodes a distância, dou água na seringa três vezes por dia para todos e patê batido no processador para quem não consegue comer sozinho, aplico soro nas crises — e queimei três dedos na cola quente fazendo o arranhador favorito deles!

28.4.23

11 anos depois, Pipoca pede outra escolha de Sofia

Em 2012, Pipoca era uma gata intocável, prestes a morrer de micoplasmose (anemia causada pela picada de pulga contaminada por um parasita), com a creatinina alterada. E eu enfrentava o dilema de enfiar os 28 dias de remédio goela abaixo, para os rins colapsarem e não ter permitido a ela um finzinho de vida boa.

Esse "finzinho" já dura 11 anos, a maior sobrevida que conheço de um animal com doença renal — caçando passarinho! Na quarta-feira passada, porém, recebi a confirmação de outro diagnóstico angustiante: a demora na recuperação da última crise de vômitos, com desidratação e letargia, associada a sintomas respiratórios (secreção no nariz e rangido no peito) e zero grama de peso perdido, se devia a um derrame (ou efusão) pleural.


Precisei pagar um veterinário da cidade para vir aqui em casa, que me obrigou a trazer também uma equipe de raio-x porque, sem tosse, todo mundo considerava a hipótese pessimista. Acontece que vi minha mãe dormir sentada várias noites antes de sucumbir à última internação, justamente por derrame pleural — no caso dela, desdobramento do câncer.


E diferente dos humanos, os gatos não entendem a drenagem. Pipoca ainda tem suspeita de ser cardiopata, porque ficou roxa com a simples tentativa de coleta sangue, fato que já havia ocorrido em 2018, quando desisti de monitorar a evolução renal — o raio-x esclareceria, se o líquido não estivesse cobrindo o coração. E seus 16 anos tornam a anestesia um risco ainda maior.


Me toquei que não expliquei o que é derrame pleural, né? Entre os pulmões e a caixa torácica existe uma membrana chamada pleura, recheada de líquido para reduzir o atrito enquanto a gente respira. Quando acumula líquido demais nessa região, por causas variadas e de tipos diferentes também, dificultando a respiração, o pessoal do jaleco branco chama de derrame pleural.

Além do suposto problema no coração (e da doença renal), o vet não descarta a possibilidade de FeLV (leucemia felina), que sempre aparece no fim de vida dos bigodes de Gatoca — adotados numa época em que não se testava e cujo resultado do Mercv, no ano passado, deu negativo. Só que nunca saberemos porque, dessa vez, decidi não fazer o procedimento.

Não acho justo que a última lembrança da pequena seja o terror de um lugar estranho, com gente desconhecida, depois de uma viagem interminável de carro — não tem hospital veterinário em Araçoiaba da Serra. E, mesmo que ela sobreviva, em alguns pacientes o líquido volta a descompensar na semana seguinte.

Existe a chance inversa também, de o corpo reabsorver sozinho, mas o vet duvida que dê tempo. Ele não sabe que Pipoca é uma boa vivedora. E está sendo cuidada por mim e pela Jujuba, enquanto puder aproveitar.

26.4.23

Vale arriscar ração de peixe para gato?

Nestes 17 anos e meio de Gatoca, eu testei até ração vegana com os bigodes — que eles nem se dignaram a cheirar, sejamos honestos. Mas das versões de peixe sempre acabava desistindo, porque é o sabor menos festejado em latinhas, patês e sachês por aqui. Sem contar que frango custa bem mais barato — mesmo super premium, economia futura de veterinário.

Acontece que minhas estratégias para fazer seis gatas renais de 16 anos (Chocolate com 16 e meio) comerem se esgotaram — e elas incluíam colocar punhados de grãozinhos no chão, abaixando e levantando umas cinco vezes per capita. Todas as economias, então, foram gastas no pacote de salmão com melão, combinação deveras duvidosa.


Humor ácido com spoiler, porque à noite nenhuma foto fica boa

E, surpreendentemente, as meninas amaram — sei que não se deve dar ração normal para animais renais e que a doença surge justamente por falta de umidade na alimentação. Quem montou o cardápio da gangue foi uma vet nutróloga e ele conta com renal seca disponível o dia inteiro, normal só um tico à noite para não faltar proteína e Pet Delícia de manhã (com repetecos), mais oito tipos de bebedouros e seringadas de água.

Rações à base de peixes azuis, como atum, sardinha e salmão, ainda deixam a pele dos bichanos mais saudável (descamando menos), além de reduzirem a queda de pelos. E a afirmação é do veterinário Carlos Gutierrez, do canal Mascotas y Familias Felices, porque eu mesma não ganhei um centavo pela propaganda. rs

21.4.23

Alerta: unha de gato pode entrar nas almofadinhas!

Pare o que estiver fazendo agora e olhe as garras do seu gato, principalmente se ele for idoso. Com a preguiça em afiar, elas seguem crescendo curvas e podem entrar nas almofadinhas, provocando inflamação e dor ao caminhar. Mercv e Guda começaram a apresentar esse problema com a idade e eu resolvia cortando uma vez por mês — embora os veterinários recomendem a cada duas semanas.


Existe cortador específico (o nosso não serve) e vários vídeos na internet ensinam como pressionar a patinha para as unhas saírem. Mas já adianto que a maioria dos bichanos não gosta, então cada família tem seu truque — o meu é um misto de paciência, amor e firmeza (a dica de aproveitar a hora da soneca não rola aqui). Conte o seu nos comentários!

E só se corta a pontinha, branca, tomando o cuidado de não pegar a veia, parte rosada da base. Recompensas ao final são sempre bem-vindas, como carinho, petiscos, escovação — para os peludos que gostam, claro. Se a garra já estiver dentro da almofadinha, melhor levar ao vet.


Vale enfatizar que as unhas ajudam no equilíbrio e na mobilidade do animal, incluindo os atos de pular e escalar, portanto, não devem ser extraídas (onicectomia) de forma alguma — sem contar que isso é proibido no Brasil, desde 2008, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária. Se você não curte a customização do sofá, invista em enriquecimento ambiental.

20.4.23

Comprei a primeira caminha para gato, 17 anos depois

Eu aprendi a ser gateira com o carro andando — 18 anos atrás, sequer simpatizava com animais! Isso quer dizer que não faltou improviso em Gatoca. E o mais duradouro deles foi a caminha. Primeiro, a gangue se dividia entre as camas de solteiro da nossa casa antiga, três irmãos sem pais. Para o apertamento de São Bernardo, Tati Pagamisse doou os encostos de seu sofá, que viraram almofadões, perfeitos para acolher dez gatos.

Aí, em Sorocaba, conquistamos nosso próprio sofá, doado pela minha prima Miriam. Chocolate teve, ainda, o travesseiro de joaninha de uma ex-chefe, presente para mim, na verdade, por causa do recheio de camomila — repaginado à la Tim Burton. E a cestinha que Leo havia comprado para enterrar a Clara, sem sucesso.

Sempre que alguém comentava sobre a tal da cama nuvem no grupo de apoiadores, a alergia gritava — junto com a praticidade capricorniana e a conta bancária de jornalista freelancer. Acontece que três mortes em um ano e meio nos dão outra perspectiva sobre a vida. E decidi testar com a Chocolate, que sente mais frio por causa da idade (16 anos e meio) e porque não dorme no grupinho.

Escolhi de propósito um modelo em que só cabe a gata-anã, com o preço justo da gringa, lavável na máquina. E me surpreendi: a pelúcia esbanja maciez e o tecido limpa fácil com paninho molhado, mesmo não sendo impermeável — só posso afirmar isso porque, quatro dias depois, ela teve uma diarreia nunca dantes vista.

De diva a doce, toda vez que passo pela lavanderia, a criatura está em uma pose diferente.




E nem a maria-fedida resistiu — não me perguntem se isso é ovo ou cocô.


Para ampliar, cliquem na imagem

14.4.23

Conheça sua maquininha de matar: audição | EG #18

Não, não é para ouvir a gente reclamando do sofá arranhado ou fofocar com os irmãos que os gatos têm uma superaudição. A maioria de suas características está relacionada à detecção de presas, tornando-a uma ferramenta tão importante para a caça quanto o tato e a visão.

Imaginem uma faixa de 10,5 oitavas, a mais ampla dos carnívoros. E, embora guardemos capacidade semelhante no extremo mais grave da escala, os bichanos conseguem escutar sons muito mais agudos, como a cigar box guitar que Leo fez para brincar com a Catarina os guinchos de um rato — cerca de 1,6 oitava acima do nosso limite.


Isso porque o ouvido externo dos peludos aumenta as frequências, além de possuir o formato ideal para canalizar sons mais difíceis de identificar para o canal auditivo.

E a habilidade de movimentar as orelhas independentemente? Vocês já pararam para pensar nas vantagens? Não importa se for de presa, predador ou filhote em busca da mãe, eles rastreiam com precisão a origem de um barulho. E, girando cada orelha em quase 180 graus, também percebem aproximações por trás.

Fisiologia e anatomia esmiuçadas, no próximo capítulo desta série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, analisaremos como e o que nossas maquininhas de matar favoritas costumam caçar na natureza.

(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer se tornar apoiador também? Dá uma fuçada nas recompensas da campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes quase 16 anos de projeto. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

10.4.23

Segundo aniversário sem Clara, depois do caos

Clara Luz teve um luto inteiro contado em girassóis, exaustivamente compartilhado por aqui. Mas seu primeiro aniversário-sem-aniversariante acabou encoberto pelos cuidados com Mercv e Guda, que também secaram — ele no outono de 2022, ela neste de 2023.

Hoje, quando me deparei com a data no calendário, senti um misto de saudade e surpresa. Nossa despedida (e o pesadelo do carcinoma, o colar elisabetano, as larvas) parece tão distante. A ciência diz que amenizar sofrimentos intensos é uma estratégia do cérebro para que a gente aceite passar por tudo de novo — e sobra "de novo" em Gatoca.

Por hora, no entanto, escolho lembrar da retalhinha me fazendo companhia durante a ioga, em um terreno que não tinha plantas nem gatil, mas já mostrava seu potencial.

7.4.23

Quando e como usar fralda em gato

Atualizado em 27 de setembro, às 20h01

Desde que a Clara morreu, adio este post. Não queria reviver a despedida, logo Mercv adoeceu e partiu também, aí chegou a vez da Guda e lá estava o dilema da fraldinha de novo. Antes de entrar na rotina intensiva de cuidados do próximo gato (16 anos as mais novas!), fiz então um esforço para que a experiência acumulada ajude outros animais.

A primeira coisa que a gente deve avaliar é se o bicho realmente precisa de fralda. Digo isso porque os pelos dificultam a limpeza e manter a região constantemente abafada pode causar assadura, problemas de pele e até infecções, pelo contato com a urina e as fezes.

Aqui, talvez caiba um alerta: escrevo sobre e para gatos doentes. Xixi fora da caixa a gente resolve com checap veterinário, enriquecimento ambiental e, dependendo do caso, consultoria comportamental.

Voltando... Se o bichano consegue ir ao banheiro, mas tem escapes, funciona melhor blindar seus lugares favoritos — a gente forrou com papelão as caixas e nichos de madeira, estruturados, e cobriu com tapete higiênico os almofadões e a cadeira do escritório, para não passar nada para o recheio (assim os gastos se diluem).

A estratégia também vale para aquele estágio em que o peludo não sai mais muito do lugar. Por exclusão, a fralda fica para as outras situações, embora eu confesse ter usado apenas nas madrugadas, já que trabalho em casa, assombrada pela lembrança do Simba deitado na poça gelada de xixi, depois de conseguir se arrastar para fora da caminha com tapete higiênico.


Optando pela fraldinha, enfim, estas dicas facilitarão o processo:

Compre a versão RN
Sim, a de recém-nascidos humanos custa bem mais barato do que as de pet.

Faça um furo para o rabo
Basta medir antes de cortar, usando uma tesoura comum, e deixar sempre uma fralda de modelo para a próxima — só tome cuidado para não alargar demais, provocando vazamentos, ou de menos, dificultando a passagem do rabo até o final.

Ajeite o babado
Ele deve ficar acima da dobra da coxa e estar todo virado para fora, garantindo a secura do seu amigo — nas primeiras vezes é complicado mesmo, porque os polvos costumam encolher as patas.

Reforce com fita crepe
Magrelos podem precisar de ajuste extra.

Tire com atenção
Principalmente nos casos de diarreia — dá vontade de chorar quando ela vai lambuzando o rabo até a ponta.

Limpe o gato de acordo com a ocasião
Se foi só um xixizinho, vai de lenço umedecido (específico para pets!). Estragos maiores demandam pano, água morna e sabonete líquido neutro — Adrina Barth sugeriu este rolo no nosso grupo de apoiadores, que eu não precisava ficar esfregando no tanque, de madrugada, com 0ºC.

Tenha um secador de emergência
Ele serve tanto para pelos molhados, em dias muito frios (já que os bichanos se assustam com o barulho), quanto para eventuais carimbadas em camas e sofás.

Apele à tosa higiênica
Aparar os fundilhos de animais muito peludos pode ser uma boa. Leo até tem barbeador elétrico, mas não testamos porque o estresse superaria os benefícios — e levar bicho morrendo em pet shop não faz sentido, né?