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28.2.25

Intrú adoeceu antes de ganhar uma casa

Na terça-feira retrasada, quando Intrú não saiu da casinha esgoelando pelo café da manhã, eu ri ― quem vai para a gandaia na segunda não tem boletos a pagar! Jujuba, como uma boa velha insone, começara a sinfonia às 6h e já passava das 10h. Acontece que ele vive do lado de fora, com uma infinidade de opções gastronômicas e assustadora competência em caçá-las, e demorei para perceber que alguma coisa estava errada.


O gorducho continuou rejeitando a comida e foi ficando cada vez mais prostrado, até chegar ao ponto de me deixar fazer carinho na barriga ― nem dava mais para chamar de gorducho, aliás, porque ao 1 kg intencional que ele emagrecera durante três meses, a balança indicava que haviam se somado mais 400 g involuntários, em apenas 13 dias.


Se tem uma coisa que o cara de pau nunca perdeu foi o apetite. Mesmo quando voltava machucado de briga, manco de queda ou com teia de aranha no cabelo. E ele não apresentava nenhum desses sintomas ― nem salivação por intoxicação. O veterinário pediu exames de sangue, mas, ainda que eu conseguisse contornar os rosnados, temia que o peludo sumisse, traumatizado, como no pós-cirúrgico da castração.

Começamos, então, o tratamento para gastrite e/ou inflamação intestinal, baseados no enjoo que ele demonstrava ao cheirar a ração e na diarreia amarela florescente. Mas existia a chance de ser linfoma, causado pela FeLV ― sim, o pequeno tem leucemia felina, por isso não pode entrar em casa (e insisto, há quase um ano e meio, para vocês ajudarem na divulgação).

Acordei várias noites pensando que nunca mais o encontraria, se resolvesse se esconder pelo bairro para morrer ― dá gastrite também cuidar de gato que vai para a rua! Virei vários dias oferecendo comida na seringa, água, remédio. Na última segunda, o frajola finalmente lambeu a Pet Delícia batida de colherinha. E já anda arriscando umas apavoradas nos bichinhos.


O paladar seletivo, porém, persiste, assim como a diarreia ― o coitado passa a manhã enfezado até conseguir desenfezar. E não faz nem quatro meses que a Keka morreu. 😕


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família
:: Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú
:: Um post mal-humorado fofo de Natal
:: O gato que só falta tocar a campainha!

26.2.25

O Mestre e Margarida: encontro do Cluboca do Livro

Parecem limões afogados, mas a bebida que me acompanhou durante a segunda edição do Cluboca do Livro foi uma caipirinha, cujo gelo derreteu completamente, pois o papo estava bom demais. A leitura custou a engatar, confesso, porque o russo Mikhail Bulgakov escreveu em outros tempos (e ritmo), sobre um país diferente do nosso, em que nos escapam as sutilezas ― senti falta de referências aprofundadas sobre a obra em português.


Foto ilustrativa, porque não saiu todo mundo

Sem contar que falamos de um calhamaço, completamente non sense ― quando você acha que não tem como ficar mais absurdo, aparece uma mulher voando pelada em cima de um porco. A sinopse compartilhei no post de janeiro, neste texto quero abordar os temas que discutimos no domingo, começando pelo prefácio da Zoia Prestes, filha do Carlos Prestes, que morou na União Soviética enquanto rolava a ditadura no Brasil.

Ela destaca a indignação do Bulgakov com a censura às empreitadas literárias que criticassem as distorções da primeira experiência socialista, expressa pelo alter ego do autor, o mestre, que também tenta publicar uma história incompreendida, num recurso clássico de metalinguagem ― Zoia não deixa de admitir, por outro lado, que o governo garantia o básico a toda a população, incluindo exilados como sua família.

Já a perseguição religiosa, que o escritor, ligado à Igreja Ortodoxa Russa, considerava um ataque à liberdade de expressão, provavelmente explica a escolha por contar, alternando com o caos da visita do diabo e seu séquito a Moscou, o martírio de Pilatos ― figura que ilustra a ideia antimaniqueísta presente nas 456 páginas de que não existe bem que seja só bom ou mal que seja só mal. Nem Woland, o capiroto, binga a cartelinha da perversidade absoluta. Behemoth, o gato, ganha fácil. rs

Por fim, o problema habitacional se reflete nos room mates do misterioso apartamento de número 50: Berlioz, que perde a cabeça embaixo de um bonde, e Stiopa, diretor do Teatro de Variedades onde acontece o espetáculo de magia negra que lota a clínica do doutor Stravinski ― e vale contextualizar que essa situação começou a mudar no início dos anos 80, com a expansão do programa habitacional, mas Bulgakov não viveu para ver.

Do mestre, criatura molenga e irritante, não há mais muito o que dizer. Margarida, porém, salva o livro: mulher empoderada (para a época), dobra o diabo no pacto fáustico, aquele de Goethe, e é a única que consegue ter seus desejos atendidos ― primeiro por Frida (sororidade), depois pelo seu grande amor (infelizmente, a criatura molenga e irritante).

Para fazer justiça, imaginei uma terceira camada na obra, em que ela narra a história do autor atormentado que escreve sobre Pilatos arrependido. O filme (sim, tem filme e assisti quase três horas em russo, com legendas em inglês), no entanto, opta pelo caminho inverso e esvazia completamente a personagem. Só vale pela fotografia.

Já em papel (ou e-book), O Mestre e Margarida provoca risos com a conversa entre ela e Azazello, um dos ajudantes de Woland, sobre sua especialidade em matar pessoas, não convencer corações apaixonados. A declaração que Nikolai Ivanovitch (não confundir com Ivan Nikolaievitch) pede para comprovar à esposa o sequestro por uma bruxa e a transformação em porco ― sem data, o gato enfatiza, senão o papel perde a validade. E a máxima de que a ofensa é o prêmio comum por um bom trabalho ― essa vou levar para a vida!

Convida a refletir quando o demônio apresenta Abadon, a morte, como imparcial, tendendo à compaixão pelos dois lados. Quando Koroviev, outro integrante do séquito infernal, esbraveja com a recepcionista da casa Griboiedov que não se pede a identidade para se certificar que alguém é escritor ― ao menos não fariam isso com Dostoievski. Ou quando Woland mostra a Mateus Levi que não existe luz sem sombra e até a sombra, no caso das árvores, pode ser boa.

E o que foi aquele baile do diabo, com criaturas em caixões e forcas chegando pela lareira, uma mistura de Labirinto e Beetlejuice? Claro que nem todo mundo curtiu o livro. Muita gente sequer conseguiu terminar. Mas o encontro bateu o recorde de participação ― convenci até o Leo, porque política ele se anima a debater (essa parte, no entanto, deixei de fora para manter o foco).

Marina Kater, que cursou dois semestres de literatura russa na faculdade de letras, comentou que, mais do que atacar ou defender um sistema de governo, a arte russa critica a falibilidade em nós, mostrando que todo mundo é humano, sem pretensão de apontar o certo: "Ninguém fica na categoria de bem e mal, nem os heróis. A gente é essa mistura".

E ilustrou com o exemplo de Pilatos, trabalhador correto, mas covarde, que se arrepende, não ouve a própria intuição: "Bulgakov tem uma visão crua, de olhos nítidos, sabe?". Karine Eslabão completou que o sistema tende a forçar as pessoas a serem complacentes, mesmo que esse arrependimento dure 2 mil anos: "Já as ações do diabo trazem justiça para quem merece".

Paula Melo, que viajou para a Rússia em 2005, se incomodou com a nudez, considerando objetificação das mulheres. Marina, porém, a enxergou associada ao poder, não ao deleite masculino: "Elas são endeusadas, não objetificadas. Não há estranhamento com a própria nudez". E eu, que participei até de casamento druida, lembrei dos rituais pagãos, em que a nudez representa liberdade e integração com a natureza.

Nós três concordamos, no entanto, que Margarida viver em função do mestre, segundo Paula, "um homem inexpressivo, que precisa de uma mulher para resolver seus problemas", não é superfeminista. Mas Marina bem pontuou que se tratava do contexto da época: "Senti falta, inclusive, de explicarem o que esse mestre tem de tão importante".

E Cris Barreto linkou com o machismo de botar as damas se estapeando para trocar suas roupas por modelos da alta costura de Paris, no espetáculo demoníaco do Teatro de Variedades, visão que Marina contrapôs com a cena, no mesmo espetáculo, dos homens se matando pelo dinheiro que caía do teto: "Bulgakov categoriza os personagens em dois grupos. Os fúteis, que brigam por roupa e dinheiro, e os elevados, como Natasha, que podia ter todas as roupas de Margarida e escolhe a liberdade".

A gente discutiu, ainda, que liberdade e democracia dependem de posição que se ocupa em determinada estrutura, qualquer uma. Que um mundo governado por mulheres, na pior das hipóteses, seria menos violento, dadas as experiências das sociedades matriarcais. Que a lua cheia, marcante na jornada de vários personagens, simboliza a metáfora do enlouquecimento ― de onde, inclusive, nasce a palavra "lunático".

E que o gato é um tremendo canalha, sem moral nem ética, de acordo com Marina, que se coloca sempre como antagonista, por pura filha-da-putagem. Ainda assim, Lorena Fonseca considerou um equívoco enorme existir um bichano no livro que não seja o mestre: "Isso está obviamente muito errado".

*

Volto para contar quando o livro de abril for decidido. Para viver outras histórias, cair na risada junto, se emocionar e culpar o clima seco, basta apoiar o Gatoca com qualquer valor a partir de R$ 15, escolher uma bebida e comprar sua edição favorita ― usando nosso link da Amazon (para qualquer produto, aliás), uma porcentagem vem para o projeto. :)

- O Mestre e Margarida da Editora 34, traduzido pelo Irineu Franco Perpetuo
- O Mestre e Margarida da Companhia das Letras, traduzido pela Zoia Prestes
- Versão em e-book da edição da Companhia das Letras

14.2.25

Um gato que só falta tocar a campainha!

Intrú apareceu em casa que era só cabeça, virou só barriga, época em que se punha a gritar de cima do muro quando voltava da rua para a gente ajudar a descer, e finalmente alcançou o peso ideal, com músculos torneados e gordurinhas bem-localizadas. Mas isso não significa que o coitado precise se esforçar, certo?


Agora, ele se posiciona no portãozinho e grita: "Mulher, cheguei!".



Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família
:: Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú
:: Um post mal-humorado fofo de Natal

7.2.25

2024

Pessoas de humanas podem sonhar com licença poética. Mas também se estabacam de mais alto. Sim, eu sabia que os gatos tinham envelhecido, só que, na minha cabeça avessa à matemática, era perfeitamente possível perder um por ano, intervalo confortável para tirar o atraso do sono, recuperar o peso, voltar a enxergar beleza na vida.

E se, em 2023, já havia me despedido de três bigodes (Guda, Pipoca e Pufosa), neste 2024 não só enterrei mais três como os cuidados se sobrepuseram. Chocolate melhorava e piorava da ataxia, enquanto Keka oscilava com os desdobramentos da doença renal e Pimenta tratou de sofrer uma reação alérgica a picada, furando a fila (além de me deixar em negação) ― Choco partiu três meses antes, Keka quatro depois.

Foram tempos tão devastadores que custei a juntar coragem para enfiar o dedo nesta retrospectiva ― notei, inclusive, que só um post entrou para a categoria dos divertidos: a brincadeira com a oficina de hot para gateiras (Quadrilha escatológica e Gato velho pode tudo até tentaram, mas acertaram no pierrô).

Eu sentia era vontade de escrever sobre as mudanças que se atropelavam ― comigo, com a rotinha da casa, com as meninas. Gatoca primeiro se tornou PB, depois deixou de ser gangue, até que sobrou apenas Jujuba, selvagem como a natureza abandonada do gatil. Assim que consegui respirar, aliás, me pus a refazer os jardins, organizar coisas acumuladas, encher sacolas de doação.

A batalha para ressignificar o ano, com faxina descarrego de quem finalmente viraria de 2020 para 2025, amigo secreto do Cluboca e amores de três décadas, só não alcançou 100% de sucesso porque a Samsung quase explodiu meu celular e Jujuba, sozinha pela primeira vez, decidiu que eu não precisava mais dormir.

Foi inevitável, inclusive, transformar o blog em um repositório geriátrico: pele flácida (velhice ou desidratação?), vômitos e dicas que ninguém dá, truque para quem não come comida velha, como medicar gato tranquilo e bichanos difíceis, quanto demora para o soro fazer efeito, suco para animal debilitado, inalação amigável, como cortar comprimido (sem esmigalhar), quando vale a pena manipular, reforço alimentar na seringa.

Mas não deixei de produzir conteúdo para as outras faixas etárias (e seus humanos) também: emergência com gatos (sensibilizada pela tragédia do Rio Grande do Sul), quando correr ao veterinário, como os peludos enxergam, explicações para "fantasmas", funções da língua áspera, personalidade ideal (teste), melhor piso, por que eles jogam coisas no chão, escova para aventureiros, versão que solta vapor, por que vídeo de gatinho faz bem à saúde.

E a série inspirada em O Encantador de Gatos, livro do Jackson Galaxy, ganhou outros nove capítulos: sobre curiosidades felinas, dominância, importância dos três Rs, jeito infalível de brincar, como alimentar a gatitude, limpeza e sono felinos e gatificação (lugar para onde voltar, arranhar sem destruir, planejamento urbano antitreta).

Não faltaram, ainda, as clássicas comemorações: o último aniversário da ranhetinha e da parte mais longeva das gudinhas, os três anos de Araçoiaba da Serra, o quase-aniversário e o 17º aniversário do Gatoca, o Dia Internacional da Maquininha de Ronrom. E o casamento, esse inédito, da minha primeira amiga gateira.

A criatura que mais roubou sorrisos no recinto, porém, foi o frajola que não pode entrar ― e de quem eu nem sabia que precisava. Os 20 posts renderam uma tag nova, só para ele: férias do Intrú, o que acontece com bicho que vai para a rua, procuram-se madrinhas, madrinhas conquistadas e um chalé, 59 dias sem acidentes, brinquedinho fracassado, desaparecimento (teste)...

...pãozinho no cobertor (vídeo), o primeiro colo, a primeira ioga, a primeira caçada sem mortes, desafio de aquecer do lado de fora, Vigilantes do Peso Felino, quase atropelamento, Airbnb de saruês, pet no trabalho, procura-se família desesperadamente, visita das Cataratas do Niágara, texto mal-humorado fofo de Natal.

Para fechar na alta, o projeto contou com a parceria da Ana Roxo, juntando felinos, arte e lubrificação ocular, além da menção carinhosa no canal de 65 mil seguidores. E teve o lançamento do nosso Cluboca do Livro diferentão, com o best-seller japonês Vou te Receitar um Gato, de Syou Ishida, e participantes de vários estados do Brasil (+ Canadá) no encontro de discussão.

Que 2025 seja de balanço na rede ― porque isso significará que conseguimos finalmente instalar a rede, que sobrou tempo para balançar, que o gorducho realizou o sonho da casa própria e que Jujuba continua se equilibrando em duas patas para ganhar sachê.


Retrospectivas dos anos anteriores: 2023 | 2022 | 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

31.1.25

Projeto 2025: de pb, só os gatos!

Eu tenho zero habilidade manual, mas coala ocupou o posto de animal favorito na minha infância por causa de uma caixa de lápis de cor ― de que ninguém ousava usar o dourado e o prateado. Até hoje, entro em papelarias como se estivesse na Disney, a diferença é que me permito curtir o que compro.


Jujuba improvisando, na impossibilidade de se ter um coala

E, quando o financiamento coletivo do Gatoca estreou, lembro de comentar que esperava precisar de canetinhas novas para o Gramado da Fama em breve. Seis anos não é tão breve assim, mas, se a gente considerar os últimos quatro como um bloco (em que sobrevivi a pandemia, golpe na construção da casa, mudança de cidade e morte de oito gatos), parece ontem.

Para parar de ressuscitar as bichinhas com álcool, finalmente escolhi um estojo modernoso, de pontas duplas!




E quem estreia, em companhia da Jujuba, é a Paula Martinez, dona de um coração que resgata galinha de despacho, cria filhas empáticas em tempos egoístas, ainda trabalha como psicanalista nas horas vagas. Ela se junta aos apoiadores maravilhosos que garantem a sobrevida deste projeto, virtualmente apertados abaixo.


Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe...

...Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura, Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim...

...Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Vera e Gabriela Fromme, Lucia Trindade, Aline Silva, Caroline Rocha, Sara Gonçalves, Soraia Mancilha e Celina Matsuda. 🤗

Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer participar do melhor grupo de WhatsApp ou de um clube do livro diferente? Dá uma fuçada na nossa campanhaaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos de Gatoca. ❤

24.1.25

Cluboca do Livro: obra russa com gato falante!

Para contrapor a pegada descompromissada de Vou te Receitar um Gato, livro de estreia do nosso clube, escolhemos logo um calhamaço, polêmico e com nomes impronunciáveis. O Mestre e Margarida, do escritor russo Mikhail Bulgakov, satiriza a vida e a repressão sob o regime soviético de Stálin.


E o curioso é que o próprio Stálin viu 16 vezes Os dias dos Turbin, uma das peças do Bulgakov, fez voltar em cartaz quando soube que tinham censurado, ainda arrumou um emprego para ele como diretor assistente no Teatro de Arte de Moscou ― as informações são do jornal O Globo.

Na trama do nosso livro, satanás e seu séquito diabólico, composto por um gato fanfarrão, um intérprete trapaceiro, uma bela bruxa e um capanga assustador, decidem visitar a Moscou dos anos 1930, deixando um rastro de destruição e loucura ― e inspirando a música Simpathy for the Devil, dos Rolling Stones.

Em algum momento, eles se cruzarão com mestre, autor malcompreendido de um romance sobre Pôncio Pilatos, e Margarida, que fará de tudo para reencontrar seu amado desaparecido ― já li um terço da obra e até agora nada. Estou apanhando, inclusive, para decorar as múltiplas alcunhas dos personagens com a privação de sono proporcionada pela Jujuba.

O encontro para conversar sobre a leitura ocorrerá no terceiro domingo de fevereiro, dia 16, das 16h às 19h. Para participar, basta apoiar o Gatoca com qualquer valor a partir de R$ 15, escolher uma bebida e comprar sua edição favorita ― usando os links abaixo, uma porcentagem vem para a gente. :)

- O Mestre e Margarida da Editora 34, traduzido pelo Irineu Franco Perpetuo
- O Mestre e Margarida da Companhia das Letras, traduzido pela Zoia Prestes, filha do Carlos Prestes
- Versão em e-book da edição da Companhia das Letras
- Vou te Receitar um Gato, para quem ficou curioso
- Qualquer compra na Amazon partindo deste link ajuda o projeto (vale até aspirador de pó!)

17.1.25

A batalha para ressignificar 2024 (sem 9 gatos)

O plano original era descansar em dezembro, a última chance do ano ― corpo, cérebro e alma. Mas eu já tinha repaginado o jardim, feito uma limpa no museu dos bigodes, separado as roupas e os livros da Mari para doação. E a casa gritava por uma faxina descarrego, à altura de quem finalmente faria a virada de 2020 para 2025.


Sabem aquele armário em que terra se tornou tempero, as paredes com sedimentos de catarro, secreção de olho, patê e patas, o toldo mofado pelos temporais que arrancaram o portão e as 283 janelas que exigiriam a criatividade de lavar internamente com o pulverizador das plantas? Fora o toalheiro e a luminária do banheiro nunca instalados. Além da porta de tela, cuja estrutura Leo construiu e eu fiquei de pintar e colar o mosquiteiro.


(Acreditem, não sobra muito tempo quando você está sempre cuidando de três gatos morrendo simultaneamente.)


Aí, a bateria do celular de dois anos estufou e a Samsung me deixou 22 dias sem WhatsApp e fotos boas, quebrando o galho com um iPhone de uma década atrás, justo nas comemorações de Natal, Ano-Novo e aniversário ― para querer me cobrar um terço do valor do aparelho pelo conserto. Da taxa de R$ 38 para constatar o óbvio não consegui fugir.


E só pude participar do Amigo Secreto de Talentos do meu próprio projeto usando a conta do Leo no aplicativo de mensagens do Zuckerberg. Ganhei da Karine a história do Gatoca ilustrada por inteligência artificial e editei na unha cinco cenários de Onde Está Wally? para a July procurar Amora, Batata, Matilda, Milka e Pobá ― as versões de IA pareciam saídas de filme de terror.


Para ampliar, cliquem na imagem

Cluboca teve até bolão da virada! Tudo porque Karine, que mora no Canadá, encontrou C$ 10 ao passear com a rata, jogou na Mega-Sena e ofereceu dividir o prêmio com o grupo. Antes mesmo de eu aceitar participar, as meninas já haviam decidido me dar um iPhone novo, comprar uma casa para o Intrú, destinar uma tonelada de ração para ONGs, abrir um cat-café e organizar uma excursão pela Europa para conhecer outros cat-cafés. Claro que não ganhamos.

E, se o Natal foi dia de pijama enquanto o Ano-Novo passamos à base de hambúrguer, não permiti que o cansaço e a frustração tecnológica arruinassem também os festejos de 45 anos. Sim, qualquer amigo precisaria enfrentar horas de estrada (e pedágios) até o interiorrr. Mas Eli, Bá, Tati e Fê trouxeram comida, presentes e lembranças da melhor fase da minha vida ― risadas que riem juntas há três décadas!


Imagina se eu não fizesse ioga! rs

Não, não esqueci da retrospectiva. Só demandava uma energia que não descobri de onde tirar. Sozinha pela primeira vez na existência, Jujuba se põe a miar quando fecho o quarto para dormir e na melhor hora do sono, porque acordou desorientada, e antes das 6h para ganhar sachê batido de café da manhã. Eu até poderia educá-la. Mas 17 anos e meio atrás.


Confesso que também falta estímulo para escrever contra os algoritmos e depois ainda ser roubada pela IA do Google ― acho que nunca fiquei tanto tempo sem atualizar o blog! Na semana que vem, quem sabe?

20.12.24

Um post mal-humorado fofo de Natal

Intrú queria comida e eu precisava de um modelo para alternar as fotos do blog com a Jujuba, porque nosso casting desfalcou de repente. Ele ganhou croquetes e consegui cinco cliques: quatro de cara feia e o último sem gato ― que saiu correndo para providenciar o próprio almoço, provocando uma debandada de passarinhos.

Impossível não lembrar do Grinch, a criatura verde que odeia Natal, interpretada no cinema pelo Jim Carrey. Ou do Scrooge, personagem de Um Conto de Natal, escrito por Charles Dickens, que considera a data um desperdício de tempo e dinheiro, e acaba recebendo os espíritos do Natal passado, presente e futuro para esfregarem seus erros na cara.

Eu mesma não morro de amores pela chacina animal, o apelo consumista e a ideia de juntar pessoas tão diferentes em volta da mesma mesa. Mas não podia agradecer vocês pela travessia em companhia deste 2024 tão difícil de mau humor, né? Percebi, então, que chapeuzinhos de Papai Noel deixam qualquer coisa fofa.


E é nesse clima que festejo a chegada ao nosso grupo de apoiadores da Sara Gonçalves, da Soraia Mancilha e da Celina Matsuda! Elas se juntam aos maravilhosos Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Marcelo Verdegay, Fernanda Leite Barreto...


... Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca, Karine Eslabão, Michely Nishimura...

...Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida, Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues, Simone Castro, Beatriz Terenzi, Viviane Silva, Regina Hansen, Arina Alba, July Grafe, Sandra Malacrida, Vera e Gabriela Fromme, Lucia Trindade, Aline Silva e Caroline Rocha! 🤗

Será que em 2025 nosso rabugento ganha uma família para brigar no Natal?


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer participar do melhor grupo de WhatsApp ou de um clube do livro diferente? Dá uma fuçada no nosso financiamento coletivoaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos de Gatoca. ❤)


Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
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:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família
:: Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú

18.12.24

Gatificação: planejamento urbano antitreta | EG #34

Ninguém espera que vocês encham os cômodos com semáforos, faixas de pedestres e placas de trânsito, mas planejar o fluxo de tráfego da sua casa garante que humanos e animais se movam livremente, sem conflitos ― estruturar o mundo em dois eixos, horizontal e vertical, ainda ajuda quem tem cachorro e criança, porque o incompreendido do bichano pode encontrar seu lugar de confiança no alto.

Para colocar o planejamento urbano em prática, Jackson Galaxy, autor de O Encantador de Gatos, livro que inspira esta série, sugere três passos.

Passo 1
Avalie a paisagem atual da sua residência, analisando a disposição dos móveis e recursos (comedouros, bebedouros, arranhadores, banheiros). O trânsito parece eficiente ou existem áreas problemáticas, como as descritas abaixo?

- Pontos de conflito: locais onde costumam acontecer brigas, agressões, xixis fora da caixa. Marque cada um deles com fita adesiva. Quanto mais marcações, pior é o espaço, demandando alternativas para não se tornar um ponto morto.


- Zonas de emboscada e pontos mortos: muitas vezes criados por aspectos da própria casa, como posicionamento da mobília, elementos arquitetônicos e até mesmo bagunça, deixam apenas uma opção de acesso aos recursos, possibilitando que um peludo impeça o outro de passar.

- Cavernas: já explicamos o significado e importância de bloqueá-las aqui.

Passo 2
Adicione "rotatórias" aos pontos de conflito para desviar o fluxo. Vale usar prateleiras ou qualquer estrutura de escalar que ofereça um nível alternativo de passagem, permitindo que o bichano suba para se afastar da área problemática. É preciso viabilizar também rotas de fuga, certificando-se que todas as prateleiras e locais de apoio tenham vários pontos de saída ― no caso do banheiro, basta tirar a tampa.

Passo 3
Otimize todo o espaço potencial dos cômodos com as dicas dos próximos capítulos.


(Tem um troco sobrando, gosta do nosso trabalho e quer participar do melhor grupo de WhatsApp ou de um clube do livro diferente? Dá uma fuçada no nosso financiamento coletivoaqui fiz um resumo das principais ações, on e offline, destes 17 anos de Gatoca. ❤)


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: E dormem menos do que parece
CAPÍTULO 23: Qual é o arquétipo do seu bichano?
CAPÍTULO 24: Identifique os lugares de confiança dele
CAPÍTULO 25: Gato medroso: faça do esconderijo casulo!
CAPÍTULO 26: 13 curiosidades felinas
CAPÍTULO 27: Existe bichano dominante (ou alfa)?
CAPÍTULO 28: A importância dos três Rs para um gato
CAPÍTULO 29: Três Rs: o jeito infalível de brincar
CAPÍTULO 30: Três Rs: como alimentar a gatitude
CAPÍTULO 31: Três Rs: limpeza e sono felinos
CAPÍTULO 32: Gatificação: um lugar para onde voltar
CAPÍTULO 33: Gatificação: arranhar sem destruir a casa
CAPÍTULO 35: Gatificação: mundo vertical (estreia no dia 15 de janeiro de 2025!)

13.12.24

Quando as Cataratas do Niágara visitaram Intrú

Quem nasceu nos anos 70 e 80 cresceu com o Pica-Pau descendo as Cataratas do Niágara em um barril, enquanto pessoinhas de capa amarela gritavam de braços levantados. Imaginem, então, a emoção que vivi ao sentir os lendários respingos no rosto, quando viajei para o Canadá a trabalho, em 2006 ― de capa azul, porque amarela é a cor para os turistas do lado norte-americano.


Foi exatamente o oposto de ver um braço do toldo se desprender do contêiner bem em cima da casinha do Intrú, durante o último temporal, derrubando uma cachoeira inteira no telhado, que se deslocou e fez o coitado sair correndo sem barril nem capinha. Acho que nunca fiquei tão ensopada na vida, ao menos não de pijama, tentando consertar algo na força do desespero.

E precisei de muitos croquetes para convencer o gorducho a entrar no cafofo de novo, cujo cobertor 50% molhado tapeei com a bolsa térmica para resistir à madrugada. Estas fotos são do dia seguinte, quando saiu sol e pude lavar tudo, menos o gato ― que continuava tentando trocar de casa.





Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava
:: Dia de levar o pet ao trabalho
:: Ele não quer uma casa, quer uma família

11.12.24

Vou te Receitar um Gato: encontro do Cluboca do Livro

Domingão rolou a primeira edição da pata literária (e etílica) do Gatoca, com participantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia, Canadá e do plantão do hospital (nutricionista, calma!). Movida a chocolate quente com rum, na caneca do Simba ilustrada pela Marina Kater, nem vi as três horas passarem.

A gente conversou sobre Vou te Receitar um Gato, best-seller japonês de Syou Ishida, indicado pela Cora Rónai na coluna d'O Globo, que divertiu parte dos leitores pela leveza e abandonou outros no caminho pela superficialidade e ritmo mais lento.


Para ampliar, cliquem na imagem

Eu mesma achei uma boa ideia mal-executada, como se toda a experiência que a autora demonstra com bichanos faltasse à escrita ― diálogos artificiais, inconsistências no enredo, soluções convenientes. O tom de "manual para acompanhar a adoção" ainda se alternava com animais de raça, romantização de fuga e lições de moral blé, como a de que ninguém é insubstituível.

Mas gostei da proposta do realismo mágico e confesso que fui pega de surpresa pelo plot twist, pós-chá de matatabi. Das cinco histórias, a que mais me tocou foi a da mãe cansada e sem tempo, que faz a filha devolver um filhote, porque já estive no lugar da criança e dezenas de vezes no lugar da mãe, como protetora que sobra com o gosto amargo de não poder ajudar quem repassa o problema para dormir tranquilo.

Lúcia Trindade notou que todos os personagens começam autocentrados e acabam mudando por causa dos gatos. "Quando um gato entra na sua vida, tudo muda", emendou Cristina Barreto. E Vanessa Araújo enfatizou o reestabelecimento de conexões perdidas também nas famílias desfuncionais.

Não passou despercebido para Viviane Silva que as mulheres têm mais visão de contexto, enquanto os homens parecem mais alienados. Já Lorena Fonseca sacou que a personalidade do médico e da enfermeira que trabalham na clínica que receita felinos era condizente com a deles. Aline Silpe recomenda para quem gosta de dorama, o que não é seu caso.

E quem melhor resumiu a experiência, na minha opinião, foi a Paula Melo, que sentiu falta de aprofundamento nas 224 páginas: "Amei, duas estrelas!". rs

*

O Cluboca do Livro é uma das recompensas do nosso financiamento coletivo e a segunda edição está programada para o início de fevereiro ― divulgo o nome do livro e a data certinha assim que decidirmos. Se você também quiser viver outras histórias, cair na risada junto, se emocionar e culpar o clima seco, clique aqui e escolha sua bebida! :)

6.12.24

Quem cuida dos cuidadores?

Jujuba já tinha assumido o papel de enfermeira de Gatoca ao aconchegar a mãe e as irmãs enquanto morriam.


(Pipoca e Pufosa com dois dias de diferença, exigindo malabarismos de todos os envolvidos.)


Mas eu não imaginava que não desgrudaria também da Chocolate, que deixava clara sua preferência por não trocar calorzinho com ninguém ― a gente tirava a bichinha de perto e ela voltava, feito iôiô.


E, quando chegou a vez da Pimenta, comecei a me preocupar: quem cuidaria da malhada?


Claro que ela tem a mim, mas não é a mesma coisa ― poder desligar do mundo colada a um corpo quentinho e peludo, que só sairá de perto depois de você.

Exatamente como aconteceu com a Keka.


Pela primeira vez sozinha em 17 anos e meio, Jujuba se aproximou mais de mim. Na hora de dormir, porém, se encaixa entre as almofadas do sofá, onde antes existiam outros nove gatos, e meu coração engasga.

28.11.24

Renovação que veio de fininho

Tem gente que é incompetente para o descanso. Eu havia prometido um respiro neste fim de ano, depois de quase meia década de mortes felinas em sequência, para retomar os projetos com força total em 2025. E, quando me dei conta, estava com a casa virada do avesso. Tudo começou com a caminha da Chocolate, intocada desde abril, porque me faltou coragem para doar.

E como já teria de abrir espaço no depósito de jardim, resolvi rever todas as coisas guardadas ao longo da jornada com gatos ― pois poderia esfriar, ou esquentar, ou resgatar de novo uma ninhada, ou precisar de mais banheiros. Levei até a ONG que castrou o Intrú e nem fotografei porque não percebi o movimento que se iniciava.


Aí, Leo sugeriu uma ida ao Ceagesp para repor as plantas que não sobreviveram à rotina entre alarmes ― ele cuidando dos pais e eu, dos velhinhos quadrúpedes. Peguei a estrada determinada a recomprar a cinerária prateada que secou junto com a gangue e voltei com cristas-de-galo que, se crescerem como imagino, farão um pôr de sol no gatil ― Intrú ajudou com os vasos de fora, como não se nota na imagem anterior.


Mari pediu, então, para procurar na papelada que deixou comigo, antes de se mudar para a Itália, seus diplomas e históricos escolares. E aproveitou para desapegar dos livros e das roupas que já haviam vindo de Sorocaba para cá. A coleção do Sherlock Holmes entreguei na biblioteca da cidade, pequena, mas gracinha. E as obras de espiritualidade estou dividindo entre os amigos menos céticos.


As peças sociais poderiam ser vendidas no shopping, já que minha irmã não compartilha a estratégia de usar até virar pijama, depois jogar no reciclável porque não aceitariam nem como doação. Só que antes de qualquer destino preciso descobrir como tirar macha de botão que esverdeou o tecido ou de calça colorida que estampou a clara.


E lavar de novo a leva do varal que quebrou, para delírio do Intrú.



Tenho compartilhado mais registros do cotidiano nos stories do Instagram, porque vocês disseram que querem ver ― e talvez contribua para a fidelização da comunidade (já disse que odeio os algoritmos?).


Ainda deve rolar um bate e volta para Campinas, pois também consegui substituir, nesta Black Friday, os pneus que me obrigavam a dirigir com aventura pela Raposo. Perguntei ao mecânico se dava para saber a data da última troca, já que não me lembrava mais, e fiquei chocada com a resposta: 2008. Comprei o Focus em 2011.

21.11.24

Dia de levar o pet ao trabalho

A gangue nunca entrou no estúdio do Leo porque cada passo em falso tem potencial de destruir meia dúzia de coisas ― de bibelôs a equipamentos de fotografia. Mas Intrú, o Sherlock Holmes dos vãozinhos em dias abafados, conseguiu.

Ignorou o sofá macio, as prateleiras apinhadas de objetos brilhantes, os vasos de plantas tóxicas e subiu direto na mesa para fazer o que todo gato (semi)domesticado faz: digitar com a bochecha no laptop enquanto pede carinho.




Epopeia do Intruso

:: Como tudo começou
:: Serial killers sempre voltam à cena do crime!
:: Ronrom, ataques e caos
:: Amansando a fera
:: Intruso: 1 sucesso e 2 bombas
:: Um morto muito louco e perdão felino
:: Cartinha de um gato excêntrico ao Papai Noel
:: Nossos presentes de Natal, com penetra
:: O que acontece com gato que vai para a rua
:: Férias do Intrú
:: Procuram-se madrinhas
:: Intrú ganhou madrinhas e um chalé!
:: 59 dias sem acidentes!
:: O primeiro brinquedinho... que ele nem viu
:: Teste: o desaparecimento do frajola
:: Intrú ganhou um cobertor e me emocionou
:: O primeiro colo (sim!)
:: A primeira ioga
:: A primeira brincadeira de caçar (sem mortes!)
:: O desafio de aquecer um bicho que não entra em casa
:: 17º quase-aniversário do Gatoca e bastidores
:: A escova perfeita para aventureiros
:: Vigilantes do Peso Felino
:: Um ano do gato que eu não sabia que precisava