Quando o interfone toca perto da meia-noite, a lista mental de tragédias cresce mais rápido do que as passadas para atendê-lo. E eu pensei até na irmã que vive na Suíça, porque ela poderia facilmente pegar um avião para morrer em casa. Mas como, raios, o pessoal da favela do nosso
mutirão de castração descobre onde eu moro? Para completar o filme de terror, o pedido de ajuda era para este frajola, sem um pedaço da boca.
E a tutora, catadora de latinha, estava tratando o coitado com antibiótico neste barraco ― porque lógico que eu fui até lá de pijama.
Vou pular direto para o final feliz e poupar vocês de passar pela mesma agonia. O gatão foi operado pela Drª. Maria Eugênia Carretero, na
Canto da Terra, que aproveitou a anestesia e já emendou a castração. Como ele perdeu parte do tecido da boca, uma carne esponjosa recobrirá a região, sem prejuízo da qualidade de vida.
O peludo também tinha uma fratura na pata direita dianteira, antiga e mal-consolidada, que só daria para consertar quebrando de novo, sofrimento desnecessário. Saiu medicado para a dor e para evitar contaminação. Ah! Como a ONG fica na zona norte e não consegui cancelar a reunião de trabalho esperada há duas semanas, mandei dona Maria José de Uber.
Agora, preciso pagar a conta (R$ 450) ― e colocar o sono em dia. Help:
contato@gatoca.com.br? :)