Eu tenho muitas amigas gateiras e boa parte delas coloca a mão na massa. Mas a Paula Martinez resgatou uma galinha. E a galinha estava presa na macumba! Nas três vezes em que ficou grávida, ela doou leite para bebês sem a sorte de suas pequenas. E há alguns meses fundou a
Ciranda para o Amanhã, com o objetivo de ajudar mais efetivamente os meninos e meninas que moram nos 19 abrigos da Lapa expandida.
Se Paula me pedisse para pular da ponte, eu consideraria seriamente. Ainda bem que ela só queria algumas aulas de português para facilitar a buscar por emprego da molecada que acaba na rua ao completar 18 anos. Desenhei, então, o curso em quatro encontros, partindo dos interesses dos adolescentes e tomando o cuidado de plantar a semente da leitura, assim eles poderiam seguir sozinhos ― nesse tempo não se ensina a escrever nem tuíte e estamos falando de dezenas de vidas que a escola não soube conquistar.
O pessoal do
Flores na Varanda cedeu o espaço de jardim colorido para as aulas não convencionais e recebeu a turma com café da manhã durante as três últimas semanas ― na próxima, rolará uma visita à Biblioteca de São Paulo. Teve conversa sobre potencialidades, orientação vocacional express, ditado com música do Racionais, crônicas em voz alta, produção de currículo lúdico, palavrões, mensagens dos abrigos sobre a empolgação dos meninos. Eu ganhei poesia, desenho, dobradura, sorrisos. E W., quase o dobro do meu tamanho, dizendo que não queria ir embora.
(Leo, parceiro de todas as horas, tirou fotos da coleção de olhos brilhantes, mas não podemos publicar.)
Por que este post está aqui no blog? Mona Lisa, a mascote do restaurante, serviria facilmente de gancho ― jornalistas fazem milagres com as palavras.
Mas a verdade é que não existe mundo melhor se a gente pensar compartimentado em bicho, gente, planta. E o próximo projeto do
Gatoca será com crianças! Leitores que tomam chá com empresários do bem, mandem mensagem:
contato@gatoca.com.br. :)