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11.6.25

Peguei dengue salvando três árvores

Bem no dia em que Leo foi para São Paulo cuidar dos pais, o progresso bateu à porta de Gatoca. Não, não eram bilionários querendo comprar a casinha de contêiner para construir o resort de nossas aposentadorias e, sim, a prefeitura ameaçando derrubar as árvores que a gente aduba desde o ano passado, na esperança de ter abacate e flores, para asfaltar a estrada de terra.

Pensei em chamar de mudas, mas desmereceria o esforço que fiz para tirá-las do chão durante uma manhã inteira, usando cinco modelos diferentes de pá, até despertar a comoção de quatro pessoas, um trator e uma vira-lata caramelo ― se tem alguém aí pensando que plantamos as árvores no meio da rua, vale esclarecer que era a tubulação de esgoto que precisava se enfiar embaixo da nossa "calçada".


Missão comprida cumprida, voltei para o computador, ignorando que o pior desafio ainda estava por vir. Pela primeira vez, nas últimas duas décadas, meu corpo inteiro desandou, enquanto nariz e pulmões continuaram funcionando perfeitamente ― quem tem alergia a gatos, dez gatos e asma vivencia o exato oposto disso. Claro que não podia ser bom sinal.

Com a dor nas costas, ombros e pescoço, veio a febre, sucedida por choques na cabeça e 24 comprimidos de Neosaldina ingeridos feito Confete. Qualquer comida parecia absurdamente salgada. E acho que nunca bebi tanta água no frio ― quem pega uma doença de calor no inverno? A cada duas noites, sonhava que a dengue havia evoluído para a versão grave (ou hemorrágica) e amaldiçoava o ipê, a pata-de-vaca e o abacateiro salvos no meu lugar.


Como desdobramento de um quadro já preocupante, todo o lado direito da cabeça inflamou (ouvido, garganta, mucosas e linfonodos), me obrigando a tomar sopa, aquela já sem sal nenhum, de canudo. A bochecha do lado esquerdo abriu uma lesão que fazia tomate parecer ácido sulfúrico. E a gengiva descolou do dente do fundo, como calça arriada.

Voltei ao hospital, onde havia feito o teste e tomado soro da primeira vez, para sair com uma receita de anti-inflamatório, que, em 0,1% dos casos, faz sangrar o nariz.


Esqueçam o Bial e usem repelente!

8 comentários:

Anônimo disse...

Taí uma doença que não desejo nem aos inimigos. Melhoras💚💚

Gaby Paschoalin disse...

Que combo tenebroso. Te cuida e esquece Bial!

Anônimo disse...

Putz, tinha que ser bem no momento de replantar?

Anônimo disse...

Eita migs! Mas ganhou piadas da Laurinha por áudio, para animar 🤗

Anônimo disse...

Fênix, que esta nova fase seja triunfante - Tati

Anônimo disse...

Melhoras, Bia!!!

Anônimo disse...

Força, fé e muita, muita saúde Bia! 🙏🙏🙏🙏🙏

Anônimo disse...

Misericórdia! Mas a energia das plantinhas salvas vai te fortalecer!