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18.8.22

Feromônios e cheiros na comunicação felina | EG #12

Se tem um quesito em que os gatos perdem para os cachorros é no faro: 60 milhões de células olfativas contra cerca de 300 milhões, porque os bichanos se concentram em caçadas curtas, aproveitando suas habilidades de perseguição e corrida. Ainda assim, o narizinho deles dá um baile no nosso em 14 vezes.

E o cheiro se mostra essencial nas relações felinas, pois tem conexão direta com a região do cérebro responsável pelas emoções. Se esfregando em objetos e pessoas, seu amigo deixa mensagens com feromônios, sinais químicos imperceptíveis para nós, que revelam informações sobre o sexo (macho ou fêmea?), o humor (estressado?) e a condição reprodutiva (no cio?) — tudo para evitar conflitos.

Já os interlocutores conseguem detectar esses feromônios com o órgão vomeronasal conhecido como "órgão de Jacbson", localizado entre a parte interna da boca e o nariz — sabem quando eles fazem aquela careta de boca aberta? Ela se chama "reflexo de flehmen" e equivale à careta dos apreciadores de vinho.


Há glândulas de feromônios nas bochechas, testa, boca, queixo, rabo, patas, bigodes, almofadinhas, orelhas, flancos e mamas. Suas funções específicas seguem um mistério para a ciência, mas pesquisadores identificaram três dos feromônios faciais...

- F2: relacionado ao comportamento sexual.
- F3: envolvido em trocas sociais complexas e na marcação de território.
- F4: responsável por marcar indivíduos familiares (bípedes ou quadrúpedes), facilitando o reconhecimento e reduzindo a chance de treta.

A maneira como os bichanos se esfregam também diz sobre seu estado emocional. Usar as bochechas indica confiança, dar cabeçadas demonstra amor e arranhar é outra forma de marcar território, mas também pode significar alerta. Tem, ainda, a temida marcação com urina, comportamento sexual comum em animais não castrados e resposta a mudanças no ambiente — como sofá novo ou intrusos.

Estão curtindo a série inspirada no livro do Jackson Galaxy O Encantador de Gatos, financiada coletivamente pelos leitores do Gatoca? Considerem se tornar apoiadores também — aqui tem um resumo das principais ações (on e offline) destes 15 anos. ❤


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

12.8.22

Gata com tontura e desequilibrando, do nada!

Quando Pimenta não está embrenhada na moita de catnip do gatil, seu canto favorito da casa é a prateleira a caminho do escritório, onde ela pode ganhar carinho dos passantes e, ao mesmo tempo, tomar sol. E, como esse item indispensável para o enriquecimento ambiental nos acompanha desde São Bernardo, mudando apenas a roupagem, a frajola tem experiência no pulo.


Acontece que, na quarta-feira retrasada, ela se equivocou no cálculo e despencou em cima de mim, que, abaixada, reabastecia o potinho de ração. Achei estranho, mas segui nos cuidados matinais dos gatos — sete, idosos, com necessidades diferentes. Até que Leo me alertou para o caminhar cambaleante da pequena:


Durante quatro horas, ao menos, ela ficou assim, sem conseguir manter o equilíbrio, mesmo sentada — e, para evitar o tronco balançando, se encostava nos lugares feito bêbada. A tontura pode até ter sido causada pela queda da prateleira, mas tendo mais a acreditar que foi a causa da queda, já que a peluda nunca erra esse salto. E não aparentava sentir dor — apalpamos cada pedacinho do corpo.

Intoxicação também estava no radar do veterinário, apesar de não vir acompanhada de outros sintomas, como babação, vômito e diarreia. Nada de nistagmo também ou de sinal de otite — ouvidos limpinhos, sem movimentos suspeitos de cabeça. E chega a ser uma ofensa suspeitar de deficiência nutricional em um recinto com seis opções de ração, entre secas e úmidas.

Restavam os problemas mais sérios, como neoplasia (tumor), hipertensão (comum em animais mais velhos) e epilepsia (distúrbio que afeta o sistema nervoso central). Não sei se ela teve convulsão enquanto a gente dormia, mas me chamou a atenção a ligação com a doença renal, cujo diagnóstico conhecemos há oito anos — o funcionamento capenga dos rins pode alterar a composição do sangue, provocando as crises.

Pips segue em observação, já que o bamboleio se tratou de um episódio isolado. E espero que continue assim.

10.8.22

15º aniversário do Gatoca!

Este é um post sobre amor. Porque, sim, a história do Gatoca tem marcos importantes: 1.662 textos informativos, engraçados, emocionantes, mobilizadores — mais e-book, boletim, canal no Youtube. 115 gatos, oito cachorros, quatro aves socorridos e um mutirão de castração. Uma comunidade engajada, com experiências trocadas em 12 mil comentários.

Gente linda que comprou rifa para ajudar nos resgates e produtos da extinta lojinha, contribuiu para o financiamento coletivo, participa do nosso clube de assinaturas — falta 1% para bater a quarta meta! Projetos extrapolados indiretamente para a ONU, Sesc, Yahoo!. 27 parceiros ao longo da jornada, com destaque especial ao Wings For Change, à Pet Delícia e à prefeitura de Sorocaba.

Mas esses números não bastam para me roubar da cama nos dias chuvosos. Nem honram todos os boletos, sejamos honestos.

Eu continuo porque amo o universo que os bigodes pariram em mim e sei que o planeta nasceria outro se aprendêssemos a sentir os animais. Planto sementes em forma de jogo (Gatonó), livro (Depois da Quarentena), série (AssassiGato). Tomo porta na cara, desanimo frequentemente e então lembro que o tempo está ao meu lado — foram só 42 anos.

Desta vez, por causa da covid e da morte do Mercv, não consegui organizar o clássico festerê virtual. Mas comemorei com Leo, parceiro de vida, e com os bigodes, recomeço. E quem se inscrever no Cluboca até o fim do mês vai ganhar de presente todas as nossas superproducinhas!

Obrigada por despiorarem o mundo comigo nestes 15 anos! ❤




Festinhas anteriores: 2021 | 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

5.8.22

Stray e os melhores jogos de gato, incluindo tabuleiro!

Meu último jogo de computador foi Carmem Sandiego e, no Phantom System piratão, cultivei a primeira gastrite com a fase da lava do Super Mario Bros. De lá para cá, só me arrisquei no FarmVille, por causa de uma matéria para a revista AnaMaria — sou uma pessoa facilmente viciável, com menos tempo livre do que gostaria.

Mas não dava para não falar de Stray, o assunto que uniu os universos gamer e gateiro, né? Com estética cyberpunk, trata-se da história de um tigrinho que acaba se separando da família e precisa explorar os becos de uma cidade futurista dominada por robôs para reencontrá-los, tendo como única companhia um drone voador chamado B-12.


Não falta texto e streaming na internet do lançamento mais bem sucedido da Annapurna Interactive. Escolhi compartilhar com vocês, porém, o vídeo em que o Jackson Galaxy, especialista em comportamento felino, analisa os movimentos realistas do bichano digital e o canal na Twitch da Viviane Silva, apoiadora querida que me ajudou neste post (junto com a Bárbara Santos, Vanessa Araújo, Simone Castro e Aline Silpe) — ainda faz propaganda do Gatoca nas lives!


Ah! Aqui tem a gata real que emprestou a voz ao personagem. ❤

E, como chego atrasada na conversa (furo de reportagem nunca foi meu forte, rs), compenso com mais dez dicas de jogos eletrônicos, de tabuleiro e para celular com peludos, assim vocês podem se divertir sozinhos, de galera e até com a criançada!

Há opções pagas e gratuitas, clássicas e recém-lançadas, todas muito bem-recomendadas pelas meninas. E vários links estão em inglês porque optei por divulgar os sites oficiais, em vez das lojas. Mas dá para escolher o idioma da maioria na hora de jogar. :)

ELETRÔNICOS

Fisti Fluffs (2021)
Os próprios desenvolvedores definem Fisti-Fluffs como um adorável e ridículo jogo de equipes, baseado em física, cujo objetivo é lutar com outros gatos e arruinar cenários em batalhas frenéticas e exageradas — dá para curtir sozinho também, embora perca parte da graça.

- Plataformas: PC (Epic) e Nintendo Switch
- Idade: 10+
- Número de jogadores: até 4
- $: pago


Catlateral Damage (2021)
Simulador de destruição doméstica felina, pede que você, um bichano doidão, derrube o máximo possível de pertences de seu tutor, tomando o cuidado de não deixar nenhum sofá ou cortina sem arranhões.

- Plataformas: PC (Steam), Xbox, PlayStation e Nintendo Switch
- Idade: 10+
- Número de jogadores: 1
- $: pago


Cats Organized Neatly (2020)
Quebra-cabeça delicado 2D, em que o jogador deve encaixar peludos de diferentes formatos e tamanhos em espaços feitos a mão, representando 80 níveis de dificuldade.

- Plataforma: PC (Steam)
- Idade: livre
- Número de jogadores: 1
- $: pago, mas baratinho


Calico (2020)
Você precisa reconstruir o café decadente da cidade, desde a mobília até as guloseimas que serão servidas, enchendo-o de criaturas apertáveis — tem magia, troca de roupas, itens colecionáveis e interação com animais fantásticos.

- Plataforma: PC (Steam e Epic), Xbox e Nintendo Switch
- Idade: livre
- Número de jogadores: 1
- $: pago


NintenDogs + Cats (2011)
Jogo de simulação que permite escolher entre cães e gatos com personalidades e interesses diferentes para cuidar e brincar — relevem o lance das raças! E, com a tecnologia de reconhecimento facial, os filhotes conseguem reconhecer seus tutores!

- Plataforma: Nintendo 3DS
- Idade: livre
- Número de jogadores: 1
- $: pago


TABULEIROS

Calico (2020)
Sim, existem dois criadores sem originalidade, que escolheram o mesmo nome para seus jogos — cálico, com acento em português, se refere à pelagem das gatas tricolores. O objetivo aqui é costurar uma colcha colorida e aconchegante para atrair os felinos.

- Idade: 14+
- Número de jogadores: 2 a 4
- $: bem-pago


Exploding kittens (2015)
No estilo roleta-russa e com humor nonsense, os participantes compram cartas até encontrar um bichano explosivo, que detonará tudo, a menos que surja uma carta de desarmar. E não basta escapar das situações de perigo, é preciso colocar os demais competidores em apuros.

- Idade: 8+
- Número de jogadores: 2 a 5
- $: pago


APPs PARA CELULAR

Simon’s Cat Games (2017 a 2021)
Do clássico Candy Crush à perseguição de borboletas, fugindo de ouriços e ratos, os jogos da franquia trazem o famoso gato do Simon, estrela de mais de 100 animações, em desafios costurados por histórias.

- Sistemas operacionais: iOS e Android
- Idades: 4+ e 9+
- $: grátis, com possibilidade de compras no aplicativo


Talking Tom & Friends (2012 a 2022)
Com mais de duas dezenas de versões (e série animada!), a molecada explora o mundo cantando no caraoquê, nadando, dançando, cuidando da horta ou preparando o jantar para os melhores amigos — há roupinhas e móveis colecionáveis.

- Sistemas operacionais: iOS e Android
- Idade: 4+
- $: grátis, com possibilidade de compras no aplicativo


Neko Atsume (2014)
O objetivo não é dos mais criativos: construir um ambiente confortável com almofadas, brinquedinhos e comida para atrair o maior número de peludos. Mas, como todo aplicativo fofo de celular, vicia. rs

- Sistemas operacionais: iOS e Android
- Idade: 4+
- $: grátis, com possibilidade de compras no aplicativo

3.8.22

Um ano sem Clara

Eu te dei papinha nas costas da colher por 270 dias, até o carcinoma derrotar a mandíbula. Reguei 16 semanas de girassóis multicoloridos para as formigas transformarem em graveto. Cinco meses depois, plantei Mercvrivs.

Final (quase) feliz.


Despedida da Clara:

:: Saudade
:: Nunca foi tão difícil plantar girassóis
:: Os primeiros 30 dias
:: Clara finalmente virou girassol!
:: Girassóis góticos de Halloween
:: Luto: tempo contado em girassóis

28.7.22

Gato correndo loucão: 3 causas que eu desconhecia!

Todo gateiro um dia vai se deparar com um bichano que resolve atravessar a casa correndo do nada, como se anunciassem promoção de sachê. Eu vejo isso aqui há quase 17 anos e nunca perde a graça — Keka anda pelas paredes, Guda mergulha de barriga embaixo da cama e Jujuba finca a bandeira imaginária na última prateleira da sala, atropelando as irmãs na descida.


Mas só recentemente descobri que essa loucura tem método e pode ser sinal de alerta. A causa mais comum leva o nome pomposo de Períodos Frenéticos de Atividade Aleatória, o que significa, no populacho, que o gato desembesta a correr para queimar a energia acumulada ao longo do dia, como uma resposta quase involuntária do corpo — sim, faltou brincadeira.


Se ele já passou dos dez anos, porém, vale uma conversa com o veterinário, porque a outra suspeita é de hipertireoidismo, uma alteração hormonal que acelera o metabolismo, provocando problemas cardíacos, gastrintestinais e renais, e demanda tratamento medicamentoso para controle ou cirurgia.

O diagnóstico pede exames laboratoriais, principalmente dosagem hormonal de T4. Mas estes sintomas dão uma pista do quadro: perda de peso mesmo comendo mais, a hiperatividade constatada nos ralis, vômitos frequentes, problemas na pelagem, aumento na ingestão de água e no volume de xixi, agressividade.

Há, ainda, um terceiro motivo: a hiperestesia, síndrome rara caracterizada por sensibilidade extrema na pele e um conjunto de comportamentos obsessivos, como mordedura, lambedura e vocalização excessivas, perseguição ao próprio rabo, corridas ou pulos fora de controle — o animal pode apresentar também dilatação das pupilas, ondulações no lombo e até espasmos musculares.

A doença não tem origem clara nem cura, mas medicação aliada a brincadeiras e enriquecimento ambiental devolvem a qualidade de vida. Essa dica vale para qualquer bicho, aliás — tirando a parte do remédio, claro.

E não preciso comentar que às vezes os bigodes enlouquecem só porque estão perseguindo um insetinho que a gente não viu ou escutaram um som que ouvidos humanos não captam, né?

22.7.22

Novidades no Gatoca!

Em terra de gateira, a rinite alérgica é de gatos. E a gente chegou a morar em um apertamento de 60 m2 — dez bigodes, Leo e eu. E hoje as peludas mais novas estão com 15 anos, demandando cuidados especiais. Por tudo isso, o Gatoca acabou focando no projeto de educação e deixando os resgates de lado.


Ao mesmo tempo, nós temos apoiadores maravilhosos, que vira e mexe tropeçam em uma vida precisando de recomeço. Decidi, então, colocar à disposição de quem arregaça as mangas por um planeta melhor esta vitrine de uma década e meia — e meus textos e o conhecimento esforçado de edição de imagem. Angel estreou anteontem! :)

Junto com essa recompensa novíssima do nosso financiamento coletivo, vai um mimo pelo correio, porque, sabe-se lá como, os cartões postais da gangue ficaram todos colados — um minuto de silêncio.


Neste mês, aliás, quem acompanha Pufosa no Gramado da Fama é Regina Hansen, que descobriu o Gatoca procurando outra campanha no Catarse e acabou sensibilizada pelos bichanos. Beatriz Terenzi, leitora há nove anos, que chegou em busca de dicas de adaptação. E Viviane Silva, que me escreveu querendo doar o material de fluidoterapia de Ronron e Twix, em agradecimento à ajuda dos posts sobre como medicar e alimentar animais doentes. ❤️


Vocês não têm noção do tanto que esse reconhecimento dá um ânimo para jornalistas independentes, como eu, continuarem a produzir conteúdo exclusivo. Para se juntar aos despioradores de mundo (e participar do grupo de WhatsApp mais acolhedor e divertido da internet), basta clicar aqui — nossa jornada é longa e só pretendo parar na ONU.

Obrigada pela companhia, Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto...

...Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein, Ana Fukui, Marilene Eichinger, Guiga Müller, Sérgio Amorim, Gatinhos da Família F., Luca Rischbieter, Rosana Rios, Lilian Gladys de Carvalho, Regina Hein, Paula Melo, Paulo André Munhoz, Marianna Ulbrik, Cristina Rebouças, Lorena da Fonseca...

...Karine de Cabedelo, Michely Nishimura, Ana Paula de Vilas Boas, Danilo, Klay Kopavnick, Glaucia Almeida e Ana Cris Rosa, Ana Hilda Costa, Lia Paim, Elisângela Dias, Amanda Herrera, Ivoneide Rodrigues, Melissa Menegolo, Vanessa Almeida, Vivian Vano, Maria Beatriz Ribeiro, Elaigne Rodrigues e Simone Castro! 🤗

20.7.22

Adoção: gata baiana busca amor tibetano!

No dia 1º de janeiro deste ano, enquanto metade da população estava de ressaca e a outra metade com covid, Cristina Rebouças tentava acalmar uma tigrinha de dois meses, surgida no portão de sua casa, suja, faminta e feroz — nem vou comentar a luta que foi pegá-la para dar banho.


Oito luas se sucederam até Cris conseguir ficar perto da pequena na hora de comer, prendendo a respiração, só para vê-la se esconder antes de terminar o potinho. Seu esporte favorito é fuga de estranhos. Mas ela também pratica a filosofia das ruas: descer a porrada primeiro para depois descobrir que se assustou com um pedacinho papel.


Aos finais de semana, gosta de cair de mau-jeito na tigela de água e fazer milanesa na caixa de areia. Convive com outros nove gatos no mesmo Airbnb, só que ainda não ficou amiga de nenhum — na verdade, a coitada tensiona quando algum galanteador arrisca uma aproximação.

Angel está com 8 meses e, como não sabemos os perrengues que passou em seu comecinho de vida, tende a demorar para confiar — em bípedes e quadrúpedes. Precisa de uma família paciente, com capacidade irrestrita de amor. No colo da Cris, aprendeu a gostar de carinho e até brinca de caçar os rabos que passam. 🧡


Será doada apenas para apartamento telado ou casa de muros altos, em Salvador e região metropolitana — o contato pode ser comigo ou direto com a Cris: (71) 9105-9044. Ajudem este post a chegar nos tutores da tigresa? :)


Este espaço é aberto aos apoiadores do Gatoca que arregaçam as mangas por um mundo melhor. Para participar do nosso financiamento coletivo, basta clicar aqui — e neste link tem um resumo das principais ações do projeto nos últimos 15 anos.

18.7.22

Ainda não acredito...

Sonhei com o Mercvrivs pela primeira vez ontem.

Ele morria.

Hoje completam dois meses. 💔



Despedida do Mercv:

:: Saudade
:: Cicatriz
:: Luto seco: um luto estranho

14.7.22

Como é um abraço felino? | EG #11

Impossível não lembrar daquelas fotos de animais com bracinhos, já viram? — desculpa, Keka! 😂


Mas gatos abraçam sem usar as patas, virando de barriga para cima (com as garras guardadas, claro). Por ser uma posição extremamente vulnerável, trata-se de uma bela demonstração de confiança, o que não significa permissão para meter a mãozona lá.


Se soar como ameaça, a mordida ou o arranhão certamente virão, porque essa também é uma posição de defesa, embora de bichanos pouco interessados em arrumar treta, já que deixa os dentes e as quatro patas a postos para proteção. E, no caso dos filhotes, podem entender como um convite à brincadeira.

No livro O Encantador de Gatos, que inspirou esta série, financiada pelos apoiadores (quem quiser despiorar o mundo com a gente basta clicar aqui! ❤️), Jackson Galaxy lista outras posturas corporais importantes para entender seu amigo.

Trégua: como os ancestrais dos bigodes não eram uma espécie social, eles não têm sinais claros de apaziguamento. Costumam resolver conflitos, portanto, se evitando ou com comportamentos defensivos — um deles explicado anteriormente, o outro parecendo menores (e menos ameaçadores) ao encolher ombros e patas e apontar as orelhas para trás. Podem até atacar, encurralados, mas só como última opção.

Amizade: ocorre por meio de um cheiro único para o grupo e de sinais como o rabo erguido. A roladinha é comum na presença dos mais velhos, de fêmeas no cio ou em resposta ao catnip.

Relaxamento: peludo que boceja e se alonga está tranquilão. Ao deitar com as patas embaixo do corpo (e as "armas" escondidas), no estilo "pão de forma", ele mostra que não tem a intenção de fugir ou se defender. Mas também vale a esfinge, com as patas dianteiras esticadas diante do corpo — frequentemente acompanhada por olhos "bêbados".

Tensão: notem que o relaxamento se difere do agachamento, em que o bichano fica parcialmente encolhido ou apoiado nas patas dianteiras, uma posição tensa, em provável sinal de dor.

Chateação: faz com que eles arrepiem os pelos e adotem uma postura expansiva para parecerem maiores — o clássico gato de Halloween, sabem? Em estado de alerta, estão dispostos a se defender se necessário.

Ataque: patas esticadas, rabo arrepiado e traseiro erguido indicam que é melhor correr.


CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 2: A primeira gateira da história
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)

7.7.22

Testei roupinha para gato! #polêmica

Eu sei que eles não gostam, que a gente deve investir em alternativas (caminha, cobertor, aquecedor), que, apesar de fofo, roupinha atrapalha a higiene, dificulta os movimentos e "aprisiona" um animal que tende a se incomodar com o menor penduricalho — já escrevi sobre tudo isso.

Mas Chocolate continuava gelada em sua almofada de joaninha, instalada dentro de uma caixa de papelão praticamente fechada, com o climatizador ligado a madrugada inteira — aqui em Araçoiaba chegou a fazer 5ºC! E a criatura se recusa a deitar no grupinho. Dotada de um timbre vocal poderoso, ninguém dormia.

Vale explicar também que os bichanos sofrem mais do que os cachorros com as baixas temperaturas porque vêm de regiões quentes, tendo seu organismo mais adaptado ao calor. E que sentir frio pode, inclusive, afetar a saúde mental.

Liliane, apoiadora querida, crochetou, então, uma roupinha de lã para teste. Deu trabalho colocar porque ficou justa. Mas, se fizesse maior, acho que a encardida tiraria. E não faltou tentativa! — isso depois de ela conseguir se equilibrar em pé, rs. Filmei os melhores momentos, incluindo as reações da gangue, para a superproducinha de julho, recompensa do nosso financiamento coletivo.



Imagino que o ideal seja comprar um tecido elástico. Só que não encontrei nada parecido na internet. As opções do mercado, aliás, são péssimas: com gola, capuz, material que não aquece, pouco prático de limpar, a preços indecentes. E Chocolate acabou arrumando outro uso para a roupinha.


Para garantir uma noite de sono tranquila a bípedes e demais quadrúpedes, antes de deitar eu esquento sua almofada de joaninha com o secador — aquele que herdei e nunca apontei para o cabelo.

6.7.22

Vida com gatos (pendurados) #9

Já pesquisaram as caraterísticas de um bom travesseiro? Primeiro, depende da posição em que se dorme: de barriga para cima pede uma espessura mais fina para evitar curvar demais o pescoço, de lado demanda uma altura equivalente à distância entre os ombros e a base do pescoço. Há também que se considerar a resistência do material. E o tipo — mais ou menos quente, ortopédico, confortável, só que propício a causar alergias.

Isso se você for humano, claro.

Para os gatos, basta pendurar a cabeça em qualquer superfície:








Mais vida com gatos: #1 | #2 | #3 | #4 | #5 | #6 | #7 | #8

1.7.22

Luto seco: um luto estranho

Eu me considerava especialista em luto. Perdi meus avós maternos aos 15 anos, minha mãe aos 23 e meu pai aos 31. Aí vieram as mortes felinas, Simba aos 36 e Clara aos 41, eclipsando outros parentes porque essa é uma lista de afetos. Em todos os casos, houve uma doença que se demorava, noites de sono entrecortado, alívio no final — e lágrimas atropelando tudo.

Mas não com o Mercvrivs.

Até muito perto do inesquecível 18 de maio, cuidei dele esperando que ficasse bom. Não percebi que era a vida que emagrecia, ainda não acredito que nunca mais. E, apesar de lembrar do frajola todo dia, não penso a respeito, não vejo fotos, não estendo conversa. Medo de chorar e não parar mais.

Por ele, por tudo de tão errado com o mundo, pela minha pequenez.

Foi um episódio do Diário Possível (mas inventado), anteontem, que me driblou. Comecei empática à voz embargada da Ana Roxo, que se despedira do pai, peguei carona na trilha sonora ardilosa e logo o tronco inteiro chacoalhava no tapetinho de ioga, em que Mercv me fez companhia por mais de uma década — a parceria na cadeira do escritório beirou 17 anos!

42 dias represada.

E ainda não posso dizer que estou fluindo.



Despedida do Mercv:

:: Saudade
:: Cicatriz

29.6.22

15º quase-aniversário do Gatoca e bastidores

Lembram do Pequeno Wilber, na época em que a gente ouvia rádio FM, "sem os braços, sem as pernas, mas ainda vivo"? Pois é assim que eu me sinto às vésperas dos 15 anos do Gatoca. Não só por todos os blogs e protetores que ficaram pelo caminho, mas porque eu mesma quase fiquei pelo caminho — primeiro com a obra da casa, dia desses com covid.

Após dois anos e meio enraizada no concreto de Sorocaba, sem muitos frutos, e no terreno de Araçoiaba, com muitas formigas, fui a um evento em São Paulo, cujos ingressos estavam comprados desde o fim de 2019, para ajudar no desenvolvimento do primeiro jogo de tabuleiro do projeto — que deve começar, na verdade, por um jogo de cartas.

Enchi uma sacola com todo tipo de pecinha que vocês podem imaginar, deixei Chocolate autografar o saquinho de dados e caí doente.


Cinco dias ruim e dois de cama, com febre, falta de ar mesmo no corticoide, corpo atropelado, garganta queimando, tosse catarrenta.

Tentei confirmar o diagnóstico para não ficar circulando por aí e contaminar mais gente, mas me fizeram circular por aí e contaminar mais gente sem um diagnóstico — duas idas ao hospital do SUS, a primeira com quatro horas de espera, e três a farmácias com testes custando o dobro porque moramos em um fim de mundo turístico.

Só quando precisei correr com o Leo de madrugada para o pronto socorro é que tivemos o resultado duplamente positivo para covid. E ele ainda me rendeu uma discussão com o médico, que conseguiu chamar de irresponsável a única pessoa que segue usando máscara na cidade e sai de casa apenas para ir ao supermercado, uma vez por mês. Capricorniana!

Retruquei perguntando se ele era vegano e, enquanto contextualizava que a pandemia estava diretamente ligada ao consumo de carne e ao desmatamento, sugerindo uma mudança de dieta, ele gritava e me enxotava do consultório. Cena bonita de se ver, principalmente para ativistas que precisam acreditar na humanidade para continuar seu trabalho.

Aqui, retomo o início do texto: de nariz entupido e respirando pela boca, o Gatoca também persiste. E já fizemos de tudo: 1.651 posts (contando este!), e-book, mutirão de castração, oficina com crianças, roda de conversa com adolescentes, canal no YouTube, websérie felina, loja colaborativa, newsletter, Gatonó, edital do Condeca com a prefeitura de Sorocaba — os links estão aqui.

Espero voltar no dia 10 de agosto, data do aniversário oficial, com mais uma novidade! — esqueci de explicar o que é um quase-aniversário, né? É quando você cria um blog e demora 42 dias para juntar coragem de escrever nele. rs


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24.6.22

Assassinato no Bebedouro do Poente

Parte I: Os Fatos

Eram 8h de uma manhã de quase-inverno em Araçoiaba da Serra, quando Monstro pediu um pente emprestado e, sem rodeios, quis contratar Levischot para um serviço. Recheado de catnip, ele contou que colecionava inimigos — tendo sobrevivido, inclusive, a uma tentativa recente de sepultamento no jardim. Ela declinou a oferta pelo simples fato de não ir com sua pelúcia.

Como aqui não neva e nossa casa, apesar de adaptada em um contêiner, não se mexe, saltemos direto para o assassinato: às 9h do dia seguinte, o corpo de Mostro foi encontrado sem vida, flutuando no bebedouro de água mais alto do recinto, que ele não alcançaria sozinho.

O assassino estava entre nós.


Parte II: Os Testemunhos

As sete entrevistas ocorreram no gatil, para que o culpado se sentisse seguro em território dominado e acabasse escorregando. Pipoca, primeira a testemunhar, relatou que notou um gosto estranho na água e logo o cadáver emergiu. Pufosa jurou estar ocupada com o pote de comida — a madrugada inteira. Keka, Jujuba e Guda apresentaram o álibi coletivo de terem dormido juntas porque fazia frio.

Pimenta, vista para cima e para baixo com o finado (antes de finar), provavelmente deixaria DNA em forma de catarro no local. E negou qualquer envolvimento na trama, assim como a mãe e as irmãs. Já Chocolate se ofendeu com a suspeita de cometer um crime tão desprovido de drama, como afogamento.

Mas quem disse que foi afogamento?

Parte III: Beatriz Levischot Para e Pensa

Quem se beneficiaria com o mergulho fatal do Monstro? Por que ele precisava de um pente? O enterro frustrado no jardim teria conexão com esse trágico desfecho? Eis que tudo clareou, como roupa limpa saída da máquina!

Para remover a lama e recuperar a maciez dos cabelos, Levischot achou que seria uma ótima ideia lavar o brinquedinho com amaciante, perfume que não só agravou a alergia da Pimenta como arruinou a experiência recreativa com o catnip.

Foi Pips, portanto, que atirou o coitado no bebedouro, mas eu dormirei com essa culpa, caros leitores.