Virou um ritual: toda retrospectiva do
Gatoca eu termino chorando — e olha que já foram 13! Neste 2019 atípico, porém, o texto começa molhado. Que ano!
Zero frila de jornalismo,
duas pneumonias, três mortes e meia (
Pandora,
Flea,
Kiwi e
quase Pipoca), relacionamentos doídos. E a humanidade fazendo humanices, especialmente por aqui.
Eu tive de explicar por que um projeto de lei para aumentar a pena de crimes contra animais (PLS 470/2018)
era péssimo, que aquele que pretendia torná-los sujeitos de direitos (PLC 27/2018)
só valia para os pets, como ajudar os
bichos de Brumadinho, pós-rompimento da barragem da Vale, que país os cortes de verba nas universidades públicas e o cancelamento de bolsas de pesquisa
gestariam.
Entrevistei Luisa Mell sobre os cachorros torturados no canil de Piedade. Comparei a decisão do STF sobre o
sacrifício em cultos religiosos com o bacalhau da Páscoa — que pode ter
ovo, coelho e comida incrível sem sacanear ninguém. Usei "Dumbo", do Tim Burton, para insistir na crueldade do
entretenimento com animais. E o caso dos pitbulls da rinha de Mairiporã para lembrar os
200 mil anos de destruição que nos acompanham.
Ainda trombei com galinhas morrendo de pouquinho na avicultura do bairro, galos que pararam de cantar na panela, sítio com placa constantemente renovada de "vende-se leitoa", cavalos puxando carroça, quando não tombados — o
lado ruim de se morar no interior. E precisei encarar o machismo de um
vizinho-agressor.
Nós também fracassamos nas
metas para 2019 — quer dizer, retomar os livros de papel, que dependia só de mim, superou o esperado, rs. Foram 15 e estou no fim de "O Desaparecimento de Stephanie Mailer", lendo "Lúcifer" (HQ) durante as caminhadas, "Alice no País das Maravilhas" com as enteadas, rabiscando loucamente "O Encantador de Gatos" para criar conteúdo para cá. E Leo e eu
viramos personagens infantis!
Depois de cada porrada, eu respirava fundo, me desencolhia e forçava um novo passo. Assim
conheci Alana Rox, responsável por me tornar vegana há quase quatro anos — de vegetariana já somam 13! Participei do
Fórum Sorocaba Unida pelos Animais, onde ativistas e população em geral apresentaram suas demandas ao poder público. Dirigi 280 km para
doar dois sialatinhas da favela.
E incentivei vocês a apostarem também nas
pequenas ações transformadoras, a
compartilharem calor, a serem mais compassivos —
desafio comemorativo de Dia Mundial dos Animais. Vocês, aliás, seguiram apoiando o
Gatoca. E teve Gramado da Fama em
janeiro,
fevereiro,
março,
abril,
maio,
junho,
julho,
agosto,
setembro,
outubro,
novembro e dezembro, que ficou para o ano que vem. ❤
Foi esse suporte financeiro que me permitiu fazer os cursos de
escrita com Marcelino Freire e de
jogos de tabuleiro e edição de vídeo, no Sesc, que virarão projetos ao longo de 2020! Nosso
Netflix para assinantes já estreou, inclusive, com o curta "
Altos e Baixos" — eu queria ter produzido algo para o Natal, mas o
especial acabou saindo só no blog, por causa da
Pipoquinha.
O
financiamento continuado também pagou contas importantes, enquanto eu investia em articulações que demoram para virar dinheiro. Rolaram reuniões com a
Secretaria da Educação de Sorocaba e o
secretário do Meio Ambiente. Nós perdemos o
edital do Movimento Bem Maior, mas
vencemos o do Condeca — aguardem desdobramentos! E talvez a gente leve o workshop de
fotografia e escrita para futuros desejáveis a São Paulo.
Neste ciclo que se encerra hoje, sobrou reflexão. Sobre despedidas,
luto,
deixar ir — Simba
faltou a mais um aniversário, completando
três anos do último colo, o carcinoma da Clara
segue avançando e Pipoca ainda não voltou a comer sozinha (30 dias já). Sobre
quem pode ou não ser mãe. Sobre a vitória do ar-condicionado
contra a natureza. Sobre
abandono e maus-tratos, na animação mais emocionante de 2019.
Eu defendi o
slow reading, leitura sem pressa e escolhida com cuidado, convite que repito agora. E, honrando o voto de confiança de vocês, o
Gatoca espalhou
afeto,
acolhimento,
colaboração (beijo para a Paula Lumi!),
abraços (concretos e abstratos),
amor plural.
Contou a história de uma das várias
amizades improváveis nascidas em seus bytes — e que podem virar série! Compartilhou
fotos atuais de bigodes doados há 9 anos.
Engajou leitores a ajudarem o Gordo, que
já ganhou uma família, e o Listrado, que
espera sua segunda chance em um lar temporário.
Ensinou a
identificar causas de vômitos,
evitar toxoplasmose (sem vilanizar os gatos),
doar remédios,
monitorar bafo,
cuidar da cabeleira (pelo também é saúde!),
decidir sobre eutanásia,
fazer antipulgas,
amenizar o clima seco,
não tratar animal como brinquedo,
prestar atenção em sinais sutis de doença.
Fez rir — em forma de texto (
1,
2,
3,
4,
5,
6,
7,
8,
9 e
10) e vídeo ("
Catnaval", "
Mulher-Gato", "
Inferno Astral Felino", "
A invasão"). Se meteu em altas confusões — com
bombeiros,
transferência de vespeiro,
ataque de cachorro,
quase-atropelamento,
pneu furado na epopeia à veterinária, na
Bahia.
Celebrou a vida. Da
Chocolate, da
Clara, da
Pandora (pela última vez), da
Guda, das
Gudinhas, do
Mercvrivs — e da
adoção dele, embora com atraso. Os
12 anos de projeto. E as parcerias —
Pet Delícia me salvou da falência com o patê das seringadas da Pipoca, depois de oito latas fortunosas de A/D e muito desgosto
comprando carne.
Foram 101 posts, bem mais longos do que de costume. Talvez, porque o mundo esteja precisando. E, certamente, porque vocês continuam aí — a gente tem um boletim seminovo para ninguém perder nada, é só
clicar e assinar!
Que em 2020 nossa rede de apoio se estenda a mais corações!
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