Na terça-feira, eu escrevi contando que buscaria o
Sparky para operar em Utinga, lembram? Só que o Dr. E. não faz esse tipo de cirurgia e a gente precisou caber na agenda do ortopedista indicado por ele, que mora na praia, e do anestesista indicado pelo ortopedista, que trabalha em Osasco. À noite, então, Amanda quebrou o galhão de pegar o pequeno na Barra Funda, para me entregar em Santo Amaro na hora do almoço do dia seguinte (seu aniversário!), já que Gleisson não estaria em casa.
E nós cozinhamos em jejum no carro por uma eternidade até a clínica veterinária de Santo Andre. Sparky perdeu a cabeça e o colo do fêmur, porque não dava mais para colocar pino, mas voltou bagunçando para a zona oeste. Nem o congestionamento monstruoso no fim da avenida do Estado, que provavelmente me rendeu uma multa por transitar no rodízio, abalou seus seis meses e quatro quilos de amor pela vida.
O que ninguém imaginava é que ele enlouqueceria com o colar elisabetano. Morrer de amores nenhum bicho morre, eu sei. Acontece que o frajolinha pulava feito boi bravo e se jogava no chão bem do lado operado, tingindo o escritório do Gleisson de vermelho e nossas caras de branco. Irredutível, o ortopedista mandou insistir no abajur perto da meia-noite, quando a superestimulação da anestesia (com morfina e quetamina) passasse. E quem teve coragem?
Durante cinco horas, Gleisson e eu tentamos de tudo para manter o peludo afastado dos pontos: carinho, comida, brinquedos variados, remédio amargo na pele. Até a Dani Flosi apareceu para ajudar! E, mesmo ciente de que as chances de sucesso eram pequenas, eu saí à caça de uma roupinha cirúrgica ― vestida por partes, em intervalos de cinco minutos. Eis que o pequeno foi finalmente vencido pelo cansaço.
Ou pela dor. A receita do pós-operatório prescrevia analgésico em dose cavalar, antibiótico, anti-inflamatório, antisséptico e repouso. Na madrugada de quarta para quinta, Sparky deu uma canseira na Dani incomodado com roupinha, que lhe roubava o equilíbrio e acabou substituída pelo monitoramento de presídio anterior. O santo do Gleisson ainda comentou feliz que eles haviam tirado férias na hora certa. A cada três empurradas de remédio goela abaixo, uma fracassava. E o frajolinha chorou o dia inteiro por não encontrar uma posição para descansar.
Ontem, as coisas começaram a melhorar ― exceto a batalha dos comprimidos. A dor parece estar indo embora devagar e o peludo já ensaia apoiar a pata fraturada. Se essa história ainda não tem um
happy ending, o post ao menos acaba com uma boa notícia: graças a vocês (muita gente anonimamente, que eu sequer pude agradecer), à
rifa organizada pela Paula Guima e aos
broches e chaveiros doados pela Lina Gatolina, todas as despesas abaixo foram cobertas (e ainda sobrou uma grana para a fisioterapia!):
Castração, vacinas e internação: R$ 150
Antipulgas: R$ 27
Consulta de emergência no hospital: R$ 95
Raio-x: R$ 120
Aplicação associada: R$ 60
Dorless (analgésico): R$ 42
Prelone (anti-inflamatório): R$ 15
Cirurgia com ortopedista: R$ 500
Anestesista: R$ 200
Colar elisabetano: R$ 12
Antisséptico: R$ 5
Duotril (antibiótico): R$ 15
Roupa cirúrgica: R$ 45
Gasolina: R$ 5 milhões (rs)
Eu disse que em dezembro ninguém ajuda ninguém? Me desculpem. <3