E nós cozinhamos em jejum no carro por uma eternidade até a clínica veterinária de Santo Andre. Sparky perdeu a cabeça e o colo do fêmur, porque não dava mais para colocar pino, mas voltou bagunçando para a zona oeste. Nem o congestionamento monstruoso no fim da avenida do Estado, que provavelmente me rendeu uma multa por transitar no rodízio, abalou seus seis meses e quatro quilos de amor pela vida.
O que ninguém imaginava é que ele enlouqueceria com o colar elisabetano. Morrer de amores nenhum bicho morre, eu sei. Acontece que o frajolinha pulava feito boi bravo e se jogava no chão bem do lado operado, tingindo o escritório do Gleisson de vermelho e nossas caras de branco. Irredutível, o ortopedista mandou insistir no abajur perto da meia-noite, quando a superestimulação da anestesia (com morfina e quetamina) passasse. E quem teve coragem?
Durante cinco horas, Gleisson e eu tentamos de tudo para manter o peludo afastado dos pontos: carinho, comida, brinquedos variados, remédio amargo na pele. Até a Dani Flosi apareceu para ajudar! E, mesmo ciente de que as chances de sucesso eram pequenas, eu saí à caça de uma roupinha cirúrgica ― vestida por partes, em intervalos de cinco minutos. Eis que o pequeno foi finalmente vencido pelo cansaço.
Ou pela dor. A receita do pós-operatório prescrevia analgésico em dose cavalar, antibiótico, anti-inflamatório, antisséptico e repouso. Na madrugada de quarta para quinta, Sparky deu uma canseira na Dani incomodado com roupinha, que lhe roubava o equilíbrio e acabou substituída pelo monitoramento de presídio anterior. O santo do Gleisson ainda comentou feliz que eles haviam tirado férias na hora certa. A cada três empurradas de remédio goela abaixo, uma fracassava. E o frajolinha chorou o dia inteiro por não encontrar uma posição para descansar.
Ontem, as coisas começaram a melhorar ― exceto a batalha dos comprimidos. A dor parece estar indo embora devagar e o peludo já ensaia apoiar a pata fraturada. Se essa história ainda não tem um happy ending, o post ao menos acaba com uma boa notícia: graças a vocês (muita gente anonimamente, que eu sequer pude agradecer), à rifa organizada pela Paula Guima e aos broches e chaveiros doados pela Lina Gatolina, todas as despesas abaixo foram cobertas (e ainda sobrou uma grana para a fisioterapia!):
Castração, vacinas e internação: R$ 150
Antipulgas: R$ 27
Consulta de emergência no hospital: R$ 95
Raio-x: R$ 120
Aplicação associada: R$ 60
Dorless (analgésico): R$ 42
Prelone (anti-inflamatório): R$ 15
Cirurgia com ortopedista: R$ 500
Anestesista: R$ 200
Colar elisabetano: R$ 12
Antisséptico: R$ 5
Duotril (antibiótico): R$ 15
Roupa cirúrgica: R$ 45
Gasolina: R$ 5 milhões (rs)
Eu disse que em dezembro ninguém ajuda ninguém? Me desculpem. <3
8 comentários:
dá pra parcelar a gasolina, Bia?
:)
beijão!!!!
Maravilha! Ele vai ficar bom e, se Deus quiser, ser adotado muito em breve. Quem sabe se já não entra 2014 em casa nova? Beijo,
Regina Haagen
Gasolina 5 milhões foi sensacional. Morri de rir aqui!
Mas acho que vamos precisar adicionar mais antisséptico nessa conta... Ele da um trabalho pra tomar remédio. Estamos cheios de arranhões rs
Ah, já vem vc me fazer chorar a essa hora da manhã!!!..rsrs Obrigada por fazer o meu dia mais feliz, bjus!
gatinhos doentes realmente dao muitíssimo trabalho...não quero contar vantagem,mas eu consigo sempre dar remédio pra eles sem maiores problemas.para os meus ao menos e assim...mas,q bom q ele já foi operado,e q já esta se recuperando...cirurgia no osso causa sempre muita dor,o pastor belga da minha irma tinha displasia coxofemoral,e teve q operar,ela sofreu bastante,a recuperação foi lenta,mas graças a Deus,e ao salario gordinho do marido da minha irma,q pagou a cirurgia caríssima,ele já ficou bom...Feliz Natal Bia,da sua admiradora e gateira de CURITIBA><JAMILE
vocês são foda!!! obrigada!
Ilka
Parabéns meninas, um Feliz Natal cheio de peludos e peludas.
Há pessoas que fazem a diferença, sei bem como é cuidar de um peludo neste estado. Mais uma vez parabéns
Bia Gagliardi - São Paulo - SP
Sparky já está andando e pulando normalmente, gente! Só falta apoiar a pata operada na hora de correr. O vet disse que a recuperação completa demora uns dois meses. Esta semana eu publico notícias dele. :)
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