Eu namoro Sorocaba desde a doação da Pandora, a
história mais incrível deste blog. A cada festinha de aniversário (e foram muitas), deixava a cidade de coração partido, rumo ao caos de São Bernardo, uma extensão de São Paulo sem a parte boa. Até que a parede da nossa sala desabou com a reforma do vizinho.
Primeiro, eu urrei todos os urros. Depois, chorei todas as lágrimas. E, então, decidi recomeçar. Em três meses e meio, virei do avesso os sites de imobiliárias, visitei uma dezena de casas com a ajuda imprescindível da Rose, aluguei o apertamento para a Maira, amiga querida, e nos mudamos ― quando a escolha é certa, as coisas fluem.
Maga pagou o almoço de comemoração, Casé e Rosa capricharam no jantar, Paula emprestou três transportes felinos, Tati e Mari embalaram, carregaram e descarregaram mil caixas. Maira ainda doou seus armários de cozinha, Miriam o sofá (agora a gente tem sofá!), a sogra parte do carreto, com aspirador de pó de brinde. E cá viemos nós, trazendo chuva e céu cinza (sorry, sorocabanos!).
Por uma semana, os bigodes ficaram presos no escritório, enquanto a gente dormia, comia, tomava banho entre caixas ― e tudo que podia dar errado seguia dando (fogão quebrado no caminhão, colchão torto e molhado, vazamento no box, água do filtro turva, guarda-roupas imontável, montador com a agenda cheia).
Mas só na primeira noite, acreditem, rolaram fuzzz coletivos ― Leo e eu, por outro lado, brigamos uns três dias consecutivos. Morar apertado favoreceu a socialização das Gudinhas. Maru também preparou o emocional dos peludos com
homeopatia (recomendo muito!), as caixas de transporte ficaram no chão para eles acostumarem com o cheiro e só faltou passar essência de lavanda, não encontrada a tempo.
Em vez da
escarificação de 2013, este foi o arranhãozico-lembrança de 2017.
Agora, está todo mundo solto, de pelo imundo, torrando no sol e vomitando matinho na sala. O pinheiro do jardim me lembra os Natais de infância, a primavera se tornou minha planta favorita de vida adulta e, para qualquer cantinho que eu olhe, imagino como o Simba gostaria de ter vivido um tico mais.