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21.8.19

Quando uma pulga te faz chorar

No dia em que eu subi o post da Pandora, Guebis me escreveu contando que Flea também havia morrido. Estou compartilhando só hoje porque o coração não deu conta — nessa semana, que poderia facilmente ser rasgada do calendário, teve ainda um enterro de gente querida. Para quem não se lembra, a pulga veio do cemitério de Santos, há quase uma década.

Um cisco de gata perebenta, que adorava mamar na minha mão. E a única ser vivente responsável por tirar o Snow de trás da privada — mas que também passou micose para ele, para mim e outros cinco bigodes, rs. Num golpe de sorte, eles foram doados juntos para Jaboticabal. E voltaram para Sorocaba, onde eu pude matar a saudade no ano passado.

Flea perdeu uma batalha sofrida para a insuficiência renal. Na impossibilidade de pontuar mais esta história, tomo emprestada a despedida da Guebis:

Este não é um post feliz. Resolvi colocar aqui no Instagram porque muita gente conhecia e gostava da Fleazinha. E escolhi essas duas fotos porque são ela: ficar perto o máximo possível e também engraçada, às vezes parava em cantos aleatórios da casa e em outras ficava nos espiando com meia cara escondida na quina das paredes.

Em fevereiro, descobrimos uma doença renal crônica já bem avançada (para os colegas vets: a creatinina dela já estava acima de 5 e ureia acima de 100). Manejamos durante quase seis meses. Muitos remédios ao dia, dieta diferente. Seis meses foi o que ela nos presenteou a mais.

Na madrugada de quinta para sexta-feira, em uma semana que já havia passado muito mal, corremos para a internação. No sábado à tarde, em meu colo, a deixei partir. Peço desculpas para todos que eu deveria estar contactando individualmente, mas é dolorido demais ficar repetindo várias e várias vezes.

Fleazinha, obrigada por esses anos todos. Obrigada por ser puro amor com todos. Conhecidos, estranhos, adultos, crianças, você sempre queria mesmo só um colo e uns tapas na bunda. Você está fazendo muita falta aqui. Nos vemos em breve. Te amamos!
🧡




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16.8.19

Um quase atropelamento de sucesso!

Qual é a chance de um cachorro atravessar uma avenida desembestado, se atirar na frente de um carro à noite e não morrer, ainda pegar uma protetora de animais no volante, que mora a 103 quilômetros dali? Pois este foi nosso final de domingo. Completamente perdido, Strike cheirava o asfalto por todos os lados, mastigando mato do canteiro como quem não comia há dias.

Completamente exausta, depois de acordar às 7h para a visita de emergência à Pandora, comemorar o Dia dos Pais com os sogros em São Paulo e devolver as meninas do Leo em São Bernardo, eu só conseguia pensar onde enfiaria um bicho daquele tamanho. Mentira! Também me perguntava quem abandonaria o que parecia ser um labrador, gorducho e castrado.

Abre parêntese: imaginem a pessoa toda torta num beco escuro atrás da rodoviária, tentando enxergar o saco da criatura. Fecha mico.

Completamente cooptado pelo Gatoca, Leo correu no boteco para comprar qualquer coisa que ele pudesse comer, enquanto meu cérebro ganhava tempo. E, quando vi Ingrid atravessar a mesma avenida em câmera lenta, cair de joelhos na calçada e desmoronar sobre o cão, me juntei no montinho. Ele tinha uma família!


E ela estava espalhada pelo bairro procurando o inconsequente, que fugiu num deslize do tio com o portão pós-festa.


Na Castelo, de volta a Sorocaba, meu corpo ainda tentava organizar as reviravoltas de susto, angústia e euforia.

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14.8.19

Fim

Em meio a dezenas de gatos (115 para ser bem precisa), foi uma cachorra quem protagonizou a história mais incrível deste projeto, vocês sabem — e que ganhou uma década de sequências, me rendeu uma amiga porto seguro, trouxe o Gatoca de mala e bigodes para Sorocaba.

Pandora tinha pelo menos 5 anos quando abocanhou na sacola as salsichas que eu havia comprado. Lembro da bituca de cigarro embolada no pelo, das pessoas quase pisando nela (uma pastora belga prenhe!), de tirar todos os documentos da bolsa para convencer o veterinário a hospedá-la por alguns dias, enquanto corria atrás de um lar temporário. E de como ela me recebia com festa, apesar de tudo.

Na casa da Rose, depois de perder a ninhada e de uma primeira doação trágica, as orelhas de loba se levantaram para nunca mais baixar, o peso dobrou e ela seguiu me recebendo com festa, mesmo debilitada pela idade e pela insuficiência hepática. Resolvi compartilhar o vídeo da visita de março, porque quero lembrar dela assim — a emoção é de quem sabe os dias contados.


No fim de julho, coração e rins enfraqueceram também, as vértebras da coluna despontaram no carinho e o exame de imagem identificou um tumor pressionando os pulmões. A pantera parou de comer, de beber água e só abria exceção às salsichas, onde tudo começou.

Rose me escreveu no sábado, preocupada com a piora acelerada. E no domingo eu fui agradecer, pela última vez, nosso recomeço — mais meu do que dela. A caixa de Pandora se fechou ontem, guardando no fundo falso a esperança de uma humanidade que não descarte vidas.

Por hora, meu coração é negro.


Epopeia da Pandora:

:: Caixa de esperança
:: Casa de esperança
:: Nascimento da ninhada
:: Morte da ninhada
:: Devolução
:: Boletim - 28 de novembro
:: Boletim - 1º de dezembro
:: Boletim - 8 de dezembro
:: Sítio temporário
:: Doação de conto de fadas
:: Primeira primavera
:: Segunda primavera
:: Festa em Sorocaba
:: Terceira primavera
:: Quarta primavera
:: Quinta primavera
:: Sexta primavera
:: Sétima primavera
:: Nona primavera (atrasada), com vídeo!
:: Décima (e última) primavera


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9.8.19

12º aniversário do Gatoca!

Ainda faltam três horas. Mas Mercv não me paga adicional noturno para ficar esperando a meia-noite, então, podem atacar os docinhos! Brigadeiro vegano não é sensacional, eu sei, mas tem gosto de liberdade — assim como todas as escolhas que eu fiz depois do Gatoca. E, nestes 12 anos, rolou...

:: Disseminação de informação
1.426 posts, e-book, projeto com crianças, roda de conversa no CCSP, Puxadinho no Yahoo!, entrevista na Rádio Bandeirantes, boletim, canal no Youtube — com websérie felina para descontrair.

:: Compartilhamento de experiências
10.885‬ comentários, 6.401 curtidas no Facebook e mais algumas no Twitter e no Instagram.

:: Vidas socorridas
115 bigodes, oito focinhos e três bicos, sem contar o impacto indireto.

:: Parceiros sensibilizados
27 ao longo da jornada, com destaque especial à Pet Delícia, pelo segundo ano.

:: Financiamento coletivo
Quatro dígitos arrecadados em 2014, com 240 apoiadores e o apadrinhamento do Wings For Change.

:: Mutirão de castração
50 cães e gatos do DER, comunidade localizada em São Bernardo do Campo (SP).

:: Denúncia no Ministério Público
Pelas dezenas de animais abandonados em Paranapiacaba, que, três anos depois, parece finalmente caminhar.

:: Lojoca
Em versão beta, pausada no momento.

:: Clube de assinantes
Quase batendo a meta (4%!) para que o blog continue existindo — e educando, conscientizando, mobilizando corações pela causa.

Se mais um ou dois padrinhos se juntarem à Aline e ao Luca Rischbieter até as 24h de amanhã, vai ter live de comemoração! Sejam mais rápidos do que a timidez que já está querendo me fazer mudar de ideia. rs


Festinhas anteriores: 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

8.8.19

Dia Internacional do Gato e azar do resto!

Gatoca fala dos bigodes o ano inteiro. Neste Dia Internacional do Gato, enquanto vocês apertam seus peludos, quero chamar a atenção para todos os outros bichos. O Senado acaba de aprovar o projeto de lei apelidado de "Animal não É Coisa", considerando-os seres sencientes, portanto, sujeitos de direitos. Acontece que o PLC 27/2018 recebeu duas emendas que nos impedem de comemorar.

A do senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) limita o novo status jurídico aos pets. E a do senador Otto Alencar (PSD-BA) deixa mais claro ainda que a futura lei não vale para as vítimas da pecuária e de explorações "culturais" como as vaquejadas. Falta uma última votação na Câmara dos Deputados, mas a chance de sair algo prestável deste governo beira zero, qualquer proprietário de dois neurônios sabe.

Ontem mesmo rolou uma churrascada com 4 mil cadáveres na Esplanada dos Ministérios. Teve também a nomeação do Richard Rasmussen como embaixador do turismo, um apresentador de TV famoso por atormentar bichos selvagens, dono de um criadouro fechado por suspeita de tráfico silvestre e devedor de R$ 263,1 mil de infrações ambientais. E o que dizer do Ministro do Agronegócio disfarçado de Meio Ambiente?

Amem os gatos, sim. Mas não deixem de respeitar outras vidas — elas sentem e são conscientes disso.


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2.8.19

Curso de fotografia e escrita para futuros desejáveis!

Melissa é dona destes retratos que falam — sim, dúzias de famosos posaram para ela, mas o que me surpreendeu mesmo foi encontrar o Sebastião Salgado ali no meio (como clicar esse homem sem tremer inteira, gente?). Eu sou autora destes textos que tocam — mãos na massa, outras patas, vidas tantas.

Quando ela propôs darmos um curso juntas, lembrei dos personagens invisíveis da Eliane Brum e da Lala Deheinzelin falando que a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo. E nasceu o "Retratos para Futuros Desejáveis", uma imersão na fotografia e na escrita para contar histórias que o mundo precisa urgentemente abraçar.

Serão quatro aulas de técnica, sensibilidade e troca, e uma saída fotográfica. Esta primeira edição, em Sorocaba, de 26 de agosto a 23 de setembro, no Tear. E, quem sabe?, em São Paulo num futuro breve. Todas as informações (programa, valor, inscrição) estão aqui.

Nós prometemos acolher com o mesmo cuidado curiosos das duas áreas (não esqueçam o celular!) e experientes que queiram aperfeiçoar os conhecimentos para desenvolver projetos para concursos e exposições (tragam suas câmeras!).


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1.8.19

Só 9% para o Gatoca continuar existindo!

Isso é o que falta para a gente bater a meta do Catarse, que garante que este blog siga atualizado semanalmente, presente nas redes sociais e com um ou outro videozinho. Vale um apoiador de R$ 70, que já chega participando do nosso primeiro encontro virtual (vai rolar este mês!) — além de receber agradecimentos públicos e um cartão dos bigodes pelo correio.

Ou sete apoiadores de R$ 10, que aparecerão no Gramado da Fama de Gatoca, como a Marilene Eichinger, mãe do melhor parceiro do mundo — só não contem com a Jujuba, porque essa exceção na arisquice é só para a sogra. 💚

Ou qualquer combinação de apoiadores e reais que vou me poupar de ficar exemplificando, porque jornalista não sabe fazer conta quebrada. As recompensas todas estão explicadas aqui, com um vídeo emocionante sobre as ações do projeto nestes (quase) 12 anos. Putz! Deixei passar nosso quase-aniversário! Mas dia 10 tem a comemoração oficial!


Obrigada, mais um mês, a Adrina Barth, Alice Gap, Itacira Ociama, Regina Haagen, Renata Godoy, Leonardo Eichinger, Irene Icimoto, Tati Pagamisse, Roberta Herrera, Vanessa Araújo, Dani Cavalcanti, Eliane Bortolotto, Samanta Ebling, Bárbara Santos, Marina Kater, Sonia Oliveira, Danilo Régis, Marcelo Verdegay, Denise Perin, Patrícia Urbano, Fernanda Leite Barreto, Bárbara Toledo, Solimar Grande, Aline Silpe, Lucia Mesquita, Michele Strohschein e Ana Fukui!

Vocês são incríveis!

26.7.19

Gatos que viram amizades improváveis

Marina Kater não teve, definitivamente, uma boa impressão de mim. Mais uma vez, eu havia largado o trabalho em São Bernardo para levar os gatos da dona Lourdes à veterinária do AUG, na Vila Mariana, onde Susan buscaria depois da castração para instalá-los em sua casa até a adoção — dona Lourdes foi a colecionadora quem me apresentou à proteção animal. Isso faz 12 anos.


Como todo acumulador, ela nem sempre estava receptiva. Aconteceu, inclusive, de abrir a porta improvisada de plástico e papelão só para me dizer que não liberaria bicho nenhum àquela semana. Quem transita por São Paulo sabe a felicidade de vivenciar essa experiência depois de uma hora de congestionamento quente e poluído.

Voltando à Marina, a ideia que ela tinha da autora dos textos engraçados e emocionantes deste blog não combinava em nada com a pessoa que deixou o carro esbravejando, enquanto segurava dois globos da morte em forma de caixas de transporte. Sorte que, contradizendo o ditado, a primeira impressão não foi a que ficou.

Aqui, cabe um parêntese para explicar o que um ser humano normal fazia no meio desse rolo. Marina deu lar temporário à Umaga, uma pretolina doada, devolvida e redoada — o caso da dona Lourdes durou um ano e envolveu todo tipo de emoção que um órgão molenga é capaz de pulsar.

Nós viramos, então, amigas. Daquelas que compartilham três gestações humanas, duas mortes felinas, uma separação, a mudança para o interior, projetos sonhados, realizados, em processo. Doze anos depois, ela finalmente veio conhecer os bigodes! Estou contando isso porque o Gatoca sempre foi generoso comigo — e este post talvez se transforme em série.

Nosso fim de semana teve visita ao "cat café" de Sorocaba....


...ioga...


...cigar box guitar.


E, claro, apertos no Mercv, o único que resiste a crianças.


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25.7.19

Gatolicismo

Sonhei que escrevia para Deus criticando seus métodos. Sorte dele que, com nove gatos, não dá tempo de ter religião.


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19.7.19

Dia do Amigo e luto

É amanhã, pelo menos aqui, no Chile e na Argentina. Mas aperto nunca estoura a cota, né? Eu sempre faço piada usando as fotos dos bigodes — e eles se superam na falta de noção, como vocês podem constatar. Este ano, porém, observando a amizade que nasceu entre Pufosa e Clara, fiquei com vontade de escrever sobre luto.

As duas tinham no Simba seu porto seguro. E quando ele morreu, há quase três anos, ficaram meio sem lugar no grupo. Foi esse desajeitamento quem cuidou de aproximá-las. Pufosa precisa caber — na soneca da tarde, na caixa com vista para a primavera, no espacinho que sobra da cadeira. E Clara parece ter entendido que está na hora de acolher — na inconveniência, no descompasso de tempo, na ausência.


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17.7.19

Paraíso em Gatoca

Graças à tecnologia têxtil, os bigodes podem ir para o céu sem morrer — e vomitar em três pontos diferentes do edredom novo.


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12.7.19

O lado ruim de morar no interior

Há quase dois anos, eu compartilho neste blog os grilos e passarinhos da vida sorocabana. Mas fugir dos grandes centros urbanos é ficar mais distante da modernidade também. Isso significa que, para comprar pão, você passa pela avicultura, onde galinhas morrem de pouquinho sob o sol.

E percebe quando a cantoria do galo do vizinho emudece, para recomeçar com a próxima vítima. E sente vontade de jogar na lama a placa frequentemente renovada de “vende-se leitoa”. E ouve o casco dos cavalos no asfalto, puxando pessoas chucras, eletrodomésticos velhos, um mundo inteiro que tarda a se iluminar.

Isso quando não os vê inteiros no chão.


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11.7.19

O desafio de pagar contas à frente do seu tempo

Gatoca não levou o edital. O resultado saiu na segunda-feira, mas eu precisei de uns dias para lamber as feridas — deu um trabalho lascado preencher aquelas planilhas todas, rs. O fato é que, dos 100 projetos escolhidos, apenas um beneficiava os animais. E com o clássico resgate-doação, que não mexe na raiz do problema.

As iniciativas de educação se limitavam ao ser humano (como fim). E as de meio ambiente, às plantas. Em tempos de esgotamento do planeta, governos extremistas e compaixão escassa, os donos da grana e das regras ainda não se deram conta da importância (e urgência) de integrar as três áreas.

E a gente segue na luta dos boletos — obrigada, aliás, aos padrinhos e madrinhas, que nunca me deixam só! 💚


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5.7.19

Parceria para tempos difíceis

Lúcia Choi guardou na gaveta o diploma de direito e resolveu se entregar ao propósito de ajudar pessoas a se descobrirem, pensarem por si sós, tomarem decisões complexas. Levado a sério, o coaching é um processo profundamente transformador e vale cada centavo! Ainda mais quando alguns desses "centavos" vêm para o Gatoca. :)

A ideia é atender quem não pode arcar com o valor integral das sessões em troca de doações ao projeto, beneficiando bípedes e quadrúpedes numa boa ação só. Se vocês estiverem desestimulados como a Keka ou precisando apenas aparar umas arestas, conversem com ela.

Bora fazer a roda girar!

4.7.19

O texto que nunca escrevi

"Lúcia Já-Vou-Indo" era o calmante da turma. Se a gente não ficasse quieto durante a parte chata da aula, nunca saberia a continuação da história. Foi com a leitura de fundo da tia Rita que ilustrei meu primeiro e último livro de elefante. Acontece que os desenhos se intimidavam conforme a escrita seguia ganhando pernas. E dentes.

Os diários todos da adolescência ainda tenho — não, não há neles uma única linha sobre o primeiro beijo, porque ele também se atrasou. Já os cadernos de redação morreram com minha mãe. Vieram, então, as matérias. Centenas, em tela, papel brilhoso, folha suja. E umas edições e revisões em lombada quadrada.

Das crônicas não lembro o parto. Parece que só foram mudando de formato — do caderno para o e-mail dos amigos, descansando neste blog.

Respiro, logo escrevo.

Mas nunca aprendi. Quer dizer, fui alfabetizada, obviamente. E até tenho um diploma de jornalismo, vocês sabem. Só que ninguém me ensinou a escrita das estantes. Quando abracei Marcelino Freire, ao final dos três dias de curso no Sesc, a reparação estava feita.

Rufem os bigodes!


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