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5.5.16

Gato iogue

O universo felino se divide em dois grupos: de um lado, os bigodes que ficariam muito putos se tomassem uma vomitada da irmã e tratariam de limpar a meleca antes de ter sua imagem manchada por toda a eternidade. Do outro, o Mercvrivs.


*Para os hindus, iogue é quem atingiu a libertação, "a quem nada perecível tem poder, para quem as leis da natureza não existem mais, que foi emancipado desta vida, de modo que mesmo a morte não adicione nada a seu êntase".

3.5.16

Gatoca no Global Causes 2016

Não devia ter 150 pessoas naquele auditório de telões duplos. Representantes de ONGs como Greenpeace e Médicos Sem fronteiras sentados logo ao lado (obrigada, Paula Martinez Ramos!) para assistir às palestras do Facebook sob o mote "What do you have heart for", iniciativa ocorrida simultaneamente em 30 países.


O prédio já dava uma pista da grandiosidade do evento: R$ 60 de estacionamento, saguão com mais elevadores do que eu consegui contar, funcionários de sorriso branco-reluzente, três marcas de hidratante para as mãos no banheiro, acesso livre à geladeira de bebidas. E comida para vegetarianos!

A abertura ficou por conta da diretora de negócios Malu Lopes. Renata Gimenez, gerente de parceiros, falou sobre a estratégia da empresa de criar soluções para aumentar a arrecadação das organizações que melhoram o mundo. Gabriel Lucinski, especialista em páginas, explicou as funcionalidades da ferramenta e tirou mil dúvidas. Cris Dias, estrategista criativo, deu dicas de campanha. E Marco Salero, o homem do marketing social, desmistificou a ferramenta de anúncios.

Ainda rolou um painel com dobradinhas de sucesso Facebook-ONGs, um publieditorial da produtora que recuperou (e multiplicou) a grana roubada dos velhinhos da Divina Providência e a história fodástica da dona Vanilda, contada pelo Luciano Huck, para quem eu fui obrigada a tirar o chapéu, o cachecol e os meiões de vó ― que capacidade de envolver a plateia!


Diogo Dzodan, vice-presidente da América Latina, encerrou a manhã com o relato de sua passagem pela prisão (lembram do cara que se recusou a fornecer informações sobre o WhatsApp para a justiça?) e que virou um projeto para filhos de presidiários.


Jornalista há 17 anos, eu participei dos mais variados eventos. Mas nenhum me encheu de orgulho como esse. Em 2007, escolhi fazer parte da solução.

28.4.16

Síndrome do paninho

Quase três anos após a mudança para o apertamento, Pimenta (que, nove anos depois, ainda não deixou de ser Pimenta) descobriu um passatempo adorável: se pendurar na toalha de banho do Leo até soltá-la do registro para poder dormir enroladinha no banheiro. A cama de solteiro que eu trouxe da casa antiga, só por causa deles, não proporciona conforto suficiente. Nem os almofadões que Tati Pagamisse doou. Nem as prateleiras com vista panorâmica para a Anchieta da Laura Paro.

Se estendo a toalha no varal, a criatura apela à de rosto ― vocês têm noção do prazer que é enxugar olhos, boca e nariz em uma toalha peluda? Toca pagar R$ 137 no suporte mais barato do C&C, dinheiro que eu tinha prometido gastar com algo mais edificante. Para assistir a peste derrubar o paninho de louça, esfregar a bunda e dar uma coçadela nas orelhas.

26.4.16

Prateleiras e enriquecimento ambiental

Esqueçam caminhas personalizadas, brinquedos importados, manta fleece (sempre quis escrever essa palavra). Gatos gostam é de prateleiras ― para saltar, dormir, vomitar ração recém-mastigada. Eu escrevi um post sobre enriquecimento ambiental (animado e inanimado) no ano passado, mas a grana sempre ia embora nos resgates inusitados.


Eis que Laura Paro, a primeira adotante do projeto, nos convidou para visitar Carlotinha e doou seu trio seminovo! Nos dias de faxina, os bigodes se empoleiram em pares ― Chocolate não conta.


Até o Simba, que não consegue mais pular na vertical por causa da coluna de vovô, deu um jeito de curtir a vista privilegiada: sobe penduradinho com as garras da frente e chacoalha as patas de trás para alçá-las à base. ♥

20.4.16

Aniversariante do mês - abril de 2016

Dos clichês do universo animal, talvez o mais repetido seja o de que eles é que nos adotam. Mas aconteceu exatamente assim com a Clara Luz*, há dez anos. Eu escolhia concentrada a ração do Mercvrivs, quando senti minha blusa sendo puxada para o alto. Cedo demais para morrer, girei sem fazer a mais remota ideia de que sairia do pet shop com uma gata de patchwork ― a história completa está nos links do fim do post.

Mercv se apaixonou instantaneamente e guarda mágoa até hoje por ter sido trocado pelo Simba. Chocolate precisou ficar separada da geniosa por dois longos anos. Pipoca ainda sofre com as perseguições for fun, embora elas andem raras. Como boa ariana, Clara desperta amor e ódio por onde passa. Neste coração, porém, apesar da coleção de caras feias, só tem ronrom.



*Novelinha: conheça a história da Clara

Outros aniversários: 2015 |2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

15.4.16

12 números para apoiar o Gatoca

- Quase 9 anos de projeto.
- 1.097 posts escritos ― 1.098 com este. :)
- 4,5 mil leitores alcançados mensalmente.
- 9.011 comentários.
- 25 parceiros.
- 107 bichos socorridos (97 gatos, 7 cães e 3 aves).
- 3.819 curtidas no Facebook.
- R$ 21.110 financiados coletivamente (R$ 3.000 doados pelo Wings For Change).
- 50 animais castrados em mutirão (11 cães e 39 gatos).
- 1 e-book publicado.
- 9 minutos de bate-papo com o Marcelo Duarte na Rádio Bandeirantes.
- 1 puxadinho no Yahoo!.

Para continuar a divertir, emocionar, conscientizar e mobilizar corações de pudim, o Gatoca precisa de vocês. Participem do nosso Clube na Kickante ou mandem e-mail que eu passo os dados bancários para agendar a transferência mensal. Com R$ 0,33 centavos por dia, muitas vidas podem ser reescritas.

Quem topa ser coautor de um mundo melhor?


13.4.16

Soneca com emoção

Apesar de trabalhar há mais tempo como freelancer do que empregada, eu tenho uma coleção de ex-chefes queridos. De um deles (na verdade, uma), ganhei um traveisseirinho de camomila que os bigodes logo dominaram. Chocolate ama aquele travesseirinho! Passa o dia deitada sobre as bolotas vermelhas, até sair com cheiro de calmaria ― só o cheiro.

Acontece que o sono da pequena encrenqueira deve ser uma releitura da vida real e, dia sim, dia não, ela despenca da prateleira levando o travesseirinho junto. Aterrissa de pé e me olha com um misto de susto e vergonha, enquanto eu a encaro incrédula por mais uma soneca enfartante. Que se repetirá depois de amanhã.


8.4.16

Do barro para a cama com cobertor

Gatoca fez um mutirão de castração no DER há um ano, que se desdobrou em 31 posts (alguns tristes, outros engraçados, vários emocionantes) e nove bichanos doados ― as histórias estão todas no fim do texto. Faltava Pretinha. Um mês após a cirurgia, eu a encontrei quase morta numa das ladeiras de terra da favela. O tratamento durou longas quatro semanas e a pretolina continuou me recebendo com festa ― os animais dão aula de gratidão ao ser humano.


Aí, veio o primeiro lar temporário, a devolução por causa de um erro veterinário, o segundo lar temporário, com piriri durante o percurso (da gata, não meu), mais 255 dias de espera pela família oficial. E ela tomou forma no final de fevereiro! Soaria estranho usar "apareceu" para os pais da Fernanda Abreu, dona do segundo LT, né?


Tudo começou com a sugestão do vet de adotarem uma amiga para Kiara se distrair e parar de arrancar os próprios pelos ― a outra opção seria apelar ao Prozac. E, no dia 27, Pretinha rumou para a casa telada em Santana, recém-batizada de Lizzy, um personagem de anime (aqueles desenhos japoneses de olhos gigantes).


A adaptação compreendeu quatro bípedes, que se apaixonaram instantaneamente, e quatro quadrúpedes, que ainda se estranham: Kiki não curtiu muito a novidade, mas abandonou a cutucação e os cachorros seguem tentando entender o pé de gato que brotou no jardim.


Quando eu recebi a foto abaixo, lembrei da pequena tomando chuva nas vielas avermelhadas e sorri salgado. A vida pode ser doce.



Leiam também:

:: Panfletagem por uma causa nobre
:: Inscrição em três etapas - parte 1
:: Inscrição em três etapas - partes 2 e 3
:: Protetor é quem cuida
:: Mutirão de castração é para os fortes
:: Se há uma chance, Gatoca é a favor
:: Da favela para Hollywood!
:: Mutirão de castração é para os fortes - parte 2
:: O primeiro de nove!
:: Sementes
:: Adoção platônica
:: Adoção Gremlin
:: Quase famosos
:: Ossos e um coração partidos
:: Felicidade que nunca chega
:: Descanso merecido
:: Para bater recordes de bilheteria!
:: A arte de enxugar gelo
:: Quando a coisa fica preta
:: Desfecho frustrante
:: Refilmagem
:: Os últimos de nove
:: Favela com emoção
:: Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes
:: Ossos e um coração colados
:: NeverEnding Story
:: De Hollywood para o Japão
:: De Hollywood para os palcos
:: Halloween da sorte 2015
:: De Richard Gere para os braços do Pepê
:: Black Friday fracassada

5.4.16

Gatos não sentem sabores doces!

Podem segurar a vontade de dividir o ovo de Páscoa com os bichanos. Antes de qualquer coisa, porque chocolate é tóxico para animais. Isso quer dizer que o fígado dos peludos não metaboliza direito a teobromina, presente em maior quantidade nas cascas e bombons escuros, podendo causar contrações musculares, taquicardia, vômitos e diarreia ― bichos menores correm risco de morte!

Depois, porque os bigodes não curtirão como a gente o gostinho açucarado pascoal. Apesar da domesticação de cerca de 5 mil anos, eles continuam sendo carnívoros restritos: preferem sua parte em proteína animal, dispensando nosso amado carboidrato como fonte de energia.

Essa incapacidade de sentir sobremesas, segundo a revista Scientific American, se deve a um gene. Pequenos e grandes felinos não têm uma parte do DNA existente no gene Tas1r2, responsável, junto com o Tas1r3, por gerar as proteínas que formam os receptores de sabores doces na língua.

Agora, quem explica a paixão da Clara e do Mercv por mamão?


* Texto escrito para o Yahoo!

1.4.16

Curso de homeopatia para animais!

Seis dos dez bigodes aqui de casa têm doença renal, vocês sabem. Quando saiu o resultado do hemograma, depois de chorar em posição fetal, eu troquei a ração de todo mundo pela versão terapêutica e Simba odiou, lembram? Perdeu quase meio quilo em duas semanas. A nova marca, mais palatável, fez sucesso, mas provocou intolerância alimentar no leãozinho, que já tratava a infecção de pele highlander há mais de ano.

Resolvi, então, arriscar a homeopatia, por indicação de duas amigas queridas. A diarreia desapareceu em 38 dias e as feridas na pele, que na verdade eram causadas pelo próprio gato, estressado com as obras intermináveis do nosso novo bairro, em três meses ― embora ele ainda tenha recaídas leves.

Criada pelo alemão Samuel Hahnemann, a homeopatia atua na energia vital, tratando o ser, bípede ou quadrúpede, não a doença. O medicamento, portanto, leva em consideração essência e particularidades do indivíduo naquele momento de vida. Sem restrições, é especialmente indicada para convulsão, diabetes, tumores cancerígenos, alterações comportamentais e doenças virais como cinomose, rinotraqueite, FIV (aids felina) e FeLV (leucemia felina).

Os glóbulos, diluídos em água, não possuem cheiro nem sabor, facilitando a administração oral (basta usar uma seringa). Para as feras, vale apelar ao borrifador, já que o simples ato de inspirar as gotículas possibilita o contato com as mucosas.

Quem ficou curioso não pode perder a segunda aula da veterinária Maria Eugênia Carretero, com renda revertida à ONG Natureza em Forma, que cuida de mais de 400 bichos no centro de São Paulo ― informações abaixo. Eu participei da primeira, no dia 19 deste mês, e saí com 11 páginas de anotações, uma lista privilegiada de material para leitura e empolgação que há muito tempo não sentia em um curso. Vale cada minuto e muito mais do que R$ 20! :)

Serviço

Datas: 9 de abril, 14 de maio e 18 de junho.
Horário: das 9h às 12h.
Valor: R$ 20, revertidos para a ONG Natureza em Forma.
Endereço: Matilha Cultural - rua Rego Freitas, 542, Centro, São Paulo (metrô República).
Inscrição online: goo.gl\eeinwZ
Contato: maru.veterinaria@gmail.com


Minha coleção de frasquinhos já dobrou! rs

30.3.16

If it fits, I sit

E, se não cabe, a gente dá um jeitinho. Ainda convida a família para compartilhar.




Gudas na caixa do modem (!), por Leo Eichinger

25.3.16

Páscoa sem sacanear os animais

Atualizado em 12 de abril de 2017

Todo ano, a história se repete: criança chora porque quer um coelhinho na Páscoa, os pais compram sem saber que são bichos mais ariscos, que roem as coisas para frear o crescimento dos dentes e comem as próprias fezes (mas só as da madrugada), e toca ONG arrumar espaço, entre cães e gatos, para encaixar as novas vidas abandonadas.

O primeiro alerta deste texto, portanto, é: nunca tomem decisões assim por impulso. E, se vocês realmente sonham com um amigo diferente, ADOTEM. A Canto da Terra e a Associação Natureza em Forma têm vários dentuços esperando a chance de recomeçar em São Paulo. E o Santuário das Fadas, no Rio de Janeiro, mais alguns ― indiquem outras ONGs nos comentários. ;)

Para quem achou melhor investir nos coelhos de chocolate, vale conferir os ingredientes das embalagens (eles são listados em ordem decrescente de quantidade): quanto mais cacau, menos vacas e bezerros sofreram para produzir o leite usado na receita ― sim, o tratamento é extremamente cruel. Neste site, há opções nacionais e importadas, com e sem soja, e até à base de alfarroba, um substituto menos calórico do cacau.

Sobre a bacalhoada, nem preciso comentar, né?


Citronela, Camomila e mordidinhas de amor

* Texto escrito para o Yahoo!

23.3.16

Morte de vida nova!

Nós ficamos apaixonadas pela Catrina e queremos adotá-la mesmo se der positivo para FeLV no segundo exame! Percebemos que tudo que ela precisa para estar saudável é carinho e proteção. Ela traria brilho para nosso apartamento e nós lhe daríamos uma família. Eu trabalho em casa, Catrina ficaria o tempo todo comigo. Laís termina a faculdade no meio do ano e, provavelmente, emendará um mestrado.

Não pretendemos deixar de morar juntas, pelo menos não em um futuro próximo. Estamos aqui em São Paulo há seis anos, temos uma vida bem estável. E, se a gente se separasse, brigaríamos para ver quem continuaria com ela. Jamais a devolveríamos. Como dissemos a você, temos dois gatos na casa dos nossos pais, no interior, ambos pegos da rua. Sabemos das responsabilidades.

Quanto à dificuldade de escolher por outra vida, tudo o que posso dizer é que aqui ela seria tratada com muito amor e tudo de melhor!


*

Eu sempre publico as cartinhas enviadas depois da adoção, mas este post não poderia começar de outra forma. Depois de três lares temporários, duas doações fracassadas e o resultado "fraco positivo" para leucemia felina, a maré de azar da vesgolina finalmente acabou. Ela foi morar com a Lara e a Laís Razza, para reinar exclusiva no apartamento de janelões privilegiados da Paulista ― as irmãs telaram só para recebê-la. :)


La Muerte tem passado boa parte do tempo enfurnada no armário, por causa do barulho das manifestações, e insiste nas brincadeiras joselitas. Mas as meninas esbanjam paciência (mesmo acordadas religiosamente às 5h30, por causa da rotina da família anterior) e já iniciaram o tratamento homeopático para estresse e medo.

Hoje é dia de festa no céu ― e na terra também!



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Notícias da Morte
:: Lar temporário do lar temporário
:: Morte quer vida nova!
:: Chuchuia
:: Onde Está Catrina?
:: A gata mais azarada de Gatoca

18.3.16

Vocabulário da riqueza

(Há que se começar de algum lugar, não é mesmo?)

Eu sempre quis usar a palavra "folguista". Pois acabo de me tocar que aqui em casa temos uma escala de folguistas para cobrir a ausência do Mercvrivs no colo: Chocolate fica com os dias quentes, Pipoca com as madrugadas, Simba com a corridinha ao banheiro e Clara com as tardes de faxina ― o que torna o processo todo docemente complicado.

16.3.16

Sétima primavera

A festa de aniversário de doação da Pandora é o Natal de Gatoca. Eu começo a contagem regressiva dois meses antes, compro presente, capricho no prato que dividirá a mesa com quitutes da culinária alemã e este ano até arrisquei ir de vestido para ser carimbada pela cachorrada. De seus estimados 13 anos, Pan completou sete em uma família de filme, incluindo bípedes, quadrúpedes e o jardim com piscina, cada vez mais distante da história de terror que nos uniu.

E São Pedro, que frequenta o mesmo stand-up de arpa de Chicão, nos brindou com uma comemoração ensolarada até o último latido. Teve chacoalhada frenética de rabinho (não, ela não esquece), cavocada escondida no canto favorito do gramado (já careca), parabéns com bolo de três andares ― e nós herdamos um terço! A cama e o carrinho improvisado com toalha foram construídos pelo Detlev para a Pretinha, irmã canina que não consegue mais andar sozinha.

Alguém duvida que dias ainda mais incríveis aguardam a grisalhice da nossa pantera?



















Epopeia da Pandora:

:: Caixa de esperança
:: Casa de esperança
:: Nascimento da ninhada
:: Morte da ninhada
:: Devolução
:: Boletim - 28 de novembro
:: Boletim - 1º de dezembro
:: Boletim - 8 de dezembro
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