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23.7.21

A primeira gateira da história | EG #2

Se os homens estreitaram laços com os felinos por interesse, tendo seus grãos protegidos contra roedores, foi uma mulher quem popularizou a ideia trazê-los para dentro de casa — pelo menos é o que se acredita. E faz uns 150 anos só! A rainha Vitória apoiava o bem-estar animal e chegou a conceder status de Real à Sociedade Protetora dos Animais inglesa.


Além de cachorros, cavalos e cabras, tinha dois gatos persas — a fêmea White Heather viveu até o final no Palácio de Buckingham, muito depois de sua morte. Bichos de estimação em geral aumentaram na Era Vitoriana (a Inglaterra do século 18), tanto símbolos de status quanto uma forma de os nobres demonstrarem poder sobre a natureza.




E o caráter blasé dos bichanos os tornava a espécie perfeita: "selvagem, mas limpinha" — muitos escritores e artistas expressaram seu amor por eles e pessoas passaram a fazer funerais para seus amores peludos.


Esta série é inspirada no livro O Encantador de Gatos, escrito pelos especialistas em comportamento Jackson Galaxy e Mikel Delgado. Eu assino a confecção das coroas de papel alumínio de cozinha e o cuidado com os bigodes, há quase 16 anos, rs. E Leo Eichinger fez as fotos maravilhosas. ❤️


Menos estas! Hahahahahahaha!





CAPÍTULO 1: Existe um canto do planeta sem gatos?
CAPÍTULO 3: Como a humanidade se curvou aos bichanos
CAPÍTULO 4: Seu gato vem da América ou do Velho Mundo?
CAPÍTULO 5: 8 mudanças genéticas nos bichanos modernos
CAPÍTULO 6: 44 raças de gatos lindos, mas doentes
CAPÍTULO 7: O mistério do ronronar
CAPÍTULO 8: O que seu amigo quer dizer?
CAPÍTULO 9: 7 posições de rabo explicadas
CAPÍTULO 10: Decifre as expressões faciais do seu gato!
CAPÍTULO 11: Como é um abraço felino?
CAPÍTULO 12: Feromônios e os cheiros na comunicação
CAPÍTULO 13: Tem outro bichano vivendo dentro do seu!
CAPÍTULO 14: O segredo da gatitude!
CAPÍTULO 15: Conheça sua maquininha de matar: tato
CAPÍTULO 16: Conheça sua maquininha de matar: bigodes
CAPÍTULO 17: Conheça sua maquininha de matar: visão
CAPÍTULO 18: Conheça sua maquininha de matar: audição
CAPÍTULO 19: Como e o que os gatos caçam?
CAPÍTULO 20: E como eles comem?
CAPÍTULO 21: Felinos se limpam como a cena de um crime
CAPÍTULO 22: Bichanos dormem menos do que parece (estreia no dia 15 de setembro!)
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O conteúdo do Gatoca é financiado por gente que acredita que o mundo pode ser melhor — aqui tem um resumo das principais ações do projeto. Quer fazer parte dos despioradores? Assine nosso clube no Catarse ou doe um cafezinho em forma de PIX: doacoes@gatoca.com.br

7.7.21

Ioga com a gata

Se o mundo fosse justo, colar elisabetano e cegueira não coexistiriam. Mas o finzinho de vida da Clara nos proporcionou esse bingo às avessas. Sim, o carcinoma alcançou o segundo olho, deixando ainda mais complicada uma rotina que já estava puxada — hoje, aliás, completamos oito meses de refeições na colher, água na seringa e limpeza com pano úmido quentinho.

Fico me perguntando que experiências mais nós duas precisamos ter. O que falta aprender? Quando é o momento certo? Aí, ela ignora a caixinha que instalei no jardim para aproveitar o sol da manhã, como boa gata, e vem fazer ioga comigo. Bem no meio do tapete.

Concluo que ainda não está na hora.

18.6.21

Larvas e bicheira em gatos: socorro!

Este é um post difícil de escrever. Primeiro porque soa incompetência ter um animal sob nossa guarda vítima de uma doença tão tosca. Depois porque, esteticamente, a miíase, nome pomposo da bicheira, também não ajuda — imaginem uma centena de larvas se requebrando dentro da cavidade ocular, com o Zé do Caixão ameaçando levar sua alma à meia-noite.

Em minha defesa, o carcinoma da Clara está em estágio avançado, dois veterinários justificaram que o cheiro é extremamente sedutor para as moscas (até ataque de formigas a coitada sofreu!) e tentei de spray natural de óleo de neem no pelo a coleira fortunosa (e polêmica) da Bayer — tampar o machucado aumentaria a coceira, que já causa bastante desconforto.


Depois do trauma de remover mecanicamente larva por larva, com a pinça travando no osso (eu, que desmaio fazendo exame de sangue!), fiquei expert em caça aos ovos e não os deixo mais evoluir. Antes de compartilhar todas as infos da jornada, porém, preciso explicar que decidi não levar a retalhinha à clínica para evitar o estresse, em um quadro já delicado, mas fui orientada a distância pelo vet. E não publicarei fotos do carcinoma porque impressionam.

Comecemos, então, pelo básico: falei em ovos e moscas, sem deixar clara a conexão, né? Moscas botam ovos em tecidos em decomposição, se alimentam de fezes, escarros, secreções, produtos animais e vegetais estragados, sempre mais ativas durante o dia, e vivem até um mês — sim, há milhares de espécies, que depositam o raio do ovo em outras, impossibilitado identificar a meliante, portanto basta dizer que este texto não serve para a berne (miíase furunculoide), uma nojeira diferente da bicheira.

Retomando: a prevenção da nossa (infelizmente) miíase foca em manter o ambiente higienizado, incluindo os banheiros dos gatos, e a comida tampada — até porque você tem gatos, rs. Se o peludo possuir lesão na pele, limpe diariamente, proteja com gaze, caso a região permita, use coleira ou spray antimosca (existem versões naturais de ambos) e tome cuidado redobrado em áreas rurais.

Os ovos dessas moscas são pequenos, durinhos, colocados sobrepostos e bem-fincados na pele — não estranhem. Quando o tecido está morto, fica mais fácil remover o bloco — se sobrar unzinho, dançou.


E não quero tocar o terror, mas eles eclodem em 24 horas — depois viram larva, pupa e mosca adulta. Quanto maior a temperatura e a umidade, mais rápido ocorrerá esse ciclo, que pode durar de dez a 14 dias. As larvas costumam ficar escondidas, principalmente porque conseguem entrar na pele.


E, como são muitas, acabei usando um ectoparasiticida para facilitar a remoção — não vão comprar kombucha, hein? A embalagem improvisada foi empréstimo de uma amiga.


Elas se mexem bastante, aliás, o que provoca coceira, um dos sintomas. Inchaço subcutâneo é outro. No caso da Clara, o local também passou a sangrar mais. E ela ficou tão incomodada que deve ter virado a madrugada em claro porque dormia comendo no dia seguinte. Imagino que a dor deixe alguns pets amuados e sem apetite.

O que mais falta falar? Ah! Bicheira não tratada pode causar abscessos, necrose, hemorragia, toxemia (acúmulo de toxinas) e até matar. Desde que a gente se mudou para Araçoiaba, já tirei algumas centenas de ovos do carcinoma da Clara. Enquanto ela puder aproveitar o sol no gramado, o patê na colherinha e o carinho no colo, vale a pena.



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Agora em junho tem série nova! Todo mês, o Gatoca publicará dicas e curiosidades da bíblia "O Encantador de Gatos", escrita pelos especialistas em comportamento Jackson Galaxy e Mikel Delgado, com fotos e vídeos da gangue para ilustrar. Se quiser ser avisado, é só assinar nosso boletim ou entrar no canal do Telegram.

3.6.21

Esponja mágica para limpar sujeira pesada de gato

Quem fizer uma visita surpresa a Gatoca antes do dia da faxina encontrará nas paredes pus, sangue e catarro. Não, eu não estou trabalhando como serial killer para complementar a renda. É que o carcinoma da Clara vaza longe com os chacoalhos de cabeça e a alergia da Pimenta produz secreções aderentes.


Na casa de Sorocaba, alugada, a tinta áspera não ajudava e qualquer esfregada de bucha tradicional rendia um borrão azul. Eis que Leo lembrou da esponja de melamina, indicada pela Rosa Yukari para limpar tênis (coisa que a gente quase não usa no interiorrr), escondida no fundo da gaveta da lavanderia.

Naquela época, só se encontravam versões japonesas dela, em lojinhas de importados. Hoje, dá para comprar em redes grandes de material de construção e até supermercados — com embalagem em português, rs. Minhas sextas-feiras mudaram! Pensem em uma jornalista com lua em virgem, que chegou a fazer molho nos catarros!


Agora, é só umedecer a esponja com água e ir passando nas paredes (e portas, armários, cadeiras), sem precisar apelar à força-bruta.


Para potencializar o efeito e tirar o encardido deixado pelos gatos, como vocês veem no vídeo, uso esta receita de sabão líquido natural. Compartilhem suas dicas nos comentários!

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28.5.21

Aniversários felinos não comemorados

Nos últimos dois meses, os únicos "aniversários" lembrados por aqui foram os das caixas da mudança, que insistiam em atravancar o caminho e fazer desaparecer coisas importantes. Isso significa que os 15 anos de adoção da Clara, no dia 10 de abril, passaram batido, assim como os 14 da Guda, em 7 de maio, e de todas as Gudinhas, duas semanas depois.

Sete bigodes de nove, um recorde de negligência! Mas temos bons motivos: recomeçar mais perto da natureza, em uma casa melhor ventilada e iluminada, na torcida por menos crises de alergia/asma, sem a insegurança do aluguel, que nos desabrigou em plena pandemia. E não faltará festerê!

Leitores de exatas notarão um gato frajola não-aniversariante sobrando nas fotos. É Mercv, nosso penetra favorito. rs





*Novelinhas: conheça as histórias da Clara, da Guda e das Gudinhas

Outros aniversários da retalinha: 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 |2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Outros aniversários da barriguda: 2020 | 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

Outros aniversários das pequenas: 2020 | 2019 (especial Dia do Abraço) | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009

21.5.21

Bastidores da mudança para Araçoiaba

Eu já contei aqui o pesadelo que foi nosso encerramento forçado de ciclo em Sorocaba e recomeço inacabado em Araçoiaba da Serra — dois meses depois, continuamos sem porta no banheiro! Mas, se a vida entre caixas demandou aos humanos escalonar as discussões, os nove gatos pareciam estar no paraíso.


Diferente da mudança para o apertamento, em São Bernardo, quando Jujuba retalhou meu braço, eles se dividiram em guetos e Pipoca passava as madrugadas gritando, ou mesmo da vinda para o interiorrrrr, com trilha sonora estendida de bufadas, em 24 horas os bigodes esbanjavam segurança e aconchego.




Quer dizer, 24 horas para cada grupo, porque a gente trouxe as coisas inanimadas no dia 31 de março, a primeira leva dos animados em 1º de abril, com o escritório preparado, e, quando voltamos para buscar a segunda, já tarde da noite, as caixas de transporte tinham ficado em casa.


Não sobrou grana para o gatil planejado, mas Leo improvisou um com as telas velhas, bambus roubados do terreno vizinho e macarrões — o mais perto que chegamos de um jardim com piscina. Isso, claro, depois de a gangue quase nos enlouquecer em 60 m2, de janelas fechadas.




A primeira a fugir foi Jujuba. Depois, o combo Pipoca, Keka e Pimenta. O recorde, porém, ficou com a Chocolate, que a gente colocava para dentro e já descobria outra brecha, tipo fila de brinquedo do Playcenter. Guda, a gata-baiana, demorou um mês e meio para ousar. Mercv e Pufosa sequer tentaram.

Simba morreu antes da nossa mudança para Sorocaba, sem nunca mais ter pisado em um quadradinho de grama. Clara Luz conseguiu conhecer Araçoiaba. ❤


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Em junho tem série nova! Todo mês, o Gatoca publicará dicas e curiosidades da bíblia "O Encantador de Gatos", escrita pelos especialistas em comportamento Jackson Galaxy e Mikel Delgado, com fotos e vídeos da gangue para ilustrar. Se quiser ser avisado, é só assinar nosso boletim ou entrar no canal do Telegram.

5.3.21

O perigo das coleiras para gato!

Houve uma época em que eu não sabia que coleira felina deveria ser de elástico para evitar que os bigodes se enroscassem nas coisas e sufocassem. Aprendido isso, ainda acreditava que valia a pena mantê-los identificados dentro de casa, para o caso de uma eventual fuga. E as telas acabaram me fazendo desencanar.

Até novembro, quando Clara passou a usar o colar elisabetano de tecido, por causa do carcinoma. Escolhi um modelo que sustentasse o cone, mas com uma parte de elástico para garantir a segurança. E foi assim que, depois de meses de papinha na colher, escovação e fortunas gastas com tapete higiênico, quase perdi a retalhinha.

Leo tinha saído cedo e eu ainda juntava forças para começar o dia, quando ouvi um barulho estranho vindo da sala. Casada com uma criatura que sempre esquece algo, segui sonada para o banheiro, priorizando a água no rosto. E Chicão ligou o alerta do "corre que pode ser gatice".

Lá estava a coitada com o colar fora da cabeça, mas ainda preso pela coleira, se enforcando cada vez mais ao empurrá-lo com as patas traseiras, enganchadas no tecido — o barulho era do corpo em desespero se chocando contra o no chão. Sem tempo para pensar, juntei a gata-polvo, voei até o escritório arranhada e cortei o "enforcador" tremendo.

Os dez segundos mais eternos (e angustiantes) destes 41 anos. Tentei comprar outra coleira, mas confesso que faltou coragem. Prefiro assumir o risco de a pequena tirar o colar e coçar a lesão, já que trabalho em casa, do que encontrá-la morta.

18.2.21

Cuidados paliativos para gatos: delicadeza e paciência

Quando a gente recebe o diagnóstico de doença sem cura de um ser amado (bípede ou quadrúpede), antecipa os cinco estágios do luto: primeiro se recusa a acreditar, depois sente raiva, tenta barganhar com uma força organizadora do caos, cai em depressão e acaba aceitando. Mas ainda resta o desafio dos cuidados paliativos, que garantirão alguma qualidade nesse finzinho de vida.

Escrevi "desafio" porque não é fácil gastar tempo e dinheiro cuidando de alguém que não ficará bem — e, no caso dos gatos, que rosna, morde e arranha porque não entende os remédios, a alimentação forçada, os curativos. No começo, sob o impacto da notícia e o despreparo para lidar com a morte, a coisa até que flui bem. Após meses da mesma rotina, repetitiva, cansativa e inglória, é preciso exercitar a paciência.

Meu desafio atual se chama Clara. E confesso que às vezes dou umas tropeçadas. Na maior parte do tempo, porém, procuro prestar atenção nos detalhes que tornam os dias da retalhinha mais leves. O ponto ideal em que o patê processado se sustenta na parte de trás da colher, que ela consegue lamber com gosto. A coçadinha no pescoço depois de colocar o colar elisabetano detestado. Um colo não pedido, mesmo que esteja quente e voe pus no teclado.

São 26 anos de jornada nessa estrada, que começou na adolescência, com o câncer da minha mãe. E sigo odiando a impotência. Mas aprendi a chorar só no final.

5.2.21

6 coisas estúpidas que fiz quando adotei um gato

Não se nasce protetor, torna-se protetor. E vocês não têm noção de quanta cabeça eu bati nestes 15 anos! Comecei limpando as patas do Mercvrivs toda vez que ele saía da caixa de areia — vida de freelancer, oficina do diabo. Na semana seguinte, decidi levar o carro para lavar e voltar a pé com ele no colo, ganhando arranhões múltiplos no peito assim que passou o primeiro caminhão.

Para impedir o acesso à rua (e economizar o dinheiro das telas), improvisava gambiarras com papelão e sacos de lixo. Mas, incentivado pela Clara, vira-lata pura recém-chegada, o sem-noção um dia conseguiu fugir, caiu na clínica médica e tomou um balde de cândida na cabeça — que me rendeu os óculos quebrados, porque depois ainda tentei dar banho nele de chuveiro ligado.


E achei que seria uma ideia incrível me redimir passeando com os dois de coleira pelo bairro.




Por fim, e com um oferecimento do namorado da época, acendi uma vela durante a queda de luz e deixei no gaveteiro ao lado da cama, acreditando no mito do instinto de sobrevivência animal. Os bigodes encaracolados falam por si:


Espero que o Gatoca tenha poupado vocês de boa parte desses micos.

4.12.20

Colar elisabetano de tecido para gato: quando usar?

Eu já contei que a coceira que o carcinoma da Clara causa não permite mais que ela fique sem o colar elisabetano — sim, "elizabetano" está errado. Fiz até um post com dicas para diminuir o desconforto, sugerindo modelos leves e transparentes, que aumentassem o campo de visão. Mas, conforme a doença evolui, a retalhinha passa mais tempo deitada e várias leitoras indicaram as versões de tecido.

Duas delas, inclusive, recomendaram o Ateliê Pet Petri. Carla Petri é a pessoa perfeita para lidar com tutor fragilizado! Conversamos um tempão, porque eu tinha dúvidas de toda sorte. E ela ia vestindo os colares em suas gatas para a gente escolher o melhor tamanho. Costurados um a um, com a ajuda da mãe, eles ainda ajudam a encher a pança dos peludos (felinos e caninos) e de três galisés! 💛

Como ela se sensibilizou com a situação da Clara, fez questão de dar o colar de presente. Só que encontrei três modelos e uma cartinha querida quando abri a caixa do correio!




Para ampliar, cliquem na imagem

No primeiro teste com um dos cones, fechei só no velcro e a ninja conseguiu tirar. Reforcei com a coleira, que tinha uma parte de elástico, e a cena se repetiu. Apertei mais e a coitada vomitou. Na quarta vez, chegamos ao ajuste ideal — Carla aconselha o uso de cordinha.


O tecido é fácil de limpar com um pano úmido, se o machucado não vazar sangue e pus como no caso da Clara. Mas lavar também não cai a mão e seca rapidinho nos dias quentes. Coloco à noite, para ela dormir mais confortável e substituo pelo de plástico durante o dia — estou guardando o outro cone para quando a criatura conseguir rasgar esse de tanto coçar.

Já o disco amarelo apelidamos de utopia. Como ele impede o acesso das patas traseiras à cabeça, mas não evita que o animal esfregue a lesão nos móveis, só poderemos usar se a pequena melhorar. Torçam para ver essa foto aqui!

13.11.20

Colar elisabetano: como diminuir o desconforto

Eu já odeio o Tarantino no cinema. E, na sexta-feira passada, tive o desprazer de acordar em um filme dele: sangue espirrado nas paredes, coágulos no edredom, a cara da Clara lavada de vermelho — fiz um vídeo de mãos trêmulas para o veterinário (eu, que desmaio na coleta do laboratório), mas pouparei vocês das imagens de terror.

É que nos últimos três meses, desde que escrevi aquele desabafo sobre a retalhinha, o carcinoma abriu um túnel na cabeça e a coceira piorou muito, tornando cada vez mais frequentes os ataques com as garras ao machucado, também mais sensível — e a massa que crescia sob a pálpebra ainda bloqueou completamente a visão do olho direito, para minha desolação.

Ela continua comendo feliz a alimentação natural na colherinha, ronronando quando ganha carinho, tomando sol no jardim, dando banho no Mercv (!). Mas, pelo jeito, não poderá mais ficar sem o colar elisabetano (o povo escreve "elizabetano", só que está errado). A gente ainda nem conseguiu estancar o sangramento completamente, na verdade.

E, depois de chorar no chuveiro e xingar o além, resolvi compartilhar algumas dicas aqui. Se você tem um gato que precisa desse tipo de contenção — vale para cachorro também, a menos que ele seja o Marley...


Escolha um modelo leve e transparente
Com menos peso e um maior campo de visão, ele se sentirá menos incomodado. O primeiro colar da Clara era trambolhudo e eu já usava sem a coleira — cortei todos os passadores, inclusive.



Aí, Leo encontrou este, que ainda abre e fecha mais fácil:



Teste adaptações
Como o problema dela é coçar o carcinoma com as patas de trás, encurtei a versão do pet shop, que continua impedindo o acesso à cabeça, mas ajuda na hora de comer e beber água. Só tome cuidado porque, com o colar mais curto, o animal talvez consiga se esfregar nos móveis.


No ano passado, a gente tentou criar também um modelo de EVA, filmado passo a passo para um tutorial no Youtube, em que a cara da retalhinha ficasse mais livre. E foi um sucesso! Por 15 minutos.


Ela logo descobriu como dobrá-lo ao contrário...


...e nos deparamos com esta cena — light em comparação à recente:


Capriche na limpeza
Gatos são as criaturas mais asseadas do universo — e têm um olfato muito mais desenvolvido do que o nosso. Imagine sobrar com um treco todo melecado colado no seu nariz! Um paninho com álcool quebra o galho, se você não puder sair de perto do animal — a gente bobeia e a desgraça acontece, né?

Mas aconselho comprar dois colares para lavar com calma o que não está em uso. O desespero da Clara com as secreções que vazam do machucado é tanto que ela me acorda de madrugada coçando o plástico freneticamente. E eu levanto toda vez para socorrer, claro.

Liberte com monitoramento
É esperto o suficiente para bloquear patas assassinas ou dentadas mortais? Então tire o colar de tempos em tempos para que o bichano consiga fazer sua própria higiene. Ou se encarregue de limpá-lo com um pano úmido — nada de perfume, hein? Escovação também pode!

Como bônus, seja paciente, encha seu amigo de carinho, ofereça comidas diferentes. Quando a gente está doente, o que mais quer é se distrair do mal-estar.

7.8.20

Clara está escurecendo...

Vou me permitir uma pausa nas festividades agostinas do Gatoca para compartilhar a barragem que represou meu peito nos últimos três meses: o carcinoma da Clara tem evoluído muito rápido. As crostas escuras tomaram todo o lado esquerdo da cabeça, o machucado do lado direito fica cada vez mais fundo e começou a crescer um nódulo embaixo da pálpebra.

Toda vez que ela me encara com olhinho ameaçando deformar, eu morro um pouco. E o pote de ração já não esvazia com a mesma eficiência. E os passeios pela casa seguem rareando. Mas aí a bichinha deita no meu colo e ronrona. Ou repete quatro vezes a alimentação natural. Ou se estica demoradamente no sol — não vou tirar um dos únicos prazeres de uma gata com 15 anos.

E revivo.

Sim, ela está sendo acompanhada pelo veterinário para ganhar o máximo possível de qualidade neste período. E não, não existe cura para a doença no estágio atual. Se considerarmos que a hiperqueratose começou em 2015, aliás, e que em 2013 ela já havia desenvolvido um tumor, temos uma longevidade de fazer inveja a qualquer quimioterapia.

Este post é só um desaguamento mesmo.


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16.4.20

Aniversariante do mês – abril de 2020

A única pessoa que sabe o dia exato em que Clara* nasceu a descartou junto com os filhotes em sacos de lixo, esperando que o triturador do caminhão resolvesse o problema. Em 10 de abril, nós comemoramos, então, a existência de gente como o senhorzinho que resgatou o descarte felino, permitindo que a ariana-adotiva pudesse me pescar entre as grades no pet shop. Isso já faz 14 anos!

Nos três últimos, incluindo este, a celebração teve bexigas extras: o carcinoma tornava a perder! A ideia do post era compartilhar com vocês um flagra fofo da geniosa mais apertável de Gatoca. Mas acho que a foto abaixo representa melhor o momento socioeconômicoespiritual que estamos vivendo.


*Novelinha: Conheça a história da Clara

Outros aniversários: 2019 | 2018 | 2017 | 2016 | 2015 |2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008

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10.4.20

Gatoca recria pinturas famosas!

Depois de lavar mais da metade da casa, poupando praticamente só os gatos, Leo e eu resolvemos aproveitar o período de isolamento social de forma mais lúdica (ou menos braçal) e entramos na brincadeira do museu norte-americano J. Paul Getty de recriar obras famosas.

Nossa primeira escolha foi "Dama com Arminho", do Leonardo Da Vinci, que Guda representou com assustadora perfeição — já esta jornalista fracassou na tentativa de parecer séria, como vocês podem notar.


Para ampliar, cliquem nas imagens

Romero Britto assina a segunda pintura, mas foquem nos bigodes! Quem adivinhar os donos de, pelo menos, cinco partes ganha um wallpaper! Dica: três bichanos aparecem em dois pedaços.


Da terceira obra, os gatos participaram emprestando sua caixinha favorita. E Leo envelheceu 30 anos de algodão enquanto eu tentava enquadrá-lo no escuro. É um autorretrato do pintor italiano Francesco Hayez, autor de "O Beijo", que vem logo abaixo.


Para recriar "O Beijo", Leo vestiu meu tecido de ioga aérea e eu, a camisola do enxoval de casamento da dona Vera — que rasguei de tanto chacoalhar (registro dos bastidores no fim do texto).


E "Menina com Gato e Piano", do pintor brasileiro Di Cavalcanti, encerrou o desafio, aproveitando para comemorar o aniversário da Clara! — vai ter post exclusivo na semana que vem!


As produções renderam boas risadas (e uma mordida), que a gente não podia deixar de compartilhar com vocês! Se quiserem repeteco, sugiram outras obras famosas, de preferência, com animais!


Treinando antes de constranger a gata


Algodão emprestado dos curativos da Clara


Princesa... joselita


Primeiro (e único) uso, quatro décadas depois!


Constrangendo a tutora


Mágica

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