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30.10.15

Halloween da sorte 2015

Sim, 365 dias se passaram e outra pretolina ronronenta espera ganhar um lar em Gatoca (história completa nos links do fim do post). Hospedada temporariamente no apartamento da Fernanda Abreu, ela está protegida de quem usa a desculpa medieval do azar para libertar seus demônios. E paga a ração, os cuidados diários e a infinidade de cafunés com beijo.


Pretinha é uma gata de colo que dorme de conchinha, adora visitas (vai logo pedir carinho) e obedece "nãos" ― mesmo que isso signifique parar de afiar as garras no sofá. Conversa animada de manhã, brinca de correr com o irmão e não pode ver uma caixa de papelão. Semanas depois, ainda se diverte estapeando para cima e para baixo a bolinha que roubou do arranhador.

E, acreditem, entra sozinha na caixa de transporte! (Essa linha merece destaque.)

Como a campanha do ano passado rendeu uma família fodástica para a Penélope (né, Michele Naneti e Cléber Borges? rs), nós resolvemos repetir a dose. Espalhem para os amigos-trevosos, os amigos-bruxos, os amigos-metaleiros, os amigos-góticos, os amigos-pottermaníacos, os amigos-fãs de Tim Burton e os amigos que não se importam com as aparências. ♥



Leiam também:

:: Panfletagem por uma causa nobre
:: Inscrição em três etapas - parte 1
:: Inscrição em três etapas - partes 2 e 3
:: Protetor é quem cuida
:: Mutirão de castração é para os fortes
:: Se há uma chance, Gatoca é a favor
:: Da favela para Hollywood!
:: Mutirão de castração é para os fortes - parte 2
:: O primeiro de nove!
:: Sementes
:: Adoção platônica
:: Adoção Gremlin
:: Quase famosos
:: Ossos e um coração partidos
:: Felicidade que nunca chega
:: Descanso merecido
:: Para bater recordes de bilheteria!
:: A arte de enxugar gelo
:: Quando a coisa fica preta
:: Desfecho frustrante
:: Refilmagem
:: Os últimos de nove
:: Favela com emoção
:: Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes
:: Ossos e um coração colados
:: NeverEnding Story
:: De Hollywood para o Japão
:: De Hollywood para os palcos
:: De Richard Gere para os braços do Pepê
:: Black Friday fracassada

28.10.15

De Hollywood para os palcos

Lembram que, em agosto, os dois últimos filhotes do DER rumaram para o AUG? No dia 11 deste mês, Susan me mandou um e-mail contando sobre a adoção do Benedict Cumberbatch. O branquelo chegou ao apartamento da Maria Augusta e do Renan, no Tatuapé, todo soltinho e foi logo para a sacada tomar um ar. Ramona, a irmã peluda, fez fuzzzz, mas nem se deu nem ao trabalho de descer da cadeira.


Anteontem, eu recebi esta cartinha:

Freddie está super à vontade pela casa e com a gente. No começo, se escondia um pouco, agora parece uma sombrinha. Adora os brinquedinhos da Ramona ― destruiu quase todos. No dia em que Susan o trouxe, ficou brincando até de madrugada. Come bastante também. Toda a sua ração e a da irmã.

Ramona continua tensa e desconfiada, mas eles têm ficado mais tempo perto um do outro sem ameaçar brigar. Ah! O branquelo não chama mais Benedict, só que continua famoso: Freddie é em homenagem ao Freddie Mercury. :)

Beijos e parabéns pelo lindo trabalho!





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22.10.15

De Hollywood para o Japão

Bianca Urata queria uma gatinha branca só para chamar de tofu. Dona Ermínia queria que os bebês hollywoodianos continuassem na favela para preencher as carências da vida. O conforto da próxima noite de sono da Angelina Jolie dependia do meu poder de argumentação. E eu fui honesta: animais com tutores cuidados pelo projeto tiram a ajuda dos que estão na rua ― se eu pudesse bancar mais do que dez bigodes, teria mais do que dez bigodes.


De coração dividido, lá rumamos Jolie, Leo e eu para a zona norte.


Não que capturar a pequena tenha sido fácil (nunca é, com as brechas de fuga do barraco). E claro que ela se entocou no primeiro buraco que viu na casa nova. Na manhã seguinte, porém, Bianca se surpreendeu com esta cena.


De fininho, Ricardo deixou a cama de casal para dormir com a branquela. E não demorou a pipocar inbox fotos de sanduíches felinos.


Jolie ama os irmãos Zé, Johnny Cay e Manny Caolho.


Faz festa quando os tutores chegam, deita no pé de quem lava louça, adora colo e cafuné, chora se fica sozinha. E elegeu o elástico de cabelo da Bianca, tipo fio de telefone antigo, seu brinquedo favorito. Dona Ermínia nunca mais perguntou dela. Mas acho que iria gostar das fotos também.



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20.10.15

Homeopatia ou morte

Cena 1: borrifo a homeopatia diluída em água acima (bem acima!) da cabeça da Jujuba, para que ela inale. A criatura se põe a gritar, arma o rabo e passa meia hora escondida embaixo do fogão.

Cena 2: deixo a porta da cozinha aberta, almejando minimizar a sensação de acuamento, e aperto o gatilho do borrifador. A fera sai em disparada, enquanto Guda e Pimenta correm para baixo do jato, felizes da vida.

Cena 3: enfio a homeopatia goela abaixo da jaguatirica com a seringa. Mentira, essa cena nunca existiu.

Cena 3 real: misturo a homeopatia no sachê e Jujuba lambe até o plástico do fundo do pote. Infarto postergado.


16.10.15

Lar temporário do lar temporário

O lar temporário oficial para a Catrina não rolou a tempo. Mas eu cumpri minha promessa e, sábado de manhã, fui buscá-la no condomínio. Soraia e Evelin também honraram sua parte no combinado e me entregaram a pequena consultada, vermifugada, despulgada e perfumada (dona Sônia não saiu na foto porque continua viajando).


Do lado de dentro do predinho, ela era pura felicidade (e vesgolice).


Onde eu enfiei a bichana? No apartamento do Jon Levischi, que não abre as janelas, sem telas, desde então ― irmão mais novo de coração de pudim, coraçãozinho de pudim é. Carmem Veronica, a tutora temporária oficial, voltaria de Indaiatuba na segunda do feriado, só que precisou resolver um problema de família. E nós ficamos de acertar os detalhes da transição de lar-doce-lar hoje.


Para compensar a demora nas notícias, porque meu computador se rebelou, termino o post com uma cartinha do Jubão e mais fotos de La Muerte. :)

Catrina aprende muito rápido. Precisa de uma ou duas vezes para entender o que pode e o que não pode. Já sabe que na cozinha não é lugar de baderna. Não tenta comer nada nosso. Mas tem um pulmão gigante para avisar que quer ração com cheirinho de nova. Ensaiou afiar a unha no sofá, eu tirei e não fez mais. Logo sacou que Red Hot antigo é mais legal e canta junto.


Não quebra nada nem joga no chão. Só que também não brinca. Nem de bolinha. Desfilou na mesa de jantar no primeiro dia, depois não subiu mais. E isso eu nem proibi. Até achei que o vidro geladinho seria gostoso no calor. Curte ficar na janela, olhando a paisagem. Quando eu levanto, me segue pela casa.


Ah, ela também aprendeu, no segundo dia, que dormir em cima da cama é muito mais gostoso do que embaixo.



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

:: Como tudo começou
:: Notícias da Morte
:: Morte quer vida nova!
:: Chuchuia
:: Onde Está Catrina?
:: A gata mais azarada de Gatoca

9.10.15

Notícias da Morte

Soraia, a síndica do condomínio onde Catrina resolveu tentar a chance de mudar de vida, me ligou à hoje tarde (ou melhor, ontem, porque já passou da meia noite). Disse que a moradora que a alimentava se animou com minha atitude e levou a gatinha ao veterinário por conta própria ― só não a adota porque tem uma bichana idosa, em tratamento pesado por causa da falência renal.

Para a surpresa de todo mundo, La Muerte é castrada. E meu queixo terminou de cair ao ouvir que o pessoal bacana do prédio se uniu para me entregá-la vermifugada, despulgada e banhada. Soraia ainda ajudou com a ração. O pedreiro dedou quem mandou dar um sumiço na coitada. E dona Sônia, que está viajando, emprestou o apartamento até sábado, quando a vesgolina precisa ir para o lar temporário.

Os corações de pudim que se ofereceram, até agora, estouraram a cota de bichos por metro quadrado ou me pediram um prazo de hospedagem, coisa que não tenho como estimar ― Jacob demorou três anos para conquistar a Glaucia, enquanto os bebês da família Hollywoodiana ganharam uma família em poucos meses.

Assistam ao vídeo da pequena e pensem no assunto com carinho?



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

:: Como tudo começou
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7.10.15

Catrina, La Muerte

Na primeira semana, eu ajudei a descarregar as caixas de papelão e vi a gatinha no gramado do prédio. Na segunda, a gente pintou as paredes. Na terceira, rolou o faxinão. Na quarta, depois de encher a peluda de carinho, dei de cara com este comunicado pedindo para não alimentá-la, senão ela não iria embora:


Como o apartamento não é meu, em vez de escrever no cartaz que não se resolve problemas assim, toquei a campainha da síndica, tirando do alçapão da alma um sorriso simpático. Ela disse que até tem pena da bichana, mas os moradores estão reclamando que ela entra pelas janelas do primeiro andar atrás de comida e carinho. Comida e carinho.


Nessas horas, torço para um maluco apertar o botão de implosão do mundo. Só que a síndica completa que, em 19 anos, isso nunca havia acontecido e fica claro a encomenda de São Francisco. Batizei-a de Catrina, porque os desenhos do rosto lembram a morte mexicana. Para quem não assistiu "Festa no Céu", a explicação segue abaixo da foto.


Eles acreditam que o pior que pode acontecer a alguém é cair no esquecimento. No dia 2 de novembro, celebram, então, seus antepassados com festa. Nos resta menos de um mês para dar uma nova vida a La Muerte. Mas eu preciso de um lar temporário urgente, para castrá-la antes que encurtem suas lembranças aqui ― conversei no bairro por quatro horas e não consegui ninguém. :\

Espalhem o post neste e no outro mundo?



Epopeia da Catrina, La Muerte na busca por um lar:

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:: Morte de vida nova!
:: A gata mais sortuda de Gatoca
:: Morte também faz aniversário

6.10.15

Homeopatia: desafio dos 60 dias

― Só capricornianos e virginianos podem ter dez gatos.
― Pelo menos faz a planilha da medicação em um Excelzinho, pô!
― Mas aí eu não seria capricorniana.


(Juro que usei a régua, gente. A câmera é que distorceu as linhas todas.)

30.9.15

A arte de não ser uma família

Quando eu vi a Pufosa dormindo abraçada com a Keka, lembrei da Guda estourando de grávida. E da noite em que as meninas miaram pela primeira vez fora da barriga da mãe. E de como elas cresceram fazendo tudo juntas. E do desmame lendário, que se esticou até os 2 anos de idade, me obrigando a adotar toda a família (e colecionar dez gatos).

Segundo a Câmara dos Deputados, porém, eu não posso chamar as Gudinhas de família ― ainda que elas vivam brigando entre si. Nem posso considerar os bigodes minha família. Sim, eu trabalho dobrado para comprar a melhor ração. Saio mais cedo dos aniversários porque alguém precisa tomar remédio. Adio a troca da bolsa que os infelizes furaram para pagar o veterinário.

E sou recebida com barrigadas depois das correrias de rua. Tenho lambedores de lágrimas para os dias cinzas. Ganho afofadas múltiplas no inverno. Mas família é a união entre homem e mulher. Seguindo a sugestão do Vilson Oliveira, então, vamos chamar isso de amor ― e mandar um pouco para Brasília.

24.9.15

NeverEnding Story

A ideia era levar a caixa de transporte doada por uma leitora a Cida, a protetora-diarista do DER, e não olhar para os lados nas vielas de barro. Mas como a gente faz para desver uma gatinha morando dentro da panela? Bombom foi doada filhotica a um vizinho da comunidade e passou a maior parte dos seus 9 meses presa na corrente. Cida acabou pegando-a de volta, só que a sialata morre de medo dos outros 17 (sim, 17) bigodes do barraco.




Este post terminaria com a informação de que ela adora carinho e já está castrada. Mas o WhatsApp acaba de apitar no celular com a foto da Pelúcia, também castrada e ainda assustada pelo abandono, que a própria Cida tirou no desespero. O tutor dela resolveu se mudar para o norte e, dois anos de convivência depois, deixou a peluda para trás.


Memes são mais legais de divulgar, eu sei. De vez em quando, porém, a gente precisa salvar uma vida (ou duas). Please? :)


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:: Black Friday fracassada

23.9.15

Ossos e um coração colados

A máquina de costura rendeu a Madalena uma tendinite na bacia, que transformou as tarefas mais simples do dia a dia, como caminhar até a padaria, em sessões de tortura e frustração. A tábua em queda no barraco do DER rendeu ao Brad Pitt uma fratura na bacia (e outra no fêmur), que transformou a vida dura na favela em sessões de carinho e cafuné.

Raq Vichessi compartilhou a história do branquelo no Facebook e Madá sentiu os tendões repuxarem: Brad seria o novo amigo do Calvin! Eu estava prestes a ganhar esta foto incrível, para rever sempre que sentir vontade de desistir. ♥


A filha Camilla, a namorada Marcella e até a vizinha Benê se juntaram para receber o pequeno. Guilherme, o outro filho, chegou depois, por causa da gripe. E levou de prêmio de consolação o ronrom mais alto dos bebês hollywoodianos.


Deitado na caminha, sozinho, o figura vibrava feito celular que ninguém atende.


No dia seguinte, acordou espirrando, como quase todos os irmãos nas casas novas. Fez exame de sangue, tomou antibiótico, recebeu toneladas de mimos e a gripe logo passou. Três meses depois, os ossos calcificaram tortinhos, mas nada que impeça o pega-pega com o amigo quadrúpede ― nem demais peripécias.

"Eles estão inseparáveis! Jimmy é um arteiro extremamente carinhoso. Foi a melhor escolha para o Calvin", escreveu-me Marcella no domingo. Post que começa e termina com foto emocionante merece moldura.



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17.9.15

Aniversariante do mês - setembro de 2015

Sarna de ouvido, malassezia, alergia respiratória, infecção de pele (1 e 2), intolerância alimentar, desidratação. Parece livro de estudante de veterinária. Ou música do Titãs. Ou poema do Manuel Bandeira. Mas trata-se do histórico de doenças do Simba*, de março de 2014 até o meio deste ano ― recheado de remédios que, quando funcionaram, desencadearam outros problemas.

Eis que meu ceticismo capricorniano resolveu dar uma chance à homeopatia. E, quatro fórmulas, dezenas de seringadas e uma infinidade de mensagens trocadas com a Dr. Maru depois, o loiro finalmente pôde relaxar. Enquanto sonha com os bichinhos que caçava no jardim da nossa antiga casa, eu me pergunto onde se esconderam os últimos nove anos.

No petisco, amontoam-se 12 velinhas, deixemos claro, porque ele apareceu em Gatoca com três anos de bônus. E minha vontade é não apagar nenhuma delas, para obrigar o tempo parar.



*Novelinha: Conheça a história do Simba

Outros aniversários: 2014 | 2013 | 2012 | 2011 | 2010 | 2009 | 2008 | 2007

15.9.15

Bicho bem-cuidado não transmite doenças

Vacinar, vermifugar e impedir o acesso do animal à rua evita que você pegue enfermidades sérias, como raiva, sarna e toxoplasmose

:: Raiva

Contágio
Mordida ou lambedura de cães e gatos infectados.
Sintomas
Agitação, sensibilidade à luz e sons altos, dificuldade de respirar e engolir, baba, delírio, agressividade, taquicardia, tremores generalizados.
Riscos
Quando o vírus ataca o sistema nervoso, há paralisia progressiva das extremidades, seguida de morte.
Prevenção
Vacine o peludo anualmente.

:: Sarna (escabiose)

Contágio
Contato com os ácaros causadores da doença – a sarna negra, ou demodécica, não passa para humanos.
Sintomas
Coceira intensa, principalmente à noite, e formação de pontos avermelhados e crostas, especialmente nas palmas das mãos, punhos, braços e tronco.
Riscos
Sem tratamento, surgem lesões na pele, que podem provocar infecções.
Prevenção
Mantenha a casa sempre limpa, proteja seu amigo contra sarna, pulgas e carrapatos, e evite o contato com animais contaminados. Cachorros ainda precisam de escovação e banhos periódicos.

:: Toxocaríase

Contágio
Ingestão de ovos do parasita.
Sintomas
Febre, tosse, diarreia, perda de peso, falta de ar.
Riscos
Quando penetram nos vasos sanguíneos, as larvas espalham-se para vários órgãos. Nos olhos, podem levar à cegueira.
Prevenção
Dê vermífugo para seu pet.

:: Toxoplasmose

Contágio
Contato oral com as fezes do gato contaminado, que devem ficar expostas durante três dias.
Sintomas
Febre, gânglios e órgãos com tamanho aumentado, e transtornos visuais.
Riscos
Cegueira, problemas cardíacos e neurológicos. Se o contágio ocorrer durante a gestação, o feto corre risco de aborto – mamães previamente infectadas não prejudicam o bebê.
Prevenção
Limpe a caixa sanitária do bichano diariamente (grávidas devem usar luvas), não dê comida crua para ele e impeça seu acesso à rua.

:: Clamidiose

Contágio
Contato com as secreções do gato infectado pela bactéria.
Sintomas
Gripe com febre alta, dor de cabeça severa, calafrio, respiração curta, mal-estar, debilidade generalizada.
Riscos
Sem tratamento, a doença pode provocar pneumonia e problemas no rim, fígado e coração.
Prevenção
Vacine seu bichano anualmente.


* Texto escrito para a revista AnaMaria, agora da Editora Caras.

10.9.15

Salvo pela metade

Uma pessoa normal termina a aula de ioga, troca de roupa para almoçar com a amiga que veio da Espanha, vê um gato na rua se desesperar com dois cachorros gigantes e segue viagem zen, arrumada e no horário, acreditando que São Francisco dará um jeito no babado.

Esta jornalista estanca o carro, se põe a conversar com o frajola esgoelando na árvore (os cachorros já estavam longe), caça um adolescente de uniforme escolar para ajudar, trepa nas costas do coitado e demora cinco minutos para descolar todas as garras do bichano do tronco.


No chão, enquanto o adolescente se despede sem entender muito bem o que aconteceu, ganha esfregadas, cabeçadas e mais gritinhos do peludo, que não era castrado, mas parecia bem cuidado. E sai com a criatura debaixo do braço, atrás de um possível dono.

Os vizinhos aposentados já assistiam ao show do portão. E todos apontam o clube, que abriga uma colônia inteira de gatos dóceis, como seu local de origem. Resignada, ela devolve o pequeno sob a porta mastigada pelo tempo, certa de que São Francisco não dará um jeito no babado.

9.9.15

Conscientização: o trabalho por trás dos holofotes

Quando eu caminho pelo DER... (Sim, a epopeia do mutirão de castração terminou em março. Só que, nos meses que se seguiram, nós socorremos vários bigodes da comunidade, conseguimos famílias de comercial de margarina para os filhotes, passamos vergonha, ficamos putos, demos risada, nos emocionamos e continuamos ajudando quem não se vira sozinho ― as histórias estão todas no pé deste post.)

Como eu ia escrevendo, quando caminho pelo DER, as crianças vêm me contar que adotaram novos bichinhos, os adultos denunciam quem andou maltratando os veteranos e quase todo mundo pensa que sou veterinária. Seu Luis, dono do pet shop, me parou na rua no último fim de semana para comentar que o pessoal vive perguntando a data do próximo mutirão.

Acontece que, como vocês sabem, eu sou jornalista. E me dou melhor costurando palavras do que barrigas. Ou ensinando tutores a cuidarem de seus peludos. Ou articulando parcerias que beneficiem bípedes e quadrúpedes. E decidi recorrer ao poder público ― os Centros de Controle de Zoonoses costumam operar uma cota de animais por ano de graça.

Drª. Juliana, do CCZ de São Bernardo, disse que a verba de 2015 acabou e o agendamento só retornará em dezembro. Mas a comunidade já pode ligar para se informar. Imprimi, então, um cartaz com o telefone e expliquei ao seu Luis como incentivar os clientes a fazerem valer seus direitos. Dependendo da demanda, vai que rola um mutirão da prefeitura no DER, né?



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